As Crônicas de Nárnia e a Rainha Do Futuro escrita por Rocker


Capítulo 6
O Baile


Notas iniciais do capítulo

E ae, lindinhas!!
Mais um cap!!



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O Baile

Lena não estava muito feliz com a questão do baile que as rainhas Lúcia e Susana planejavam para o por do sol.  Não que não gostasse de bailes e eventos sociais – porque gostava. Só não gostava da ideia de ter que usar um vestido longo.

Ela não era como as outras. Preferia calças e armaduras de combates, mas dentro do palácio de Cair Paravel, era obrigada a usá-los. Mas, claro, tinha seus momentos de descanso, quando podia “fugir” das obrigações e treinar, dentro do terreno do palácio.

Como agora.

Neste exato momento, Lena pulava, corria, atacava e se defendia dos guerreiros de argila que resolveu convocar horas mais cedo. Sem a armadura, como sempre. Precisava relaxar e, diferente dos outros, só conseguia conforto enquanto estava em movimento.

Após cortar o pescoço do vigésimo guerreiro, Lena ouviu um barulho atrás de si, das portas de vidro que davam para o jardim se abrindo. Não se virou para trás, pensando que poderia ser apenas um criado no meio de seus afazeres. Mas quando a voz rouca e forte de Edmundo chamando por ela, desconcentrou-se enquanto um guerreiro a atacava e, para se desviar, pulou pra trás, perdendo o equilíbrio e quase caindo.

Fechou os olhos esperando pelo golpe do guerreiro, que a machucaria feio, ou pelo tombo que deixaria suas costas bem doloridas. Mas nada disso veio. Sentiu um braço envolvê-la pela cintura e impedi-la de cair, ao mesmo tempo em que sentiu a faca que carregava na cintura, ser desembainhada.

Abriu os olhos devagar, constatando a cena que via.

Edmundo a segurava pela cintura com o braço esquerdo, enquanto a mão direita estava no ar, segurando a faca no lugar em que estivera o coração do guerreiro que a atacava. Sentiu-se grata por ele ter ajudado, mas jamais admitiria. Era orgulhosa demais para isso.

- Obrigada. – falou com a voz um pouco dura, para que ele não percebesse que ela estava verdadeiramente impressionada.

Lena aprumou o corpo, enquanto Edmundo tirava o braço de sua cintura e lhe estendia a faca. Ela a pegou e a embainhou, tentando ao máximo não olhar diretamente nos olhos do garoto. Sabia que se o fizesse, não conseguiria voltar a si a tempo de responder qualquer coisa que ele lhe perguntasse.

- Tem que tomar mais cuidado... – ele falou, se aproximando dela aos poucos.

Edmundo tinha medo de assustá-la, dando em cima demais. Mas não queria ficar longe dela. Queria tê-la nos braços e beijá-la, mas isso também não iria acontecer tão cedo.

- É, eu tento. – ela falou com a voz dura, tentando ao máximo não cair aos encantos dele. O que era bem difícil quando ele diminui a distância entre eles cada vez mais. – O que veio fazer aqui?

- Bem... Pensei em te chamar pra ser minha acompanhante no baile de hoje à noite. – falou, coçando a nuca, claramente desconfortável.

Lena fingiu estar pensando.

- Só se você não se importar de ter uma acompanhante toda de preto... – falou por fim.

- Preto?! Desde quando meninas gostam tanto de preto?! – ele falou, brincando.

Lena fechou a cara, fingindo estar irritada.

- Peraí que vou me jogar da ponte e já volto. – falou apontando para o lado e dando um passo em direção ao portão. Mas Edmundo a segurou pelo braço, rindo, o que a fez rir também, percebendo que a risada dele era contagiante.

- Não sua boba! – ele falou. – Você fica linda de preto... – Lena corou com isso, mas Edmundo apenas sorriu e continuou. – É que não sabia desde quando as meninas gostam de preto!

Lena riu novamente.

- Acho que desde que eu sou do século XXI.

Edmundo sentiu as bochechas queimarem. Havia esquecido que ela era mais de cinquenta anos mais nova na Terra. Ou seja, muita coisa mudará na Terra depois de seu tempo.

- Sim, as meninas estão deixando de serem aquelas bonequinhas de antigamente. – falou Lena.

- HEY! – repreendeu o menino. – Não sou tão mais velho!

- Ah, me desculpe, reizinho! Talvez apenas mais de mil e trezentos anos aqui e mais de cinquenta lá.

Edmundo bufou e cruzou os braços, enquanto Lena colocava a mão sobre a boca e tentava abafar as risadas.

- Ainda não me respondeu se iria ao baile comigo. – observou ele.

- E ainda não me respondeu se iria se importar que fosse de preto. – retrucou Lena.

- É tem razão... Não, não me importo. – sorriu, rezando para que apenas isso bastasse para que a garota aceitasse.

- Então também não me importo de ir ao baile com você. – sorriu também.

Edmundo sorriu de orelha a orelha. Um sorriso tão grande que Lena pensou que poderia chegar a rasgar suas bochechas. Sentiu então algo se remexer dentro de si. Pareciam borboletas tentando ultrapassar as paredes de seu estômago. Lena sentiu também seu coração bater mais rápido e suas pernas amolecerem. Isso não me parece muito bom.

- Para que horas suas irmãs planejam o baile?

- Daqui três horas. Já devem estar nos quartos se arrumando.

- Ah. Tenho tempo ainda. – falou Lena, dando de ombros.

Edmundo assustou-se.

- Não vai para se ajeitar?!

- Anh... Não... – respondeu, um pouco confusa.

- Pensei que rainhas gastassem horas num quarto para se arrumar para um simples baile.

- Acho que esqueceu que não sou uma rainha comum, reizinho. A começar pelo preto e passando pela birra aos vestidos.

Edmundo riu. Realmente se esquecera deste detalhe, mas sempre soube que ela era especial.

- O que fará enquanto isso?

- Treinar, treinar, treinar e acho que... TREINAR! – riu, sendo acompanhada pelo menino.

- Me aceita como desafiante?

- Mas é claro, reizinho.

Lena foi até uma das espadas caídas no chão e a entregou para Edmundo. Começaram a lutar, Lena investindo na maioria das vezes, pois Edmundo tinha medo de machucá-la. Não apenas fisicamente – prometera a si mesmo que não deixaria nada abalá-la.

- Lena... – chamou Edmundo.

Ele já estava pronto, esperando Lena na porta de seu quarto. Bateu três vezes e a menina não atendera em nenhuma. Já estava começando a se desesperar. E se ela desistisse de ir comigo?!, pensou. Não, tenho certeza que ela não me faria isso.

Ouviu o barulho do trinco atrás de si e virou, sorrindo. Feliz por ela não ter atrasado tanto. Lena saiu um pouco cabisbaixa e segurando a lateral do vestido preto [http://s1204.beta.photobucket.com/user/Sakura-eBia/media/Vestidobaile_zpsb8dcbeb4.jpg.html]. Não se sentia muito bem em vestidos, mas tinha que admitir que valeu a pena a cara de bobo que Edmundo fez ao vê-la daquela maneira.

- Vai falar alguma coisa ou vai ficar aí me olhando?! – Lena não perdeu o otimismo e logo zoou com a cara dele, assim que começou a gaguejar.

Ele sorriu e ofereceu-lhe o braço como no dia anterior, quando a acompanhou até o jantar. Lena aceitou, sentindo seu coração disparar.

- Bem... – começou Edmundo, levando-a até as escadas, onde apenas Pedro estava presente. – Nunca vi nenhuma rainha gastar meia hora para ficar mais linda do que já é.

Lena sentiu suas bochechas queimarem e olhou para os pés, que estavam levemente à mostra, pois segurava a saia do vestido para que não arrastasse ao chão. Usava seus tênis All Star preto.

 Edmundo, porém, viu a diferença de calçados e a olhou confusa.

- Tênis?!

- Acho muito mais confortável e usável do que saltos. – respondeu, sem gaguejar, mas pensando que o faria.

Edmundo riu.

Edmundo não sabia, mas Lena não usava apenas seu vestido. Estava com a armadura personalizada. Antes de se aprontar, sentira um mau pressentimento e a vestiu, sabendo que poderia ser útil em breve.

Eles chegaram ao topo das escadas, encontrando apenas com o rei Pedro já em seu posto, pronto para descer, mas apenas esperando por Susana.

- Ei, Pedro! – falou Edmundo.

- Ed! – falou, virando-se. Quando constatou que Lena estava ao seu lado, sorriu e se aproximou, segurando a mão dela, que antes estava sobre a saia do vestido, e a beijou delicadamente, sem tirar os olhos de seu rosto. – Rainha Lena.

Lena forçou um sorriso. Diferente dos outros, Pedro a chamava de rainha apenas para implicar, mas não deixaria que nada a afetasse naquele tempo em que estava ao lado de Edmundo. Quando Pedro soltou sua mão, Lena fez uma leve reverência.

- Rei Pedro. – também implicava com ele, não o chamando pelo nome, nem de Grande Rei Pedro.

- Onde estão Susana e Lúcia? – perguntou ele.

- ESTAMOS AQUI! – falou alguém atrás deles.

Ao se virarem, depararam com as duas em lindos vestidos. Susana vinha mais à frente em um lindo vestido rosa e branco [http://1.bp.blogspot.com/-UWBUAlNNQW8/TZ4p6Xn_GxI/AAAAAAAAABw/1gKpAXtptQM/s1600/QQ1103.jpg]. Lúcia também estava linda em seu vestido bege [http://www.dstoreusa.com.br/images/large/6904_LRG.jpg]. Elas se aproximaram e cumprimentaram a todos. Logo, já estavam em fila para que descessem as escadas. Susana e Pedro na frente, Lúcia no meio, sozinha, e Lena e Edmundo por último.

Ao ouvirem o som da corneta, eles desceram, sendo recebidos por palmas de todo o povo, sendo humano, anão, grifo, minotauro, centauro, fauno – todos estavam presentes.

Depois de algum tempo, conversando com vários dali, Lena já se sentia entediada. Queria fazer qualquer coisa: dançar, ir até a varanda ver as estrelas, ou até mesmo fugir e ir treinar.

Mas sabia que não podia enquanto ninguém a resgatasse.

Olhou de relance para o meio da pista de dança, mas não encontrou ninguém que pudesse ajudá-la. Nem mesmo seu “lindo príncipe encantado para salvá-la”. Ok, isso já está ficando ridículo!, repreendeu-se.

Voltou seu olhar para o aldeão com qual conversava – falava normalmente com todos –, sem prestar muita atenção. Apenas acenando com a cabeça.

Seus pensamentos voavam para não muito longe. Provavelmente para apenas alguns metros dentro deste grande salão. Sim, caros leitores, Edmundo Pevensie não saia dos pensamentos de Lena. E, provavelmente não saíram tão cedo.

- Com licença. – uma voz que reconheceria em qualquer lugar falou atrás de si.

O homem com qual Lena conversava olhou por sobre o ombro dela e sorriu encantado. Logo, Edmundo apareceu ao seu lado, sorrindo. Lindo como sempre, pensou, encarando o par de olhos castanhos escuros, quase penetrando neles.

- Será que poderia roubar a Rainha Lena para uma dança? – perguntou gentilmente ao homem.

Ele sorriu e se curvou para ambos, saindo logo em seguida. Edmundo ofereceu-lhe a mão e Lena a aceitou, sorrindo. Foram em direção ao meio da pista de dança e Edmundo a tomou pela cintura, enquanto ela colocava sua outra mão delicadamente em seu ombro e eles começavam uma dança lenta.

Após alguns instantes, Lena desceu a mão até seu peitoral e descansou a cabeça em seu ombro. Ela o viu se arrepiar e sorriu. Edmundo apertou sua cintura um pouco mais contra seu corpo, feliz em tê-la nos braços.

- Obrigada por me tirar do tédio. – disse Lena, com o coração acelerado.

Edmundo sentiu sua respiração roçar em seu pescoço e arrepiou-se novamente, sentindo o coração acelerar e o estômago embrulhar, como se estivesse em queda livre.

Ele riu.

- Não há de quê.

Dançaram mais um pouco, aproveitando a sensação de estarem com o outro, os corações acelerados sendo ouvidos através dos tecidos.

De repente, ouviu-se um uivo inconfundível vindo dos arredores do palácio. Um uivo dos lobos do inverno. Os lobos da Feiticeira estavam invadindo o castelo de Cair Paravel.


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Notas finais do capítulo

Nao era o que muitos esperavam, mas acho que no fim pod valer a pena!!
Desculpe se ouver alguns erros, nao tive tempo de rever o cap...