A Volta Da Borboleta escrita por Fernanda Lima


Capítulo 2
2- A volta da borboleta


Notas iniciais do capítulo

Consegui! Fiz mais um capítulo *--* q emoção.



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Uma borboleta negra dentro de uma jaula e um pássaro do lado de fora. Exceto isso não se podia ver mais nada, de algum jeito, era bonito e ao mesmo tempo, triste.

Com o bico o pássaro tentava abrir a jaula de todas as maneiras, mas era quase impossível. A jaula prateada parecia forte. “Pobre borboleta.” Pensava a jovem mulher de cabelos longos e negros que observava a cena. Não sabia por que, mas logo que viu o que se passava uma melancolia enorme abria espaço dentro de sua alma e se juntava ao já conhecido vazio que esteve presente durante toda a vida. Ela chegou mais perto, talvez conseguisse libertar a pobre criatura de sua prisão.

– Yuuko-san. – Dizia, a voz parecia vir de lugar nenhum.

Ficou espantada, mas continuou andando.

– Yuuko-san! – Dessa vez era alto.

Despertou.

– O quê é? - Disse rudemente. Não era uma voz aleatória, era Yukari.

Não abriu os olhos, mas já estava de volta à realidade.

– Você vai se atrasar para o trabalho sua idiota.

Levantou num pulo, quase tropeçando na cabeleira negra que ia até os pés, não parou para responder o insulto da irmã, apenas correu para o armário para se vestir decentemente.

O quarto bagunçado não ajudava muito a achar suas roupas e sapatos, além da cama de casal bagunçada, havia papéis, roupas e garrafas de saquê espalhadas pelo chão.

– Kari, onde estão meus sapatos? – Gritou enquanto olhava embaixo da cama.

– Eu tenho cara de sua empregada? Você devia arrumar esse quarto mais vezes!

Olhou para a irmã de cara feia.

– Achei que tínhamos empregada para isso.

– De quê adianta ela arrumar se você bagunça tudo no instante em que chega?

– A bagunça é relativa.

– Tente atrás da porta do closet. – Disse Yukari enquanto saía do quarto.

Vestiu uma blusa de seda branca de manga comprida, uma calça preta e seus laboutins favoritos, pretos com saltos extremamente altos, ainda parou para tomar café, realmente abusava da bondade do chefe, só depois de um belo cappuccino e alguns sushis finalmente saiu.

Não precisava realmente do emprego, sua família tinha dinheiro, tanto que ela não podia contar e apesar de ser uma criança adotada, era tão querida quanto e tão mimada quanto os filhos de sangue. Se quisesse (e era o que realmente queria) poderia ficar a tarde inteira esparramada na sala bebendo saquê, mas estaria bem mais próxima do tédio do que gostaria, acordar às oito da manhã era preferível afinal, tédio era muito mais perigoso à sua saúde do que qualquer outra doença, ou ao menos era o que pensava.

– Que bom que decidiu se juntar a nós Ichihara-san. – Disse Okamoto, seu chefe.

– Pois é, mudei de ideia no último segundo. – Respondeu com um sorriso sarcástico.

– Você percebe que eu sou o chefe não é?

– Você percebe que sou a melhor que tem, não é?

Com isso o calou, Okamoto poderia muito bem demiti-la, e era o que ele queria mesmo, mas não o faria, e se fizesse, não faria diferença nem importância, apenas acharia outro emprego, pois ele admitindo ou não, era a melhor consultora de Tóquio e tinham sorte de ela querer colaborar, era o preço que tinham que pagar se quisessem que ela ajudasse a por criminosos na cadeia e não deixa-los fora dela.

Sentou-se na sua confortável cadeira de couro e fechou os olhos. A imagem do sonho da noite passada apareceu em sua mente. Qual era o significado daquilo? Nunca tinha sonhado com algo tão esquisito, e olha que de coisas estranhas ela já havia visto bastante. E o sentimento de tristeza era algo realista demais.

Não ajudava a polícia por ser uma boa samaritana, os quebra-cabeças a mantinha ocupada. Desde sempre, sentiu como se tivesse um pedaço de si faltando, resolver crimes a distraia disso, da angústia e do vazio que esteve lá desde que se lembra.

A manhã passou sem grandes crimes, aparentemente as mentes psicopatas de Tóquio haviam sossegado tudo o que tinha para fazer era assistir Okamoto por a papelada em dia, irritar seus companheiros de equipe também foi uma boa distração, ficaria ainda mais divertido se tivesse uma garrafa de saquê.

– Estou indo almoçar, depois volto pra casa, se tiver alguma coisa é só ligar

– Ok. – Respondeu Okamoto, mas nem mesmo desviou os olhos nos papéis em suas mãos, ela apenas deu de ombros e foi embora.

Estava quente, uma piscina ou um banho de mar seria de bom uso agora. Era um longo caminho até ao Yazushi, mas se fosse comer alguma coisa seria lá, iria de táxi, mas não era longe o suficiente para gastar seu dinheiro.

Andava distraidamente pensando se comeria Okonomiyaki ou Guioza e se beberia saquê, cerveja ou vinho, foi então que notou onde estava.

Entre os dois grandes prédios comerciais do centro de Tóquio, costumava ter um terreno baldio, mas agora muros enormes de uma casa rodeava o lugar.

– Como isso veio parar aqui? – Disse a si mesma. Passava por lá todos os dias, e nos últimos cinco anos, aquilo fora um espaço vazio no meio de dois prédios.

Andou um pouco mais à frente dando de cara com um portão, coçou a cabeça com o longo dedo indicador, notaria se uma enorme construção aparecesse do nada no seu caminho para o almoço. Curvou um pouco a cabeça para dar uma olhada na propriedade, era bem bonita, uma casa no mais belo estilo tradicional japonês, uma lua em cada ponta do telhado e um grande jardim, estava entre a admiração e o espanto.

Virou-se para seguir seu caminho, mas então sentiu mãos em seu pulso, virou de volta para o portão, para a sua surpresa não havia ninguém, mas o calor em volta de seu pulso continuava por lá.

Encarou o nada por um tempo, tentou sair outra vez, mas seu corpo não saia do lugar, foi então que um misto de medo e curiosidade encheu seu corpo. Deu um impulso para trás, mas de nada adiantou, foi então que cedeu, deu um passo à frente e no segundo seguinte, foi puxada com mais força, sendo arrastada até a porta e uma vez dentro, esta, se fechou atrás dela.

Fechou os olhos e respirou fundo. “O que foi que acabou de acontecer?” Pensou. Abriu os olhos. Duas crianças a encaravam. Estavam quietas. Uma tinha os cabelos rosa e a outra o cabelo azul de maria-chiquinha, vestiam roupas iguais, um vestido preto de babados. De algum jeito, era familiar.

– Eu não quis invadir... – Começou a explicar, mas antes que concluísse, as duas agarraram suas mãos e a arrastaram por um corredor.

– Watanuki temos um cliente! – Dizia a de cabelos rosa alegremente.

– Watanuki temos um cliente! – Repetia a outra.

Ela estava confusa demais para responder. Pararam ao chegar a uma porta de correr com uma enorme lua crescente desenhada.


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