Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 21
Capítulo 17 - Páginas amareladas


Notas iniciais do capítulo

Hello ladies, aqui estou rs Atendendo a pedidos, coloquei beijo dos dois nesse capítulo então espero que gostem.
Notei que tinha menos comentários nos dois últimos capítulos e me pergunto o que aconteceu. Entendo que não é sempre que têm tempo de entrar aqui e ficar comentando, mas gostaria que dissessem pelo menos se estão gostando, se há algo que eu devo melhorar. Gente, estou aberta a críticas, e vocês como leitoras maravilhosas que são, têm todo o direito de me aconselhar.
Queria saber se tem alguém aí que gosta de The Walking Dead. Eu tenho tido muita vontade de escrever uma fic sobre o universo zumbi e ia colocar o Killian e a Ruby na história kkkkk Bom, mas isso vai ser futuramente.
Acho que não tenho mais nada a dizer. Espero que gostem deste capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/322235/chapter/21

Capítulo 17 - Páginas Amareladas

– Essa foi por pouco – Ruby falou ofegante, quando chegaram perto do Pico do Homem Morto. Os índios nunca ousariam ir até ali. Pela primeira vez, eles agradeceram por Pan ser um chato e irritante, que não permitiria que os indígenas invadissem seu território.

– É, mas agora compramos briga com os índios.

– Que se danem os índios. E pensar que eu quase me casei com um.

– Sorte sua que eu a salvei a tempo.

– Hum, obrigada.

– Talvez eu mereça uma recompensa, não? – o Capitão sorriu e ficou olhando para ela, na esperança de que ela entendesse do que estava falando. Ruby apenas ergueu as sobrancelhas sem entender o que o Capitão queria dizer.

– Um beijo. – ele fez biquinho e Ruby revirou os olhos.

– Nem vem – e ela deu as costas ao Capitão.

– Ah, vamos lá. Eu salvo sua vida e é assim que me agradece? Sabe de uma coisa? Eu devia ter deixado você lá, e então, a essa hora, você e seu marido estariam fazendo coisas, se é que me entende.

– Que horror! – ela estremeceu ao pensar nisso.

– Então que tal me agradecer devidamente? – ele sorriu safado. Ainda usavam aquelas roupas de índio e tudo o que Ruby mais queria era tomar um bom banho e se livrar daquela pintura no corpo. Ela revirou os olhos.

– Está bem... mas só dessa vez... – ela se aproximou do Capitão, contra sua vontade, e o puxou para mais perto, para que então pudesse beijá-lo. Mas nesse instante, alguém surgiu por trás deles.

– Oh, me desculpem. Espero não estar interrompendo nada... – era Peter Pan e estava sorrindo daquele jeito cínico de sempre. O Capitão o fuzilou com os olhos e Pan riu: - Me parece que andaram se misturando aos indígenas. Até que esse cocar cai bem em você – disse se referindo a Gancho e Ruby precisou segurar o Capitão, antes que ele fizesse algo.

– O que quer dessa vez? Ruby não vai fazer nenhum acordo com você, se é o que está procurando... – Gancho olhou para ele com uma expressão ameaçadora.

– Ah não, relaxe. Só estava dando uma volta, mas gostaria de falar a sós com você, se não se importar. – Pan, ao contrário de Killian, se manteve calmo e com uma expressão despreocupada.

– Eu diria que me importo.

Pan apenas sorriu e encorajou Ruby a seguir em frente, enquanto ele falava com o Capitão.

– Vá andando, benzinho, há coisas que eu preciso falar com o Killian aqui – ele deu tapinhas no braço do Capitão como se fossem velhos amigos. A Princesa olhou para ele desconfiada, mas o Capitão olhou para ela, tentando dizer que estava tudo bem. Tão logo Ruby se afastou, Peter voltou-se para Gancho – Eu me pergunto o que ainda faz aqui, Capitão. Achei que tinha sido bem claro quando disse a você que as fadas não irão ajudá-lo.

– Mas é claro que elas irão, tão logo eu descobrir onde encontrá-las.

– Você parece confiante – Pan sorriu, mas logo depois mudou sua expressão para um sorriso maligno – Mas o que vai lhe acontecer quando a Princesa finalmente descobrir a verdade? Acha mesmo que ela vai querer te ajudar?

– Ela não vai descobrir. Pelo menos não por agora. E não se atreva a abrir a boca. Peter riu alto:

– Isso foi uma ameaça? Não me faça rir... Sabe muito bem que eu posso contar a ela tudo o que sei.

– Faça isso e verá do que sou capaz. – o Capitão colocou seu gancho bem debaixo do nariz de Pan, e o garoto apenas sorriu e o afastou:

– Sinto em lhe dizer: você não está apto a encontrar as fadas, mas a Princesa... ela possui uma coisa que você não tem.

– E o que seria? – Killian começou a ficar interessado.

– Esperança. Ela é uma crente, acredita no possível e no impossível. Já você... Bem, eu diria que é melhor tomar cuidado. Quando ela souber a verdade, então você vai descobrir o que ela é capaz de fazer. – Peter riu e saiu andando com as mãos no bolso e assoviando. O Capitão observou enquanto ele se afastava.

***

Quando o Capitão finalmente encontrou Ruby, ela estava sentada numa pedra, perto de um rio que corria por ali. Já havia trocado de roupa e tirado as pinturas de sua pele, agora descansava tranquilamente balançando os pés na água.

– O que ele queria? – ela perguntou quando o Capitão apareceu se livrando do cocar que ainda usava.

– Nada demais. Só veio me dizer que não vamos conseguir encontrar as fadas e que era melhor desistirmos. – ele mentiu. Em parte estava dizendo a verdade, mas não podia contar que Pan sabia toda a verdade por trás do seqüestro. Ele mataria aquele garoto caso ele abrisse a boca.

– Só isso? Você demorou uma eternidade...

– Estava te procurando. Não imaginava que estivesse aqui – mentiu novamente. E começou a se despir.

– Ei! Vai mesmo ficar pelado na minha frente? - Ruby tapou os olhos com as mãos e o Capitão riu, mas não disse nada. Ele se lavou e trocou de roupa, enquanto Ruby se virara de costas para não olhar.

– Ainda me deve um beijo – ele disse depois que voltou a sua velha aparência de pirata e Ruby bufou:

– Ah droga! Não podemos resolver isso depois? Estou faminta...

– Espertinha, não vai se livrar de mim. – Killian foi se aproximando e Ruby não teve escolha. Quando os dois já estavam próximos o bastante para sentirem a respiração um do outro, Ruby revirou os olhos, respirou fundo, e então beijou o Capitão. Ninguém nunca o beijara daquele jeito, de uma maneira tão meiga e ao mesmo tempo tão apaixonada. Killian levou a mão aos cabelos da moça e então a abraçou com o outro braço, demonstrando o quanto estava gostando daquilo. Não faziam ideia de quanto tempo durara. Os dois se separaram quando o ar se fez necessário e o Capitão ficou sorrindo feito bobo enquanto os dois se encaravam.

– Talvez eu esteja me apaixonando por você – ele sussurrou e Ruby ficou surpresa. Ela meio que já sabia disso, mas não esperava que ele fosse admitir. O Capitão a puxou para mais um beijo e a Princesa não resistiu, ela apenas movimentou seus lábios contra os de Killian, e colocou os braços em volta de seu pescoço. Não importava muito que fossem de mundos completamente diferentes. Uma princesa e um pirata, quem poderia imaginar?

Killian a beijava como se não houvesse amanhã, como se eles nunca mais fossem se ver e um beijo fosse tudo que ele precisasse para se lembrar dela. Os lábios da princesa haviam sido os mais doces e macios que ele já beijara. Com Ruby era tudo diferente, como se Killian realmente precisasse dela para viver. Os dois se separaram ofegantes e Ruby não soube o que fazer ou dizer. O Capitão acariciou o rosto da moça e ela sentiu que estava enrubescendo, mas não o impediu.

– Eu não quero perder você... – disse ele, entristecendo subitamente. Foi quando ouviram um som já conhecido: duas asinhas que quando batiam rápido se assemelhavam ao som de um sininho. – Tinker Bell! – o Capitão esqueceu o beijo, esqueceu sua tristeza, esqueceu tudo. Ele agora só queria saber da fadinha. Ela passou por eles voando veloz e então se sentou em um galho de árvore. – Tink! Você por aqui... eu queria mesmo falar com você. – o Capitão foi se aproximando da árvore e Tinker Bell se assustou. Ela levantou vôo e então foi se esconder por trás de umas folhas, num galho mais alto – em que Gancho não poderia alcançá-la – e então ficou observando Ruby.

– Acho que eu devia fazer isso – a princesa disse ao Capitão e então se dirigiu a fada: - Olá... Tink. Nós não vamos machucá-la. Por que não vem até aqui e conversamos um pouquinho?

Tink pareceu gostar de Ruby, mas olhou para o Capitão meio desconfiada. Ruby entendeu que a fadinha não falaria com ela se Killian estivesse por perto.

– Hum, pode nos deixar a sós? – ela pediu ao Capitão e ele coçou a cabeça como fazia quando estava nervoso ou irritado, mas concordou.

– Vou dar uma volta. Grite se precisar.

– Você pode descer agora – ela disse a Tinker quando o Capitão saiu. A fada, então, saiu de trás das folhas e voou até onde a princesa estava – Então você é a famosa Tinker Bell?

– Você me conhece? – a fada falou numa vozinha infantil. Ela não se parecia com uma criança, mas com uma moça muito, muito, muito pequena. Era loira, tinha uma pele muito branca, olhos verdes, usava um vestidinho verde e era muito simpática.

– O Capitão fala muito de você.

– Como é seu nome? – Tink perguntou voando em volta de Ruby, observando a moça.

– Meu nome é Ruby.

– Belo nome. E que cabelo bonito você tem.

– Obrigada! E então, Tink, o que faz por aqui?

– Eu estava só passando, mas parece que você precisa de ajuda.

– Eu e o Capitão. Nós estivemos procurando por vocês desde que chegamos aqui. A magia das fadas é a única que pode nos ajudar.

– Em que exatamente podemos ajudar?

– Bom, o pai do Capitão está sumido há muito tempo. Quinze anos para ser mais exata. E achamos que vocês podem nos ajudar a encontrá-lo.

Tink ficou encarando Ruby por um tempo, analisando a situação. A Princesa estava confiante, e esperava que Tinker a ajudasse.

– Bem...- Tink disse depois de uns instantes – Sendo assim, acho que posso falar com minha superior. Ela sabe o que fazer.

– Não poderia nos levar até o lugar em que vocês moram?

– De jeito nenhum! – ela exclamou horrorizada diante da ideia – Pan mataria a todas nós. Eu sinto muito, mas não posso...

– Eu entendo.

– Pan controla toda a Terra do Nunca – ela falou baixinho, como se não quisesse que o garoto escutasse – E ele nos controla também, não devemos desobedecê-lo. Tudo o que eu mais queria era ser uma fada livre, conhecer outros mundos, voando por aí. Mas Pan mal nos deixa sair de nosso Refúgio. Vou ver o que posso fazer por você.

– Obrigada – Ruby sorriu radiante – Ah, e não precisa ter medo do Capitão, ele não é bem como Peter Pan diz.

– Eu vou tentar, mas ele parece um bocado mal-humorado.

Ruby riu e a fada desapareceu voando veloz. Talvez agora eles finalmente conseguissem. Ruby foi procurar o Capitão, para lhe contar a novidade, quando encontrou Pan no caminho.

– Olá, Princesa! Espero que esteja aproveitando sua estadia aqui na Terra do Nunca – ele disse recostado a uma árvore.

– Estou sim, obrigada! – ela respondeu com secura e já ia fazendo seu caminho, quando Pan se postou na sua frente.

– Aquele Capitão, você confia nele?

– Eu diria que sim. – ela cruzou os braços displicentemente, não se importando muito com o que Pan viria lhe dizer agora. Estaria ele tentando fazê-la aceitar seu acordo?

– Sabe que ele esconde coisas de você.

– Sim, eu sei. Mas ele prometeu me contar tudo quando chegar a hora.

– E acredita mesmo nisso? Não percebe o que ele está fazendo? Trazendo você aqui, num lugar em que o tempo não corre, com a desculpa de que precisa de ajuda para encontrar o pai... Como você é tola!

– Eu já sei o que vem depois, e já disse que não quero saber de acordos – ela o ignorou e saiu andando, mas Pan a pegou pelo braço.

– Agora sou em quem não quer saber de acordos com você. – disse com grosseria - Não costumo fazer propostas duas vezes e você já teve sua oportunidade.

– E então o que quer? Não vai fazer minha cabeça e nem me envenenar com mentiras sobre o Capitão. Sei muito bem em quem confiar.

– Será mesmo? – ele riu debochado e soltou o braço de Ruby – Lamento dizer, mas está enganada. Você não conhece Killian Jones e não sabe do que ele é capaz. Seu seqüestro, não acha que ele planejou tudo antes? É claro que está curiosa para saber a verdade, eu vejo. Killian vai continuar enrolando você, fazendo de você uma escrava, uma prisioneira. Quando você menos perceber, vai se esquecer completamente de quem já foi um dia, e quando isso acontecer... temo que você estará presa para sempre ao Capitão Jones.

– Ora, faça-me o favor. Isso é papo furado.

– Ou não. Você pode esperar que o Capitão lhe conte a verdade, e morrer esperando por ela, ou pode descobrir por si mesma. A resposta está mais perto do que você imagina, sempre esteve.

– O que está dizendo?

– Ora, ora, vejo que ficou interessada – ele riu satisfeito – É bem simples: o diário dele. Todos seus pensamentos e segredos guardados nas páginas daquele diário. Sabe que o Capitão nunca se separa dele? Está sempre lá, no bolso de seu casaco. Basta que você o pegue e leia.

– Por que eu faria isso? Não é certo ler diários de outras pessoas...

– Sempre correta, sempre honesta... Vai ter de aprender a fazer o errado às vezes, Princesa. O que parece desonesto, muitas vezes é o certo a se fazer... – e como sempre, Pan lhe deu as costas e saiu caminhando tranquilamente.

***

Ruby ficou pensando naquilo. Seria tão simples assim? Apenas pegar o diário e ler? Bom, ela sabia que talvez o Capitão ficasse bravo, mas ela merecia saber a verdade. Procurou pelo Capitão e o encontrou sentado numa pedra, perto do Pico do Homem Morto, e ele estava justamente escrevendo em seu diário.

– Ei, adivinhe só. – ela disse e o Capitão parou de escrever para prestar atenção nela – Tinker Bell vai nos ajudar.

O Capitão se levantou num pulo:

– Jura? Quer dizer que ela concordou?

– Bom, ela disse que ia falar com a superior dela. Você tem boas chances de... – antes que Ruby pudesse terminar de falar, Gancho novamente a puxou para um beijo, mas dessa vez foi bem rápido. Eles apenas uniram seus lábios e um segundo depois já tinham se separado.

– Eu sabia! Sabia que iria conseguir – ele exclamou todo feliz e se abaixou para apanhar o diário, que caíra quando ele se levantou de uma vez. Killian o guardou num bolso interno de seu casaco e Ruby ficou pensando no que Pan lhe dissera – E agora, o que fazemos?

– Esperamos – ela respondeu – Tink deve logo aparecer com novas notícias.

– Nem sei como te agradecer...

– Não me agradeça ainda.

***

Mais tarde, quando o sol já tinha se posto e a estrelas começaram a aparecer no céu, Killian foi procurar por comida e Ruby ficou sozinha no acampamento que eles improvisaram. Há séculos que ela não dormia direito e achou que merecia um descanso. Acomodou-se perto da fogueira e estava pronta para tirar um cochilo quando ouviu Tinker Bell se aproximando. A fadinha brilhava à luz da lua e estava acompanhada de uma outra fada.

– Olá – Tink cumprimentou e Ruby se levantou para falar com elas – Como prometido, falei com a minha superior, a Fada Azul.

– Olá Ruby! – a Fada Azul cumprimentou. Ela e Tinker Bell tinham o mesmo tamanho, com exceção de que a Fada Azul se parecia com uma mulher muito pequena. Ela tinha cabelos e olhos castanhos e usava um vestido azul. Era muito simpática e parecia ser uma criatura muito bondosa e honesta. – Tinker Bell me contou que você e o Capitão precisam de ajuda.

– Sim, por favor, o Capitão precisa muito disso. Vocês podem nos ajudar?

– Certamente. E estamos quebrando as regras ao falar com você. Se Peter Pan descobrir...

– Nem quero pensar nisso – Tink falou baixinho e botou a mão no coração, como que imaginando o que Peter lhe faria se descobrisse.

– Nós iremos ajudar o Capitão, no entanto, há uma condição... – a Fada Azul falou e só então Ruby percebeu que ela tinha uma varinha de condão.

– Que seria?... – Ruby perguntou começando a ficar preocupada. Por que estavam sempre querendo algo em troca de ajudá-los? Será que as pessoas não podiam simplesmente fazer favores e aceitar um “obrigado” como agradecimento?

– Nós só ajudamos pessoas boas e merecedoras. Killian Jones tem sido um homem egoísta, insensível e arrogante.

– Mas ele só ficou assim por sofrer demais. Não acha que ele guarda muita dor no coração?

– Eu sei, minha querida. Mas ele não deve permitir que a amargura tome conta de seu coração. Ele não prometeu ser um homem decente? É simples, basta que o Capitão prove que está mudando, e então ficaremos felizes em ajudá-lo.

– Mas ele está realmente mudando. Ele... ele não é mais tão egoísta ou arrogante como antes. E todos que o conhecem podem dizer isso.

– Sim, ele está mudando, e por sua causa – a Fada Azul sorriu – No entanto, temo que ainda haja uma réstia de maldade dentro dele. Ele precisa se livrar disso. Deixar para trás toda a amargura e egoísmo. Precisa aprender a ser piedoso e bondoso para com os outros, não apenas com você. Quando fizer isso, Killian será merecedor de nossa ajuda.

– Mas não podemos ficar aqui para sempre.

– E nem precisam. Vocês podem partir em breve, se assim desejarem. Quando Killian se tornar o homem que já foi antes, então eu o encontrarei.

– E o que vou dizer a ele? A verdade?

– Diga apenas que nós iremos ajudá-lo, mas que vocês precisam ir embora daqui. A Terra do Nunca não é o lugar certo para estarem agora.

– Certo. Muito obrigada! O Capitão vai ficar muito feliz!

– Com certeza irá. E princesa, nunca se esqueça de quem você é, mesmo quando tudo desabar...

***

Killian ficou muito feliz e animado com a notícia, como Ruby presumira que ele ia ficar. Eles tiveram um sono tranqüilo e na manhã seguinte, Ruby foi dar uma volta na praia, enquanto o Capitão pensava num jeito de irem embora dali. Agora que tinham conseguido o que queriam, não precisavam mais ficar na Terra do Nunca.

– Temo que Pan vai aprontar alguma para nós – o Capitão falou preocupado. – Ele não vai simplesmente nos deixar partir.

– E só agora você diz isso? O que faremos? Passaremos a eternidade trancados aqui?

– Não se preocupe, eu já escapei duas vezes, não escapei?

– É, mas pode ser que não escape uma terceira.

– Eu vou pensar em algo.

Ruby foi caminhar na praia, o Capitão estava por perto, sentado sob um coqueiro. Ela pensara muito no que Pan lhe dissera sobre Killian e seu diário. Ela devia fazer o que ele dissera? Roubar o diário e descobrir tudo o que queria? Seria muito errado? Ela decidiu que faria isso.

O Capitão não estava usando seu casaco, fazia muito calor e ele estava sem camisa, ainda sentado sob o coqueiro. Mas agora estava dormindo. Estranho! O Capitão não costumava dormir durante o dia. Ruby imaginou que ele pegara no sono enquanto pensava num jeito de irem embora dali, mas então Pan apareceu de repente e a assustou.

– Sabe, ele não vai dormir para sempre – ele disse.

– O que fez com ele, seu pilantra? – ela bradou enraivecida e apertando os punhos.

– Pilantra? Esperava algo que soasse melhor, como...

– Cale a boca! O que fez com ele, hein? Você o dopou ou algo assim?

– Só algumas gotas de sonífero – ele falou calmamente e estendeu a mão mostrando um pequeno vidro que continha um líquido transparente – Ele vai dormir por um tempo, sugiro que faça o que precisa ser feito.

Ruby se virou para olhar o Capitão e quando olhou de novo, Pan tinha sumido. Ela entendera o que ele queria que ela fizesse. Devia ler o diário, era isso. Mas por que Pan estava tão interessado nisso? O que ele ganhava se ela descobrisse a verdade?

Por mais que fosse errado, Ruby sabia que já era hora. Ela procurou nos bolsos do Capitão e encontrou o caderninho preto no qual ele escrevia. “Me desculpe, Capitão”, ela pensou olhando para o homem adormecido “Mas eu preciso saber a verdade”.

***

A Princesa foi se refugiar na floresta, não queria que o Capitão se zangasse quando acordasse e a encontrasse lendo seu diário. Ela se sentou nas raízes de uma árvore e precisou criar coragem antes de ler as coisas que o pirata escrevera. Abriu na primeira página. As páginas estavam amareladas e um pouco amassadas, e as palavras meio borradas. Ela imaginou que isso devia ter acontecido na vez em que ela e o Capitão caíram no mar, ao serem atacados pelo Kraken. Na caligrafia fina do Capitão, havia sido escrito:

Este diário pertence a Killian Jones, não leia se quiser ter sua vida poupada.

Ruby não se sentiu amedrontada pela ameaça, sabia que o Capitão ficaria bravo por ela ter lido, mas não chegaria a machucá-la. Ela passou para a outra página e viu que a primeira data era de dezesseis anos atrás. Killian tinha começado a escrever logo no primeiro dia em que pisara no Jolly Roger:

Meu pai me deu este diário, pois disse que é importante um pirata anotar suas aventuras, pensamentos e lembranças. Ele disse que se algum dia eu for capitão, devo ler este diário e me lembrar de tudo o que ele me ensinou. Bem, eu espero ser um bom capitão, tal qual meu pai.

Ela passou os olhos pelas páginas, não havia nada de muito interessante, apenas narrações de como era a vida num navio pirata, vistas pelos olhos de um garoto de quinze anos. As anotações começaram a mudar depois de algumas páginas, o Capitão ficara muito tempo sem escrever e Ruby entendeu que fora quando seu pai desaparecera. Ao que parecia, Killian estava tão ocupado sendo capitão e cuidando de um navio, que não se lembrara mais do diário. A próxima data era seis anos depois de o diário ter sido iniciado, Killian estava no início de sua juventude:

Há muito tempo não escrevo aqui. Minha juventude tem sido tirada de mim aos poucos. Noites em claro, dias e mais dias de sofrimento mudo. Eu não consigo lidar com isso. Aquele homem tirou meu pai de mim e eu quero vingança. Finalmente entendi o que minha mãe sempre tentou me dizer: não importa o quão rico você seja, a riqueza não vai lhe trazer felicidade ou amor. Agora eu entendo isso. Sou rico e não sou feliz. Tenho amigos, mas eles não gostam de mim verdadeiramente. Estou rodeado de mulheres e não sou amado.

Ela pulou para outra

Encontrei o homem que destruiu meu pai. Os marujos estão me aconselhando a não fazer o que estou pensando em fazer, mas eu preciso de vingança, o nome de meu pai precisa ser honrado. Eu sei que ele está vivo e irei encontrá-lo, mas por enquanto, tenho que acabar com a vida do homem que acabou com a minha.

O Capitão tinha dito que seu pai sumira misteriosamente, mas não disse nada sobre um homem que o destruíra, ou uma vingança. Aquilo estava confuso, mas Ruby não tinha tempo de ler tudo. Ela pulou algumas páginas e parou num trecho que lhe interessou:

Eu o encontrei, o rei. Ele é um sádico e acha que eu não sei o que ele fez. Depois de tanto sofrimento, acho que eu sei reconhecer um tirano quando vejo um. Aquele desgraçado vai me pagar pelo o que fez.

Eis o que aconteceu: eu o ameacei, ia matá-lo. Sua família seria poupada, já que nenhum deles tem culpa por seu monarca ser um monstro desprezível, mas ele implorou por sua vida. Eu não sou um assassino, mas é assim que a coisa funciona: uma vida por outra vida. Ele tirou meu pai de mim, eu ia lhe tirar a vida.

O desgraçado conseguiu negociar. Engraçado o modo como eles conseguem fazer acordos até quando estão perto da morte. Eu fui misericordioso, por enquanto. Ele me ofereceu dinheiro. Não preciso de dinheiro, não posso comprar minha vingança, ou recuperar meu pai. Eu poupei sua vida porque pensei em algo melhor.

Enquanto ele tentava me convencer a aceitar o dinheiro, uma garota entrou no escritório. Era filha dele. Foi quando eu pensei: eu não preciso matá-lo, há algo melhor que eu posso fazer. É, não costumo ser tão inteligente assim, mas dessa vez acho que eu fui esperto. Eu vou tirar o que ele mais ama. Aquela garotinha, a filha que ele tanto ama. Então ele vai saber como eu me senti quando meu pai foi tirado de mim.

– Não. Não pode ser o que estou pensando... não pode ser. – Ruby começou a entender. Aqueles relatos, aquilo estava começando a fazer sentido. E ela se lembrou...

*Flashback on*

Era um dia frio e seu pai ainda não viera lhe dar um beijo de boa-noite como sempre fazia. Mary Margaret já roncava na cama ao lado, mas Ruby estava sentindo que algo de ruim estava acontecendo.

Ela desceu as escadarias do castelo e não encontrou seu pai. Mas havia uma luz acesa, em seu escritório.

– Acha que dinheiro pode trazê-lo de volta? – uma voz raivosa estava vindo de lá – Acha que eu posso comprar minha vingança com seu dinheiro?

Ruby se aproximou da porta. Seu pai estava pálido e trêmulo sentado a sua cadeira e a pessoa que falava com ele, um homem, estava oculto pelas sombras, num canto escuro da sala.

– Papai? – Ruby estava amedrontada, mas preocupada com o pai. O rei se assustou, lançou um olhar para o outro lado da sala, onde o homem estava, e então voltou-se para a filha.

– Ruby, querida. Vá dormir. O papai já está indo.

*Flashback off*

– Não pode ser...

Ela se lembrava bem daquele dia. O pai estava com problemas e apenas mandou que ela fosse se deitar. Ruby passou a noite toda pensando no que estava acontecendo, mas não tocou no assunto, na manhã seguinte. Seu pai nunca falara disso e ela nunca ousara perguntar nada.

– E se fosse o Capitão? – ela disse para si mesma, começando a tremer e desejando que não fosse o que ela estava pensando – E se ele queria matar meu pai?

Ela tentou se controlar e continuou lendo o que o Capitão escrevera:

Ele implorou para que eu não fizesse isso. Chegou a se ajoelhar a meus pés e implorar para que eu não levasse sua garotinha. Ela tinha uns dez, onze anos. Seria cruel tirá-la de seus pais e trazê-la a um navio pirata cheio de homens. Ele me implorou e eu fui misericordioso. Nós fizemos um acordo. Eu aceitei seu dinheiro. Poupei sua vida. Eu me lembrei de que minha mãe não ia querer isso, eu devia ser um homem bom. Esqueci a vingança. Agora tenho de lidar com a perda de meu pai, mas vou fazer isso honrando seu nome e sendo um bom capitão.

Ruby sentiu que não ia agüentar aquilo. Talvez fosse muita coincidência, havia muitos reis e muitas princesas por aí. Ela pulou várias páginas, queria procurar na data em que fora seqüestrada, 17 de agosto, ela se lembrava bem. Fazia quase um mês agora. Ela encontrou:

Tudo saiu conforme o combinado. A princesa agora é minha prisioneira. Não sei se o pai dela está sentindo remorso, mas ele certamente não deve ter se arrependido de ter feito o que fez. Quem diria que seria tão fácil. Sua filha em troca de eu ficar calado. Eu adoraria ver sua glória acabar quando eu revelasse todos os seus crimes. Ele não ia ter mais um povo que o apoiasse. Ele ia cair, e daí viria minha vingança, minha glória. Mas foi melhor assim, pois eu tirei uma coisa que ele ama.

Ela parece ser como o pai: desonesta e orgulhosa. Com certeza sabe de todos os crimes que ele cometeu, mas finge ser uma boa princesa, futura rainha. Os marujos perguntaram por que eu a escolhi ao invés da irmã. Eu não sei ao certo. Acho que eu me lembrei da garotinha de anos atrás, só que agora ela cresceu. E pensando bem, ela me parece mais interessante do que a irmã. Mary Margaret parece ser um tanto sem sal, ou devo dizer, parece um tanto sonsa. Mas com essa menina, eu posso fazer o que bem entender. Ela é minha.

Ruby estava chorando e soluçando alto. Não conseguiu refrear seus sentimentos. Então era isso? Ele a seqüestrou apenas para vingar-se de seu pai? Como ele pode? Ela confiara nele. Entendera o que ele estava sentindo. Acreditara em sua mudança. Talvez aquilo fosse algum tipo de piada. Pan devia ter armado para ela e Ruby estava caindo como uma patinha. Mas pensando bem, aquilo fazia sentido.

– Como ele pode? – ela soluçou.

Isso era só o começo. Seu mundo estava realmente desabando.

***

Quando Ruby voltou à praia, abalada e fraca, viu um navio. Era o Jolly Roger e estava atracando na praia. O Capitão já despertara, estava feliz por ver seu navio e os marujos falavam todos ao mesmo tempo, animados.

– Olá, Capitão. Estou tão feliz em vê-lo – Smee gritou para ele enquanto manobrava o navio.

Will também estava lá e John, Beto, Jack, todos os outros. Foi quando Will olhou na direção em que Ruby estava, há uns metros do Capitão e percebeu o estado em que ela estava. O Capitão não a tinha visto ainda, maravilhado como estava por rever seu navio, mas ao perceber o olhar de Will, olhou na mesma direção que ele e então viu...

Ruby olhava diretamente para o Capitão. Seu rosto estava coberto de lágrimas e ela não fazia questão de enxugá-las.

– Princesa! – o Capitão andou na direção dela. Primeiro achou que ela tinha sido atacada ou algo assim, mas então ela começou a gritar com ele quando ele fez menção de tocá-la.

– NÃO ME TOQUE! SEU ORDINÁRIO! EU CONFIEI EM VOCÊ, ACREDITEI EM VOCÊ.

– Ruby, o que está acontecendo?

– SEU DESGRAÇADO! NÃO ME TOQUE! EU NÃO QUERO TE VER NUNCA MAIS ENTENDEU? EU TE ODEIO! VOCÊ NÃO PASSA DE UM MONSTRO! É ISSO QUE VOCÊ É. AGORA EU VEJO!

– Ruby!

Ela começou a bater no Capitão e ele tentava contê-la, mas Ruby estava tomada por tal ira que arranjara uma força sobrenatural.

– EU TE ODEIO! TE ODEIO! – então ela correu de volta para a floresta, mas antes deixou o diário cair. Killian tentou ir atrás dela, mas quando viu o diário, entendeu o que tinha acontecido.

– Ela leu...

***

– Você despedaçou o coração dela – Willian gritava - Eu vou matar você! Eu juro que vou!

Will pegou a primeira espada que viu pela frente e partiu para cima do Capitão, mas os marujos conseguiram contê-lo, antes que fizesse bobagem.

– Acha que ela leu tudo, Capitão? – era John, um dos que sabia toda a verdade.

– Eu não sei, eu... ela deve achar que eu sou o monstro dessa história toda.

– É claro que ela vai defender o pai. Nenhum filho quer admitir que seus pais são monstros.

– Sabíamos que ia acontecer – Smee falou, tentando confortar o Capitão e dizer que ele não devia se sentir culpado.

– Mas não imaginei que fosse ser assim – o Capitão falou com raiva – Eu aposto que tem um dedo de Pan em cima de tudo isso.

– Olha, Capitão – Smee tornou a dizer – Vai ser difícil para ela, mas logo a Princesa vai ver a verdade. Vai descobrir quem o pai dela é, e o que é capaz de fazer.

– Você não entende, não é? – o Capitão também estava devastado – Ela nunca vai me perdoar...

***

– Me deixe em paz! – a Princesa estava encolhida sob uma árvore e ainda chorava.

– Princesa, estamos todos preocupados – Smee fora falar com ela, pois achava que talvez ela o ouvisse, já que não queria nem ver o Capitão. – Você não comeu nada por horas. – ela não disse nada, apenas chorava com a cabeça apoiada nos joelhos e os braços em volta das pernas. – Olha, eu sei que é difícil. Eu e o Capitão sabíamos o quanto você ia ficar abalada, mas... era preciso que você soubesse a verdade.

– Por que ele fez isso comigo, Smee? Ele ia matar meu pai – ela disse por entre os soluços e Smee ficou com pena por vê-la assim – Ele me seqüestrou apenas para se vingar...

– Eu sei que é difícil aceitar isso, mas foi seu pai quem começou tudo.

– Agora vai me dizer que ele é o vilão da história? Meu pai pode ter feito qualquer coisa com o pai de Killian, mas ele não tinha esse direito. Não podia ter feito isso comigo.

– Eu sei que tudo aponta para o Capitão, mas ele só procurava justiça. O seu pai fez coisas... erradas.

Ruby ergueu a cabeça para olhar para Smee.

– Que coisas? O que está dizendo?

– Eu sinto em lhe dizer, Princesa, mas você não conhece o pai que tem. Nunca se perguntou por que ele não foi atrás de você quando foi seqüestrada? Ele tem um navio, poderia ter nos alcançado, mesmo que levasse dias ou meses.

– Eu... – é, realmente ela não pensara nisso. Quando Mary Margaret correu para casa, para trazer seu pai, e o Capitão simplesmente partiu sem esperar pelo rei, Ruby não imaginou que seu pai poderia ter colocado toda a Marinha atrás deles. Poderia, mas não o fez. E pensando bem, como foi que piratas conseguiram chegar até ali? Seu pai não suportava piratas, de modo que as fronteiras marítimas estavam sempre sendo vigiadas para que nenhum navio pirata se aproximasse. Sendo assim, como foi então que o Jolly Roger atracou naquela pequena aldeia, tão perto do reino em que Ruby vivia?

– Você não pensou nisso, não é? Eu sabia que ia ser devastador quando a senhorita descobrisse, mas seu pai e o Capitão fizeram uma espécie de acordo.

– Um acordo? Do que está falando? Que tipo de acordo?

– Bem, Princesa, por mais que eu não queira que a senhorita sofra, essa história precisa ser contada desde o início.

– Então diga tudo o que sabe.

Por mais que ela estivesse devastada e abalada, Ruby achava que não se surpreenderia com mais nada, sua vida já fora destruída o suficiente para que ela suportasse qualquer coisa que estivesse por vir. Smee suspirou, tomou um gole de rum para esfriar a cabeça e então começou a falar:

– Há muito anos, quando Killian e Jack se tornaram parte da tripulação, o Capitão James já era um homem muito ganancioso. Ele se tornou nosso Capitão porque se tornou merecedor do cargo, mas deste momento em diante, ele começou a mudar. James era do tipo de pirata que não se preocupa com as conseqüências e com os riscos, ele só pensava em riqueza e mulheres, não muito diferente de nós marujos, mas isso meio que se tornou um vício para ele. James estava sempre querendo mais e mais e por mais que ele fosse um bom homem, nós não aturávamos esse seu desejo doentio por dinheiro.

“Um dia ele descobriu seu reino. Você ainda era uma criança, devia ter uns dez anos. James fez o que pode ter sido o maior erro de sua vida: ele tentou saquear seu reino, mas nossa tentativa não deu certo. Os guardas logo nos pegaram e fomos atirados nas masmorras, como vermes imundos. Você imagina como Killian ficou... ele não podia suportar isso, ser tratado dessa forma apenas por ser um pirata. Eu reconheço, Princesa, que estávamos errados ao saquear seu reino, mas o que podíamos fazer? Vocês eram abastados do dinheiro e nós somos apenas ratos imundos.”

– Sr. Smee...

– Por favor, me deixe terminar. – Smee ergueu a mão fazendo-a se calar e Ruby apenas suspirou – ainda chorosa – e continuou a escutar

– Nós fomos condenados à forca por pirataria, assassinato e roubo. Mas seu pai nos deu uma chance, ele também é um homem ganancioso, minha querida, você realmente não faz ideia do que ele é capaz de fazer por dinheiro... O rei deu ao Capitão James uma tarefa, ele devia navegar pelos sete mares e encontrar um tesouro magnífico que muito conheciam apenas como uma lenda. Se James fizesse isso, estaríamos todos livres e seu pai iria esquecer todos os crimes que cometemos. Mas aí é que está, Princesa, o seu pai mandou o Capitão James para a morte.

“O lugar para qual fomos mandados chamava-se o Desfiladeiro da Morte. Só o nome já assusta qualquer um, não acha? Tratava-se de uma terra amaldiçoada e a lenda dizia que aquele que fosse capaz de enfrentar os desafios do Desfiladeiro, tornaria-se dono do maior tesouro que já existiu. Acontece que nós mal chegamos perto o bastante daquele lugar e o Capitão James simplesmente sumiu. Killian ficou devastado e então culpou o rei por ter lhe tirado o pai.

Nós o procuramos em toda parte, mas foi em vão, porque ele simplesmente desapareceu como fumaça e achamos até que estava morto. Foi quando Killian se tornou Capitão e ele jurou que ia vingar o nome de seu pai. Nós passamos um tempo nos escondendo como ratos, temendo que seu pai nos encontrasse e descobrisse que falhamos na missão de encontrar o tesouro. Mas nenhum de nós quis se aventurar por terras desconhecidas depois do que aconteceu ao Capitão. E nesse meio tempo, Killian esteve pensando em sua vingança. Ele não já não era mais um garoto, estava se tornando um homem, e nós temíamos que seu ódio o levasse a fazer coisas ruins.

Então, seis anos depois do desaparecimento de James, Killian resolveu fazer uma visitinha ao seu pai. Ele não agüentava mais sofrer com aquilo, corroendo-o por dentro, e ele achou que vingando-se do rei, honraria o nome de seu pai. Eu devo dizer a você, Princesa, o Capitão estava convicto em matar seu pai, mas você o impediu."

– Naquela noite, quando eu apareci no escritório de meu pai? Eu sabia que havia algo errado.

– Então a senhorita se lembra?

– É claro que eu lembro. Mas eu não vi que o Capitão estava lá, estava escuro e papai me mandou dormir. Ele nunca falou sobre isso e eu nunca perguntei.

– Naquela noite, quando a senhorita apareceu, o Capitão pensou em levá-la, tirá-la de seu pai para que ele sentisse a mesma dor que Killian sentiu ao perder o pai. Mas algo mudou no Capitão, Princesa, ele se lembrou de que devia ser um homem bom, e acabou por desistir de se vingar. Bem, pelo menos por um tempo. Killian estava se tornando um homem amargurado. Ganancioso como o pai e indiferente aos problemas dos outros, acabou se tornando arrogante e desprezível.

“Ele voltou a pensar numa forma de se vingar, e novamente, ele pensou em você. A essa altura, você já devia ter uns dezessete anos. Nós tentamos fazer a cabeça dele, fazê-lo desistir. É claro que depois de quase ter sido morto pelo Capitão, o rei tratou de proteger todas as fronteiras marítimas de seu reino. Não podíamos invadir seu reino novamente, pois já estariam preparados, nos matariam antes que atracássemos no porto. O Capitão levou muito tempo pensando numa forma de conseguir o que ele queria. É claro, ele também nunca desistiu de procurar pelo pai, mesmo que disséssemos a ele que James com certeza estava morto. Então, muito tempo depois, ele finalmente reencontrou o rei. Nós o pegamos desprevenido enquanto ele...

– Enquanto ele se encontrava com sua amante? – Ruby completou o que Smee não conseguiu terminar. Ele a olhou surpreso. – É, eu sei. Faz um tempo desde que eu descobri que ele tinha outra mulher. Sabe, foi um choque, mas eu guardei isso pra mim então... minha mãe e minha irmã não sabem.

– Eu sinto muito, Princesa.

Ruby ainda chorava, mas conseguira se controlar. Saber a verdade não estava apenas destruindo o relacionamento que ela tinha com seu pai, mas também a estava libertando. Por muitos anos, seu pai a protegera demais, a sufocara demais. Agora ela entendia por quê. Talvez o rei temesse que um dia ela descobrisse tudo isso, ou apenas não queria se arriscar a perder a filha. Ele a amava muito apesar de tudo.

– Deve ter sido há uns seis meses atrás. O Capitão não ia matá-lo, ia fazer pior. Nós íamos revelar todos os crimes que seu pai cometeu, coisas que ele deu um jeito de camuflar. Você sabe o que iria acontecer.

Sim, ela sabia. Se realmente seu pai cometera crimes, e de uma hora para outra eles fossem expostos, o rei não só ia ser deposto do trono, como também ia ser humilhado em público. Mas não era só isso.

– Ele estava cheio de dívidas. Ele ia perder o trono, a esposa – quando ela descobrisse sobre a amante -, o amor de suas filhas, e também ia acabar sem um tostão.

– Não! Não é possível! Ele era um bom rei! – Ruby começou a soluçar alto.

– Talvez ele já tenha sido, Princesa, mas o poder lhe subiu a cabeça. Há pessoas que se deixam levar pelo dinheiro e pelo poder. Veja só o Capitão, ele até perdeu a mão por ser ganancioso demais. E o que o rei podia fazer? Há muita gente por aí que sabe os crimes que ele cometeu. Desvio de dinheiro, calúnia, estelionato, adultério, entre outros... Sua família ia ser destruída caso tudo isso fosse revelado. Foi então que seu pai fez o que ninguém imaginava que pudesse fazer...

Smee parou de falar, incapaz de continuar a contar aquilo. Ele sabia como a Princesa ia reagir a isso, e não queria ser a pessoa que devia contar a ela. Ruby não se importava mais. O que quer que seu pai tivesse feito, fora para proteger sua família, por amar suas filhas. Pelo menos era o que ela pensava.

– E o que foi que ele fez? – ela perguntou com a voz embargada e limpando o rosto com as duas mãos. Smee hesitou um pouco até dizer:

– Ele vendeu você...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Peguei vocês, aposto que ninguém esperava que a história fosse revelar toda né? kkkk eu já estava pensando em pegar vocês de surpresa, sem avisar nem nada. Bom meninas, eu já tinha imaginado essa parte da história desde o ínicio, só que mudei umas coisas.
Do jeito que eu tinha imaginado, o Killian ia ficar nervoso e bravo e ia contar tudo pra ela, mas não ia ser algo tão complexo. Eu só ia colocar que o pai dela estava cheio de dívidas e então a vendeu ao Capitão, mas achei que ia ficar muito vago, e no decorrer da história, fui imaginando mais coisas. Aí quando comecei a escrever esse capítulo, fui colocando tudo que tinha imaginado e mais uma coisas que eu pensei na hora rsrs
Eu não sei se ficou tão bom quando eu queria que tivesse ficado, mas espero que tenham gostado. No próximo ainda tem mais coisas, veremos como a pobre Ruby irá reagir a essa última revelação. Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como Irritar Um Capitão Pirata" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.