O Mundo Secreto De Ágatha. escrita por Koda Kill


Capítulo 23
Lei de Murphy


Notas iniciais do capítulo

Oi gente demorei muito? Acho q foi até rápido pros meus padrões kkkkk Mas já que estavam tão curiosos eis me aqui! Bom continuo tentando fazer essa fic dar certo, portanto se vocês tiverem alguma sugestão ou se acharem que estou indo pro lado errado é só dizer. Beijocas e até lá em baixo.



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Mariana conseguiu me convencer e me acalmar um pouco. De modo que eu apenas voltei ao meu modo distante. Ela tentava me animar e até conseguia arrancar de mim boas risadas. Era uma situação estranha, mas não era algo ruim. Era bom ter alguém para conversar e rir de piadas por mais que elas fossem idiotas. A presença dela me deixava mais relaxada, menos tensa. Ela era maior que eu, sou pele era de um tom sutilmente acastanhado e seu cabelo castanho revolto era um engraçado contraste com seu rosto gentil e brincalhão.

Ela não era má pessoa, eu sei. Mas era difícil para mim agir normalmente depois de passar tanto tempo sozinha. Ainda mais agora que eu estava tão... Apalermada. Eu apenas sorria e respondia as suas loucuras. Ela era boa em me animar, muito boa. Eu não havia dito nenhuma mentira quando afirmou que me conhecia. Na verdade há muito tempo atrás éramos melhores amigas. Mas isso foi há muito tempo.

Mesmo assim a sensação era familiar e me trazia conforto. Mariana lanchava em um canto meio escondido da escola, o que não era problema para mim. Esconder-se é comigo mesmo. Ela me apresentou algumas amigas de outras salas, mas eu apenas sorri forçadamente e me mantive distante, apenas escutando. Mesmo assim eu me sentia incluída. Teria sido melhor se Cíntia não tivesse aparecido para infernizar minha vida. As garotas sumiram das minhas vistas, de modo que apenas mariana permaneceu. Viviane carregava meu livro. Então era por isso que ele havia sumido. Suspirei profundamente. O grupinho de cinco vinha saltitante em minha direção.

– Você acha que vai sair ilesa daqui depois daquele seu espetaculosinho na minha festa?

– Me deixa em paz Cíntia. Você fez por merecer. – Augusto gargalhou enquanto ítalo cheirava meu cabelo. Me afastei irritada empurrando-o. Cínica trocava olhares sarcásticos com o grupo, como se compartilhassem de uma piada interna. Letícia puxou minha roupa de maneira nada amistosa. Tentei empurra-la.

– Não lute coleguinha. Ou as coisas podem ficar piores. – Disse Vivianne sussurrando no meu ouvido. Dessa vez eles estavam indo longe demais com isso. O que eles estavam tentando fazer?

Para começar Augusto, que pegara o livro de Vivianne segurava-o bem acima de um isqueiro. Não!

– Parem com isso! – Pedi impotente.

– Ele vai parar sarnentinha. – Disse Cíntia com seus cabelos loiros caídos na frente do rosto. – Assim que você implorar pelo meu perdão... De joelhos. – Ítalo forçou violentamente meus ombros e eu cai batendo os joelhos no chão. Letícia se afastou e ligou a câmera do celular. Como se isso não fosse humilhação suficiente. Meus joelhos protestavam com uma dor intensa pela queda forçada. O garoto gordo segurava meu pescoço para baixo de modo que era difícil até mesmo enxergar o livro. Eu tentava afastar as lagrimas para que Mariana não as visse. Era bom que isso acontecesse em sua frente, assim como nos velhos tempos.

– Eu não vou fazer isso.

– Augusto – Disse Cíntia com um tom autoritário. As chamas lamberam as páginas do livro na minha frente. Meus olhos se encheram de lagrimas até que tudo se tornou apenas um borrão brilhoso. Em um segundo o livro inteiro estava em chamas e logo tudo que restou fora um montinho cinza no chão. Cíntia me puxou pelos cabelos enquanto Ítalo continuava a me segurar. – Você não cansa de ser ridícula garota? Peça desculpas! – Ela gritou. De repente Cíntia tropeçou e caiu para trás com uma cara de espanto e o peso nas minhas costas saiu de repente. Com a minha liberdade repentina meu corpo recuou um pouco. Eu não estava entendendo, ouvia barulhos estranhos.

Ítalo caiu ao meu lado e pude ver Augusto correndo em direção à algo atrás de mim. Mariana me ajudou a levantar e eu simplesmente não pude acreditar no que estava acontecendo. Se me dissessem para adivinhar quem estava ali me salvando dos meus carrascos eu nunca acertaria. Meu irmão desferia socos com uma cara assassina. Mas eu não entendia. Ele jogou Augusto para longe e limpou o sangue da própria boca.

– Deem o fora pirralhos esquisitos. E é melhor não contar isso pra ninguém! – Disse em um tom ameaçador.

– Mariana, pode me deixar a sós com meu irmão um segundo? – Ela assentiu e saiu apressada. Ele apenas tentava retomar o ritmo normal da respiração. Por longos segundos não soube o que falar. – Porque fez isso? – Perguntei com a voz falhando.

– É isso que acontecia quando você “perdia” o livro? – Perguntou sem me encarar.

– Porque você fez isso? – Repeti apenas.

– Porque você nunca me contou? – Ele me olhou preocupado. Ótimo ninguém respondia nada ali!

– Porque eu nunca te contei? Porque eu contaria?! Tudo o que você faz é me encher o saco e me humilhar! Você acha que é diferente deles? Porque fez isso? Não aja como se se importasse! Você gosta de ficar me iludindo pra depois pisar em mim ? Você é um doente! – Explodi em cima dele, desferindo-lhe golpes a esmo conforme me exaltava.

– Rubi... – Disse me chamando pelo apelido que ele havia me dado quando ainda éramos criancinhas inocentes. Ele dizia que eu era uma joia preciosa que ele havia recebido de presente para cuidar. Ele dizia que me protegeria de tudo e de todos e me chamava assim para se lembrar disso. Para lembrar do seu presentinho de cabelos ruivos que ele segurava nos braços quando eu era um bebe. Mas isso se perdeu no tempo por algum motivo. Eu não era mais Rubi, era a esquisitona, a bruxa...

– Não me chame assim! – Pedi sem forças. – Pare de fingir que é o meu irmão mais velho! Meu irmão morreu há muito tempo atrás! – Ele me encarou magoado. Era a primeira vez em muito tempo que eu via ele baixar a guarda, demonstrando algum tipo de sentimento por mim. Na maior parte do tempo ele se fingia de intocável e de superior e sempre me menosprezava. Seus olhos ficaram molhados e vermelhos.

–Rubi não diga isso... – Ele desviou o olhar. - Estou aqui te protegendo não estou?

– Agora não adianta mais Jules... – Respondi chamando-o pelo seu apelido, também há muito perdido. – A gente já era. – Corri para o banheiro onde me tranquei e chorei até o final das aulas. Eu só queria que me amasse. Demonstrasse que se importa com os meus sentimentos. Queria que ele parasse de pensar apenas em si mesmo e olhasse para a irmãzinha dele de vez em quando. Eu ainda estava aqui, ainda existia. Mariana tentou me convencer de sair do box. Mas eu não consegui. Mesmo assim ela ficou lá conversando comigo e me emprestou seu celular de novo. Mesmo assim Dante não me atendeu de novo. Finalmente sai de dentro daquele cubículo apertado e chorei novamente enquanto Mariana me abraçava. Parecia que depois de tanto tempo nada havia mudado. Pena que aqueles tempos não eram melhores que esses. Passei 20 minutos na pia, esperando as malditas se acalmarem depois que eu parei de chorar. Quando elas já haviam voltado ao normal, juntamente com meu nariz e meus olhos todos já haviam ido embora. Sai relutante do banheiro, juntei minhas coisas na sala e fui embora do colégio. Jules tentou me alcançar mas eu o despistei. Não queria falar com ele agora.

Meus pés me levaram até o apartamento de Dante e lá estava eu tocando sua campainha. Novamente ninguém atendeu. Minha preocupação apenas aumentava conforme o tempo passava. Eu só queria ve-lo e queria que ele dissesse que tudo ficaria bem, mesmo que eu não acreditasse nisso. Encarei a porta de madeira pensando se ele estaria mesmo vivo. Tentei escutar qualquer barulho de dentro do apartamento, mas tudo estava silencioso.

Tentei abrir a porta, mas eu estava com medo demais para alcançar a maçaneta. Não estava preparada. Não estava preparada caso ele não estivesse vivo. Não podia. Ele tinha me prometido afinal. Segurei o trinco de ferro e girei. A porta estava aberta. Por favor Dante... Entrei devagar. Não havia nem sinal dele por ali. Eu andava devagar, tentando não fazer barulho e não ver nada que... Não ver ele... Tentei a cozinha mas não havia ninguém apenas seu celular abandonado com milhares de ligações perdidas. Ninguém na sala também. Apenas o cachorro veio me ver. Eu fiquei apavorada, mas apenas fiquei estática até ele parar de me cheirar e ir deitar em cima do sofá.

Me aproximei do quarto de Dante e meus pés grudaram no chão. Eu estava suando frio novamente e com o coração tentando sair pela boca. Eu só queria que ele estivesse ali. Dormindo, bem. Respirei fundo e contei até dez, então comecei a abrir a porta devagar. Também não estava ali, nem no banheiro. Será que ele não estava em casa afinal? O que aconteceu com ele? Então me dei conta de que ainda faltava uma porta. Aquela de madeira antiga, com as lasquinhas de tinta. Devia ser seu ateliê pelo que a senhora havia me dito aquele dia.

A porta como sempre estava entreaberta e um ar frio saia dela. Um frio na barriga quase me fez botar o meu café da manhã para fora. Se o ar condicionado estava ligado, ele estava ali. Fosse como fosse estava ali. Vivo ou... Comecei a chorar silenciosamente e a tremer de maneira descontrolada. Dante eu devia ter dito tanta coisa... Empurrei a porta devagar, mas antes que pudesse ver algo fechei os olhos. Eu não consigo... Não consigo olhar. Respirei fundo e contei até vinte. Resolvi abrir os olhos de uma vez, assim não poderia voltar atrás. Tentei contar até 3 e não funcionou. Tentei contar até vinte e mesmo assim não funcionou. Então com um sopro de coragem abri os olhos e meu coração gelou ao distinguir a pele dele no escuro. A sala era iluminada apenas por uma fraca vela, quase em extinção.

Por um milésimo de segundo pensei que fosse desmaiar, mas então eu vi. Eu vi a pele se mexer. Vi seus braços se movimentando e a pele das suas costas se movimentando. Eu não podia acreditar. Ele estava... Vivo! Mas ainda não havia percebido minha presença. Estava absorto em sua pintura então apenas me encostei na parede aliviada e com lágrimas de felicidade escorrendo por minhas bochechas. Minha voz tinha sumido, não conseguia nem pronunciar seu nome. Depois de algumas tentativas uma voz rouca e rasgada saiu da minha garganta.

– Dante... – Chamei. O pincel parou no ar. Ele ficou imóvel, tenso. Eu não conseguia parar de sorrir. – Dante. – Chamei-o mais uma vez. Ele inclinou a cabeça na minha direção e seus olhos tempestuoso me encararam incrédulos.

– O que você está fazendo aqui?! – Ele gritou irritado vindo na minha direção. – Não pode ficar aqui. Não pode ver nada disso. Vá embora! – Me encolhi com seus gritos repentinos, mas não me mexi. – Isso é invasão de propriedade privada!! Vou chamar a polícia! – Ele andou em círculos pelo quarto furioso. – Você não pode estar aqui! Não pode ver essas coisas ridículas. – Ele começou a jogar seus quadros no chão e apesar de serem apenas quadrados de madeira faziam um barulho e tanto.

– Eu só estava preocupada com você! – Eu olhava para meus próprios pés, encolhida na parede enquanto tentava me justificar em um tom quase inaudível. – Você não atende minhas ligações, não atende a porta e não vai mais para a escola. – Conforme eu ia criando coragem minha voz ia aumentando o volume. – Eu achei que...! – Parei de supetão quando meus olhos cruzaram os dele. Foi como se eu tivesse levado um choque. – Eu achei que você tinha feito alguma besteira, como naquele dia. – Eu tentava conter as lagrimas, mas não conseguia. Por alguns instantes eu não pude ver nada com minha visão totalmente embaçada. Quando desisti de impedi-las pude ver novamente seu rosto confuso.

– Você achou que... – Ele tentava ligar os pontos, mas não parecia acreditar nas próprias palavras. – Ah Ágatha, você não entende nada. – Ele me olhou com o semblante derrotado.

– Dante, eu sei que tenho sido uma idiota com você, mas por favor não me deixa agora. – Eu cheguei mais perto dele e estendi minha mão para tocar seu rosto, mas ele desviou. Seus olhos estavam mareados. – Eu estou me esforçando! – Eu não entendia. O que eu estava fazendo de errado? Ele não podia simplesmente me abraçar?

– Eu fiquei tão magoado e envergonhado Ágatha. Eu não estava pronto pra te contar. – Parecia uma fala ensaiada, como se ele estivesse divagando as mesmas coisas sem parar. – Eu não estava pronto.

– Está tudo bem Dante, nós podemos dar um jeito. – Ele balançou a cabeça negativamente e tentou limpar as lagrimas de costas para mim.

– É melhor você ir embora.

– Você me disse aquele dia... Que você só queria ficar perto de mim. – Falei de maneira entrecortada tentando parar os soluços e trôpegos na minha voz. – Não quer mais? – O quarto ficou silencioso enquanto eu esperava sua resposta.

– Ágatha. – Sua voz embargada o denunciava. – É melhor você ir pra casa. – Era oficial. Eu estava em pedaços. Dante estava partindo meu coração em milhões de pedacinhos e no fundo eu sei que sou culpada disso. Tentei levantar a cabeça e limpar as lágrimas. Queria tocar sua pele e beijar seu rosto. Mas ele não me queria ali. Então juntei meus cacos do chão e me virei para a porta. Deixar aquele apartamento foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz. Meu coração me dizia que Dante estava saindo da minha vida, entretanto eu relutava em acreditar.

Parecia que as coisas nunca poderiam voltar ao normal. Que estava tudo quebrado e desconexo. Naquele dia não voltei para casa. Não tinha nenhum lugar pra ir. Nenhum lugar que eu conhecesse onde eu poderia ficar sozinha e chorar sem que ninguém me importunasse. Então mandei uma mensagem para Jotta.

“Se eu te pedir uma coisa, você faz?” – Era uma mensagem estranha, eu sei. Porém não havia muito que eu pudesse fazer.

“Se estiver ao meu alcance” – Ótimo. Isso é tudo que eu precisava ouvir.

“Preciso muito da sua ajuda e preciso dela sem perguntas.”

“Tudo bem Ágatha, do que você precisa?” – A mensagem me pareceu meio impaciente e me perguntei se não o estaria importunando com minhas idiotices.

“Você poderia me arranjar um lugar onde eu pudesse ficar sozinha? Onde ninguém fosse me perturbar? Eu não estou bem Jotta...”

“Onde você está?” – Assim em poucos minutos Jotta e seu carro “capenga” apareceram para me resgatar. Ele me levou para o seu apartamento, apesar de eu insistir em recusar pois o estaria incomodando ele me arrastou para lá. Disse que eu poderia ficar à vontade em seu quarto e que ninguém me perturbaria ali. Ele disse também que ficaria na sala e que qualquer coisa que eu precisasse era só chamar. Acabei passando o resto do dia encolhida em cima de sua cama. Cochilei algumas vezes, mas sempre acordava devido à algum pesadelo. Estava magoada, com o coração partido e furiosa. Depois de tanta preocupação ele simplesmente não se importou com isso ou em me mandar uma mensagem, ou até mesmo responder alguma das minhas ligações. Nem que fosse pra dizer para eu sumir.

Muito tempo havia se passado quando Jotta entrou no quarto de novo. Eu apenas cobri meus olhos pela claridade repentina. Ele se deitou ao meu lado em silencio, como se não soubesse ao certo o que dizer.

– Você quer... Conversar agora? – Fiz que não com a cabeça e me aconcheguei à ele, aproveitando seu perfume e o calorzinho que saia do seu corpo como um pequeno aquecedor. Ele apenas ficou ali, em silencio me abraçando. Mesmo quando recomecei a chorar. Depois ele saiu e me trouxe comida. Não percebi que estava faminta, até dar a primeira mordida. Algumas horas haviam se passado quando ele voltou a falar. – Você deveria ir pra casa Ágatha. Seus pais devem estar preocupados.

– Desculpa estar incomodando você. – Falei ainda fungando. Ele sorriu e afagou minhas costas.

– Está tudo bem. Eu gosto de ficar com você. – Dei um sorrisinho tímido. Ficamos ali por mais um tempo até que eu pedi que ele me deixasse em casa. Já era noite e meu pai estava furioso. Eu disse que havia passado o dia na casa da Mariana e esqueci de avisar e ele engoliu. Depois de alguns minutos brigando comigo fui para o meu quarto e dormi quase instantaneamente.


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Notas finais do capítulo

E entãããããão?



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