"-Mentira! – ela acusou-me. Ugh, como ela conseguia?"

Capítulo 15: O que faz aqui?!

Bella Pov.

Tirei do bolso, os pedaços amassados do que fora a última carta do Edward e entreguei-lhe. Seus olhos iam se enchendo de lágrimas à medida que ela lia mais e quando ela terminou, correu para os braços da mãe.

–Eu fiz uma besteira, mãe! – ela choramingou. – Não devia ter entregado isso para a Bella! Edward sumiu e a culpa foi minha! Onde ele está, mãe? Onde?

–Calma, ma chérie, Edward vai voltar para casa.

–Mãe, não me chama de queridinha em francês. Pelo amor! – reclamou enquanto se desvencilhava um pouco de Esme para fitar-me. – A Juh já causou estragos demais nessa família! A Bella que sabe disso melhor do que ninguém!

–Aposto que o Edward já deve estar voltando para casa – comentei sorrindo. – E aposto que ele estará mais calmo.

Por um instante, a baixinha me olhou em dúvidas, mas depois assentiu e voltou para o meu lado. Ela segurou minhas mãos e olhou fundo em meus olhos.

–Edward não quis escrever essa carta.

–O que faz uma pessoa escrever algo assim sem querer?

–Quando eu falo que ele não quis, você acredita, fechado? – ela estreitou os olhos, desafiando-me a dizer o contrário. – Hoje ele foi dar um passeio no parque da cidade e voltou nervoso, ficou se trancando no quarto. E depois de abrir a porta e chorar por um momento, ele saiu de casa.

Em minha mente, as palavras provocativas de Ben ecoaram. Era isso que ele queria dizer? Mas isso não significava nada quando ele veio gritar comigo sobre as cartas. Porém, ainda era difícil acreditar que alguém com Edward Cullen, uma pessoa que pode ter tudo nessa vida, estava chorando pouco antes de chegar aqui.

–Viemos aqui por causa do Edward, porque apenas você pode ajudá-lo – Esme, com sua voz doce e preocupada, se prontificou. – Eu custei a enxergar, mas Alice sempre teve razão. Ela não aprovou o namoro dele com Juh, ou com qualquer outra.

–Aprovei, sim. E foi a maior besteira que eu fiz, então depois que você se formou em moda e a gente conseguiu comprar a Colcci, eu tive que demitir aquela imprestável da modelista!

–Ei! Modelistas não são imprestáveis, não! – defendi a minha raça, com um sorriso. – Eu não sou imprestável!

–Sei disso, mas aquela senhora da vida da Jessica Stanley é! – Alice cruzou os braços.

–O que ela fez para que você a tratasse assim? – eu comecei a rir, mas não para contradizer, mais por que era engraçado mesmo!

–Deu em cima do meu irmão! – bufou virando a cara.

Senti meu peito arder, mas tentei não demonstrar. Jessica era linda, seus cabelos possuíam cachos castanho-claros e o corpo era, embora pequeno, bem desenvolvido. Mesmo com a crise de ciúmes que eu nunca conseguia superar, eu ri.

–Ah, se for assim, serei demitida amanhã mesmo!

–Você não será demitida, Isa! – ela sorriu abertamente.

–Claro que sim. – ignorei o apelido no qual ela havia colocado em mim. Eu não gostava de Isa, era Bella. – Acha que eu vou desperdiçar um Edward Cullen desse jeito?

–Não, mas você está sendo contratada para colocá-lo na linha.

–Terei salário extra? – brinquei. – Já que farei trabalhos extras?

–Bella, Bella, como você sonha! – ela riu. – Até parece que eu vou te pagar para fazer uma coisa que já está feita e, ainda por cima, eu vou dar o encontro na Colcci.

–Hmm, entendi. Você vai me usar de gato e sapato para colocar o seu irmão na linha, é isso mesmo – fiz drama.

Eu sabia que Alice nunca gostava quando as pessoas agiam assim, como se ela fosse a pessoa mais perversa da Terra, mas estava gostando da careta e do beicinho fofo que ela formava com as minhas palavras.

–Ah, Bella, não seja injusta! – ela fez manha. – Eu sei bem que você está querendo ter uns dias perto do meu irmão e estou lhe proporcionando isso, além de estar pagando para isso.

Ri daquilo. Alice conseguia ser bem convincente quando realmente queria alguma coisa. Dei de ombros enquanto dizia que faria meu trabalho sem envolvimento com qualquer um dentro da empresa. Porque aquela agora era mais do que uma marca, era a empresa da família Cullen. Alice, com 17 anos, já comandava lá dentro como se tivesse 47 e Esme cuidava para que a filha não tomasse decisões precipitadas.

–Tudo bem. Vamos ver até quando essa de “não vou namorar ninguém lá dentro” vai durar – ela sorriu largamente. – Agora não vou mais te roubar o tempo, pois amanhã é seu grande dia no novo emprego – ela deu uma piscada.

–Pois é, ouvi dizer que a estilista é uma baixinha bem exigente – eu ri.

–Não sou baixinha! – ela me abraçou, também rindo.

–Conte comigo para qualquer coisa, Bella – disse Esme, me dando um forte abraço assim que a filha me largou. – E quando eu digo qualquer coisa, é para qualquer coisa mesmo – então ela chegou bem perto e sussurrou – Até problemas com o Edward.

Ruborizei fortemente e assenti. Elas saíram e fui fechar a casa para dormir. Último domingo que eu ficaria em paz, eu tinha certeza.

Naquela noite, Ben dormiu comigo, preenchendo o lugar que Jake preenchera na noite anterior. Sonhei com Edward, como era de se esperar. Ele dizia que me amava e eu falava que era tarde, pois carregava um filho de Jake no ventre e estava prestes a me casar com o mesmo. Eu estava vestida de noiva e os sinos começaram a tocar.

Acordei assustada quando o tilintar dos sinos da igreja se transformaram num barulhinho chato de despertador. Como sempre, eu estava sozinha pela manhã. Fiz tudo normalmente, como faria em um dia comum, antes de ir para o prédio da Colcci.

–Olá, em que posso ajudá-la, senhorita? – a recepcionista perguntou-me assim que entrei no prédio destinado às burocracias dos Cullen.

–Eu preciso falar com Alice Cullen, poderia avisar que cheguei?

–Certamente – ela sorriu e pegou o telefone.

A porta da entrada foi novamente aberta e a garota suspirou audivelmente. Eu só esperava que Alice não ouvisse tal gesto, senão eu teria que intervir no emprego de uma desconhecida. Mas assim que a pessoa entrou e passou por nós, percebi o que se passava.

–Bom dia, Tanya – disse Edward parecendo meio desligado do mundo. – Bom dia, Bella. – e foi andando para o elevador sem esperar uma resposta.

–Oi – respondi baixinho. Ele não teria ouvido nem se eu gritasse mesmo!

Mas para a minha surpresa, e da recepcionista, ele parou e virou-se, encarando-me surpreso e confuso. Depois conseguiu andar até nós duas. À essa altura, o telefone já estava no gancho e a garota loira o olhava atônita. Mordi-me de ciúmes, mas tentei não passar essa impressão, enquanto ele me encarava sem dó nem piedade.

–O que faz aqui, Swan? – ele perguntou se encostando ao balcão.

–Alice me mandou vir para cá ontem. Ela foi bem específica em dizer que se eu não aparecesse, ia matar metade da ala feminina da Colcci – lancei essa para assustar um pouquinho a tal Tanya que não desgrudava os olhos de nós. – Fiquei tentada a furar.

–E decidiu não fazê-lo?

Dei de ombros.

–Alice me arrastaria para cá, se eu não viesse com minhas pernas – sorri.

Edward pensou um pouco e, batendo os dedos no balcão como se estivesse em um bar, assentiu fazendo um beicinho adorável e mordível! Mas eu não mordi, claro.

–Verdade – logo ele sorriu. – Eu te levo até ela. Estava indo para lá mesmo. Até mais ver, Tanya – ele falou sem nem mesmo olhar para a loira.

–Até mais, senhor – ela murmurou de volta.

–Obrigada e não precisa avisar a senhorita Cullen – olhei para ela amigavelmente.

Por que eu não tirei aqueles olhos claros das órbitas? Porque ninguém tem culpa de se apaixonar por Edward. Aposto que até um hetero viraria gay se Edward lhe pedisse. Acompanhei o “senhor Cullen” até o elevador e ficamos num silêncio constrangedor por um tempo imensurável, enquanto subíamos até o vigésimo andar.

–Então – ele começou quando estávamos no décimo segundo andar. – Como passou a noite de ontem? Alice demorou um pouco para chegar. Pensei que elas me encontrariam na rua, mas não.

–Para ver como eu sou boazinha com você, mesmo depois de ter feito aquilo comigo.

–Não começa, por favor.

–Começar com o que? A carta não fui eu quem escrevi, senhor Cullen.

–Bella, não nos tratamos assim nunca! Só trato as pessoas com quem negocio coisas.

Tipo o seu corpinho, completei em pensamento e ri baixo. Ele me olhou com interesse, sorrindo.

–Posso participar da piada? Ou Ben não deixaria você falar?

–E quem disse que Ben está aqui? – ri mais. – Ele não gosta de chegar perto de super-modelos. Tem medo de que o contratem ou vendam seus olhos para o mercado negro.

–E qual é a cor dos olhos dele?

–Azul-céu. Morro com ele, um dia! Ah se ele não fosse meu irmão! – eu ri alto depois de suspirar e ele me lançar uma careta.

–Tem coragem de pegar alguém que não existe? – ele me olhou incrédulo.

–Você realmente falou que ele não existe mesmo tendo um galo na cabeça por causa da machadada dele? – imitei sua careta.

–Não estou, não!

Ergui a mão até onde tinha visto Ben “encostar” a madeira e passei os dedos de leve pelos seus cabelos bagunçados, ultrapassando os fios macios e tocando o couro. Ele gemeu baixinho, fechando os olhos apertados de dor. Eu tirei a mão rindo.

–O que dizia sobre o Ben, mesmo?

–Ele que vá com a namorada dele e te deixe em paz – resmungou olhando para o chão.

Assenti rindo. Então lembrei-me de uma questão importante e parei para olhá-lo.

–Você chegou à minha casa ontem como?

–Eu lembrei que você morou lá por um tempo e resolvi tentar a sorte – ele deu de ombros, sorrindo torto.

–Tentando me encontrar, Edward? – dei um sorriso mal-intencionado, brincando.

Antes que ele pudesse responder, o elevador parou e abriu. Ele saiu calado e marchou até uma porta no final do corredor, batendo e chamando Alice.