As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 32
Na casa de May Castellan


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a minha demora!
Meu computador quebrou e eu perdi todos os meus textos 8(
Mas aqui estamos... Boa leitura anjos!



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HERMES

No instante em que apareci senti a tensão no corpo daquelas crianças. Eu os observava sempre que possível; o que na realidade era um tempo muito curto. Quando Thalia disse que retornar traria ferimentos graves e sem muitas possibilidades de cura para o meu filho, ela estava mais do que certa... Aliás, uma mulher sempre esta certa! Isso eu aprendi com minhas queridas irmãs, Atena e Ártemis.

Luke não olhava para mim. O rapaz mantinha um olhar levemente apavorado e cheio de culpa concentrado na filha de Zeus. Ele parecia querer esquecer que eu estava ali parado diante dele. Ao contrario do que muitas fariam, o olhar de Thalia não dizia “eu avisei”, era um olhar terno e cheio de carinho que dizia “ vai ficar tudo bem”.

-O que você veio fazer aqui? – ele perguntou sendo frio e finalmente olhando para mim. Vi um olhar magoado e carente de uma criança que cresceu sem o pai. Aquilo partiu meu coração de varias formas.

-Vim visitar a sua mãe. Você não devia ter voltado. Isso mexe com você...

-De um jeito que vai deixar marcas e feridas? Eu já sei disso. – Luke não conseguiu manter por muito tempo a frieza na voz.

-Devia ter escutado Thalia, mas já que esta aqui é melhor entrarem – voltei meus olhos para a menina caída no chão e sorri docemente para ela – Consegue andar?

Thalia ergueu os olhos para mim e só então entendi a razão pelo qual ela chocara todo o Olimpo: Thalia era a versão feminina, jovem e delicada de Zeus. A menina tinha seus cabelos castanhos e com os mesmos cachos nas pontas que a maioria das minhas irmãs também tinham. Os olhos de um azul tão profundo, chocante e elétrico quanto os de Zeus.

Minha distração foi tanta que quase não percebi a menina balançando a cabeça de uma forma negativa.

Dei um passo em sua direção, mas Luke se interpôs entre nós dois. Ele lançou um ultimo olhar a mim, era claro que ele dizia para mim não me aproximar das duas meninas, mas principalmente de Thalia.

Luke se aproximou de Thalia enquanto a pequena Annabeth se afastava. Meu filho se abaixou ao lado de Thalia e pousou sua mão sobre a dela. Assim que fez isso, os olhares de ambos se desviaram e fitaram as mãos em seu encaixe perfeito. Luke segurou a mão da menina e a conduziu até seu pescoço. Feito isso, meu filho ergueu Thalia nos braços, segurando-a com carinho e firmeza.

Antes que algo pudesse ser dito ou feito, May  abriu a porta e saiu de casa. Luke ficou tenso. Thalia encostou sua cabeça em seu ombro e acariciou o pescoço do rapaz. Percebi boa parte da tensão sumir do meu filho. Thalia estava dando, a cada segundo, mais motivos para eu gostar dela.

-Hermes! Que bom que... Luke? É você meu menino? Meu menino voltou? Trouxe amigos? O que aconteceu com esta linda jovem? Ela é sua namorada?

-Sou eu, mãe – Luke pronunciou a ultima palavra como se ela tivesse um sabor pior do que o amargo – E esta é a Thalia e a outra é Annabeth. Elas são a minha nova família.

Em meio a tantas perguntas a ultima deixou tanto Thalia quanto Luke constrangidos e sem fala; ambos com o rosto ruborizado. May se dirigiu até a filha de Atena e segurou-lhe as mãos.

-Como vocês estão magros... Entrem acabei de fazer biscoitos... E este machucado? Ah querida, farei um curativo para você... Vamos entrem meus queridos. Você também Hermes!

Annabeth foi primeiro, eu segui logo atrás da menina e percebi a hesitação de Luke. Thalia sussurrou algo no ouvido do menino e ambos seguiram até a porta. Era mais que evidente que todos estavam tensos.

Adentramos a cozinha e May arrumou um espaço para a menina Thalia se sentar. Enquanto Luke colocava sua amada na mesa, May buscava um kit de primeiros socorros. Annabeth se colocou ao lado do rapaz e este por sua vez a abraçou e lhe sussurrou em seu ouvido que tudo ficaria bem.

- Luke precisamos conversar, meu filho.

Vi seu corpo ficar tenso e sua expressão de raiva e total desgosto pela minha fala “meu filho”.  Por segundos preciosos que mais pareceram horas, revi todas as lembranças que tinha e que poderia ter tido com meu filho. Agora era como se ele estivesse a beira da morte: o que eu fizesse afetaria seu futuro e todo um, ou melhor, vários destinos.

-Podemos conversar depois. – sua voz saiu desprovida de qualquer traço de emoções.

-Sei que quer ficar ao lado de Thalia, mas pense que ela tem a pequena e inteligente filha de Atena ao seu lado. Ela não corre perigo algum... E nós precisamos conversar.

Pelo canto dos olhos pude ver a pequena Annabeth ficar radiante e muito orgulhosa de si mesma. Thalia e Luke sorriram para a menina e então Luke voltou seu olhos para a filha de Zeus. Ele estava preocupado e tinha duvidas no olhar.

-Você vai ficar bem? – ele perguntou em um tom de voz baixo.

-É claro que eu vou. – a voz da menina saiu suave e muito tranquilizante, como uma brisa suave. Confesso que, em partes, ela também conseguiu me acalmar.

May finalmente achou o kit e voltou para o lado de Thalia.

- Vá meu querido. Eu vou cuidar muito bem dessa adorável jovem. – May sorriu para Thalia e um Luke relutante passou por mim e seguiu para a sala... É, eu não queria que a noite terminasse da maneira que eu tinha certeza que iria terminar!

THALIA

Eu sabia que seria doloroso. Bastante doloroso para ser mais especifica.

Passei meus olhos pela mesa da cozinha e pude notar vários biscoitos. A maioria estava queimado e os outros estavam todos mofados. Ao que parece, May fizera biscoitos para esperar a chegada de um filho que não retornaria.

Enquanto May banhava um algodão em álcool procurei sobre a mesa algum biscoito decente. Por sorte, encontrei um filho único que não estava nem queimado nem mofado. Peguei-o e dei a pequena e faminta Annie.

Enquanto Annie comia e brincava com uma miniatura da medusa, May começou a limpara o meu ferimento. Não vou mentir para vocês: doeu muito. Me lembro apenas de fechar os olhos com força e de morder o lábio inferior.

May contava muitas histórias sobre Luke e de longe eu percebia o quanto aquela mãe amava o seu filho. Apesar de todas as dificuldades que ela passava, May amava e cuidava como podia do seu único filho... E Hermes também.

Ver como Luke era querido e amado pelos pais me fez  pensar o quanto eu estava sozinha. Sempre que eu pensava que odiava os deuses era mentira. E eu sabia disso. Eu odiava o fato de nunca ter visto e estado com meu pai. Pensava em como minha vida poderia ter sido diferente se eu tivesse sido criada por ele e não por uma mãe bêbada e um padrasto violento.

Apesar de todos esses pensamentos eu nunca senti inveja. Muito pelo contrario, eu me sentia feliz por saber que Luke era querido... May terminou de prender minha perna em ataduras, mas não interrompeu suas histórias.

Esfreguei nervosamente meu ferimento  quando escutei o grito angustiado de Luke.

- Então você não se importa! – sua voz soou áspera e muito, muito angustiada.

Toda as histórias cessaram e os ruídos também. Todos os olhos se voltaram para Luke. Contive a muito custo um suspiro impotente .May estava com uma expressão preocupada.

-Luke? É você? Meu menino esta bem?

Luke soltou um suspiro baixinho e virou o rosto. Eu o compreendia perfeitamente para saber que ele queria esconder lágrimas de dor.

-Estou bem. Tenho uma nova família agora. Não preciso de vocês dois.

-Eu sou seu pai. – Hermes insistiu. Será que só eu fui capaz de perceber o desespero em sua voz?

- Um pai deve estar por perto. Eu nem ao menos o conheci. Thalia, Annabeth, venham! Nós vamos embora.

- Meu menino, não vá - May gritou e logo em seguida gritou algo em que não prestei atenção. Pulei da mesa e percebi que meu corpo finalmente aguentaria meu peso.

Annie pulou da sua cadeira e foi a primeira a cruzar a porta para ir embora. Luke ia seguir atrás da menina, quase correndo, quando eu o segurei pelo pulso. Ele teria me olhado surpreso se não estivesse escondendo as lágrimas que caiam.

Luke estava parado de frente para mim, apenas com o rosto virado. Nossos corpos estavam próximos, mas eu sabia que nem mesmo o meu toque conseguiria acalma-lo totalmente. Ele passaria por dores aos quais eu não teria permissão de amenizar.

Virei seu rosto delicadamente para mim. Seus olhos tristes e angustiados encontraram os meus. Nós não precisávamos de palavras para descrever a dor e tensão acumuladas em um só local. Com carinho enxuguei lentamente todas as suas lágrimas.

 Luke corou quando eu terminei de secar suas lágrimas. Ele se sentia envergonhado por derramar lágrimas e mostrar como se sentia em relação aos seus pais. Eu sorri docemente e acaricie-lhe a bochecha descendo até seus lábios.

Vi novas lágrimas se formarem em seus olhos. Luke me agarrou pela cintura e eu automaticamente passei meus braços ao redor do seu pescoço. Nos abraçamos fortemente. Ambos precisávamos lembrar de que tinhámos um ao outro.

Nos separamos relutantes, e seguimos para a porta. Luke foi na minha frente e praticamente correu para longe da presença dos pais. Dei a eles um ultimo olhar, triste por não poder fazer com que o rapaz compreendesse que era amado, me virei e corri em direção a porta.


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Notas finais do capítulo

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8D