História Para Dormir - Romione escrita por Anne Almeida


Capítulo 2
A História




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- Era uma vez... – Rony pensou um pouco – Um garotinho. Ele vivia numa família enorme, mas mesmo assim, muitas vezes, se sentia só.

Rony parou para observar a reação dos filhos e pensar mais um pouco.

- Mas então - ele sorriu das lembranças que afloraram – quando ele fez onze anos foi engolido por uma enooorme serpente vermelha, ela soltava fumaça por suas narinas enquanto viajava por terras estranhas.

- Foi dentro do estomago dessa cobra que o menino conheceu duas pessoas muito importantes para nossa história, um bravo cavaleiro e uma... uma... linda princesinha – disse ele sorrindo para a filha – Tão bonita quanto você meu bem.

A garota sorriu sem jeito e ele demorou uns segundos antes de desviar a atenção da pequena e continuar sua história.

- A cobra os levou para um enorme castelo com torres e torrinhas – o ruivo ia fazendo gestos com as mãos enquanto falava – E disse que eles poderiam voltar para casa se passassem por todas as provas que ela lhes trouxesse. Assim eles tiveram que entrar numa enorme e assustadora floresta cheia de seres mágicos, alguns bons, outros nem tanto – Hugo abriu um sorriso – lá também havia um lindo e calmo lago onde a princesinha adorava ler – foi a vez de Rose sorrir.

Ronald parou e fitou os filhos. Percebeu a curiosidade em seus rostos.

-Neste castelo eles tiveram de enfrentar um homem com duas caras e um cachorro com três cabeças...

- Uau – sussurrou Hugo.

- ...e também encontraram um espelho dos sonhos e uma pedra que dava vida eterna...

- Vida eterna! – exclamou Rose com um muxoxo – Isso não existe papai!

- Neste castelo existia meu bem – respondeu ele revirando os olhos pra menina tão pequena e tão descrente – Também tiveram que enfrentar uma cobra enorme que transformava pessoas em pedra e sequestrava menininhas.

Hugo arregalou os olhos

- Continua papai – incentivou.

- Ali eles fizeram amizade com lobisomens e fugitivos procurados.

- Ooohh! – Rose parecia realmente preocupada.

- Mas eles eram todos bonzinhos, meu bem, nem todos os lobisomens são maus e nem todos os prisioneiros culpados, lembrem-se disso – ele fitou ambos os filhos e só continuou depois de eles concordarem em gestos silenciosos.

- Depois de enfrentar todos estes perigos os três jovenzinhos se tornaram grandes amigos. Eles descobriram que juntos poderiam fazer qualquer coisa que desejassem e foi aí que tudo complicou.

Ronald fez uma careta enorme antes de continuar, o que fez os pequenos se achegar mais ao corpo paterno, prevendo coisas terríveis.

- Um jovem rapaz, com inveja da amizade dos três e da beleza da princesinha, tentou separá-los. Ele era terrível, arrogante, com rosto de coruja, desengonçado, corcunda, bobo, metido...

Ron percebeu que os filhos o olhavam estranhamente. Hugo confuso e Rose com um risinho no rosto.

- O que foi? – perguntou.

- Nada não papai. O cara era um idiota. Já entendemos – Rose ainda sorria ao responder, um riso totalmente cumplice.

Ron riu consigo mesmo. A menina era tão esperta quanto à mãe, mas nem por isso deixava de ser sua menininha.

- Idiota? Quem lhe ensinou isso? – ele questionou serio.

A menina o fitou, os olhos cerrados, dando a impressão de que dormia, mas Ron sabia o que diziam: Você vive falando isso!

- Ok, ok – ele se deu por vencido e continuou – Até porque a historia que eu realmente quero contar fala como a princesa, o cavaleiro e o menino derrotaram um malvado bruxo que queria transformar todos em aranhas.

- Oh! – exclamou Rose assustada.

- Isso mesmo, dá pra acreditar? – Ronald apoiou a filha.

- Não acho tão assustador... – pai e filha olharam para o ruivinho como se ele tivesse dito algo terrível.

- Que foi? – perguntou inocente.

- O que foi?! Aranhas são monstros terríveis! – era Ronald quem falara.

Os três se fitaram e começaram a rir.

- E então papai? Como derrotaram o bruxo malvadão? – Hugo estava visivelmente excitado com a história do tal ‘bruxo malvadão’.

- E a princesinha ficou com o cavaleiro? – Rose questionou muito séria.

Ron sentiu as bochechas avermelharem, assim como as orelhas.

- Bom... bem... eles criaram um exército que os ajudou a transformar o bruxo do mal em uma minhoca e a princesinha bom... ela...

- Ela ficou com o garotinho não é? – Rose conclui com o riso enorme.

- Ah sim – Hugo assentiu – aí ele não ficou mais sozinho.

- É - Ronald falou quase que apenas para si mesmo, abrindo um sorriso – Ele nunca mais esteve só.

- Mas não teve beijo, não é? – o menino perguntou ignorando o estado do pai.

Ronald riu gostosamente da cara de nojo do menor.

- Teve beijo sim. Mas deixa eu te falar algo meu filho – ele o olhou curioso – Um dia, daqui a alguns anos, você vai entender de verdade o que, às vezes, um único beijo significa. E aí você não sentirá nojo ou asco.

O garoto fez uma careta como se achasse aquilo impossível.

- Agora está na hora de voltarem para suas camas – ele se moveu, retirando os pequenos do conforto de seus braços se levantando – Vamos! Vamos!

Quando os três chegaram à porta perceberam que uma mulher com cabelos castanhos volumosos os observava. As crianças correram até ela e a abraçaram em meio a gritos de alegria e entusiasmo.

- Mamãe!

- Estava com saudades!

- Que bom que a senhora chegou!

O ruivo esperou as crianças se acalmarem antes de se aproximar da mulher e lhe dar um beijo.

- Também estava com saudades – deu um meio sorriso e falou para os pequenos que os olhavam – Hora dos pirralhos dormirem!

Rose bufou. Odiava ser chamada assim. Hugo correu pra sua cama querendo ser o primeiro a chegar.

­- Vamos meu bem – ele empurrou a garota emburrada, sendo seguido por Hermione.

Enquanto dava um beijo de boa noite em Hugo, Ronald ouviu a pequena murmurar para a mãe.

- Amanhã o papai pode por a gente pra dormir de novo. Quero saber mais sobre a princesinha e o menininho.

Ele sorriu e se aproximou da pequena, enquanto Mione, que também sorria, se aproximava do filho, num revezamento de carinhos. Tascou um enorme beijo na filha mais velha e foi para a porta, onde esperou Hermione se juntar a ele. Ambos admirando as crianças em suas camas.

- Transformar todos em aranhas?  - murmurou a mulher sem desviar o olhar dos filhos e sorrindo.

- Não acho que poderia dizer a verdade – ele pegou-a pelo pulso carinhosamente, massageando uma cicatriz quase invisível – Ainda não.

Hermione fitou o marido com carinho e antes de puxá-lo em direção ao quarto murmurou:

- É, acho que você está certo.


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