As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 64
Paralisados


Notas iniciais do capítulo

Demorei, não foi?
Ai amores, eu perdi meus textos, e a escola ta uma droga! Vou tentar agilizar os próximos caps, mas não sei bem como vai ser...
LEIAM AS NOTAS FINAIS!
Boa leitura:



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FELIPE

Palavras colidiam com meus ouvidos, mas não faziam sentido algum. Vozes animalescas, rudes e longe de serem amigáveis. Droga! O que tinha acontecido com Thalia? O que tinha acontecido comigo?

Meus olhos estavam pesados demais para tentar abri-los e meu corpo não estava apenas pesado, mas também preso; eu podia sentir grossas correntes em meus pulsos e tornozelos. Estava preso a uma cadeira. Há quanto tempo eu estava ali? Como eu tinha ido parar ali? Como Thalia estava? Ela ainda estaria viva?

Eu tinha mais perguntas do que respostas.

A porta foi aberta com violência; o som dela colidindo com uma parede me surpreendeu. Ouvi passos lentos vindos na minha direção; tinha qualquer coisa naquele ar que me fez estremecer.

–Então este é o "amiguinho da filha de Zeus"? - a voz foi sarcástica - Ai Thalia, minha querida, eu esperava mais de você! - a voz falava consigo mesma, já que não ouve uma resposta e eu não precisava escutar ou enxergar para saber que Thalia não estava ali. Sua presença era notável.

Abri os olhos, como quando acorda do sono de forma repentina. Assim que os abri, os fechei rapidamente. Nesse breve período de um piscar de olhos, notei um borrão loiro a minha frente; um homem.

–Ora! Vamos rapaz, abra esses olhos. Vamos conversar um pouco. - o tom descontraído não fazia muito sentido na minha cabeça ainda zonza. Abri os olhos, dessa vez mais devagar.

–Quem é você? - minha voz estava rouca de forma que eu nem a reconheci. O homem a minha frente aparentava ter seus 20 anos de idade. Cabelos loiros, olhos claros com um brilho digno de qualquer sociopata. Uma cicatriz cortava seu rosto o deixando com um aspecto mais perigoso; algo desnecessário já que o puro estágio de maldade se encontrava ao seu redor.

–Não importa. Mas e você? Diga seu nome.

–Felipe. - parecia existir uma pressão extra da atmosfera sobre mim. Pude ver o sorriso quase desprezível dele.

–Felipe... O quanto você conhece Thalia?

–Por que isso te importa?

–Sou eu quem pergunta Felipe. - a resposta em si era fria, mas seu tom ainda era brincalhão, divertido. Ao mesmo tempo em que sentia medo da sua presença, eu me sentia confortável e tentado a falar e responder suas perguntas.

–Ela é minha amiga.

–Eu sei. O mais pode dizer dela?

–Imprevisível. Bonita, mas parece não perceber isso. Tem raiva do pai. Guarda muitos segredos sobre o passado. - joguei palavras ao vento; falar mais por mim do que por ele. Falar me fazia juntar as peças do quebra-cabeça, perceber qualquer coisa importante sobre a menina que de alguma forma faltava.

–Foi uma boa descrição. Bem resumida devo dizer, mas boa. - seu tom ficou mais profundo como se ele pensasse.

–Como a conhece?

–Felipe, Felipe. Você parece não entender que quem pergunta sou eu.

–Quem é ela?

–Ela?

–Quem é Thalia? - quem ela era de verdade. Uma semideusa. Isso respondia? Não, não respondia. Todos têm algo de marcante, que os descrevem. Eu podia dizer que Annabeth era inteligente e que Percy era lerdo; podia dizer que Pâmela era louca, mas e Thalia? Ela seria a representação viva do que era mistério?

–Essa... É uma pergunta muito interessante, Felipe amigo de Thalia. - ele inclinou a cabeça para o lado pensando - Quem é Thalia Grace? Acho que todos morrerão sem saber.

Eu estava me sentindo muito devagar, sem animo talvez. Tudo ainda estava desfocado e a sensação de entorpecimento parecia não ir embora... Entorpecido? Eu estava completamente dopado!

–Você me drogou?

–Não veja as coisas por esse lado. Eu te ajudei a dormir.

Raiva fervia dentro de mim e tudo pareceu ficar mais claro.

–Sabe Felipe, eu vi uma cena muito desagradável na praia outro dia. - os olhos dele brilharam com loucura - Você e Thalia. Vocês se beijavam. Eu acho que amigos não se beijam.

Fechei os punhos com força. Como ele se atrevia a dizer uma coisa dessas?

–Por que está tão interessado nela? Thalia não tem nada com você! - gritei as palavras com ódio. Um movimento tão rápido e bem calculado que a principio não senti nada. Meu rosto estava agora virado para o lado, o gosto amargo do meu sangue chagava quente e viscoso, mas o bochecha só latejaria mais tarde.

Voltei os olhos para cara a minha frente. O soco inglês na mão e o olhar de um louco.

–Sabe por que eu me importo fedelho? Porque ela é minha! - um raio cortou o céu - Thalia está zangada; os deuses também. - riu com escárnio - Ela vai vir atrás de você, mas só vai encontrar seu corpo sem vida... E a mim. Ela vai ter a mim. Sempre teve a mim.

–Thalia não é nenhuma vadia pra ter qualquer coisa com você... - mal rosnei a resposta e senti o soco no estomago. Dessa vez o sangue subiu pela minha garganta, arranhando-a e amargurando minha boca. Depois vieram mais e mais socos. Mais sangue vinha parar na minha boca... E tudo escurecia.

LUKE

Estava a no mínimo 20 minutos socando o menino a minha frente. Ele não tinha qualquer direito para falar de Thalia, para falar de mim... Mas a realidade era a minha raiva pelo maldito beijo. Não me conformo e admito isso; não me conformo que ele tenha conseguido em meses (talvez menos) o que eu espero anos pra conseguir.

Sangue escorria pela boca entreaberta do menino e lágrimas pelo meu rosto. Parei de socá-lo e olhei para o fundo da sala vazia. O choque presente em cada célula do meu corpo. O vestido longo e escuro tinha as mangas caídas expondo seus ombros, os lábios entreabertos, olhos lacrimejados...

–Como pode? - sua voz ecoou pela sala cheia de dor - Como pode fazer isso?

Tentei me aproximar, mas ela recuou encontrando a parede e sacudindo a cabeça negativamente. Os cachos indo de um lado para o outro.

–Thalia... Eu...

–Quem é você? - uma lágrima escorreu por sua bochecha.

O trovão pareceu sacudir a terra e um raio cortou o céu. Voltei a olhar para a parede... Nada. Não havia qualquer sinal de Thalia.

–As armas! Armem-se!

Mas o que...?

–Invasão! Cuida... Arg!

Deixei a sala ainda sem estar armado o vi o reflexo do caos: flechas eram disparadas contra o meu pessoal; diversos monstros já haviam virado pó. Tentei localizar os arqueiros... Era Quíron e algum campista de Apolo. Apenas os dois. Vi o bronze reluzir no movimento do Jackson; bem executado, mas poderia ter sido mais ágil e preciso. Outro lampejo de bronze. Era uma faca e cabelos loiros. Annabeth lutava com bravura, mas ainda parecia lhe faltar força, como se sua mente estivesse em outro lugar processando um pensamento diferente dos movimentos que pareciam ser automáticos, naturais...

Sorri; mesmo sem estar cem por cento focada a menina ainda era extraordinária em combate. Três monstros aleatórios correram um atrás do outro para um mesmo ponto... A lança veio em um movimento preciso demais beirando perfeito perfurou os três de uma só vez. Aquela lança mais parecia um raio... Os passos dela eram seguros, firmes. Usando coturnos, jeans e uma blusa de manga comprida apenas, ela era, ao mesmo tempo, a menina de vestido longo e alguma desconhecida. Os cabelos já não tinham mais os cachos de antigamente, caiam em um ondulado sexy e maduro digno da sua nova idade. Os olhos azuis incomuns brilhavam em raiva e ao seu redor raios estralavam o ar.

–Senhor - Alan e Caio estavam lado a lado, o humano com um calibre 32 nas mãos - quais são as ordens?

Em passos lentos ela voltou a pegar na lança; raios disparam sem qualquer direção estourando lâmpadas e monstros, humanos e semideuses. Havia muita força ali, a deusa dos meus sonhos e não a semideusa de antes.

–Senhor?

A lança cortou ao meio uma dracaena, o corpo verde caiu ao chão antes de virar pó. Percy entrou na sua frente impedindo um golpe com a espada de chegar perto. Não teria sido necessário, mas aquilo era uma das poucas coisas que eu gostava nela: ele protegia minhas meninas, sendo ou não necessário. Um mortal insignificante, mas dos meus, tentou avançar contra Thalia... Tolo. A menina quebrou seu pescoço em um movimento rápido. Ele recebeu uma morte indolor.

–Luke! Quais são as ordens?

Ela parou bruscamente. Paralisada, os olhos fixos em mim e os meus nela. Os acontecimentos passavam em câmera lenta... Cada flecha, cada movimento das lâminas, tudo era insignificante, secundário, inútil...

–LUKE!

–Recuem. - era um sussurro angustiado.

–RECUAR! RECUAR!

Meu pessoal corria para as saídas estratégicas as nossas costas, mas eu só via ela. Dei dois passos para trás repensando antigos pensamentos... Ainda não era a hora de pensar em matá-la... Ainda não... Peguei a chave de dentro do bolso e a joguei por baixo da porta...

Corri para longe de seus olhos... Mas a vi entrar com presa na sala onde estava um Felipe inconsciente...

THALIA

–Ai meus deuses! Felipe! - meus olhos se encherem de lágrimas - Felipe! Acorda, por favor...

Achei a chave jogada em algum lugar perto da parede. Peguei-a e me apressei a livrar meu amigo das pesadas correntes que o prendiam a cadeira.

–Felipe... - seu corpo caiu no chão inerte, frio - Não... Não, Fê... - puxei sua cabeça para o meu colo - Não me deixa, não... - coloquei a mão sobre seu peito; o coração batia fraco, um pequeno e desesperado gesto que mostrava sua luta pela vida... Sua mão cobriu a minha e eu soltei o ar preso nos meus pulmões... Mas ele estava acabado.

–Thalia? - sua voz já não parecia mais a mesma

–Sou eu, Fê...

–Quem é você? Quem é você de verdade? - a pergunta me chocou, principalmente por eu não ter uma resposta concreta ou abstrata para dar a ele; eu não fazia idéia de quem era!

–Eu...

O centauro entrou na sala, com o arco ainda em mãos.

–Todos fugiram. Não restou ninguém que possa ser interrogado...

–Interrogado sobre o que? Não consigo ver uma razão plausível pra espancar um humano! - rosnei em resposta.

–Você tem que controlar seu ódio Thalia. Não é a mim que você quer atingir, disso tenho certeza.

Ele estava certo... Fechei meus olhos por alguns segundos e respirei profundamente. Antes eu costumava pedir ajuda ao meu pai, pedir calma e paciência a Zeus, pedir proteção, algum conselho, qualquer ajuda! Mas nunca consegui uma resposta, nunca consegui nada dele que não fosse um olhar através de um raio.

–Quíron, você pode ajudá-lo, não pode?

–Menina, eu não sei...

–Por favor!

–Vou precisar do campista de Apolo...

–Chame-o.

–Ele foi ferido, minha querida.

Um ofego me escapou dos lábios.

–Percy e Annabeth estão com ele agora.

Com cuidado, deitei meu amigo no chão, tirando-o do meu colo.

–Fique acordado Fê. Eu já volto.

Deixei os dois sozinhos e fui para fora da sala. Estávamos em um prédio de uma distribuidora qualquer. O lugar agora era preenchido pelo silencio e pelo pó que restara dos monstros. Os gemidos me guiaram até o campista de Apolo que tinha uma bala presa no ombro.

–Não, eu estou bem, não precisa... - ele dizia aos outros dois. Aproximei-me sem dizer uma palavra; com as unhas compridas, as usei como uma pinça para retirar o objeto da sua pele. Seu corpo veio para frente com a dor inesperada...

–Desculpa. - amparei seu corpo, mas consegui tirar a bala.

–Sem problemas... Vamos lá salvar seu amigo...

Ele foi segurando o ombro, mas foi. Senti vontade de sorrir pensando na força dele, na força que o campista tinha em querer demonstrar otimismo e não se fazer de vitima... Mas não consegui. Meu mundo estava parcialmente acabado e sorrir era algo que eu já não tinha mais direito.


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Notas finais do capítulo

Gente, 1° perdoem qualquer erro.
2° quero saber se vocês querem caps que narrem (do ponto de vista da Lia) o livro A Maldição do Titã, ou se só as principais partes está bom.
De qualquer forma, eu espero voltar logo...
Bjsss!