Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 41
Capítulo 37 - Enquanto a neve cai


Notas iniciais do capítulo

Hello pirates! Nem demorei muito né? Eu ia postar ontem, mas não consegui terminar a tempo. Detesto ter que desapontar as safadinhas de plantão que esperavam que eles fossem fazer "coisas" nesse capítulo rsrs mas além de eu não saber escrever esse tipo de cena, a maioria das leitoras é menor de dezoito anos. Mas acho que vocês vão gostar de uma coisa que acontece nesse capítulo. Podem achar meio chato porque tem umas coisas sobre a Branca e a Regina, mas era essencial eu colocar isso porque já estamos próximos da maldição. Teremos Wonderland no próximo capítulo. Falando em Wonderland, eu assisti a série e até gostei da hístória, mas eles podiam ter feito melhor. Em todo caso, Once é bem mais legal, por isso dá mais audiência. E vocês já viram o episódio de ontem? Eu amei! O Hook como sempre estava lindo e eu achei fofo aqueles momentos dele com a Ariel, eles até que combinam. Só quero ver o que ele vai arrumar agora, mas acho que ele não vai beijar a Emma, pelo o que eu vi numa entrevista com os criadores. Enfim, espero que gostem e até a próxima.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/322235/chapter/41

Um mês se passara desde o casamento. Como Killian sugerira, eles fizeram uma última viagem antes que cada um seguisse seu caminho. O destino escolhido foi as Ilhas Maravilha. Ficaram lá por um mês inteiro e todos esqueceram os problemas e dificuldades pelas quais haviam passado. Dessa vez não havia apenas a companhia de James, mas também de Anita, Juliet e Vovó.

– Nunca pensei que fosse dizer isso, mas até que a vida de pirata é boa. – Vovó disse quando eles começaram a empacotar as coisas para vir embora. E pensar que ela se recusara a viajar no início. Reclamara tanto de enjôo que Killian pensara seriamente em atirá-la no mar ou deixá-la no porto mais próximo. Mas no fim ela gostara tanto das ilhas que nem queria ir embora mais.

– Uma pena que não vamos mais ter o Killian conosco – dissera John – Mas fico feliz por sua volta, James.

Killian e Ruby estavam mesmo indo viver suas vidas. Eles iam morar na ilha que ganharam de James, enquanto que o próprio James ia voltar a ser capitão.

– Ainda tenho muitas riquezas espalhadas por aí – James contara aos filhos – Tesouros que me assegurei de esconder bem. Agora basta irmos atrás dessas riquezas e seremos milionários.

– Prevejo muitas aventuras vindo por aí – Killian falara - Mas já é hora de eu parar de correr atrás de aventuras e viver uma vida segura e feliz ao lado de minha linda esposa.

– Cuide bem dela, viu? – Vovó pedira – Sei que a ama e só quero que sejam felizes.

Vovó abraçara Killian e ele se surpreendeu.

– Oh quem diria que um dia a senhora ia aprender a gostar de mim.

– Ah eu sempre gostei! Tirando o fato de você se vestir desse jeito... mas é um bom homem afinal...

Era difícil se despedir assim, mas necessário. Depois até Jack resolveu abandonar a pirataria, pois tinha se apaixonado por Juliana. Logo Ariel decidiu voltar para casa para viver com os pais e as irmãs. Mabel e Beto estavam indo embora, assim como Tink e Will. Era como se aqueles marujos estivessem perdendo parte de uma grande família. E estavam. Mas era o melhor para todos.

– Sabe, eu vou sentir falta disso – Ruby disse a Killian quando navegavam em direção a ilha em que iriam morar – Das nossas aventuras em alto mar.

– Eu também vou – ele a abraçou – Mas também podemos ter aventuras em terra firme, você sabe. Eu não vou me surpreender se Chapeuzinho Vermelho quiser caçar outro lobo.

Ela riu.

– Então vai continuar com o apelido?

– É claro, você continua a me chamar de Capitão Gancho.

– Digamos que o apelido cai bem em você.

Estavam no convés do Rei dos Oceanos, como nomearam o novo navio. Um vento frio arrepiava seus cabelos de vez em quando. O inverno estava vindo e Ruby estava animada para assar castanhas e brincar na neve. Ellanor veio para o lado deles, como se quisesse se despedir.

– É, parece que eu não vou ver vocês por um bom tempo – disse se encolhendo dentro da enorme capa preta que usava – E pensar que passamos por tanta coisa juntos...

– Você foi de grande ajuda, Ellanor. – falou Killian.

– E embora tenha roubado um pouco da minha coragem, posso dizer que é uma grande amiga. – completou Ruby e Ellanor riu.

– Ah sim, vocês são ótimas pessoas também. Tenho que agradecer a vocês por terem trago Smee até mim. Se não fosse assim, talvez eu ainda estivesse sozinha naquela ilha. E quanto à sua coragem, você é uma das mulheres mais corajosas que já conheci. Eu notei isso no minuto em que botei os olhos em você.

– Ah não diga isso – Ruby estava envergonhada – Eu posso ser bem medrosa às vezes.

– De todo jeito, ainda tenho um pouco aqui comigo – ela tirou um vidrinho do bolso. Dentro dele havia um conteúdo de cor dourada que brilhava – e devo devolver a você.

– Mas... pensei que fosse usar pra uma poção.

– Não, eu ia usar em mim mesma. Fui egoísta ao tirar isso de você. Sabe, o medo me aprisionava enquanto ainda vivia naquela ilha. Eu tinha medo de sair e conhecer novas pessoas, mas também tinha medo de acabar sozinha para sempre. Quando vocês apareceram com Smee e me ofereceram um lugar na tripulação, eu criei forças para me libertar das amarras que me aprisionavam. Percebi que não precisava da coragem dos outros, mas da minha própria coragem. Vocês me salvaram e sou muito grata por isso.

Ellanor sufocou os dois num abraço e Killian mais uma vez se surpreendeu.

– Ora, quem diria que a Ellanor fosse tão sensível a ponto de nos agradecer desse jeito...

– Ah cale a boca, Killian! – ela mandou, mas estava sorrindo. Depois ficou séria – Mas agora tem algo que devo dizer a vocês.

– O que foi? – perguntou Ruby – Pela sua cara, não parece coisa boa.

– É sobre aquela visão que tive antes do casamento. Eu não quis contar antes para não preocupá-los, mas não posso esconder isso de vocês agora que vão seguir suas vidas.

– O que é? – Killian já estava preocupado.

Ellanor suspirou e os encarou por uns segundos até dizer:

– Vocês têm que tomar cuidado, devem ficar fora do caminho da Rainha Má.

– Regina? Mas por quê? O que ela faria de mal a mim e Killian? É a Branca que ela quer.

– Sim, mas a Rainha não mede esforços para conseguir o que quer. Ela usa as pessoas, minha querida. Talvez ela encontre algo em vocês, algo que vocês possam fazer para ajudá-la...

– Mas o que poderíamos fazer? – Ruby não entendia – Acha que ela me usaria para pegar minha irmã?

– Talvez...

– Mas o que você viu, Ellanor? – indagou Killian.

– Bem, eu vi uma carruagem negra e Regina vindo até vocês. Mas isso é o que vai acontecer se ficarem no caminho dela. Já que vão morar numa ilha, vai ficar tudo bem.

Ellanor se afastou e Killian e Ruby trocaram um olhar. Estava claro que a bruxa escondia algo deles.

– Ela não vai nos contar tudo, provavelmente irá dizer que não é bom saber demais do futuro. Mas eu vou cuidar de você. Não se preocupe, vai estar protegida comigo. – Killian afastou uma mecha do cabelo de Ruby e acariciou seu rosto.

– Eu sei, mas não é por nós dois que estou com medo.

– Sua irmã, teve noticias dela?

– Bem, os anões me enviaram uma carta por pombo-correio. Mary ainda vive com eles, mas não é mais a mesma desde que tomou a tal poção de esquecimento. Sei que eles vão tomar conta dela, mas tenho medo ao pensar no que Regina pode fazer a ela.

– Não se preocupe, vai ficar tudo bem.

O tempo esfriou mais um pouco e ninguém conseguia ficar no convés por mais de cinco minutos. Seus dedos congelavam e aquele friozinho acabava deixando todos preguiçosos e sonolentos. John assou castanhas e fez caldo de peixe para que todos se mantivessem aquecidos.

– Nunca gostei do inverno – Anita comentou – Lembro-me bem do quanto foi difícil quando engravidei de Mary, aquele foi o inverno mais rigoroso de todos.

– Por que não toma um pouco de rum? – John sugeriu – É bom para esquentar.

– Obrigada, John, mas não costumo beber. Nunca tive um estômago bom para bebidas...

Ruby lançou um olhar na direção da mãe. A princesa cismara que John estava arrastando asa para cima de Anita. Por mais que Ruby dissesse que a mãe merecia ser feliz novamente, Anita não parecia achar que um pirata fosse o homem perfeito para ela. A ex-Rainha ainda não superara Anthony, mas sabia que logo encontraria quem a merecesse.

Tinker Bell estava muito feliz com Will, mas entristeceu um pouco pela partida de Ruby.

– Não sei como vou viver sem você – ela disse a Ruby naquela noite tão fria – Sempre foi tão boa pra mim e me consolou quando eu sofri por amor. É uma grande amiga, uma das melhores que eu já tive.

Elas se abraçaram.

– Apenas seja feliz, Tink. Você é uma grande amiga também. Você, Ariel, Ellanor, Mabel... Nunca tive amigas tão verdadeiras quanto vocês.

Quando Mabel, Ariel e Ellanor se juntaram ao abraço, nenhuma das quatro conseguiu evitar as lágrimas.

– Ah olhem só pra nós, cinco bobonas chorando como criança – Ellanor riu e enxugou as lágrimas.

– Mulheres... – falou Killian e Tink se soltou das outras para abraçá-lo.

– Ah eu também vou sentir sua falta, Capitão. Apesar de você ser convencido e arrogante às vezes...

– Também vou sentir sua falta, cunhada.

As outras garotas sufocaram Killian num abraço coletivo e ele não sabia se ria ou se chorava. Depois a coisa começou a ficar sentimental quando Beto, Will, Smee e os outros marujos se juntaram ao abraço.

– Mas o que está acontecendo aqui? – Anita se assustou ao ver todos chorando e se abraçando.

– Estamos nos despedindo – explicou Will e veio também abraçar Anita.

– Mas já? Pensei que a separação fosse só amanhã.

– É, mas Tink e eu já estamos indo.

De fato, o navio atracou numa aldeia. Era a aldeia em que Will e os irmãos haviam sido criados. O rapaz explicou que queria começar uma família ali na casa em que haviam crescido e que por sorte ainda estava de pé.

– É como se ela ainda estivesse aqui – Jack falou quando eles foram com Tink e Will até a antiga casa – É quase como se eu a ouvisse cantando na cozinha enquanto assava pão.

– Mas ela está aqui – James sorriu ao pensar na esposa – Enquanto nos lembrarmos dela, vai estar sempre por perto.

– Você está bem? – Ruby perguntou a Killian. Ele estava emocionado por retornar àquela casa. No quarto que havia sido dele e de Will, havia desenhos na parede. Killian explicou que ele costumava representar em desenhos o que esperava do futuro.

– Estou. Sabe, eu sempre evitei vir aqui depois que me tornei um pirata. Achei que isso só ia aumentar a dor por ter perdido minha mãe, mas estava errado.

Ruby não queria ver Killian triste, por isso perguntou sobre os desenhos. Eles eram muito bons.

– Não sabia que desenhava tão bem. Pelo visto, há muitas coisas que não sei sobre o Capitão Gancho.

Ele riu:

– Eu costumava desenhar muito quando era mais novo. Posso desenhar pra você sempre que quiser. Aliás, eu tinha feito um retrato seu, mas ele se perdeu junto com o Jolly Roger.

– Por que não me mostrou? Eu ia adorar. – ela examinava os desenhos na parede. Havia o desenho de um navio e várias ilhas, como um mapa gigante. Ela acabou encontrando os rabiscos meio apagados do que parecia ser um homem e uma mulher abraçados e assistindo ao pôr-do-sol e apontou para o desenho – Estes seriam sua mãe e seu pai?

– Não, isso era uma coisa que eu sempre quis pra mim: um amor. E aí encontrei você.

– Ah Killian – Ruby derreteu-se toda – Que lindo!

– Detesto interromper o casal, mas temos que ir – James apareceu na porta do quarto. – Ah, seus desenhos. Sua mãe gostava tanto deles...

Enquanto James revivia o passado, Ruby e Killian fizeram seu caminho de volta ao navio, não sem antes se despedirem de Will e Tink.

– Se algum dia tiverem um filho, acho que mereço ser madrinha, não é? – Ruby sorriu.

– Ah é claro, cunhada. – Will a puxou para um abraço – Eu também quero ser padrinho de uns dos quinze filhos que vocês vão ter.

– O que o faz pensar que vamos ter tantos filhos? – Killian ergueu as sobrancelhas.

– Sei lá, às vezes eu imagino vocês rodeados por crianças.

– Eu só espero que elas não sejam convencidas como o pai – Tink falou – Imaginem várias mini-cópias do Killian... ninguém merece.

Will e Ruby riram e Killian fingiu estar indignado.

– Sempre fala tudo o que pensa, não é Tink? Vou sentir sua falta, apesar de tudo. Quero só ver se vai conseguir aturar meu irmão, ele consegue ser insuportável às vezes.

– Ah obrigado pelo elogio – disse Will e todos riram.

– Mas agora falando sério: vamos sentir saudades.

Eles se despediram com abraços e Ruby e Killian voltaram ao navio.

– Será que vamos conseguir viver sozinhos? – Ruby perguntou dando a mão a Killian – Eu acabei me acostumando a ter um monte de gente em volta.

– Bom, vamos tentar. Acho que você consegue me aturar vinte e quatro horas por dia.

Ela riu e eles foram se refugiar no calor do navio.

***

Na manhã seguinte, o tempo amanheceu ainda mais frio e nublado. Uma estranha neblina tomara conta do ar e estava difícil até para James enxergar para onde estavam indo. Ele reassumira seu posto de capitão e estava amando isso, já que passara quinze anos sem nem se lembrar de como era sentir o vento em seu rosto.

– Já estamos chegando, filho. Eu não faço ideia de como a ilha está hoje, mas suponho que deva estar segura. – James dissera.

– E se alguém tiver invadido? – perguntou Ruby.

– Ah não, tenho os papeis que asseguram que ela me pertence. E, além disso, piratas têm um código, não invadiriam o que não é deles.

Algumas horas depois, eles atracaram na tal ilha. A neblina tinha dispersado e o sol estava quente, mas ainda fazia frio. Colocaram uma rampa para que fosse mais fácil descer e então os marujos ajudaram Killian e Ruby com as malas.

– É lindo aqui – Ruby estava maravilhada.

Todos desceram para ver a ilha. Ela tinha um formato arredondado e uma casa de madeira estava erguida sobre uma formação rochosa no centro da ilha. Algumas árvores se agrupavam a um canto, havia um campo gramado e um pequeno lago de águas límpidas. A areia da praia era de cor amarelada e alguns caranguejos caminhavam por ali. Havia também alguns coqueiros e palmeiras e uma área de terra fértil.

– Este lugar é o paraíso. Obrigado, pai, nunca vou poder lhe agradecer o suficiente – Killian agradeceu.

– E nem precisa agradecer, meu filho. Apenas cuide bem desse lugar.

Uma placa fincada na areia dizia que aquela ilha pertencia a James Jones. James disse que agora deviam mudar para o nome de Killian e foi o que eles fizeram. Agora a placa dizia: Esta ilha pertence a Ruby e Killian Jones.

Eles deram uma volta pelo lugar. Havia espaço o suficiente para que eles pudessem correr e se divertir. A grama estava enorme e Ellanor fez sua mágica para apará-la. Alguns peixes nadavam no lago, que não era muito fundo. Havia pinheiros e outros tipos de árvore no pequeno bosque. A casa estava em bom estado, mas tinha tanta poeira que Ruby nem chegou a passar da porta, já que era alérgica.

– Eu cuido disso – Ellanor apenas assoprou e um quilo de poeira voou pelas janelas.

A casa era de dois andares, bem simples e confortável. Havia quatro quartos, cozinha, um banheiro, uma sala de estar e um pequeno escritório. Nos fundos havia uma varanda, um lugar para lavar roupa e um poço. Já estava toda mobiliada, mas as traças tinham atacado os móveis naqueles trinta anos em que a casa estivera fechada. James não ia ali desde que passara a lua-de-mel com a esposa. Fazia mesmo muito tempo! Também havia muito mofo e teias de aranha no teto. Felizmente, Ellanor tratou de limpar tudo com sua magia e logo a casa estava um brinco.

– Vocês podem fazer uma bela fogueira com esses móveis velhos – comentara James.

Havia uma lareira também e Ruby planejava colocar umas poltronas de frente pra ela. Sorte que ela ganhara uma mobília toda em mogno, ou eles teriam que comprar móveis novos. Ellanor fizera um feitiço para encolher os móveis de modo que coubessem numa mala. Agora ela os fizera retornar ao tamanho normal e Ruby passou o resto do dia arrumando tudo como queria.

– Uma casa de verdade hein, amor? – o Capitão sorriu admirando o resultado final.

– Agora sim podemos ter uma família – Ruby o abraçou de lado.

Aí veio a hora da despedida e foi um momento que doeu muito em Ruby. Não era um adeus, mas ela ia sentir falta da família e dos amigos.

– Venha nos visitar assim que puder, querida – Juliet a abraçou e lhe deu uma beijoca num dos lado da face.

– Sim, vovó.

– E não deixe de nos mandar mensagens por pombo-correio – pediu Vovó – Podemos trocar umas receitas também.

– Vou sentir sua falta – Anita abraçou Ruby e Killian – Você também, Killian.

Mabel e Beto também se despediram.

– Quando quiserem falar comigo, peguem uma concha do mar e digam meu nome. Espero que vocês sejam muito felizes – Mabel desejou – Na verdade vocês já são, mas espero que sejam mais felizes ainda.

– Obrigada Mabel – Ruby abriu um sorriso – Desejo toda a felicidade do mundo a vocês também.

– Até algum dia, Beto. – Killian se despediu – Nos encontramos por aí.

– Até mais ver, Killian.

Depois que todos se despediram e retornaram ao navio, foi como se uma parte de Killian e Ruby tivesse ido embora no Rei dos Oceanos. Eles iam sentir falta daquela vida, mas agora começariam uma nova fase.

– E agora? O que vamos fazer? – Ruby perguntou depois que o navio sumiu ao longe.

– Acho que você devia me preparar uma refeição, assim eu posso avaliar se é boa cozinheira.

– Ah seu folgado! – ela deu um tapa no ombro dele e riu – Nada disso, você vai me ajudar.

Então eles colheram maçãs e fizeram uma torta. Era difícil para Killian cozinhar, desde que era desprovido de uma das mãos, mas Ruby fazia as tarefas mais difíceis. Eles também tinham trago algumas provisões e guardaram tudo na despensa ao lado da cozinha. É claro, Killian trouxera seus barris de rum e também havia várias garrafas de cerveja e vinho. Naquela noite eles se sentaram sob a luz do luar, comeram torta de maçã e brindaram com vinho.

– A nossa felicidade! – Killian ergueu sua taça e Ruby fez o mesmo.

– A nossa felicidade!

Fazia muito frio, principalmente pelo fato de eles estarem no meio do oceano. Killian disse que não demoraria a nevar e Ruby achou que era improvável.

– Estamos no meio do oceano, é meio difícil nevar por aqui, não?

– Mas estamos na Floresta Encantada, não se esqueça que aqui tudo é possível – ele disse e Ruby se animou.

– Podemos fazer bonecos de neve, e anjos de neve e guerras de bolas de neve.

– Você gosta mesmo da neve, hein?

– Eu sempre gostei, desde criança. Mary e eu ficávamos o dia todo brincando na neve e depois acabávamos pegando um resfriado e ficávamos de cama. A cozinha do castelo se enchia com o cheiro de castanhas assadas e papai nos levava para brincar no lago congelado. Era uma época boa.

– Podemos fazer tudo isso, se quiser.

– Eu quero.

E eles se beijaram à luz da lua.

***

Após duas semanas, Killian e Ruby já se sentiam como se sempre tivessem pertencido àquele lugar. A vida na ilha era muito tranqüila e não havia nada que os preocupasse no momento. Às vezes se sentiam sozinhos e isolados de tudo, mas estavam aproveitando esse tempo juntos. Eles faziam praticamente tudo juntos e a cada dia descobriam algo novo na ilha. Acabaram nomeando-a como Ilha dos Enamorados, já que eram tão apaixonados um pelo outro.

Killian, sendo um conhecedor de plantas, disse que eles poderiam fazer uma horta quando a primavera chegasse.

– Podemos plantar ervas medicinais e algumas verduras – dissera.

Havia espaço suficiente para isso. Ruby também queria fazer um jardim e eles planejavam comprar sementes e mudas quando fossem em uma das aldeias mais próximas. Killian comprara um barco à vela – Ellanor o encolhera para que coubesse numa das malas e o fizera retornar ao tamanho natural quando chegaram à ilha – e eles planejavam visitar Vovó e Anita quando o tempo melhorasse. A temperatura esfriava cada vez mais e Killian temia que os ventos fortes virassem o pequeno barco. Assim, eles acharam melhor esperar um pouco.

Killian fizera um banco de madeira usando a sobra dos móveis antigos e eles usavam o resto da madeira podre na lareira e no fogão. Ruby gostava de se sentar próxima ao calor da lareira e ler um livro. Às vezes Gancho se juntava a ela e cada um se perdia em seus pensamentos.

A princesa estava indo bem na cozinha e até aprendera algumas receitas. Agora que o inverno caíra sobre a Floresta Encantada, ela se divertia ao assar castanhas e preparar sopas e caldos. Killian gostava de ajudar a esposa, embora mais atrapalhasse e fizesse bagunça.

– Eu disse a você que era um desastrado – ele sempre a lembrava – Só sirvo mesmo para traçar rotas e navegar.

O mar estava frio demais para que eles nadassem, mas o casal gostava de caminhar na praia e brincar na areia. Ruby construía castelos de areia enquanto Killian perseguia caranguejos e fazia seus desenhos. Depois que preparavam o almoço, eles iam para a varanda dos fundos e comiam apreciando a paisagem. Aí lavavam a louça e Ruby cochilava no sofá. Ultimamente ela andara muito sonolenta e Gancho gostava de observá-la enquanto dormia.

Killian começara a escrever um livro. Ele achava que valia a pena narrar suas aventuras e Ruby apoiara a ideia. Ele escrevia e fazia ilustrações detalhadas de tudo. Ruby recomeçara a escrever um diário e às vezes escrevia cartas também.

Não demorou até que a neve começasse a cair. Os primeiros flocos caíram numa manhã de sábado. Logo uma espessa camada de neve cobria o chão da ilha e o teto da pequena casa dos Jones. Ruby adorou e logo saiu para brincar na neve. Às vezes ela pegava Gancho de surpresa, quando este estava distraído. Ela lançava bolas de neve no marido e algumas acertavam a cabeça dele. Killian então corria atrás dela e eles faziam guerras de bola de neve. Os dois até pareciam crianças.

Ruby teve a ideia de construir bonecos de neve para representar seus amigos e família. Eles sentiam muita falta de todos. Aproveitaram a grande área gramada para a construção da família de neve. A grama estava praticamente soterrada por toda aquela neve, mas ainda havia alguns indícios de arbustos e flores aqui e a ali.

– Sabe, acho que sua avó não ia gostar nada se visse o boneco que fizemos dela – Gancho riu. O boneco que representava Vovó era gordinho e atarracado, com pedrinhas no lugar dos olhos e uma enorme cenoura no lugar do nariz. Vovó colocaria mil defeitos se visse aquilo.

Logo havia vários bonecos de neve e Ruby até conversava com eles quando Gancho não estava por perto. Ela realmente sentia muita falta de conversar com outras pessoas.

O lago congelara e eles observavam os peixes lá embaixo, perguntando-se como é que não morriam de frio. Killian fazia Ruby usar várias camadas de roupas, para evitar que ela se resfriasse. Às vezes ela se irritava com o excesso de proteção e eles discutiam e brigavam, mas logo faziam as pazes.

Irritar Killian voltara a ser um dos passatempos preferidos de Ruby. Ele tirava o gancho quando ia tomar banho e Ruby escondia o objeto num dos lugares da casa. Killian demorava minutos até achar o gancho e Ruby ria até não poder mais. Ele se irritava com a brincadeira.

– Você devia escrever um livro – ele dissera – 100 maneiras de irritar um pirata.

– E quais seriam essas maneiras?

– Você sabe. Esconder seu gancho, tratá-lo por senhor, arrumar confusão por onde passa, ser teimosa, tentar fugir...

– Não chegam a 100 maneiras – ela riu -, mas posso descobrir outras formas de te irritar.

Na manhã fria de quinze de dezembro, Ruby e Killian resolveram fazer algo diferente. Sentiam falta das refeições animadas que tinham no navio e fizeram de conta que estavam todos ali reunidos para o almoço. Killian fez uma fogueira próxima aos bonecos de neve e eles assaram ovos e carne sobre ela. Dessa forma, poderiam fingir que os bonecos de neve realmente eram seus convidados.

– Veja, Killian, o senhor Smee está feliz em vê-lo.

Killian riu ao olhar o boneco de neve que fizeram para o senhor Smee. Seu sorriso feito com pedrinhas dava a impressão de que o boneco realmente estava feliz. Ruby colocara um gorrinho vermelho na cabeça do boneco, já que Smee sempre usava um gorro vermelho.

– Acho que sua avó está meio mal humorada hoje – Killian comentou. De fato, o boneco que representava Vovó estava com uma cara meio mal humorada. Ruby riu.

– É que ela não gosta do frio.

As carnes e os ovos ainda assavam. Killian virava os espetos de vez em quando e Ruby já estava impaciente.

– Vai demorar muito? Estou faminta!

– Você sempre foi esfomeada – riu Killian – Mas parece que fica mais faminta a cada dia que passa.

– Bem, é que eu não estou comendo só por mim agora...

Gancho não entendeu o que ela quis dizer e ao invés de dizer qualquer coisa, Ruby apenas pegou a mão do homem e colocou sobre sua barriga. Ela abriu um sorriso e levou dois segundos até que Killian entendesse. Ele arregalou os olhos:

– Você... você está... Céus! Você está grávida?

– Sim! – ela sorriu ainda mais.

– Ah meu amor! – Killian a puxou para seus braços e a rodopiou no ar – Eu te amo! Eu te amo! – ele ria de felicidade – Vamos ter um filho! Ah como eu te amo!

– Vai com calma, estou ficando enjoada – ela riu também muito feliz e Killian a colocou no chão.

– Você tem certeza?

– É claro, uma mulher sabe essas coisas, Killian. Eu posso sentir.

Ele acariciou a barriga dela e ficou sem palavras por um tempo.

– Há quanto tempo sabe? – perguntou depois de uns instantes.

– Desde que viemos morar aqui. – ela falou – Eu estava desconfiada, mas não tinha certeza.

– Sou o homem mais feliz do mundo. Tenho uma esposa maravilhosa e agora um filho... – ele a puxou para um abraço e deu beijos em seus lábios e bochechas – Ah como eu te amo Ruby Jones.

– Eu também te amo, Killian Jones.

Eles ficaram abraçados por um tempo, até que as carnes quase queimaram e Killian as tirou do fogo. Eles comeram e conversaram animadamente. Agora precisavam dar a notícia a todo mundo. Ruby escreveu várias cartas e as enviou por pombos-correio. Uma delas era para Anita e Vovó:

Queridas mamãe e vovó,

por aqui está tudo bem e estamos com saudades. Sinto muita falta de todos e o Killian sente falta da vovó criticando as roupas dele.

Aqui é tudo muito tranqüilo e já fizemos muitas coisas divertidas. Sinto falta de como nos divertíamos na neve, vocês se lembram? Killian e eu fizemos uns bonecos de neve, vocês iam adorar se vissem. Estou aprendendo a cozinhar e acho que estou indo bem. Bom, pelo menos o Killian não reclama da comida. Mas sinto falta de como almoçávamos todos juntos quando estávamos nas Ilhas Maravilha. Tem sido difícil viver longe de todos, mas logo iremos visitá-las.

E quanto a Mary, vocês têm notícias? Sinto falta dela também e me preocupo demais, mas Killian sempre diz que ela é esperta e está segura com os anões.

Acho que não tenho muito o que dizer, mas tenho uma notícia muito boa. Killian e eu vamos ter um filho e estamos muito felizes. Vou precisar muito da ajuda de vocês, porque não sei nada sobre bebês e gestação. Eu realmente espero que seja uma menina, mas o Killian, é claro, quer que seja menino.

Espero que me mandem notícias logo. Um beijo,

Ruby.

– Sabe, amor, se for menina quero que se chame Cristine – Ruby disse a Killian naquela noite. Eles estavam sentados no chão de frente pra lareira e Killian acariciava os cabelos de Ruby, que estava deitada com a cabeça no colo dele. Ele a olhou com ternura.

– É sério? Quer colocar o nome da minha mãe na nossa filha?

– Claro. Você ama tanto sua mãe. – Ruby sorriu – É o nome perfeito para nossa filhinha.

– E se for menino, podemos colocar Anthony se quiser.

– Não, eu amo meu pai, mas não quero que nosso filho tenha o mesmo nome que ele.

– Tudo bem. Vamos pensar num nome quando chegar a hora.

Um pássaro branco entrou voando pela janela e pousou ao lado de Killian.

– Uma mensagem – ele desamarrou o pequeno rolinho amarrado na perninha do pássaro – Obrigado, amiguinho.

O pássaro foi embora e Ruby se sentou para ver do que se tratava a mensagem.

– É uma carta da sua mãe – disse Killian depois de desenrolar o pergaminho. Eles leram juntos:

Queridos Ruby e Killian,

por aqui está tudo bem também, mas a saudade ainda me aperta o peito. Bom saber que estão bem e aproveitando a vida, queremos que sejam felizes. Mamãe diz que sente falta de criticar o Killian e também diz que ele deve aprender a se vestir. Mas não liguem para isso, vocês sabem como ela é.

É claro que nos lembramos de nossas brincadeiras na neve. E por favor, Ruby, agasalhe-se bem. Sei bem como a senhorita adora brincar na neve e sempre acaba resfriada depois. A sua avó está mandando junto uma receita de um caldo bom para esquentar. Ela anda meio mal humorada, você sabe como ela detesta esse tempo nevoso. Você acredita, Ruby, que ela escorregou na neve e quase quebrou a perna? Agora está aqui reclamando de dores no corpo e não fecha a matraca. Acho que vamos ter que arrumar um namorado pra ela, talvez assim ela se distraia com outra coisa e pare de falar tanto.

Também sentimos falta daqueles almoços. Tenho me sentido solitária vivendo só com sua avó e queria que estivessem aqui para alegrar a casa. Vocês têm que vir nos visitar logo, viu? Estaremos esperando.

Quanto a Mary, recebi uma mensagem há uns três dias. Ela diz que está bem e lembrou-se do quanto amava seu príncipe. Continua vivendo com os anões e diz que não devemos nos preocupar porque eles a protegem.

Oh você não sabe o quanto estamos felizes por ouvir isso. Parabéns, querida! Vocês merecem isso e com certeza sua avó e eu iremos ajudá-la em tudo o que precisar. Gravidez é uma coisa mágica e maravilhosa. E mais uma vez repito: agasalhe-se bem. Estou falando sério, filha,agora você precisa se manter saudável por causa do bebê. E Killian, cuide muito bem dela, faça de conta que é mãe dela e exagere nos cuidados. Sua avó e eu torcemos para que seja menina.

Fiquem bem. Estamos morrendo de saudades. Beijos,

Anita.

– Viu só? Agora eu tenho que cuidar muito bem de você – disse Killian e pegou Ruby no colo.

– Killian! – ela protestou.

– Ouviu sua mãe, mocinha. Deve estar bem agasalhada para que não adoeça facilmente. Você tem que se cuidar, amor, está gerando uma vida. – ele a levou para o quarto e a colocou na cama.

– Eu sei, mas não precisa exagerar tanto...

Killian riu e foi pra cozinha preparar uma sopa. Ruby revirou os olhos, já imaginando o quanto ele ia se tornar superprotetor.

***

Dois dias depois eles decidiram sair de barco para visitar Anita e Vovó. A casa delas não ficava muito longe dali e o tempo estava propício a navegação. Killian preparava o barco enquanto Ruby empacotava comida para eles comerem no caminho.

– Pronta, amor? – ele perguntou depois de algum tempo. O barco flutuava amarrado ao pequeno cais.

– Sim. Podemos ir. A não ser que você queira que eu use mais um casaco.

Ele riu e a ajudou a subir na embarcação a vela. Killian realmente estava superprotetor e fizera Ruby usar três casacos, além de luvas e um gorro. Ela estava suando por dentro daquela roupa toda, mas Killian dissera que o tempo poderia esfriar mais tarde.

– Só estou sendo precavido, Ruby. Não quero que pegue um resfriado.

– É, mas não adianta se preocupar comigo se não se preocupa com você. Vá buscar seu casaco!

Ele riu e fez o que ela mandara. Depois, quando já estavam prontos, Killian desamarrou a corda que prendia o barco ao cais e eles começaram a navegar. Era um barco de tamanho médio. Havia uma cabine no andar de baixo com uma mini cozinha, uma cama e um pequeno banheiro. Ruby ficou no convés por um tempo, depois decidiu descer e dormir um pouquinho. Mesmo no início, a gravidez a estava deixando sonolenta.

Cerca de duas horas depois, eles chegaram à aldeia em que Vovó morava. Estava tudo muito coberto de neve e Killian carregou Ruby no colo, temendo que ela pudesse escorregar e cair.

– Ah Killian, que drama! – ela reclamou.

Anita tirava o excesso de neve da porta da casa quando eles chegaram lá. Vovó, é claro, descansava sentada à sua cadeira de balanço e reclamava de tudo.

– Ah parece que finalmente aprendeu a se vestir – a senhora comentou ao ver Killian.

Desde que não era mais um pirata, Killian se livrara daquelas roupas que costumava usar. Agora se vestia de modo mais simples, mas ainda usava o gancho e vez ou outra usava delineador, já que dizia que aquilo realçava seus olhos.

Eles conversaram sobre a gravidez de Ruby e Anita preparou uma sopa forte para que se mantivessem aquecidos. A neve recomeçara a cair e agora Killian temia que não pudessem voltar para casa por causa do mau tempo.

– Não se preocupem, vocês podem ficar aqui por uns dias – dissera Vovó.

Dali a pouco ouviram alguma coisa batendo na janela. Era um pássaro azul trazendo uma mensagem. Anita colocou o pássaro perto da lareira para que se aquecesse e leu a mensagem. A mulher empalideceu e precisou se apoiar numa cadeira para não cair.

– O que foi, mamãe? – Ruby perguntou preocupada.

– Branca... Branca está morta!

***

Foi um dia terrível. A notícia da morte de Branca devastou a todos e Anita, Ruby e Vovó não paravam de chorar. Tudo parecia escuro e triste. Até a floresta estava silenciosa, como que em luto por Branca.

Primeiro pensaram que poderia ser uma mensagem enviada por Regina, uma armadilha. Mas a mensagem estava em nome de Zangado e Anita não quis esperar. Os quatro foram de carruagem até a casa dos anões para prestar uma última homenagem à querida Branca de Neve.

Branca fora colocada num caixão de vidro porque os anões simplesmente se recusavam a enterrar uma princesa tão bela e bondosa como aquela. Ruby perguntou a Zangado como acontecera e ele contou toda a história.

– Bom, vocês sabem que Branca estava muito diferente depois da tal poção de esquecimento. Ela se tornou uma pessoa má e mal humorada, até chamamos o Grilo Falante para falar com ela, mas não adiantou. Aí resolvemos ir atrás do Rumplestiltskin. Ele disse que ela estava assim porque a poção tirou todo o amor dela e só restou um grande vazio em seu coração, disse também que não havia como desfazer isso e não havia como ela voltar a ser quem era antes. Branca queria matar a Rainha, então o Senhor das Trevas lhe deu um arco e flecha encantados, uma flecha que sempre acertava o alvo.

– Ela ia mesmo matar a Rainha? – Ruby estava horrorizada porque sabia que sua irmã não era tão cruel a ponto de fazer algo assim.

– Ia. Eu não a impedi, se ela quisesse fazer isso ia fazer sozinha.

– Você não fez nada? – Vovó indignou-se – Por que não a amarraram para impedi-la?

– Vocês não entendem, Branca se transformou. Não era mais a mesma, estava com sede de vingança. Disse que não estaria morando com anões se a Rainha não tivesse tirado sua liberdade. Eu até concordo com isso, a pobre Branca poderia estar vivendo com a família se não tivesse que fugir o tempo todo. Mas eu não apoiava essa ideia de matar a Rainha, aí voltei pra casa...

– Então a Rainha está morta? - Ruby interrompeu mais uma vez – Mas então quem fez isso com Branca?

– Querem me deixar terminar? – Zangado irritou-se – Parem de me interromper. Como eu dizia, Branca foi atrás da Rainha. Depois de umas horas ela voltou pra casa e começou a pedir desculpas e disse que sentia muito. Foi aí que vimos que era ela novamente. Disse que tinha encontrado o príncipe e recuperara as memórias que tinha dele, mas os homens do Rei George o levaram. Ela não matou a Rainha porque James a impediu. Ela queria resgatá-lo e claro que não deixamos ela ir sozinha. Aí tivemos uma pequena ajuda das fadas para invadir o castelo do Rei. Conseguimos entrar e Branca correu para as masmorras para libertar o príncipe. Mas a Rainha Má é muito esperta. O príncipe não estava lá, só havia um espelho em que a imagem dele aparecia. Ele disse a Branca que a Rainha o levara para seu castelo. Aquela maldita! Depois disso a Rainha apareceu no espelho e ela e Branca marcaram um encontro. Já era hora de acabar com isso, não acham? Nós teríamos ido junto, mas Branca devia fazer isso sozinha e a Rainha exigiu que ela fosse desarmada. Ficamos preocupados e como ela não voltou mais para casa, fomos atrás dela. Elas iam se encontrar na casa em que a Rainha morara com os pais, e quando chegamos lá, encontramos Branca sozinha e inconsciente. E por fim a trouxemos para cá...

– Regina fez isso! – Anita revoltou-se – Ela fez isso! E vai pagar por tudo!

– Não há mais nada que possamos fazer, minha querida – Vovó enxugou as lágrimas e consolou a filha.

Os quatro foram para a casa dos anões. Estava muito frio e Killian disse que eles deviam se aquecer um pouco. Os anões, porém, continuaram a velar o corpo de Branca. Ruby estava muito triste, mas Killian não sabia dizer se fora isso que Ellanor previra quando dissera que a princesa ia sofrer. Depois Ruby disse que estava bem e que pelo menos agora a irmã estava livre da Rainha.

– Finalmente ela pode descansar em paz.

– Eu sinto muito, querida – Gancho a consolava e Ruby apenas se aconchegou no calor dos braços dele.

Depois de uns minutos aconteceu uma coisa estranha. Foi como se um deslocamento de ar tivesse passado pela casa.

– Que foi isso? – Vovó se assustou.

– Eu não sei, mas parece magia – falou Anita.

Eles saíram para ver o que era. Flocos de neve caíam, mas o sol surgiu por trás de uma nuvem. O caixão de Branca estava a poucos metros da casa e os anões estavam sorrindo. O príncipe James estava lá e Branca simplesmente acordara. Agora todos riam felizes e tentavam entender o que acontecera. Entraram para se aquecer e Branca contou que não estava morta, apenas adormecida.

– Como é possível? - perguntou Zangado – Você nem respirava.

– Suponho que foi efeito de uma poção do sono – ela explicou – Regina queria vingança por eu ter sido a responsável pela morte do homem que ela amava. Nós fizemos uma espécie de acordo e ela me ofereceu uma maçã envenenada. Ela disse que a escolha era totalmente minha. Eu devia aceitar a maçã de bom grado para que a magia funcionasse. Se eu não comesse a maçã todos vocês morreriam. Sacrifiquei-me por vocês.

– E era assim que ela esperava se vingar? – disse Vovó – O que ela ia ganhar com isso se você estava apenas dormindo?

– Ela disse que era um castigo pior do que a morte porque assim eu não poderia estar com quem eu amo. Regina tem um buraco no coração e não suporta ver a felicidade dos outros, principalmente a minha.

– Isso acabou – disse o Príncipe James, que era muito bonito e corajoso – Estamos juntos! Ninguém mais vai nos separar.

***

Branca e James decidiram se casar o quanto antes. Eles já não suportavam ficar um longe do outro. Mas para isso precisavam reconquistar a confiança das pessoas – cujas mentes foram contaminadas por Regina e agora achavam que Branca de Neve era uma assassina -, tomar o reino do Rei George e dar um jeito em Regina.

Não foi fácil, mas eles conseguiram. Rei George não resistiu por muito tempo, seu exército foi logo derrotado e ele desistiu de continuar lutando contra Branca de Neve e o Príncipe Encantado. Branca e James tomaram o castelo de George e acabaram por reconquistar o povo, principalmente quando se mostraram dispostos a proteger todos contra a fúria da Rainha Má.

Regina, é claro, ficou furiosa quando descobriu que Branca estava acordada e feliz com seu príncipe. A Rainha Má nunca ia mudar e foi por isso que Branca e James fizeram uma espécie de conselho para decidir o que seria feito com relação à rainha. Os anões, a Fada Azul, Vovó, Anita, Ruby e Killian estavam na assembléia. Pensaram em banir Regina, mas não deviam condenar outro reino ao sofrimento, então James disse que ela devia ser morta, pois só assim não poderia machucá-los nunca mais. Todos concordaram, embora Branca ainda estivesse relutante a fazer isso.

Com a ajuda da Fada Azul, fizeram uma armadilha para Regina. A Rainha mais uma vez perseguiu Branca pela floresta e estava disposta a dessa vez matá-la, mas a Fada Azul inibiu os poderes da bruxa ao usar pó encantado nela. Assim Regina foi levada às masmorras do Castelo Real e condenada à morte.

Porém, Branca ainda conseguia ver algo de bom em Regina e achava que ela podia mudar. A bondosa princesa interrompeu a execução antes que flechas atingissem a Rainha Má e todos ficaram frustrados com essa decisão. Príncipe Encantado achava que era muito arriscado pensar que Regina podia voltar a ser boa, porque uma vez solta e com seus poderes recuperados, ela poderia causar muito mais dor e sofrimento ao reino inteiro.

Foi Rumplestiltskin quem os ajudou no final. O Senhor das Trevas sempre tinha uma solução para tudo e ofereceu a Branca o caminho que ela precisava para descobrir se Regina realmente podia mudar. Rumple e Branca fizeram uma barganha, sem que Rumple pedisse nada em troca. Quando questionado por Branca, ele apenas disse que talvez quisesse a Rainha viva e tinha motivos para isso.

Naquela noite, Branca foi visitar Regina em sua cela.

– Por que está aqui? – perguntou.

– Eu sei que nem sempre você foi assim, Regina. A mulher que salvou minha vida anos atrás era bondosa – Branca disse e se lembrou da vez em que Regina a salvara. A princesa teria morrido quando seu cavalo saiu desembestado e ela não pôde controlá-lo, mas Regina estava por perto e a salvou.

– Aquela mulher perdeu muito e agora ela se foi – Regina respondeu com secura.

– Talvez. Mas por mais que você tente enterrá-la, eu acho que ela ainda está dentro de você.

– Não, não está!

As duas se encararam através das barras que separavam uma da outra. Regina já não se parecia mais com uma Rainha, agora praticamente vestida em trapos e sem nenhum vestígio do sorriso poderoso e cruel que costumava ter no rosto.

– Tudo o que você precisa – Branca se aproximou da porta da cela, destrancou o cadeado e para surpresa de Regina, abriu a porta – é alguém para ajudá-la a sair.

– O que está fazendo? – a outra indagou meio desconfiada e incrédula.

– Deixando a mulher que salvou minha vida ir. Esta é a chance de recomeçar, Regina. De deixar o mal para trás nesta cela.

A Rainha Má se levantou e caminhou lentamente até Branca.

– Fácil assim? – perguntou com um sorriso no rosto.

– Fácil assim. – Branca sorriu de volta.

Regina, então, saiu da cela e ia fazendo seu caminho para descer as escadarias e ir embora. Mas então se voltou e atacou Branca pegando-a pelo pescoço e a comprimindo contra a parede.

– Você faz a mudança parecer tão fácil – disse e em resposta Branca pegou uma faca que escondera na manga de sua blusa. Regina tomou lhe a faca e riu – Você realmente achou que isto te protegeria? Já que não posso usar magia, não podia pensar em uma forma melhor do que matá-la com a lâmina que trouxe para me ferir. Adeus, Branca de Neve.

Os olhos de Branca estavam assustados quando Regina enfiou a faca na barriga dela sem piedade alguma. Mas então a Rainha Má se mostrou confusa quando a faca não feriu a princesa. Aquilo era um teste e servira para mostrar que Regina nunca ia mudar. Rumplestiltskin havia feito uma poção de proteção usando um fio de cabelo que pegara de Regina. Assim a Rainha nunca mais poderia machucar Branca ou James. Ela foi banida para viver sozinha com seu sofrimento e Branca ameaçou matá-la, caso ela machucasse mais alguém.

– Você salvou minha vida uma vez. E agora eu salvei a sua, então estamos quites. E se tentar machucar qualquer um em meu reino, eu a matarei.

E com essa ameaça de Branca, Regina foi embora para seu castelo.

***

Finalmente livres de Regina, Branca e James se casaram na primeira semana de janeiro. Não era apenas o início de um novo ano, mas um recomeço para todos. A cerimônia aconteceu no Castelo Real, que antes era de George. O reino inteiro estava lá e até Will, Tinker Bell, Beto e Mabel deram as caras. Os outros, pelo o que sabiam, estavam navegando pelos sete mares à procura dos tesouros de James.

A cerimônia foi muito simples e o casal fez seus votos, prometendo se amarem para sempre. Todos aplaudiram e Branca e James iam se beijar, mas qual não foi a surpresa quando as portas do salão se abriram e Regina apareceu.

– Desculpem o atraso – ela foi logo dizendo e saiu deslizando por entre os convidados, que evitavam olhá-la. Dois soldados tentaram impedi-la de se aproximar dos noivos, mas ela os mandou para longe com sua magia.

– É a rainha! Corram! – um dos anões gritou.

Branca puxou a espada de James e apontou para Regina:

– Ela não é mais rainha. Ela nada mais é do que uma bruxa má.

– Não se rebaixe ao nível dela. Não precisamos disso. – James fez Branca abaixar a espada e em seguida se dirigiu a Regina – Está perdendo seu tempo. Você já perdeu e não deixarei estragar este casamento.

– Não vim aqui para estragar nada – falou Regina, vestida inteiramente de preto – Ao contrário, querido. Vim aqui para lhes dar um presente.

– Não queremos nada de você – Branca foi logo dizendo.

– Mas deviam querer. Meu presente para vocês – ela anunciou – é este dia muito, muito feliz. Mas amanhã meu verdadeiro trabalho começa. Vocês fizeram seus votos, agora eu faço os meus. Logo tudo o que vocês amam, tudo o que vocês todos amam – ela caminhou encarando os convidados, mostrando que aquilo os envolvia também – será arrancado de vocês para sempre. E do seu sofrimento – ela sorriu maléfica – virá minha vitória. Irei destruir sua felicidade, nem que seja a última coisa que eu faça.

Ela se virou para a porta e já marchava para a saída quando James a chamou. Ela se virou para olhar e o príncipe atirou sua espada na direção da bruxa, que desapareceu junto com a arma numa nuvem negra...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom meninas, algumas coisas vão ser iguais as da série, como essa parte da armadilha que fizeram pra Regina e os acontecimentos do 2x10 - The cricket game, que vocês devem ter notado que eu coloquei igual. Esse diálogo das duas eu coloquei igual o da série e esse final que ela ameaça a todos, vocês devem lembrar que são as mesmas falas do episódio piloto. Algumas coisas eu devo adaptar, mas enfim... Beijos e até a próxima



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como Irritar Um Capitão Pirata" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.