As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 94
Batalha de Manhattan - Sonhos e visitas


Notas iniciais do capítulo

Hey meu povo! Voltei com um cap que eu simplesmente amei! Não achei lá dinâmico, mas... Ah que importa? Decidam vocês:
OBS: se não se lembram bem de como era OUO sugiro que releiam pelo menos a partir de quando eles se dividem pela cidade.



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THALIA

–Senhora? Onde estamos indo?

–Kate, já falei para não me chamar de senhora – virei para trás olhando-as; todas as meninas vestidas para combate: calças camufladas, mas prateadas, camisetas brancas. Nossos lobos estavam animados, os falcões mal se aguentavam parados nos ombros das meninas.

–NY, Manhattan. – Sophia respondeu por mim.

–A Guerra já começou. É nossa obrigação defender nossa deusa – olhei para todas elas – Estão prontas?

Marchávamos em direção do leste há no mínimo três dias e a cada dia mais eu me senti mais tensa pelo o que teria que enfrentar. Sabia perfeitamente que as mais novas caçadoras tremiam de medo. Mas não tínhamos escolha. Tínhamos que lutar pelo mundo que conhecíamos. A cada dia, Ártemis e Zeus me mandavam notícias sobre como estava à luta deles e sobre nossa responsabilidade pelo resto. Eu quase não via diferença entre ter aceitado a profecia e não tê-la aceitado. “Penso que todos vocês têm um papel nessa profecia... Ninguém vai sair imune” – eu podia ouvir a voz de Felipe claramente em meus ouvidos. Sempre antes sua voz me acalmava, dessa vez foi diferente.

Quando chegamos à cidade, mais quatro dias depois, percebi que ela estava sobre diversos encantamentos, por isso nossa demora; de qualquer forma. Estava tudo parado, todos dormiam. Vocês devem se lembrar perfeitamente da nossa chegada ao Empire State, nosso encontro com Percy e todos os outros semideuses do Acampamento. Senti-me bem quando vi todos juntos. Prometi que iríamos ao hotel da 57 Oeste depois de tudo; mas minha mentira era que eu não esperava sobreviver. Não esperei Percy terminar de distribuir seus campistas pelas ruas, guiei as meninas para o Túnel Lincoln com Aegis já ativado. Os lobos corriam e saltitavam em animação enquanto nossas aves voavam sobre nossas cabeças.

–Posição de ataque, garotas – no mínimo quatro garotas escalaram as paredes, para se alojarem acima do túnel, os arcos apostos, as aljavas cheias. No chão, o restante das garotas trazia espadas e lanças; eu havia feito questão de treinar cada uma em todas as armas que eu conhecia e tinha a disposição. As lanças apontadas para a entrada escura dos túneis, atrás delas, outras segurava espadas. E eu circulava entre todas.

–Eu sei que estão com medo. – gritava para elas observando que minhas palavras ecoavam pelos prédios, carros e tudo o mais que estivesse no nosso caminho – Mas nós somos invencíveis! Só precisam acreditar em si mesmas como eu acredito. – muitas mudaram suas posturas, outras fechavam os olhos e murmuravam preces – Todas juntas somos uma só. Juntas não existe mal nenhum!

Elas gritam, batem lanças no chão, os lobos uivaram e os falcões voaram para muito além de onde minha visão alcançava.



Depois voltamos quase todas, exatamente depois do por do sol, sem matar ou ver nenhum monstro de perto fomos informadas que todo o exército inimigo recuara e que nossa atual sede era no hotel Plaza. De longe, minhas vigias viram outros titãs. E como não demorou a eu perceber que não seríamos atacadas com força (nem de leve), mandei um grupo de cinco caçadoras, fecharem o metro e os outros túneis que encontrassem no caminho; como eram especialistas em armadilhas, não me importei. Por ser noite a mão de Baheera apareceu, e ela tornou-se mais útil (havíamos ensinado-a a se defender com a mão esquerda, mas ela não era boa o suficiente para atacar alguém). Deixei-a e mais duas meninas de vigia. Por ser noite, todas nos sentíamos mais dispostas e fortes, afinal, fomos abençoadas pela Lua.

Quando cheguei fui avisada da situação de Annabeth. Passei por Percy e Grover e segui para o terraço. A lua estava quase dominando o céu e mesmo assim eu notava a palidez da garota.

–Hey – ela me complementou com um sorriso fraco – Eu tenho que te contar algo sobre...

–Luke? – ela me olhou em choque e eu sorri tristemente; era um nome delicado para nós duas.

–É.

–Tem certeza de que deveria falar agora? Acho melhor você descansar...

–Não! Eu vou falar e...

–As coisas não mudaram tanto, Annie. Descanse. Eu volto aqui mais tarde – beijei-lhe a testa e a vi sorrir; voltei para junto dos meninos, ouvindo Grover terminar um relatório quase deprimente das perdas que sofrera com os espíritos da natureza que encontramos. Relatei o que havíamos feito.

–Ótimo, alguma noticia boa?

Contei sobre os túneis do metrô e completei:

–Parece que o inimigo está se preparando para atacar esta noite. Acho que Luke... Quer dizer, Cronos – balancei suavemente, me corrigindo para não demonstrar nada de dor – precisa de tempo para se regenerar após cada combate. Ele ainda não está confortável em sua nova forma. – esse era outro ponto onde eu lutava para não demonstrar emoções; essas atitudes do titã só me davam mais esperança de que parte do meu beija-flor ainda lutava – Grande parte de seu poder está sendo consumida na desaceleração do tempo em torno da cidade.

Grover concordou.

–A maior parte de suas tropas é mais poderosa à noite. E vão voltar depois que o sol se puser.

Percy aparentou cansaço; era possível vê-lo em desespero.

–O. K. Alguma notícia dos deuses?

–Ártemis estaria aqui se pudesse. Atena também – afirmei com tamanha convicção que quase me surpreendi – Mas Zeus ordenou que ficassem ao lado dele – ele próprio havia me contado isso – A última notícia que tive foi que Tifão estava destruindo o vale do Rio Ohio. Deve alcançar os Montes Apalaches ao meio dia.

Jake Mason pigarreou e deu um passo a frente. Contou sobre o como Cronos parecia saber para onde Percy ia e:

–Além disso, ele desviou as tropas para nossos pontos mais fracos. Assim que nos posicionávamos, ele mudava de tática. Ele mal tocou no Túnel Lincoln onde as caçadoras eram fortes; nunca tinha as caçadoras tão bem organizadas e... – ele se interrompeu corando. Percy olhou para mim esperando uma confirmação no que me limitei a assentir – atacou nossos pontos mais fracos como se os conhecesse.

–... O espião. – Percy concluiu.

–Que espião? – perguntei nervosa no que meu primo explicou tudo o mais rápido que pode – Isso é ruim. Muito ruim.

–Mas o que vamos fazer? – Grover indagou.

–Continuar lutando – Jackson respondeu depois de meio segundo de desconfiança; falou um pouco mais sobre sermos incríveis e sobre descansarmos; todos saíram, mas ficamos os dois até eu mandá-lo dormir. Voltei para Annabeth e ela me contou sobre seu encontro com Hermes. O modo como ele dissera que ela era a última esperança de Luke. Pensei em contar que Luke também me convidara a fugir, mas não consegui; as palavras ficaram presas na garganta. Pelo modo que contou, percebi que nenhum dos deuses sabia sobre o que havia acontecido comigo no Labirinto; talvez nunca soubessem.

–Thalia, eu me sinto tão culpada!

–Não deveria. – afastei um cacho dourado de seu rosto – A culpa por tudo isso é minha.

–Lia...

–Não, Annie. – interrompi – Pense, ou melhor, se lembre de como foi nossa vida antes disso e depois. – afaguei seu rosto e sussurrei em seu ouvido – Se lembra das promessas?

–Sim – o sussurro foi quase inexistente. Ela se encolhia e se aproximava de mim como se ainda fosse aquela criança de sete aninhos e isso me deu um novo sentido do porque lutar.

–Cobre-as – sussurrei de volta e fui ter os meus minutinhos de sono. Coloquei minhas melhores meninas na supervisão enquanto eu dormia; sonos perturbados por sonhos.

Estava no Submundo, o reino de Hades. Eu não tinha qualquer amor por aquele lugar. Não sabia que lugar exato eu estava, mas havia um espírito que me olhava com muita intensidade.

–Você não cumpriu sua promessa – olhei para a mulher com surpresa e medo – Prometeu que nunca choraria, Thalia.

–Na época eu não sabia o valor e o tamanho da minha palavra, mãe.

Ela se aproximava devagar, os olhos fundos e severos. E de alguma forma ela parecia bem.

–Por que fugiu? Por que me abandonou?

–Você me abandonou antes, isso eu garanto – retruquei com raiva – Eu me pergunto por que demorei tanto para fugir. Longos 12 anos foram o suficiente para mim.

Ela pareceu chorar, ou algo próximo a isso.

–Eu precisava de você, Thalia!

–Eu precisava mais! – olhei pela primeira vez, seu espírito estava lúcido como eu nunca antes havia visto, isso me deu forças para despejar tudo de uma só vez - Eu cansei de ver uma mulher que se dizia minha mãe se matar todo dia e toda noite. Cansei de toda vez que você olhava para mim e começava a chorar. Cansei de ser trancada em um cômodo sujo e sem ar, sem qualquer luz. Você precisava de mim? Eu não precisava de você. Eu precisava de mim mesma, arrumar coragem e sair daquele lugar onde claramente não era bem vinda.

–Hugo...

–Você sabe muito bem o que ele fazia, sabe perfeitamente bem o que ele tentava. E se importou? Me defendeu?

Ela se encolhia. Se fosse possível ela teria simplesmente sumido da minha frente, mas ela ainda não havia terminado.

–Thalia... – ela fungou – Por favor, me deixe ser sua mãe pelo menos uma vez... Eu... Eu quero ajudá-la.

–Em que?

–Com o seu namorado. – fiquei estática. Ela sentou-se em uma rocha e me convidou a ficar ao seu lado – Você cresceu; está tão bonita, tão forte – ela passou sua mão por meu rosto; tudo o que senti foi irreal, parecido com um vento úmido. Não nego que gostei – Você o ama? – assenti; já estava cansada de negar e esconder– Então vou te contar um segredo – ela se aproximou mais – Lá embaixo – ela apontou para um abismo; estávamos perto demais do Tártaro – existe algo intocável e lindo de se ver.

–Que seria... – ela levantou e puxou-me pela mão, da maneira que pode. Andei ao seu lado até não haver mais que meio centímetro de rocha entre meus pés e o Tártaro.

–Olhe – ela sussurrou. Obedeci.

Lá embaixo eu não podia ver o fim da queda; havia uma espécie de neblina dourada, preta e vermelha encobrindo o que eu poderia ver. Mas de algum modo ela foi se dissipando e três pontinhos foram entrando em foco. Como se o próprio abismo quisesse que eu visse o que havia lá, “aproximou” um pouco mais a imagem que eu sabia estar fora do meu alcance. Havia três pessoas; um homem e duas crianças pequenas. Quando ele olhou para cima meu coração pulou como nunca antes; e as crianças... Ah deuses!

–THALIIIIAAAAAAAAAAAAAAAA!

O grito ecoou por um longo tempo. Levei a mão ao peito tentando não chorar.

–LUUUUUUKEEEEEEEEEE!

Gritei de volta. Estava a ponto de me jogar quando tanto o abismo quanto minha mãe me impediram. Estava cega por lágrimas pesadas demais para caírem.

–Ele não vai desistir – o espírito sussurrou em meu ouvido – E você?

Mãe! Mãe, nós vamos lutar! Eu te amo! Papai está cuidando da gente. Não se preocupe! Eu vou voltar...

Acordei com Sophia batendo na porta. As notícias não eram agradáveis... Felizmente eu tinha tempo para um banho, onde minhas lágrimas poderiam cair livremente e sem que levantasse qualquer suspeita.

PERCY

O jeito como ela me mandou dormir foi parecido demais como minha mãe fazia: gentilmente, com a voz adocicada e um olhar terno. Não sei como dizer o quanto aquilo me afetou; nem precisei retrucar porque, na realidade, aquilo não parecia uma ordem como de fato era.

Meus sonhos foram perturbados e acordei com Thalia me sacudindo. Ela estava bem diferente de quando eu havia visto, horas atrás. Usava um macacão curto e preto que expunha tanto as pernas quanto os braços, na cintura, um cinto prateado onde havia diversas facas presas. Seus cabelos longos caiam ao redor do rosto em alguns cachos.

–Percy, venha. Já estamos no fim da tarde. Temos visitas.

Sentei desconfortável. Tanto por sua aparência quanto pela palavra que ela usara.

–Visitas? – estava pensando em chamá-la de louca quando ela completou.

–Um titã quer vê-lo, em uma trégua. Ele traz uma mensagem de Cronos.

Pedi para que minha prima ficasse ao meu lado durante essa visita. Thalia podia ter desistido da profecia, mas ela era sabia e madura em um ponto que eu não esperava chegar. Queria e precisava de seus conselhos. A bandeira branca do tamanho de um campo de futebol era carregada por um gigante de pele azul e cabelos acinzentados.

–Um hiperbóreo. – ela parecia recordar algo, passou a mão pelos braços como se sentisse frio – Os gigantes do norte. É mau sinal que tenham ficado do lado de Cronos. Em geral, eles são pacíficos.

[...]

Não acho necessário falar novamente sobre Prometeu, pelo menos não tudo. Prometeu afirmava que perderíamos com tanta certeza e convicção que era difícil não relutar e discordar. Não sei bem como dizer que estava me iludindo com aquelas palavras, mas a bravura de Thalia me chocou tanto quanto o soco na mesa.

–Eu sirvo a Ártemis. As Caçadoras vão lutar até o último fôlego. – ela olhou em meus olhos e foi como se névoa se dissipasse quando disse meu nome – Percy, você não vai escutar esse verme, vai?

Houve muito mais discussão, mas Thalia me abrira os olhos. Sua coragem a distingue, ele dissera a ela. Enfrentou um titã cara a cara e não se intimidou. Estava defendendo a única família que tinha e eu faria o mesmo. Não sei bem como chegamos ao ponto em que Prometeu pareceu captar um pensamento em meu cérebro.

–Incomoda você o que aconteceu com Luke. Héstia não lhe mostrou a história completa, talvez se compreendesse...

Ele estendeu a mão e a última coisa da realidade que ouvi foi o grito de Thalia:

–PERCY!



Vocês com certeza se lembram do episódio em que Luke volta para casa com as meninas e o pai. Notei o como Hermes sabia exatamente sobre o que May falava, notei a dor de Luke e o desconforto de Annabeth. Thalia esfregava sua coxa sobre um ferimento recém enfaixado. Mas o que me surpreendeu...

–Então você não se importa! – Luke gritou angustiado; as conversas cessaram rapidamente. Thalia olhava para Luke como se sentisse dor; pensei que fosse a perna, mas...

–Luke? É você? Meu menino está bem?

Ele virou o rosto para que os outros não vissem, mas eu podia ver as lágrimas caindo.

–Estou bem. Tenho uma nova família. Não preciso de vocês dois.

–Eu sou seu pai – Hermes insistiu; consegui ver irritação nos olhos do deus.

– Um pai deve estar por perto. Eu nem ao menos o conheci. Thalia, Annabeth, venham! Nós vamos embora.

– Meu menino, não vá – May gritou e tentou correr, mas foi segurada por Hermes.

Annabeth foi a primeira a cruzar a porta, Luke seria o próximo se não tivesse sido segurado por Thalia. Mesmo parados de frente um para o outro, Luke olhava para o lado, não permitindo que ela visse suas lágrimas. Estavam em uma distância muito inapropriada considerando que Thalia, ah, esqueçam; ela ainda não era caçadora. Ela virou o rosto do garoto para si com uma delicadeza que eu nunca antes vi usar com ninguém. Enxugou as lágrimas dele enquanto os olhos permaneciam fixos um no outro, ambos cheios de dor. Luke corou envergonhado.

Ao fundo os pais dele observavam a tudo com tristeza.

Thalia sorriu, um sorriso pequeno e doce enquanto afagava-lhe o rosto... Até o carinho chegar aos lábios. Meu choque era evidente. Luke agarrou-a, puxando-a pela cintura e ela envolveu os braços ao redor do pescoço dele em abraço forte.

A imagem desvaneceu-se. Prometeu tirou a mão da minha testa.

–Percy? – Thalia me chamou, a voz baixa e o medo em seus olhos – O que... O que foi isso?

Estava encoberto de suor.

Não consegui olhar para Thalia.

Grover me olhava assustado.

Prometeu assentiu solidário.

–Estarrecedor, não é? Os deuses sabem o que está por vir e, no entanto, eles nada fazem, nem mesmo por seus filhos...

Estava com raiva; muita raiva.

–Perrrrcy – Grover avisou – Ele está manipulando sua mente. Tentando deixá-lo com raiva.

Como Grover podia ler minhas emoções, sabia que estava funcionando e muito bem.

–Você culpa mesmo seu amigo Luke? E quanto a você, Percy? Vai ser controlado pelo destino? Cronos lhe oferece um acordo muito melhor.

O problema era que eu estava começando a entender as coisas, os motivos de Luke. Como os deuses, nossos pais podiam ser tão insensíveis? Não se importar? Estava com raiva. Com muita raiva. Os deuses sabiam do destino dele e mesmo assim...

–Percy? – a voz de Thalia era um sussurro em minha mente. Revi novamente o abraço e os carinhos que Thalia proporcionava a ele.

De repente Luke não era mais o vilão para mim. Ele era o mocinho. O mocinho da história que fez de tudo por sua princesa. Luke começou a guerra por Thalia. Thalia entrou na caçada por causa dele.

Eu sentia raiva. Muita raiva por não perceber óbvio; todos os sinais de Thalia e até mesmo os de Luke. A guerra era dos dois e não dos deuses e titãs.


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Notas finais do capítulo

Certo, obviamente tivemos algumas mudanças no roteiro, hehehehe, mas foi como eu já havia dito nem sei onde: haveria pequenas mudanças, principalmente nessa batalha e no final dela.
E como ficou, anjos?