Eu cantava junto com a musica do meu iPod, sendo aquecida pelo brilhante sol de Ibiza.
Hmmm, tão diferente de Forks.
Senti meu telefone tocar e suspirei enquanto atendi sem ver quem era.
— Bella.
— Oi Ali!
— Bella me desculpe, eu não tinha idéia, eu juro!
Eu tirei o óculos escuros e me sentei, imediatamente alerta.
— Você está me deixando nervosa Alice! Aconteceu alguma coisa com Charlie? – eu nunca me perdoaria se tivesse acontecido alguma coisa com meu pai enquanto...
— Não, não, está tudo bem, todos estão bem... é só que...
— Fala logo Alice!
— É o Edward, Bella...
Eu senti aquela dor no peito, já tão conhecida quando de tratava de Edward Cullen.
— O que tem ele Alice? – eu disse, sentindo a garganta seca.
— Ele se separou de Tanya e... Está em Ibiza — antes que eu pudesse tomar um ar, com duas noticias fortes como essas, ela já estava falando – mas eu não sabia Bella eu juro ele me ligou falando que tinha se separado e falou alguma coisa sobre finalmente fazer a coisa certa e disse que ia pra Ibiza descansar a mente.
Meu coração disparou mas eu me obriguei a agir normalmente, mesmo que eu já estivesse olhando para os lados a procura de um par de olhos verdes.
— Respira Alice, quer dizer, tem muitos hotéis em Ibiza, porque ele ficaria logo nesse?
— Bella...— a voz de dela parecia lamentar – esse hotel em que você está hospedada é dele lembra?
Eu literalmente bati na minha testa, pensando na minha estupidez. Claro que aquele hotel era dele. E toda a família Cullen tinha ações em todas os negócios de Edward, inclusive Alice, o que tornou tão simples me presentear com essa simples viagem a Ibiza em um hotel 5 estrelas com tudo pago. Claro que eu relutei e relutei, mas com tantas fotos do casal do momento na internet e a surpresa de isso ainda doer tanto depois de tanto tempo me fez cogitar a idéia. De repente a respiração começou a ficar difícil e eu decidi encerrar a conversa e me esconder no quarto.
Sim, eu sou uma covarde.
— Tudo bem Ali, vou desligar, eu tenho que, hum... fazer umas coisas – sempre fui uma péssima mentirosa e ela deve ter percebido que era mentira mas não falou nada.
Coloquei o sarongue e quase corri para o quarto. As lembranças daqueles dias a oito anos atrás ainda me perseguiam...
Flashback

Eu estava no ultimo ano do ensino médio e o ano letivo estava quase no final, todo mundo atarefado e eu particularmente, estudando como uma louca para calculo. Uma matéria filha de uma vadia, se você quer mesmo saber. Era uma noite de segunda e o telefone toca. Era Alice. Eu suspirei, rezando para todos os deuses que ela não quisesse que eu fosse com ela no shopping, porque eu teria que dizer não e ninguém conseguia dizer não a ela.
— Oi Ali!
— Bella! Você não vai acreditar no que eu tenho aqui
— não mesmo Ali, o que você tem ai? O ultimo vestido Chanel?
— Não! Melhor ainda, eu tenho em mãos o diário secreto de Edward Cullen.
Eu fiquei alerta. Como assim o diário de Edward?
Eu era amiga de Alice desde que nos entendíamos por gente e por tabela, também de Edward Cullen e, como todas as meninas, eu tinha uma queda por ele, não, queda não, posso ir mais além, posso dizer que eu era apaixonada por ele. Demais até. Mas claro que eu era a maior friendzone da face da terra, então sem chance. Aquele diário era a chance de saber um pouco mais dele.
— eu não vou ler tudo para você, óbvio, mas é que tem um texto tão lindo, mas tão lindo, que merece ser compartilhado, e quem melhor senão a futura senhora Cullen?
Eu senti meu rosto quente como eu sentia toda vez que ela falava essas coisas. Alice sempre soube do meu abismo por ele, e como uma boa amiga nunca fez nenhum comentário depreciativo. Pelo contrário, ele vivia dizendo que não via a hora de eu ser sua irmã.
— Fala logo, estou curiosa.
— Tá bom, lá vai.
“O que se pode fazer quando aquela pessoa não sai da sua cabeça? Quando tudo em que você consegue pensar é em sua voz, seu sorriso, seus trejeitos. Dizem por ai que quando a gente está apaixonado a gente não vê defeito. Pois é isso mesmo, no meu objeto de paixão não enxergo nenhuma falha sequer. Eu a quero. Dia e noite. Noite e dia. Clichê? Com toda certeza. Mas isso é só uma questão de momento? Não mesmo. Esse sentimento está tão fixo na minha mente, enraizado no meu cérebro, tomando conta do meu coração, que eu acho que meu corpo e alma já se acostumaram a pertencer a outra pessoa. Eu sou todo dela. Ela é toda minha? Vai sonhando.”
Eu estava chorando desesperadamente e copiosamente quando Alice disse, desesperadamente do outro lado da linha:
— Fodeu, alerta vermelho. – e então o telefone ficou mudo. Eu não entendi o que ela quis dizer, mas não me importei também. Larguei os cadernos e deitei na cama, a essa altura já tinha deixado de chorar, só sentia um vazio enorme e uma dor estranha, pois só a idéia de Edward gostando de uma menina desse jeito despertava em mim emoções que eu não sabia lidar. Que menina em sã consciência rejeitá-lo-ia?
Eu não consegui dormir essa noite, mais tarde recebi uma mensagem de Alice explicando a súbita interrupção daquela ligação. O motivo era um só: Edward tinha chegado, mas não tinha a visto folheando seu diário – graças a Deus – e ela não teve tempo de me ligar depois.
No outro dia, meus bilhetes trocados com Alice sorrateiramente só tinham um assunto: O diário de Edward Cullen. Ela conjecturava todas as garotas possíveis da Forks High School.
Eu estava tentando prestar atenção a ultima aula de cálculo antes da prova quando outro bilhete irritante pousou na minha mesa. Eu suspirei e irritada, abri o papel, que dizia o seguinte:
“Mas amiga, você ainda não me disse como se sentiu ao ver aquilo? Too bad?”
Eu escrevi, tentando controlar a tremedeira:
O que você acha? Sou apaixonada pelo seu irmão desde a sexta série, e ver isso sendo escrito partiu meu coração em um milhão de pedacinhos. Satis...
Foi exatamente assim que eu escrevi, não tive nem tempo de terminar a palavra “satisfeita” e eu senti o papel sendo arrancado violentamente da minha mão, mas infelizmente não rasgou-se ao meio.
Eu olhei para cima e senti pude sentir toda cor ser drenada do meu rosto. Era o Sr. Smith, nosso professor de cálculo. Muito famoso por arrancar bilhetes da mão dos alunos e le-los em voz alta. Era isso ai. Eu seria humilhada, com Edward bem ali, no fundo da sala.
— Algo que queira compartilhar, Srta Swan?
Eu gaguejei uma resposta:
— N- não senhor nada que...
— Bom, eu não penso assim! Vamos ver o que a senhorita Swan tem aqui classe. – e então ele repetiu em voz alta, tudo. T-u-d-o que tinha no bilhete, com enfoque na minha declaração digna de novela mexicana. Quando ele acabou, a sala ficou no mais completo silencio. Eu não poderia encarar ninguém. Peguei minhas coisas e sai correndo da sala Não sem antes ver os olhos verde-musgo de Edward Cullen me encarando com uma expressão que eu não consegui entender.
Fim do Flashback.
Nunca mais voltei a Forks Hight School e nunca mais vi Edward Cullen. Depois daquele dia, entrei com um requerimento a escola para fazer as provas finais em casa e logo depois disso, parti para um intercambio na França. Edward foi para Harvard, mas não ficou muito tempo. Ele tinha uma mente muito brilhante para ficar enfurnado em uma sala de aula aprendendo sobre juros e correções monetárias. Saiu da faculdade e logo fez fortuna. Casou-se.
Quando voltei da França para Forks, Edward já tinha se estabelecido em Nova York e dois anos depois, quando eu estava na metade do meu curso de literatura americana ele anunciou um noivado. Eu nunca tinha deixado de amá-lo, mas já tinha me conformado com o sentimento só que não pude deixar de ficar arrasada com a noticia e envergonhada de tais sentimentos. Eu realmente esperava que ele iria atrás de mim depois daquele bilhete idiota?
Não, ele não foi naquela época, nem viria agora, oito anos depois.
Despertei dessa gama de emoções com uma batida na porta. Deveria ser o serviço de quarto. Eu sorri e atendi a porta.
Meu sorriso morreu.
Edward Cullen estava parado na minha porta.
Minha respiração engatou. Eu arregalei os olhos e minha voz falhou.
— E-dward... O que você tá, hum, fazendo... aqui?
Ele sorriu, mas o sorriso não chegou ao seus olhos.
— Não vai me convidar para entrar?
Eu engoli em seco.
— Claro – eu disse brindo espaço para ele passar.
Eu me demorei fechando a porta, preparando-me mentalmente para o que quer que viria a seguir. Decidi começar civilizadamente
— Então Edward, sinto muito pelo seu divórcio...
— Não, não sente.
Eu me virei de uma vez, surpresa.
— Como assim? Como você ousa pensar que eu... – eu apontei o dedo na cara dele.
E então aconteceu, ele agarrou meu pulso estendido e me beijou.
Eu estava beijando Edward Cullen. E foi exatamente do jeito que eu achei que seria.
Não. Foi melhor.
Mil vezes.
Seu beijo se encaixava perfeitamente no meu e tinha um gosto de lar. Como se depois de uma longa viagem eu finalmente estivesse em casa.
Ele interrompeu o beijo, e me abraçou forte, como se tivesse medo de me perder.
Bobagem minha pensar isso, claro.
— Minha Bella, temos tanto o que conversar... Quero que você veja uma coisa, mas antes tenho que te falar outras coisas. – e com isso, me deu um beijo na testa e se afastou... Começou a falar, andando de um lado para o outro do grande e luxuoso quarto.
— Oito anos atrás, quando o Sr Smith leu aquele bilhete na sala, minha vida mudou completamente... – eu me sentei, estarrecida, pois já tinha percebido que ia ser uma conversa tensa.
Ele continuou:
— Quando você saiu da sala, tudo o que eu quis foi correr atrás de você, mas fui impedido por Alice..
— Mas... – eu tinha que perguntar, como ele pode passar todos esses anos sem demonstrar alguma coisa?
— Por favor, deixe-me terminar. Algo me diz que teremos muito tempo para perguntas depois. Enfim, depois daquele dia, eu tentei de todas as formas falar com você, mas sempre fui impedido por seu pai ou pelos meus pais. Entao você foi pra França e tudo ficou cem mil vezes mais fodidamente difícil. Eu tinha em mente que tinha perdido uma batalha, mas não a guerra. Segui minha vida e você seguiu a sua. – ele deu um sorriso envergonhado – Alice sempre me reportou os mínimos detalhes de sua vida.
Eu corei e desviei o olhar, mas em um instante ele estava ajoelhado de frente pra mim e encontrou meu olhar.
— Meus sentimentos nunca mudaram. Eu casei, mas me arrependo até hoje de ter feito isso. Eu sei que você ainda gosta de mim Bella. Estou certo, não estou?
Que sentimentos? Merda, eu estava tão confusa!
Eu dei a única resposta que poderia dar.
— Sim.
Ele se inclinou e me beijou. Então se afastou e tirou um pequeno caderno de couro do bolso. Sentou-se do meu lado e abriu o pequeno caderno, procurando concentradamente uma pagina. Enquanto procurava ele falou.
— Naquele dia em que Alice leu meu diário para você, tanta coisa seria evitada, se eu simplesmente tivesse me atrasado um pouquinho mais.
Ele deu um sorriso cálido quando achou o que queria e estendeu para mim.
— Leia, tem mais do outro lado da página.
A essa altura, eu não tinha ideia do que ele pretendia, mas eu li de novo as palavras que eu já sabia decorada, me deleitando por poder ler diretamente da fonte. Eu era como uma leitora ávida lendo seu romance preferido, do escritor preferido, diretamente de seus manuscritos.
“O que se pode fazer quando aquela pessoa não sai da sua cabeça? Quando tudo em que você consegue pensar é em sua voz, seu sorriso, seus trejeitos. Dizem por ai que quando a gente está apaixonado a gente não vê defeito. Pois é isso mesmo, no meu objeto de paixão não enxergo nenhuma falha sequer. Eu a quero. Dia e noite. Noite e dia. Clichê? Com toda certeza. Mas isso é só uma questão de momento? Não mesmo. Esse sentimento está tão fixo na minha mente, enraizado no meu cérebro, tomando conta do meu coração, que eu acho que meu corpo e alma já se acostumaram a pertencer a outra pessoa. Eu sou todo dela. Ela é toda minha? Vai sonhando.” Eu sorri enquanto passava de página, e novamente minha respiração engatou quando eu li o que tinha escrito logo nas primeiras linhas do verso:
Dedicado à Isabella Swan.

Fim.