Claro como eu não pensei nisso? Sempre há um problema, afinal como já disse sou a pessoa mais azarada do mundo. Olhei para Tyler esperando uma resposta.

—Tyler – alguém gritou, provavelmente o seu padrasto. – Eu vou...é

Então ele me viu e deu um sorriso malicioso. Apesar de me conhecer e saber que eu era a amiga de Ty.

—Oi Kayla- ele sorriu pra mim arrumando sua gravata (o padrasto de Ty era advogado).

—Oi senhor Wendt- disse retribuindo o sorriso.

—Bem- ele voltou a Tyler- vou trabalhar, qual quer coisa me ligue, Juízo- então ele deu novamente a risada maliciosa, Tyler riu e olhou para seu pai com cara de: pai-você-não-disse-isso, não pude deixar de rir.

—Pode deixar- falei ao Sr. Wendt- ele sorriu e foi embora.

Eu e Tyler nos encaramos e começamos a rir.

—Juízo senhorita Sullivan, se fazer alguma coisa errada conto ao meu pai.- ele disse rindo.

—digo ao mesmo Tyler Owen- disse sentando no sofá da sala, mas a alegria durou pouco e respirei fundo.

—Onde esta sua mãe?- disse olhando ao redor, então ele sentou do meu lado.

—Bem era esse o problema, minha mãe esta viajando- ele disse, eu entendia que a mãe dele viajava bastante, pois ela é representante de uma multinacional, mas tinha que ser justo agora?

—E quando ela volta?- perguntei rapidamente esperando que ele dissesse “amanhã”

—Daqui a três semanas- Ele me olhou meio triste reconhecendo que eu precisava de ajuda.

—Não duvido que se um meteoro fosse atingir uma pessoa entre 7 bilhões essa pessoa seria eu, eu sou muito azarada.- falei levantando e pondo as mãos no cabelo.

—Bem, eu iria tranquilamente em seu lugar- disse Ty, por que ele tinha que ser tão fofo? Só sorri.

—Daqui a uma semana acabam as aulas, eu ainda tenho um monte de matérias atrasadas pra estudar, e, arrgh minha vida esta um caos.

—Poxa obrigada pela consideração- ele riu

— Ah, cale a boca, você sabe que é uma das únicas partes boas da minha vida- ri também -mas Ty, eu preciso falar com a sua mãe, tem como ligar ou alguma coisa?

—Olhe você sabe que minha mãe é um pouco desligada né?- pelo jeito não vinha coisa boa

—Vish, e...

—E ela esqueceu o celular em casa- ele disse

—Ótimo, só falta ela ser morta e eu nunca sabe como me livrar disso-olhei pra Ty e ele estava sorrindo?

—Que foi?-perguntei

—Se minha mãe fosse morta, você a veria como alma não?- então ele sorriu novamente

—Pois é não tinha pesado nisso- ri

—Porém – ele falou de um jeito que até me deu esperanças.

—Porém?!- repeti arqueando uma sobrancelha.

—Vou falar por webcam às 9h da noite hoje com ela.

—Mas é muito tarde- disse

—Tudo bem espere três semanas- ele virou as costas e subiu para seu quarto.

—Você é do mal- avisei

—Obrigada- ele riu

—Mas eu continuo querendo falar com a sua mãe- disse e ele desceu ficando no primeiro degrau da escada olhando pra mim:

—Quer dizer que não vai mais esperar três semanas?

—Esta me convidando para falar com ela por webcam?

—Bem supostamente- nos rimos

Eu me levantei, tinha até perdido a noção do tempo quando ficava com Ty, eu precisava ir, era estudar o ficar para recuperação, nesse caso preferia estudar não sei o que faria se ficasse mais duas semanas com o Sr.James.

—Bem Ty, eu preciso ir, tenho que estudar, e tentar fazer milagre entendendo o novo conteúdo de física- estava indo até a porta, e ele foi junto.

—Se quiser eu te ajudo, você sabe que física pra mim não é problema- ele riu

—Nem física e nem nenhuma matéria Sr.Nerd, bem qualquer ajuda é bem vinda- sorri.

Tyler foi pegar os materiais, eu fui atrás, e acabamos estudando no quarto dele mesmo, ele me explicou, e eu acho que entendi então ele me deu um monte de exercícios pra fazer, e foi pegar algo para comermos, estava quase na hora do almoço. Enquanto ele estava lá embaixo eu me desconcentrei, e acabei pensando em como será que as almas deixavam de aparecer? Como a mãe dele havia conseguido aquilo, um tipo de antidoto, ou um sacrifício? Queria que não, eu não estava disposta a sacrificar ninguém por mim, mas um nome me veio à cabeça Adam Kiord, e logo pensei na senhora. Tyler chegou, mas começou a puxar meu cabelo, estava doendo, como se estivesse realmente com intenção de machucar, só que eu me virei, não era Tyler, era minha nova inimiga.

—Me solta!- exclamei tentando soltar meu cabelo de suas mãos

—Faça o que eu quero- a senhora disse raivosa

—Me solta- gritei mais alto com esperanças que Tyler pudesse ouvir.

—La?- Meu mais novo apelido, meu nome formava vários apelidos- o que esta fazendo com seu cabelo?- Ele perguntou a mulher puxou mais forte, e me empurrou da cadeira, estava segurando meu pulso, me apertando forte. Tyler chegou mais próximo e me ergueu embora a senhora ainda estivesse agarrando meus punhos.

—Mande seu namorado sair dai ou vai sobrar pra ele- disse a velha

—Ele não...- eu não tinha tempo para argumentar- Tyler sai daqui- gritei

—Que? Não!- ele me envolveu com um abraço, como se tentassem me proteger da alma.

—Aaai- Gritou, pelo visto a alma também o machucava. - O que esta acontecendo com o meu braço? – ele perguntou

—F-fique calmo - gaguejei, então uma ideia apareceu na minha cabeça, era maluca, mas não custava tentar, se eu invocasse outra alma, será que a anterior desapareceria? Eu pensei na mamãe, mas algo não parecia corresponder, é como se eu ligasse para um numero inexistente, então me sobrou uma opção como era mesmo o nome da garota? Mylla Skalori. Ela apareceu naquele momento a senhora estava nos jogando contra a parede, Tyler me preguntava freneticamente o que estava acontecendo, e eu só tinha esperanças daquilo acabar logo.

—Mylla me ajuda- gritei

—Não dá essa alma é velha demais

—Como eu paro- lagrimas de terror caiam em minha face, Ty estava desacordado, havia batido muito forte na cabeça, e por mais que eu tentasse golpear a velha, ela não sentiu nada. Era como se para mim ela fosse uma pessoa, e para ela eu um fantasma, minha mão atravessava seu corpo, já o dela me machucava, principalmente meus braços.

—Mylla me ajuda- Gritei mais uma vez, só que dessa vez quase sem esperanças.

—você tem que pensar em coisas que te façam esquecer isso, que te façam “viajar”. –disse Mylla

Mesmo sentindo muito medo e dor tentei em concentrar, lembrei-me do dia em que eu tinha 10 anos e nossa família foi fazer um piquenique, a família reunida, meu pai me ensinava a andar de bicicleta e minha mãe me olhava rindo com os meus tombos, lembrei-me da mamãe quando falava que um dia iria me dar um irmãozinho, mas com a morte de meu pai isso foi impossível. A dor começou a cessar, eu também estava quase sem energia, havia riscos de unhas pelo meu rosto, meus pulsos estavam roxos e dormentes, vi a senhora desaparecendo, e com um piscar fiquei no breu, será que eu havia morrido, ou estava apenas desmaiada?