As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 96
A dor de um beijo


Notas iniciais do capítulo

Demorei! Culpem as provas... Gente eu simplesmente amei este cap e se pudesse ter postado antes eu postava.
Resumi muitas coisas do livro para chegar onde eu queria e SIM tem mudanças no desfecho da sério, okay?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/320849/chapter/96

THALIA

Quando abri os olhos, vi tudo dobrado. Bom, eu vi o que dava para ser decifrado naquela escuridão. Minha cabeça estava apoiada no colo de alguém e pelos sons, ainda havia luta. Quando consegui enxergar normalmente, vi Carlos lutando ferozmente como nunca antes. Diego me protegia; mesmo me amparando o corpo ainda era um adversário temível.

–O que...?

–Sentiu saudades, princesa?

–O que...? – tentei de novo.

–Você caiu lá do seu. Peguei você antes que colidisse com o asfalto. Você fez um bom trabalho. Mais da metade do exército recuou. Quando te vi pensei estar vendo uma deusa...

Tentei me levantar só para descobrir que estava pior do que um bêbado. Minhas pernas tremiam e eu mal sabia diferenciar uma árvore de uma pessoa.

–Você deve descansar...

–Não. Descansei por tempo demais – disse pensando nos anos em que passei adormecida dentro de um pinheiro; isso teria que ser compensado agora. Diego entendeu de outro modo.

–Você fechou os olhos só por dois minutos, garota. Quer morrer? Posso te garantir que você é bem mais útil viva do que morta.

–Só serei útil enquanto estiver armada e lutando pelo certo, Diego. Vai me ajudar ou não a ficar de pé?

[...]

Tudo era uma zona de guerra. Tudo na cidade estava parecendo aos pedaços. Estávamos cercados. Todos os que sobraram lado a lado; em um segundo era Elohine ao meu lado, no outro Charles e no seguinte Percy. Tudo parecia perdido até ouvirmos um coro de trompas de caça. Parei em alerta, Percy olhou para mim a espera de uma resposta. Olhei para os lados rapidamente apenas para confirmar o que o ar a minha volta me falava.

–Não são as Caçadoras. Estamos todas aqui.

Quíron chegou com seus amigos parte cavalos e salvou aquela noite. Depois de falar com quase todos os seus campistas e orientar seu pessoal, veio até mim e aos mercenários filhos de Ares.

–Thalia, criança, você parece que vai desmaiar apenas com um sopro do vento.

–As aparências enganam, Quíron, o senhor deveria saber disso.

–Deve descansar, pelo menos um pouco.

–Mas...

–Você não é útil cansada. Suas Caçadoras sabem se virar muito bem sozinhas. – beijou-me a testa como um pai beija a filha e voltou a pedir que eu descansasse. Carlos e Diego me carregaram até um quarto no Plaza e escoltaram minha porta com alguns de seus homens. “Não saia antes de dormir” eles disseram.

Eu queria dormir. O problema era sonhar... Por isso eu não queria dormir; dormindo eu sonhava. Sonhando eu os via. E os vendo eu não queria acordar.

A menina vestia um macacão vermelho, o cabelo preso em marias-chiquinhas, tinha um ar lindo de inocência. O menino brincava ao lado dela e, em intervalos de longo tempo era possível ver a proteção que ele garantia a criança mais jovem.

Tentei me aproximar, mas não pude. Virei para o lado contrario e nele vi Hugo, Cronos no corpo de Luke, vi guerra e muitos amigos mortos.

–Você precisa escolher, Thalia. – a voz parecia cansada – Você já ouviu as Parcas, Zeus, Afrodite... Já ouviu seu amado e sua mãe. Você sabe o que quer. Sabe o que fazer. Você ainda tem o dom de Atena. Não o desperdice. Você sabe como usá-lo... Use-o!

–Quem é você? Por favor, me ajude!

–Só depende de você... Use-o!

PERCY

Assim que soube que minha prima estava dormindo, dei atenção às caçadoras e a um grupo de semideuses aos quais eu nem lembrava o nome. Todos falam rápido, uns passando por cima dos outros, mas eu só havia compreendido duas palavras: Cronos e Luke.

–Um de cada vez! – gritei exausto. Uma caçadora tomou a palavra; tinha um corte na bochecha e descendência japonesa.

–É Thalia. Ela confia em você por isso nós também decidimos contar. – ela olhou para os lados esperando que mais ninguém além dos que estavam lá ouvisse; sendo bem mais especifica, ela esperava que Thalia não aparecesse. Tomou fôlego e continuou – Toda a vez que Cronos se aproxima ele retorna e muda de rua ou avenida, entende?

–Sim? Onde estamos querendo chegar? – disse duvidoso. Um campista de Apolo continuou; era um amigo de Thalia ao que eu sabia.

–Ele não muda de rua por qualquer coisa, Jackson. Sempre que Thalia aparece lutando na rua em que ele pretende atacar, ou simplesmente passa correndo o corpo de Luke simplesmente para.

–Como vocês podem saber disso?

–Como acha que ganhei esse corte? – a menina que se parecia com aquelas raras bonecas japonesas resmungou – Concentrei minha atenção nos dois sempre que se cruzavam. Mesmo a uma distancia de dois quilômetros Cronos para. É como se o corpo de Luke reconhecesse Thalia e se recusasse a feri-la.

Encostei o corpo em um muro e fechei os olhos pensando. Percy, eu o amo. Afrodite já disse que nunca viu sentimento mais forte do que eu sinto por ele e... Que ele sentia por mim. As palavras que foram um choque para mim ainda eram bem claras. E se Luke estivesse resistindo com todas as suas forças? Eu já havia visto Cronos fraquejar por um breve momento diante de Nakamura, não era? Luke ainda se lembrava de Thalia? Ainda resistia por ela? E se sim, e se ainda pudéssemos trazê-lo para o lado do bem e banir o titã de seu corpo...

–O que vocês disseram... Ouçam bem. Se essa observação estiver correta como eu rezo para que esteja, Thalia não pode morrer nessa guerra. Ela talvez seja a única que possa enfraquecer o titã para que eu possa dar um fim nele. Protejam-na, mas não deixem que ela perceba.

Se Thalia soubesse que eu queria usá-la como um meio de matar de vez o único amor de sua vida... Eu começava a temer pela minha vida... E pela dela.

THALIA

Percy já narrou para vocês tudo o que aconteceu, vou apenas mencionar tudo o que ocorreu em um intervalo de tempo curto e significativo demais: a família de Percy apareceu em um carro com o jarro de Pandora, o sonho de Percy com Nico e Hades no submundo, a vinda do drakon e a chegada do chalé de Ares, a inacreditável benção de Ares sobre Clarisse e Silena... Conhecia muito pouco, mas o suficiente para gostar dela. Teve uma morte honrada não importa o que digam.

Enquanto Annabeth, Grover e Percy iam para o Olimpo se dedicarem a prepararem a nossa última defesa eu ficava no solo liderando a grande maioria de nossa tropa e não apenas as Caçadoras. Clara e Kaye recolhiam fechas perdidas, algumas ninfas chegavam a pegar pedaços de madeira e outros materiais para fabricarem mais setas para nós e os campistas de Apolo.

–Meus irmãos voltaram, a maioria de cima de alguns prédios e terraços – estremeci automaticamente, mas Charlie não notou – Temos perigo vindo pelo oeste e as avenidas...

Ele falou por mais um minuto e meio e eu senti náuseas; estávamos muito despreparados para todas aquelas forças. Baguncei meus cabelos já muito bagunçados tentando pensar. Peguei um elástico e prendi os fios em um rabo para facilitar bem minha visão.

–Reúna um grupo de no máximo 15. Precisamos manter nossas forças aqui. Junte semideuses e espíritos da natureza, se conseguir convencer algum centauro ótimo, mas não perca tempo insistindo. Eu vou reunir minhas irmãs – Charlie não esperou para cumprir ordens, eu também não me surpreendi com minha autoridade e comando fáceis.

Quando nos reunimos todos não éramos um grupo assim tão pequeno, mas não éramos quase nada comparados ao número do exército que vinha se aproximando. Carlos e Diego simplesmente decidiram que seriam minha guarda pessoal: aonde eu ia eles seguiam logo atrás.

–Qual o plano, Thalia? – era filha de Apolo; beleza significativa e voz melodiosa, mas sangrava como todos nós.

–Por favor, não atirem!

–Como?

–Só não atirem! – todos me olhavam como se eu fosse louca; afastei-me cinco passos deles seguindo em frente, na direção do exército que avançava, tinha minhas dúvidas quanto a minha idéia, mas era melhor do que nada – LÂMIA! EU PRECISO DE VOCÊ!

–Thalia, o que você está... – Carlos não terminou a frase. Saindo do meio dos prédios, bagunçando tudo ainda mais, bem no meio da batalha saiu aquele monstro que outrora fora amante de Zeus e uma filha de Poseidon; Lâmia deslizou com agilidade até mim erguida em sua parte serpente a dois metros de altura, mas se abaixou para melhor podermos nos falar. Não havia um dos que eu reunira que não estivesse pasmo.

–Eu vim, criança. Vim como lhe prometi que faria. Sempre que precisar... – ela falava com a voz rouca; sabia que não era algo muito aconselhavam, mas abracei-a com um pouco de carinho; havia me afeiçoado a Lâmia e a compreendia bem. Ela ficou surpresa assim como os outros, mas tentou corresponder de uma maneira desajeitada.

–Precisamos de ajuda. Precisamos derrotá-los. Eles não podem chegar até o Olimpo.

–Não chegarão, criança. – ela tinha em mão apenas as unhas e o corpo forte de serpente. Ela avançou com uma rapidez que dracaenae desconheciam, com sua garras cortavam a garganta e as tripas dos primeiros enquanto sua parte serpente estrangulava quatro de uma única vez. O exército de Cronos não sabia bem o que fazer já que pensavam que todos os monstros estavam á seu lado. Lâmia era incrível. Mas eles se recuperaram do choque. Cercaram-na a um ponto em que apenas suas unhas não bastavam. Pedi uma espada a Carlos e este me entregou uma longa de lâmina dupla e bem afiada.

–Lâmia! – gritei e joguei a arma no ar forçando o ar a levá-la até a mulher serpente que nos ajudava. Ela pegou-a e então se transformou em um verdadeiro demônio lutando tão ferozmente e tão rápido que meus olhos mundanos não viam – Arqueiros, em suas posições – gritei para os nossos vinte defensores do Olimpo. Ao mesmo instante os arcos estavam posicionados – Mirem – a primeira flecha foi puxada; Charlie estava ao meu lado mirando nos que se atreviam a tentar se aproximar de nós – Soltem!

Todas as flechas atingiram seus alvos; pouquíssimas não mataram, mas essas feriram gravemente o suficiente para quando fossem pisoteados por seus próprios acompanhantes. Lâmia continuava matando como estava acostumada a fazer. A resposta as nossas flechadas chegaram rápido e certeiro. Uma flecha prendeu em meus coturnos; se o material não fosse couro eu provavelmente não andaria mais por um bom tempo. Meu arco e as flechas encantados sumiram e eu corri com a lança em mãos. Preferia correr com aquela eletricidade em mãos a ter que ficar afastada mirando uma flecha a metros de distância. Talvez seja frieza da minha parte, mas acho que eu devo ver a vida se esvair, em uma batalha isso não é possível, então gosto de ficar bem próxima a minhas vítimas. Meus cortes nos adversários foram limpos. Matei monstros, apenas feri semideuses e Lâmia não poupava ninguém. Um gigante tentou me acertar com seu porrete e Lâmia o castigou de maneira cruel: enquanto o torcia gritava em sua face enterrando suas unhas em sua garganta até que ele estourasse.

Algumas ninfas lutavam com suas estacas de madeira, outras atiravam pedras, mas o efeito não era ruim. Recuei apenas para organizar os arqueiros e os que estavam dispostos a um corpo a corpo. Saindo como fumaça do asfalto, Moonbean correu de encontro a um demônio parecido com um cachorro; meu querido lobinho liderava parte de sua matilha e todos não perderam tempo para ajudar-nos. Estávamos bem, aguentávamos aquilo... Sophia chegou voando em um dos pegasus do acampamento. Reconheci como sendo o cavalinho que me levara até o Olimpo depois da morte de Zoe e da queda de Luke.

A menininha correu até mim, os olhos esverdeados em choque; Sosô puxava-me pela mão com força e insistência. Pedi a Carlos e a Diego que assumissem a liderança enquanto eu conferia o que a assustara. Ela montou no animal e me convidou a montar logo atrás dela. Com receio, mas nem tanto, alçamos vôo. Lá do alto vi o que a preocupava tanto. O verdadeiro exército caia sobre Manhattan... Cronos o liderava.

–O que vamos fazer, Thalia? Eles são muitos e estou tão cansada...

–Vamos lutar.

–Mas é impossível!

–Acredite Sosô. Nada nunca é impossível.

[...]

Assim que saímos do Empire State, Percy, Annie, Grover e eu demos de cara com a cena mais improvável e amedrontadora: só havia Quíron entre o prédio e Cronos.

Nossos amigos não deixaram de lutar, de ficarem alertas para tudo. O titã passou os olhos por todos. Ignorando-os com facilidade, mas parou em Percy; os olhos dourados se inflamando em fúria... E os prendeu em mim... Por meio segundo pensei ter visto um clarão azul claro e límpido e um meio sorriso. Senti o peso do olhar de Jackson, mas não me atrevi a olhá-lo.

–Sai da frente, meu filho.

Era estranho demais, mas o desprezo contido na palavra filho era gigante demais para que nos preocupássemos com os outros detalhes.

–Receio que não – a voz fria de Quíron me surpreendeu.

Fiz força para me mover, mas não podia. Estava presa assim como todos os outros. Nesse intervalo, o centauro disparou sua última flecha matando a rainha dracaena e puxou a espada. Cronos riu.

–Você é um instrutor. Não um herói.

–Luke era um herói. Dos bons – Quíron retrucou – Até você corrompê-lo.

–TOLO! Você encheu a cabeça dele com promessas vazias. Disse que os deuses se preocupavam comigo!

Meu coração parou e eu prendi a respiração sem me dar conta do que fazia. Comigo... Aquele era Luke falando, eu sabia que sim...

–Comigo – o centauro observou – Você disse comigo.

Tudo foi muito rápido a partir daí. Quíron atacou, Cronos defendeu-se e o centauro acabou soterrado por tijolos e mais tijolos. O feitiço que nos imobilizava se rompeu. Corri para retirar os tijolos que podia... Precisava da ajuda de Quíron. Precisava que ele entendesse que eu mentira e ocultara a verdade da mesma forma que eu sabia Luke também ter feito. Precisava que ele me dissesse o que eu devia fazer. Annabeth atacou o titã e Percy foi socorrê-la. Meio segundo depois Nico e sua família chegaram para salvar o dia... Cronos desativou a barreira de NY e fechou-a somente no Empire State prendendo-nos lá. No segundo seguinte a família de Percy aparecia. Sally notava a gravidade do que acontecia...

Matei um gigante de gelo que ousara tentar atacar Annabeth e Percy matou outro. Sally e o homem lutavam bravamente embora de uma forma bastante inexperiente. Não tínhamos tempo! Corremos os quatro para o elevador em direção ao Olimpo. Vou adiantar o máximo que posso: Annie quase caiu e Percy a pegou como naqueles filmes lindos e românticos; Percy era muito cego! Não via o que ela sentia nem o que ele próprio sentia.

...Então veio a estátua de Hera.

Eu simplesmente não podia permitir que aquela deusa destruísse aquele amor que era nutrido pouco a pouco fosse destruído por capricho ridículo.

–Thalia! – escutei o grito desesperado de Grover. Claro que ele havia sido muito abafado pelos pedaços de concreto.

–Sobrevivo a todos aquelas batalhas para ser derrotada por um estúpido pedaço de pedra. – resmunguei tentando disfarçar um gemido. Mandei-os embora e Annabeth demorou cinco segundos ao meu lado; foi o suficiente – Annie – ela virou para mim com dor nos olhos – Cobre promessas.

Ela correu.

Voltando a minha dor presente; é tão simples dizer que um pedaço de rocha de mais de 20 toneladas caiu sobre mim, é fácil demais dizer que respirar doía e que mesmo desesperada para soltar um gemido eu não conseguia. Talvez aquilo fosse um presente do universo; eu não precisaria lutar com ele uma última vez, não seria tentada a... Eu chorava. Não percebi que chorava até ver um ciclope sozinho olhando em minha direção com medo e interesse.

–É a filha de Zeus? – balancei a cabeça. Ficou quieto apenas me olhando. Fechei os olhos e tentei esquecer tudo: todos os sons que me cercavam, as imagens de morte e destruição, os momentos de dor.

Não consegui imaginar um enorme vácuo onde eu pudesse me dissolver a pó. Eu os via. Luke era um rapazinho e eu uma menina ainda inocente, via nossos beijos, nossos sorrisos... Nossos filhos que poderíamos ter. Nada era impossível, eu dissera a Sophia. Luke não desistiria de lutar, minha mãe dissera; eu o vira por míseros segundos. Como presente, lhe darei o dom de sempre fazer a escolha certa. Quando chegar à hora de escolher o seu destino, você fará a escolha que melhor lhe convém ao seu doce coração puro, e acertará.

Escolher meu destino... Se eu podia escolher e se essa escolha fizesse toda a diferença... Eu sabia o que meu coração, a alma, o corpo escolheriam.

–Pode me ajudar? – gemi a pergunta a voz embargada. Eu não sentia meu corpo da cintura para baixo. Os olhos ainda fechados; podia ver a promessa que eu fizera a May Castellan – Por favor! Tire-me daqui. Meus amigos precisam de mim.

–Eu não posso sozinho...

–Por favor... Por favor... Não posso viver sabendo que eu nunca mais o terei! Por favor... Tente!

Eu quase não o vi crescer e atingir a altura dos deuses. Ele tentou, fazia força e eu tentava me arrastar para fora, mas era muito para ele.

–Você consegue. Você consegue... Consegue...

Consegui me arrastar para fora. Eu sabia que o pobre ciclope estava acabado. Mesmo assim ele veio para o meu lado e me ergueu devagar como se eu não pesasse nada. Conseguia respirar aquele ar carregado e pesado. Sufoquei um soluço e tentei colocar o pé no chão... O grito que dei foi angustiante. Ofegava e tremia. Claramente algum osso não estava no lugar. Ele tentou me tirar do chão...

–Não! – ele ficou em dúvida; afinal eu era a filha do chefe...

–Mas...

–Não tem “mas”. – eu não fazia idéia da ferocidade que meu rosto apresentava, muito menos da paixão guerreira no fundo dos meus olhos elétricos. Tudo estava ligado e eu compreendi que, se eu não podia viver com ele, queria morrer ao seu lado, vendo seu rosto uma última vez... – Eu não desisti dele! Desistir dele é desistir de tudo! Eu tenho pelo que lutar! – eu lembrava de ter dito que não tinha um motivo, viver ou morrer não fazia diferença... Só não faria se fosse com ele.

Talvez o ciclope não soubesse da minha história de amor bastante conturbada. Não dei tempo de ele retrucar ou tentar me prender. Dei um passo e gritei, outro passo e um gemido. Rangi os dentes... E corri.

É igualmente fácil dizer que aquela dor estava longe de ser algo humano. Minha perna doía de tal modo que não sei explicar. Podia sentir os dentes raspando um no outro e um cálido vento me batendo nas pernas amostras...

O salão estava arruinado. Annabeth estava caída em um canto, Grover e Percy lutavam contra o titã. Limpei as lágrimas do rosto e...

–Thalia! Você conseguiu! – o grito de Grover me trouxe alegria. Cronos virou para mim, os olhos oscilando em azul e dourado e a última sempre prevalecendo... Percy percebeu algo que eu não e se comunicou com Grover. O titã e eu apenas olhávamos um para o outro até que... Jackson e o menino-bode seguraram as mãos do corpo de Luke para trás; a foice a alguns metros de distância.

–Thalia! – Percy gritou por cima dos gritos de ódio do titã; meus amigos tinham o rosto vermelho pelo esforço de segurar algo visivelmente mais forte que eles – Thalia, você tem que trazê-lo de volta! Não se trata de uma escolha só... E você escolheu!

Fui chegando mais perto do titã até estar de frente para ele com um metro nos separando. Minha perna doía e eu mal conseguia respirar devido à força da corrida e do impacto com o concreto.

–O que acha que vai fazer, Caçadora? Não tem mais nada ligado ao Castellan. Ele está mais do que morto! – sorriu cruelmente; Grover fraquejou por meio segundo, mas recuperou o controle; os três se moviam devido às tentativas de Cronos se soltar – Sua essência foi destruída!

–Está enganado. Luke nunca morrerá enquanto eu viver. Enquanto o meu coração bater por ele, ele vai lutar.

Ele fechou a cara em uma expressão de ódio e escárnio. Ele não compreendia o que eu sentia. Grover procurava prestar atenção a cada detalhe daquelas palavras tentando ligar os pontos que ele deveria ter ligado há anos atrás.

–Então não fará mal algum matá-la...

–Você consegue. – o rosto de Luke ficou roxo devido à raiva do imortal – Luke não permitiria. – ele tremia e se debatia tão violentamente que eu deveria estar assustada. Estava surpresa com a força dos meus amigos...

–Anda logo, Thalia!

Coloquei minha mão no ombro do corpo do meu amado beija-flor e Cronos foi obrigado a parar em choque. Eu podia ver o imortal e o semideus lutando pelo controle; podia ver a guerra que acontecia dentro de Luke através de seus olhos ora azuis ora dourados.

–Você prometeu, Luke, prometeu que se algum dia o céu viesse a desabar estaria ao meu lado, que me protegeria... Você prometeu nunca me fazer chorar, não me abandonar, prometeu me amar – meus olhos cintilavam; Grover arregalou os olhos e pude ouvir um suspiro de Annabeth – Não me deixe assim... Não desista assim...

Encaixei minha mão em seu rosto... E selei meus lábios nos lábios tanto do meu amor quanto do meu maior inimigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

D'= eu chorei e ainda to chorando com esse final...
Me digam como ficou!