Unidos pelo Destino 2 escrita por Camila Dornelles


Capítulo 36
Capítulo 36 - Epílogo




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      Hermione abriu os olhos, ela estava deitada no chão, um chão liso e de alguma forma confortável, se levantou e olhou em volta, mas não viu muita coisa. Tudo estava coberto por uma estranha porem bonita nevoa perolada. Olhou para seu próprio corpo, as roupas brancas haviam sumido, dando lugar a seu uniforme esportivo da Grifinória, um conjunto de moletom vermelho com listrinhas douradas. Passou as mãos por seus cabelos, estavam presos em duas tranças. Desejou ver-se em um espelho e ao se virar para a direita viu um.

      Caminhou até ele e checou a si mesma, seu corpo estava em perfeito estado. Não parecia abalado por nenhum feitiço. Distraiu-se por um segundo e quando viu, uma garota idêntica a ela estava parada sorrindo ao seu lado.

      Seus cabelos eram mais compridos, mas claros e lisos. Soltos e reluzentes, só a franja estava presa para trás. Hermione sentiu uma pontinha de inveja, queria ser daquele jeito. Ela usava vestes de Hogwarts. Uma saia de pregas cinza indo até dois palmos de suas cochas, uma camisa social branca, um blazer cinza como a saia e uma gravata verde com listrinhas prateadas. Nos pés, um sapato social preto e meias até o joelho, verde com duas finas listrinhas prateadas no final.

      Era Lizzie. Hermione chegou a pensar que estava em frente ao Espelho de Ojesed, pois o que mais queria era conhecê-la. Mas a nevoa não a deixava ver a moldura do espelho.

      Ela foi dissipando lentamente, e Hermione viu que era um espelho comum, como qualquer outro. Mas Lizzie continuava a sorrir e encará-la.

- Não é o Espelho de Ojesed – disse Lizzie – Eu estou mesmo aqui.

      Hermione se virou e deparou-se com uma Lizzie de verdade.

- Mas... Você esta morta.

- Estou.

- Eu também?

- Não exatamente – ela sorriu culpada – Você esta em um coma profundo...

- Coma?

- A maldição que a atingiu foi muito forte – alertou ela – Você podia ter morrido...

- Mas era essa a intenção! Eu quis proteger Sirius!

- Você conseguiu. Ele esta bem... Você o protegeu como você já disse querida.

      Hermione não disse nada.

- Eis a diferença! Você deu sua vida para salvar a dele. Por isso não esta morta...

- Não entendo vovó...

- Por favor – ela gemeu – Não me chame de vovó, sei que sou sua avó, mas me sinto muito velha. Chame-me de Lizzie.

- Esta bem... Lizzie. Mas você esta morta a mais de quarenta anos... Não deveria estar... Velha?

      Lizzie riu.

- Quando passamos para o outro lado podemos escolher como queremos ficar fisicamente... Eu escolhi voltar a ter dezessete anos. Afinal, foi à melhor época da minha vida...

- Eu sei... Vi os melhores momentos.

- Estou tão orgulhosa de você Hermione! Você matou minha charada e descobriu tudo...

      Hermione corou.

- Vamos andar? – convidou Lizzie.

      Hermione assentiu em silencio. As duas caminharam em silencio e chegaram a duas poltronas, uma vermelha e a outra verde. Lizzie se sentou na verde. Hermione a imitou na vermelha.

- Quer perguntar algo? – disse Lizzie – Fique a vontade.

- Como... O colar...

- O Floco de Neve? Ah sim... – ela sorriu – Sempre tive certa fissura nesta forma. Quando eu era pequena, minha mãe pendurava pequenos flocos de neve mágicos no teto do meu quarto e eu ficava toda a noite vendo-os tocar musicas de ninar. Eu os adorava, tanto que quando cresci não deixei que os tirassem. Antes de morrer minha mãe me deu esse que esta em seu pescoço. Foi à única coisa que restou dela, pois o resto meu pai jogou fora. Ela o comprou de um duende, é um diamante verdadeiro vindo da Romênia. Muito raro e valioso. Por isso eu nunca o usei em publico, sempre o deixei guardado esperando o momento certo de ser usado...

- E aquele negocio rosa que você tirou do peito?

- Chegarei a essa parte daqui a pouco. – disse ela e seguiu com seu relato – Quando Dumbledore me mostrou você com os vira-tempos, eu soube que o Floco deveria ser seu. Tom queria fazer aquelas horcruxes... Eu tinha que encontrar um jeito de fazê-lo parar e se arrepender de tudo...

 -Você conseguiu.

- Meu cérebro às vezes surpreende a mim mesma... Eu sabia que depois de terminar com ele, Tom iria mais rápido, pois estaria com raiva. Então eu fiz umas pesquisas por ai e fui para a Albânia, peguei o verdadeiro Diadema e o guardei comigo. Tive Michele e fui ver Abraxas antes do baile - ela corou – Fizemos... Bom você viu... Fomos ao baile... Eu já tinha tudo arquitetado é claro. Já sabia exatamente o que fazer... Soube por um amigo que Tom estava na Albânia, e que ele voltaria na noite do baile. Tudo parecia conspirar para dar certo... Eu tinha certeza que daquela noite não passaria então...

- Espera. Você já sabia que ia morrer?

- Certamente que sim.

 -Por isso você deixou que te desarmassem! Por isso você não se defendeu! Mas... Porque você queria morrer?

- Eu não queria – ela franziu a testa – Ninguém em sã consciência quer morrer. Mas... Era um destino inevitável... Sabia que a única pessoa em que podia realmente confiar era Dumbledore. Então fui até ele... Minha herdeira tinha que conhecer toda a verdade... Completa, sem mentiras ou edições. Uma memória geralmente se extrai da onde?

- Do cérebro. – respondeu Hermione prontamente.

- Exato. Uma memória qualquer se tira do cérebro. Mas uma memória especial...

- Do coração? – arriscou Hermione e Lizzie sorriu satisfeita e orgulhosa.

- Exato. Por que... Os sentimentos não estão na cabeça, estão no coração. Principalmente o amor. Eu amei Hogwarts, amei a Sonserina, amei Eileen, amei Abraxas e amei... Tom Riddle. Toda a minha historia em Hogwarts ficou aqui. – ela pois a mão no peito – Mas, a linha que saiu do colar não era exatamente a memória, pois esta estava em um frasco no Salão Comunal da Corvinal. A linha cor-de-rosa era um pedaço de mim.

- Comoéqueé? – questionou Hermione

- Até nisso somos iguais. – Lizzie riu e depois ficou seria – Um pedaço de mim... Como explicar... Bom, o colar é como um jeito de você me ter sempre com você.

      Hermione ficou quieta.

- Continuando... Logo depois que entreguei o colar a Dumbledore, Tom chegou a Hogwarts. Meu tempo estava se acabando... Michele estava com Abraxas, por isso não me preocupei. Fui para o salão comunal da Corvinal e fiz um buraco na estatua de Rowena Ravenclaw. Como uma fechadura, e abri uma “gaveta’ lá. Nunca me perdoarei por modificar aquele artefato histórico.

- Não! Sabe, a estatua ficou até mais bonita com o Floco.

- Sim. Mas o floco só ficou lá até você abrir a gaveta, depois ele deveria sumir... Depois de extrair aquela memória e escrever a charada e o bilhete eu corri para o Salão Principal. Michele veio até mim e, o resto você já sabe...

- O que você se lembra daquela hora? Digo, quando a maldição te acertou?

- Me lembro de dois olhos vermelhos e um clarão verde...

- Dói? – perguntou Hermione boba.

- Morrer? – Lizzie pareceu intrigada – Nem um pouco... Quando minha alma se soltou do meu corpo, eu me lembro de ver Michele chorando nos braços de Dumbledore. Lembro-me de ver Tom gritando com ele. Ele apontou a varinha para o nada e uma raia igual a minha saiu de lá e nadou pelo salão comunal sonserino. Depois eu entendi que era um Patrono, era igual ao meu. Dumbledore disse que ele realmente me amava, nunca deixou de amar, por isso seu Patrono era uma raia. Depois eles sumiram, e eu me vi em um corredor branco, com uma única porta, fui lá e abri. Vi Hogwarts. E um homem apareceu... Eu nunca o tinha visto, ele me perguntou se eu queria voltar a Hogwarts. Eu queria! Sem duvidas. Mas já tinha lido sobre fantasmas e almas perdidas. Então decidi ir adiante. Atravessar o véu negro. E aqui estou... Morta. Sabe? A vida é uma droga, até você morrer.

      Ela abaixou os olhos e mirou seus sapatos. Hermione, pois a mão no ombro dela em forma de consolo e ficou feliz por conseguir tocá-la. Lizzie encarou a mão de Hermione e viu o anel que ela ganhara de Tom cintilar no dedo da neta.

- Onde você achou isso? – questionou Lizzie.

      Ela pegou a mão da neta e depositou ao lado da sua, onde o mesmo anel cintilava no mesmo dedo.

- Volde... Tom me deu – respondeu Hermione – Junto com todas as suas fotos, juntos ou com Eileen e Abraxas, suas cartas, seus bilhetes e os dele também.

- Em uma caixa verde com bordar pratas?

- Sim.

- Eu devolvi tudo a ele... Escondi em seu malão antes de sairmos de Hogwarts.

- Dumbledore também me deu uma chave... A chave do seu cofre no Gringotes.

- Ele fez bem – ela sorriu com ternura – Tudo aquilo é ser agora. Você é uma de nós. Uma descente de Ravenclaw.

      Hermione sorriu.

- Lizzie? Aqui... Você encontra com outras pessoas mortas?

- Sim. Às vezes... Já me encontrei com Abraxas, Eileen, Dumbledore... E vi Remo Lupin também...

- Se você o ver de novo ou ver Tonks. Diga a eles que eu e Harry vamos cuidar do pequeno Teddy esta bem?

- Claro. Eu direi.

- Como... Você saiu do diadema?

- Ah, eu estava quase me esquecendo. Eu não podia deixar Tom pegar o verdadeiro diadema, então eu o dupliquei e o joguei no lago. Mas antes, fiz um feitiço e puis um pedaço da minha alma nele.

      Hermione arregalou os olhos.

- Você fez uma horcrux?

- Não exatamente. Eu fiz... Mas não matei ninguém... Tirei um décimo da minha alma e o puis no diadema.

- Você por acaso... Não sacrificou a si mesma?

- Como? – ela franziu a testa não entendendo.

- Quando você fragmentou sua alma... Acha que pode ter usado a si mesmas para fazer a horcrux?

- Creio que não... Eu morri depois de fazê-la.

- Onde nós estamos exatamente? – questionou Hermione olhando em volta.

- Onde você acha que estamos?

- Parece...

      Hermione olhou em volta.

- Uma estação de trem.

- É mesmo? - Lizzie sorriu maravilhada.

- Onde você acha que estamos?

- Não sei... E também não quero saber... É com o dizem por ai... A festa é sua.

      Hermione não entendeu.

- Eu tenho que voltar não é?

- Você que sabe.

      Lizzie se levantou quando um corredor surgiu do nada e rumou para a ultima e única porta existente. Hermione a seguiu.

- Eu que sei?

- Claro. Se quiser ficar, você fica. Se quiser voltar, você volta.

      Hermione abriu a porta e viu Sirius e Draco conversando.

- É claro... – disse Lizzie – Se você quiser ficar, você nunca mais vai vê-los. Porque se você quiser vir para cá você vai aceitar sua morte.

      Lizzie encarou Draco com curiosidade.

- Ele é neto do Abraxas – esclareceu Hermione.

- Filho do Lúcio?

- Sim.

- Nossa! Ele é realmente muito parecido com Abraxas...

- Se eu ficar... Nunca mais o verei?

- Nunca.

- Se eu for nunca mais verei você?

- Vou sempre estar com você. – Lizzie tocou o pingente de floco no pescoço de Hermione – Você tem um pedacinho de mim contigo esqueceu?

      Hermione sorriu.

- Vou voltar. Não é minha hora ainda.

      Lizzie assentiu e a abraçou fortemente. Hermione retribuiu com fervor.

- Como eu faço para voltar?

- Entre – Lizzie apontou para a porta.

- Só mais uma perguntinha... – disse Hermione – Isso é real? Ou esta tudo acontecendo na minha cabeça?

      Lizzie sorriu marota.

- É claro que esta acontecendo na sua cabeça Hermione, mas não quer dizer que não é real.

      E Lizzie a empurrou porta adentro.

      Hermione sentiu que estava flutuando, ela viu Lizzie a olhando lá da porta e acenou, ela acenou de volta e a porta se fechou, deixando tudo escuro.


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Notas finais do capítulo

É isso gente! Obrigada pelos comentários e espero vocês em Unidos pelo Destino 3. *-*