Gotas De Vinho escrita por Babs Toffolli


Capítulo 19
Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Heyy ;) como vão? Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem! ^_^



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      Ficamos conversando por horas e horas, trocando carinhos e elogios. Ele me perguntou como eu consegui viver na obscuridade durante tanto tempo, sem saber direito o que havia acontecido comigo. Contei que consegui tudo isso, graças a minha amiga Jessica. Que me contou tudo o que sabia sem intensão nenhuma de eu usar suas histórias algum dia.

- Então ela não sabe? - Perguntou Edward.

- Não, ela não sabe. - Soltei um suspiro cansado. Era desgastante engana-la e fugir de sua companhia como fiz nos meu primeiros meses.

- Mas o seu pai sabe... - Refletiu. - Como você contou pra ele?

- Bom, eu não precisei contar, naturalmente. Ele viu toda minha agonia mesmo sem saber o que era. - Contei, enquanto ele se encolhia ao meu lado - Eu pedi para que ele deixasse a casa e só voltasse quando eu permitisse e eu lhe contaria tudo.

- E você foi muito forte para aguentar o cheiro, não é? - Perguntou interessado.

- No começo eu precisei muito. Mas depois de um tempo, fui me acostumando e o cheiro dele é quase imperceptível dentro de casa. - Disse, orgulhosa por ter progredido tanto.

- Acho que consigo imaginar, o quão tentador foi pra você.

- Ah, e foi. As vezes pensava que estar perto do meu pai e engolir fogo era quase a mesma coisa. A diferença era que eu preferia engolir fogo à mata-lo. - Expliquei.

      Ele me olhou admirado e sem acreditar em como consegui ser tão forte. Eu também me surpreendia as vezes por isso. Ele fez uma expressão de culpa e arrependimento. Uma expressão que eu já conhecia, foi ela que nos trouxe até aqui desde o dia de caça na floresta. Quando havia sido? Ontem? Parecia ter mais de uma década.

- Acho que comparado à você - Começou ele -, eu sou tão fraco quanto um humano.

- Por que diz isso?  - Franzi o cenho.

- Não consegui ser forte o suficiente para mante-la viva. - Confessou ele. - Se eu não tivesse rastreado seu cheiro, você estaria em casa agora, lendo um livro e comendo alguma coisa. Mas você era tentadora demais. Não consegui resistir.

- Como assim, tentadora? - O que ele quis dizer com não resistir? Eu era uma espécie de droga?

- São casos raros que podem acontecer com qualquer um de nossa espécie. E pode acontecer com qualquer humano sem sorte e desavisado por aí. - Falou - Alguns humanos tem o cheiro mais tentador para um vampiro do que  - não totalmente quanto para o primeiro - mas também um pouco mais forte para os outros. Você foi assim pra mim. - Disse simplesmente.

- Por isso não resistiu em vir me procurar e "quase" me matar? - Nós estávamos ficando bons em ser sinceros um com o outro. Sem mágoas ou culpas. Apenas explicando devidamente.

- Exatamente isso. - Confirmou.

- E... - Eu queria perguntar, mas tinha medo que ele se chateasse. Ele esperou com um leve sorriso brincando nos lábios. Suspirei e falei: - E a garota morta, Mellany, também foi uma de suas tentações? - Implorei internamente para que não tivesse o ofendido. Ele não pareceu se importar, mas não sorriu.

- Sim. Mas não era como você - Explicou - Ela só estava passando no lugar errado e na hora errada. A hora em que eu estava com sede. - O fitei e compreendi. Mellany foi apenas uma garota de azar. Eu também de certa maneira, mas eu consegui sair viva. Ou quase viva.

- Mas... - Hesitei. Essa sim, poderia ser uma pergunta que certamente o ofenderia.

- Pode falar - Disse suavemente.

- Quando você tomou gosto por torturar suas presas, antes de mata-las?

- Eu era muito infeliz, Bella. - Disse com uma expressão de dor diferente da que fez antes. Como se estivesse em agonia. - Eu morava com a minha família, mas quando cada um arranjou alguém como companhia, eu comecei a me sentir um tanto excluído. Saí de casa com o propósito de esfriar um pouco a mente, mas nunca voltei. Eu não costumava fazer isso no começo. Mas depois de um certo dia, este se tornou meu lema. Alguém estava sofrendo mais do que eu. E isso me fazia eu me sentir um pouco melhor.

"Mas aí encontrei você." me olhou como se eu tivesse acabado de salvar sua vida "E consegui um pouco de paz, quando voltei."

      Ele dizia de uma maneira que me comovia tanto quanto ele. Me espantei quando o pensamento de que se eu estivesse em seu lugar faria a mesma coisa, tomou minha mente. Mas eu já fui muito infeliz como ele também. Na época em que ainda estava me adaptando ao clima constante de chuva e sem a presença de minha mãe, quando cheguei em Forks. Eu o entendia.

- E você não se arrepende de ter matado tantos? - Voltei a perguntar.

- Ah, Bella, você não sabe o quanto! - Disse com tristeza. - Me arrependo tanto, ao ponto de ter que aceitar a condenação ao Inferno com um sorriso. - Eu não gostei daquele assunto sobre Inferno e condenação. Agarrei em seu queixo com fúria e deixei as palavras saltarem.

- Para de se culpa! - O repreendi - Sei que estava infeliz, mas você ainda pode ter uma chance! Você mudou, não mudou?

- Sim, mas... - Suspirou - Mas isso não apaga tantas vidas que eu mesmo interrompi.

- Pelo menos tente se concentrar em se arrepender e fazer apenas o bem, de agora e diante.

- É o mínimo que eu posso fazer. - Disse por fim e tirou minha mão, ainda pousada em seu queixo e me puxou para perto de seu corpo, selando o final deste assunto com um beijo doído e forte.

      Passado-se alguns minutos com mais conversas sem muito objetivo, decidi que devíamos voltar. Eu estava começando a achar que, já que ele ficou tanto tempo longe da família, devia ficar mais perto deles para recuperar o tempo perdido.

- Vamos voltar pra sua casa. - Me levantei e estendi minha mão como um convite para ele me acompanhar. Ele pegou minha mão, se levantou e entrelaçou nossos dedos.

      Fomos andando até a cortina de galhos, e quando saímos começamos uma corrida lenta. Não estávamos com nenhuma pressa e não tinha porque correr tanto, só corríamos por diversão enquanto eu admirava ainda mais a extensa floresta rica em verde onde passávamos. Chegamos ao rio bem mais rápido do que pensei e saltamos com um segundo de atraso em cada um de nós. Quando chegamos ao gramado da casa, ele passou na minha frente a abriu a porta da cozinha para mim e nós entramos.

      Ao entrarmos, Edward se enrijeceu e quase voou para o andar de cima. Fui atrás dele um pouco mais de vagar e quando cheguei, vi Alice paralisada no chão da sala, os olhos inexpressivos com algo que poderia ser um sorriso, se não fosse pelos rosnados que Edward deixava escapar por entre seus dentes trincados.

- Edward, o que foi? - Perguntei com medo. Comecei a ouvir mais atentamente e tentando sentir algum cheiro que afirmasse perigo, mas nada veio à mim. Edward continuou parado de costas pra mim, fitando Alice com horror. Alice suspirou e seus olhos voltaram a ficar em foco.

- Carlisle, parece que Aro está planejando uma visita pra você. - Disse ela por fim.

- Ora, que surpresa! - Respondeu Carlisle. - Faz muitos anos que não o vejo.

- Ele não pode! - Explodiu Edward.

- Por que não? - Perguntou Alice, com inocência.

- Ele vai saber sobre Bella - Esclareceu ele.

- E o que eu tenho com isso? - Perguntei. Quem afinal de contas era Aro? - Quem é Aro?

- Aro é um antigo amigo, de quando era mais jovem nesta vida - Respondeu Carlisle. - Ele e seus irmãos anciãos, moram em Volterra, na Itália.

- E...? - Perguntei. Ainda estava se entender.

- E, que se ele souber de você, saberá que seu pai também sabe sobre nós, e isso é algo imperdoável para eles. Um humano que sabe sobre a verdadeira identidade de sua filha, e ainda mora com ela! - Guinchou Edward.

- Mas o que isso tem de mais? - O que esse tal de Aro poderia fazer quanto à isso?

      Mas ninguém respondeu minha pergunta depois do esclarecimento de Edward. Todos haviam virado um monte de estátuas no meio da sala. Alice foi a primeira a se recuperar.

- É verdade. - Conseguiu dizer. - Se eles souberem, a vida do seu pai corre risco, Bella. E a sua também, por ter contado à ele.

- Mas eu não tive escolha sobre contar ou não. Ele me viu sendo transformada. Foi ele quem me ajudou a superar isso tudo, fingindo que nada estava acontecendo! - Tentei defender meu pai. - Aliás, quem esse tal de Aro é, para vocês ficarem com tanto medo?

- Edward, você não contou que ela era tão jovem e inexperiente. - Disse Esme. Mas Edward não a ouviu, e se virou para me explicar.

- Ele e seus irmãos, juntos com sua Guarda, formam como uma realeza, Bella. São eles que ditam as leis, eles que nos punem se quebrarmos as regras... E você é uma vampira que quebrou a mais importante delas, você contou sobre nossa existência a um humano.

      E então, eu finalmente compreendi. Eu corria risco, e meu pai um ainda pior. Eu havia entrado para o mundo sobrenatural, mas nem me dei conta de quão obscuro e inexistente ele era. Muito menos me perguntei quem ditava essa simples regra para continuar assim desde que o mundo é mundo. Eu estava terrivelmente encrencada.

- E o que nós vamos fazer? - Perguntei num sussurro.

- Não há nada que possamos fazer - Rosalie se manifestou, vagamente, pela primeira vez na minha frente em todo o dia.

- Quando eles vão chegar? - Jasper perguntou à Alice.

- Talvez dez dias. Precisam de tempo para organizar a Guarda e toda a proteção da cidade, para que na da fique fora de controle quando voltarem. - Respondeu ela.

- Mas nós temos que dar um jeito. É o meu pai! - Falei num tom mais duro.

- O que podemos fazer, Bella? - Carlisle me perguntou. - Só se houvesse alguma maneira de apagar esse pedaço de memória do seu pai. Nenhum de nós tem poder pra isso.

- Poder... - Edward refletiu. - Precisamos de alguém com esse poder, e conhecemos essa pessoa!

- Quem? - Perguntou Esme. Eu tive uma pequena fagulha de esperança.

- Bree - Respondeu Edward, e todos da sala viraram estátuas novamente enquanto eu fiquei ainda mais esperançosa por ter alguém que poderia nos salvar. Não só isso. Poderia salvar o meu pai.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Legal né? hehehehe



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