Rangers -ordem Dos Arqueiros -a Lealdade escrita por Veritacerum


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores!! Mais um cap para vocês! Ah, eu precisava escrever para mostrar como prisioneiros são tratados. Se tiverem problemas, digam a mim!! AAA!



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Capítulo 35

No norte de Araluen as neves chegavam a quase um metro e meio de altura. Era tempo das famílias estarem abrigadas em suas casas e perto de suas lareiras. Os depósitos estavam cheios de grãos e carne salgada, fruto da colheita e da caça no verão. As raízes das árvores já estavam cobertas a tempos e as neves acumuladas em suas copas. Os dias eram mais curtos, cinzas e chuvosos. Guerra, era a última coisa que um homem queria naquele mês. “Mas é o que vão ter”, - Will pensou sombriamente enquanto tremia de frio. – Ele e Halt tinham sido escolhidos para limpar a neve e formar caminhos pelo pátio do castelo. “Eles estão muito preguiçosos!”, - afirmava o general, perto de sua lareira e com uma perna de galinha na mão. “Temos que aproveitar essas coisas para algo útil”.

Nas últimas 24 horas Halt já tinha rogado todas as pragas que ele conhecia para aquele bando de foras-da-lei. Agora ele estava calado e pensativo. – Will, fazia o mesmo; falou tantas coisas inapropriadas para um jovem como ele, que deixaria Lady Pauline horrorizada.

-Onde eu vim parar? – ele perguntou para ninguém em especial.

-No meio de criminosos e idiotas – respondeu Halt atirando uma bola de neve para o lado.

Como a sorte dos dois estava grande, a bola acertou um comandante de uma das tropas do general.

-O que você pensa que está fazendo? – perguntou o homem.

-Limpando a neve – respondeu Halt, sínico.

-Não, não! – o guerreiro se aproximou de Halt, deixando o rosto a sentímetros ao do arqueiro. –Você jogou aquela bola de neve em mim! – a mão do guerreiro subiu para dar um soco na boca do arqueiro.

-Não! – implorou Will se ajoelhando na neve –, fui eu! Eu que joguei a bola não ele!

O comandante deu um empurrão em Halt e veio em sua direção.

-Então foi o projeto de arqueiro? – perguntou, e sem esperar resposta deu um soco no estômago de Will, que o fez cair de costas em cima das pernas.

-Desculpe, senhor – sussurrou o jovem se dobrando de dor.

-Veja onde joga essas porcarias! – ele deu um tapa na cabeça de Will e virou as costas.

-Desgraçado – gemeu Will tentando se levantar.

-Me dê a mão – pediu Halt.

A cabeça de Will doía tremendamente do soco que ele havia levado e tudo parecia rodar. Ele estava se sentindo cansado. Cansado do frio, cansado da fome, cansado das zombarias dos homens e cansado dele mesmo. Sem que percebece, suas mãos pegaram a pá e ele começou a limpar. Jogava mais neve em cima de si próprio do que nos tambores ao lado. Em um instante seu corpo foi tomado por uma fúria imensa, uma fúria que ele havia aprendido a ignorar na maioria das vezes. Agora ele socava a neve com tanta força que o cabo da pá se partiu, mas ele se obrigou a continuar. Todos os sentimentos que ele havia sentido nos últimos meses veio a tona, e ele precisava por tudo isso para fora. As lágrimas começaram a cair por suas bochechas sem que tivesse consciência.

Halt estava assustado ao ver o descontrole do jovem. Will nunca tinha ficado neste estado, pelo menos não na sua frente. Ele achou que seu antigo aprendiz tinha que por tudo aquilo para fora, por isso resolveu se afastar alguns passos. Tem algumas coisas na vida em que não podemos ajudar, e essa era uma delas. Will tinha que fazer aquilo sozinho. Por mais que doesse, não deveria interferir.

Os homens nas muralhas estavam interessados em um duelo entre dois Escoceses bêbados e fedorentos, e não estavam prestando atenção em Will. Com aquela distração um exército poderia subir as muralhas.

A cota de paciência de Halt também já havia ultrapassado todos os limites. Seu corpo inteiro doía e sua cabeça estourava, mas ele precisava ser forte; por que Will precisava dele e de sua racionalidade.

-O pequeno arqueiro está chorando! – exclamou Jhond atrás de Halt.

-Não, não está – afirmou o arqueiro indo até Will.

-Não? – ele perguntou desconfiado.

-Não – repetiu o arqueiro. -Acho que já chega, ou irá nos

meter em problema – sussurrou no ouvido de Will.

Jhond deu de ombros e voltou gargalhando para as muralhas, onde os dois bêbados estavam lutando no chão.

-Calma – recomendou Halt. -Controle a respiração o mais de vagar que puder. Respire.

Will soltou todo o ar de seus pulmões e respirou fundo várias vezes. Agora vendo, ele percebeu que tinha posto toda a ação em perigo com seu descontrole emocional.

-Desculpe – disse sussurrando –, e obrigado por distrair aquele leão sem juba.

Halt deu um meio pequeno sorriso e se virou para continuar a limpar a neve que tinha acumulado outra vez.

-Eu só pesso que tenha mais um pouco de paciência. Nós já vamos voltar para casa – disse jogando um monte de neve em um dos tambores.

-Estou tão ansioso para a vida que me espera – comentou o jovem. -Desculpa, Halt, mas você não me treinou para ser escravo. – ele se virou e continuou a limpar o caminho.

Os dois ficaram em silêncio por quase uma hora, até que um de seus guarda-costas veio chamá-los.

-Vamos dar um passeio nas muralhas – anunciou.

-Nas muralhas? – perguntou Will. -Para quê?

-Pare de fazer tantas perguntas! – exclamou o homem. -Venha

cá, vovô – disse apontando para Halt.

Halt fez uma cara de sofrimento tão sínica, que Will não agüentou segurar o riso e fingiu ter escorregado para que não fosse descoberto.

-Se não apertar tanto, posso até te perdoar por ter me chamado de vovô – disse o arqueiro enquanto o soldado amarrava seu pulso a Will.

-Caso tentem fugir. Se bem que acho que não irão querer se atirar de cima das muralhas. – ele riu e saiu arrastando Will pelo outro braço.

-Eu me atiraria, se quisesse – resmungou Will.

-Cala a boca – ordenou Halt com um cutucão.

-O que estão tagarelando? – perguntou o soldado parando abruptamente.

-Nada! – responderam os dois juntos.

Os dois subiram as escadas que levavam a muralha tropeçando um no outro.

-Vamos lá, vovô! – incentivou Will divertido.

-Vejo que já se recuperou, não é mesmo? – retrucou Halt sério.

-Eu sou novo e me recupero mais rápido. Mas você? – ele deu um sorriso e continuou tropeçando.

-Se falar isso outra vez – ameaçou Halt –, não irá precisar se jogar das muralhas, por que eu mesmo vou atirá-lo.

Antes de subir o último degrau um dos homens trouxe um pedaço de corda e amarrou os dois pelo pescoço.

-Vamos ver os amiguinhos de vocês – anunciou o General pegando as pontas das cordas. -E quem pensar em se jogar, fique sabendo que o que permanecer irá sofrer as conseqüências.

-Antes de fugir eu te mato – sussurrou Halt.

-Quieto! – Will sussurrou de volta.

Os dois subiram no topo da muralha e o inesperado aconteceu. Ali, a quase 200 passos da muralha estava um grupo de cavaleiros.

-Horace, Crowley... – começou Will.

-Abelard e Puxão... – disse Halt apontando para os dois pôneis desgrenhados e anciosos parados entre Horace e Crowley.

Will assoviou e Puxão deu um tranco em suas rédeas.

-Calma, garoto – eles ouviram Crowley dizendo ao cavalo.

Como reação do assovio, o general deu um tapa em Will.

-Escravos não falam! – gritou suficientemente alto para que os cavaleiros na borda da floresta escutassem.

-Esse tapa me deu mais um motivo para enchê-lo de penas

como uma galinha – ameaçou Halt.

O general pôs as mãos em concha e gritou.

-Tentem fazer alguma coisa e eles morrem!

A 200 passos da muralha Horace desceu a mão até o cabo da espada, mas Crowley o conteve.

-Já vamos tirá-los de lá – disse, ficando de pé nos estribos e pondo as mãos em concha.

-Não vamos fazer nada! Deixe eles viverem, garanto que não estamos planejando nada! Só tenho ele de companhia – fez um gesto na direção de Horace –, o resto vocês mataram!

Os dois deram um último aceno para os dois arqueiros na muralha e deram meia volta com os cavalos. Atrás deles podia-se ouvir sons de gargalhadas.

-Está feito – falou Crowley para uma árvore ao seu lado. E é claro, ela não respondeu.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gente, estou escrevendo outra história: As Crônicas de um Guerreiro. Por favor, leiam!!! É só entrar no meu perfil e pronto! Não, não! não vou parar com o Rangers!! Bjinhos...