THALIA

Minha cabeça estava doendo muito e minha visão estava embaçada e distorcida, sem contar que todo o meu corpo parecia ter sido pisoteado por uma manada inteira de elefantes. Minha visão aos poucos foi melhorando. E eu não acreditei em quem eu vi do meu lado. Ele me observava com cuidado, mas tinha um lindo sorriso no rosto.

- Você de novo! – eu exclamei com a voz tão fraca que surpreendeu até a mim.

- Sim, Thalia. Eu de novo. – Apolo era incrível. Ele sorriu ainda mais depois do meu feliz comentário acima. Pelo visto ele não guarda magoas.

- Estou surpreso com você. Foi a ultima a desmaiar, teve os ferimentos mais graves e ainda é a primeira a acordar. Você é muito mais forte do que pensei que fosse.

Sorri fracamente. Eu me sentia fraca demais para responder. Minha cabeça parecia que ia explodir. A cada vez que eu respirava, o ar parecia entrar relutante e provocava ainda mais dor no meu corpinho todo massacrado.

Apolo pousou sua mão delicadamente na minha testa e meu corpo relaxou. A dor sumiu consideravelmente e eu consegui me sentar. Apolo me deu um pedaço de ambrosia e um gole de néctar.

-Como se sente?- Ártemis, com toda a sua graça e beleza, havia entrado na barraca onde eu e meus amigos descansavam.

- Muito melhor. – respondi com um sorriso – Onde estamos?

- Em uma pequena clareira. – Ártemis me respondeu. – O ar puro deste local ajudou a cicatrizar as suas feridas e dores.

- Se sente forte o bastante para se por de pé? – Apolo perguntou

Eu apenas assenti. Aos poucos fui me levantando e quando senti meu corpo fraquejar os dois deuses me ampararam; cada um de um lado. Com apenas a presença dos dois eu me senti mais forte.

Caminhei até o lado de fora da barraca e vi varias garotas com roupas prateadas e arcos nas mãos com aljavas cheias de flechas nas costas. Respirei fundo e pude sentir o quanto aquele ar era puro e me fazia bem. Eu não sabia como o meu rosto estava, provavelmente pálida, mas agora, com aquela brisa maravilhosa me soprando os cabelos, eu me senti muito bem forte. E senti a cor voltando ao meu rosto.

Os dois deuses não saíram do meu lado. Era provável que sentissem medo do meu corpo fraquejar de novo.

- Thalia, alguém deseja vê-la. – Ártemis disse com cuidado, como se tivesse medo da minha reação.

Olhei para ela sem entender. Afinal, quem queria ver-me?

Do meio das arvores saiu um homem baixo de cabelos loiros e olhos castanhos. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, um sinal claro de que estivera chorando. Não acreditei no que meus olhos viram. O que o pai da Annie queria comigo?

- Pode vir comigo senhorita? – ele perguntou um pouco nervoso.

Eu olhei para os meus irmãos, pedindo conselhos apenas com os olhos aos dois deuses. Eles sorriram e assentiram. Então deixei que o homem me conduzisse até um loca onde a mata era mais fechada e ninguém podia nos ver.

- Quem é você mocinha? – Ele perguntou

- Sou Thalia, filha de Zeus. O que exatamente o senhor quer comigo?

- O que você pretende fazer com a minha filha?

- Pretendo dar a ela todo o amor e carinho que você não deu. – minhas respostas seriam assim. Curtas e frias.

Ele baixou o olhar e eu disse com a voz mais doce e controlada.

- Sei que você a ama. – Ele levantou os olhos e me olhou confuso. – Mas nem você e nem eu podemos fazer nada. Annie escolheu viver conosco. Você teve a sua chance de protegê-la e ama-la, mas não soube valoriza-la.

Eu tinha que ser sincera com ele por mais que isso o machucasse. Ele deixou as lagrimas correrem pelo seu rosto e com a voz agoniada deu o seu ultimo pedido:

- Prometa que vai cuidar dela. Por favor!

Eu lhe dei um sorriso.

- Prometi a Atena que cuidaria da sua filha. E mesmo sem promessa eu cuidaria dela. Eu te garanto que a protegerei com a minha vida.

- Muito obrigado, Thalia. Que os deuses a abençoem.

Ele então me deu as costas e sumiu no meio de tantas arvores.