O passado não reconhece o seu lugar: Está sempre presente.

Mario Quintana

Pov. Amy

Abri os olhos, minha visão turva, esfreguei os olhos bocejei, olhei para o despertador roxo em formato de panda ao lado da minha cama; a aula já havia começado a duas horas. Decidi dormir mais, rolei na cama inquieta, bufei e me levantei.

Espirrei, “ah droga, e realmente uma gripe”, pensei indo em direção ao banheiro, olhei-me no espelho, havia pequenas e claras olheiras nos meus olhos, meu nariz vermelho e olhar cansado. Fiz minha higiene demoradamente.

Desci as escadas, fui direto para a cozinha, olhei para geladeira ao entrar (local onde sempre colocamos os recados), de novo a letra elegante da minha mãe me chamou a atenção, sorri, ela sempre estava preocupada, de certa forma isso era fofo.

Queridos Amy & Ethan,

Amy, se precisar de algo, não deixe de vir ao hospital ou pedir ao Ethan para te trazer até aqui.

E você Ethan, espero que tenha dormido bem, tem um mapa na mesa de centro na sala, indicando as rotas mais fáceis para cartórios e lojas de presentes (caso queira alguma lembrança de New Ville para sua mãe).

Mamãe/Susan.

–Ainda colocam recados na geladeira? – Ethan chegou de surpresa, me assustando.

–Sim, e meio que um costume, tem um para você. –respondi sorrindo.

–Desculpe, não foi minha intenção assusta-la. - Percebi o que ele vestia e sorri, ele estava com uma calça jeans escura, com uma camisa azul, casaco de couro preto sapatos brilhando e um cachecol cinza, mas seu cabelo estava bagunçado como sempre. Ele pegou o bilhete e sorriu.

–Por que está faltando à aula hoje mocinha? –ele questionou abrindo a geladeira, Ethan era da família, então não havia necessidade dessas formalidades, e mesmo que não fosse. Ele era folgado.

–Estou gripada Ethan, indisposta, nariz escorrendo, fanha e por isso não me incomode! –Eu brinquei.

–Calma! As garotas da Índia não são assim! –ele sorriu, pegando suco da geladeira, despejando um pouco no copo e bebericando.

–Acho que vou tomar um banho! –eu disse, me levantando.

–Nada disso garotinha, precisa comer antes. E depois se deite, enquanto dorme, seu corpo trabalha melhor para se curar! Vou sair, preciso cuidar de umas burocracias pendentes... Viu como eu sou importante! –ele sorriu piscando para mim.

–Tudo bem. É incrível, como vocês pais nunca vêm que não somos mais bebês. –Eu falei sem pensar.

–Ah e porque queremos defende-los! –ele sorriu se virando, mas antes de sair da cozinha me olhou alegremente. - E isso que nós pais, fazemos! Biológicos, adotivos, ou agregados. –ele piscou e se foi levando consigo o mapa.

Fiquei sorrindo feito uma boba, bebi um pouco de suco e subi. Entrei no meu quarto, ele estava um pouco bagunçado, coloquei algumas coisas no seu devido lugar, livros nas prateleiras, computador na escrivaninha e abri as janelas, o dia estava frio como sempre.

Tomei um banho demorado, deixando a agua quente fazer sua magica, lavei meus cabelos, os enxaguei e sai. Enrolada em minha toalha sequei meus cabelos com o secador, assoviando alegremente uma canção que não saía da cabeça.

Optei por algo mais confortável, um short de malha, e uma camiseta, ambos pretos. Arrumei minha cama devagar. Peguei o livro que estava lendo na noite passada e me joguei na cama, o livro era realmente envolvente, Chloe Wherlocke era realmente bem safadinha, mas quando se trata de Julian Kenwood...

Li um pouco, mas queria guardar aquela historia para mais tarde. Desci as escadas em direção à cozinha. Olhei para o relógio em cima da mesa, já estava quase na hora do almoço, imaginei que ocupando minha cabeça com um pouco de culinária, me sentiria melhor.

Peguei o telefone da cozinha e liguei para Ethan.

–Tio?

–Amy? Olá querida. Aconteceu alguma coisa? –Ele perguntou preocupado, eu sorri.

–Não, só queria saber se virá almoçar comigo? –questionei inocentemente.

–Claro Amy! Mas faça algo bem gostoso, estou morto de saudades do seu tempero. –Ele brincou. Da ultima vez que ele esteve aqui eu me fiz de teimosa e disse que iria cozinhar. Minha mãe quase enfartou quando eu acidentalmente fiz com que o frango ficasse absolutamente queimado, Ethan riu tanto que eu fiz com ele comece um bom pedaço.

–Te garanto Ethan Lewis, que você vai se apaixonar pela minha comida! –eu apostei.

–Veremos, tem duas horas para fazer algo! Tenho que desligar é a minha vez. –Eu esperei até que ele desligasse e comecei a pensar no que fazer para ele.

Fui até o andar de cima buscar meu computador, levei para cozinha, abri minha ferramenta de buscas, o plano de fundo era uma foto comigo, Angel e Matt, não havia como cozinhar com aquilo, busquei rapidamente nos meus arquivos uma foto qualquer, coloquei uma foto do Crepúsculo, o que me trouxe uma tristeza antiga, mas eu a deixei de lado.

Achei alguns sites interessantes logo depois da minha pesquisa peculiar “receitas+fáceis+impressionantes”, eu ri por alguns segundos, mas logo depois comecei a tratar o assunto como uma operação do FBI.

O site que mais me chamou atenção (muito mais pelo seu layout fofo) foi o: Tuas Receitas, logo que abri vi varias imagens de comidas que pareciam deliciosas, mas pela minha gripe, não me senti atraída por nada, então optei por fazer massas... Achei uma receita que parecia promissora. Spaghetti ao pesto de manjericão.

Os ingredientes eram simples, por sorte minha mãe tinha comprado manjericão há três dias, esperava que aquilo se encaixe como “fresco”, amêndoas eu não tinha, então resolvi fazer sem.

Para começar dizia para bater com o mixer o manjericão, as amêndoas (que ficariam para outro dia) azeite extra virgem, queijo parmesão ralado, dois dentes de alho, segui tudo direitinho. Experimentei, mas estava meio sem gosto, então caprichei no sal... Será que a receita tinha sal?

Depois era só cozinhar, em cinco litros (será que era tudo isso mesmo?) de água, com um fio de óleo e sal... Bem era aqui que vinha o sal, mas achei que não haveria problemas, 500g de spaghetti... Assim que estava al-dente escorri a massa, reservei a água do cozimento, passei por água fria e misturei uma colher de sopa de manteiga.

Sorri ao ver que tudo estava aparentemente gostoso, levei meu netbook para meu quarto e voltei para meu livro, A Vidente entrava em momentos de conflito, li avidamente algumas paginas até que a ouvi o barulho estridente da campainha. Desci preguiçosamente as escadas.

Abri a porta e Ethan parecia levemente cansado, eu sorri para ele que retribuiu. Ele subiu para se aprontar para o almoço, enquanto isso eu coloquei a mesa, peguei um suco de melancia que parecia estar bom e o servi.

–Então... Vamos ver como isso está?! –Ethan sorriu se sentando na cadeira a minha frente.

Ele pegou uma porção pequena de macarrão para experimentar, ele olhou por algum tempo para o prato, deu de ombros e colocou a primeira garfada na boca, seus olhos marejaram e suas bochechas coraram quando ele mastigou, mas de repente ele começou a tossir e saltou da cadeira, bebeu o suco de melancia diretamente da jarra, e quando terminou sentou-se exausto na cadeira.

–Amy, você colocou todo o sal do mar no macarrão? – Ele perguntou rindo, eu fechei a cara.

–Não está tão ruim assim! –eu disse pegando um pouco do meu prato. – Para mim está absolutamente bom, na verdade até meio sem gosto!

–Ahh saquei, você está com o nariz entupido, não sente o gosto direito, não coma mais, seu paladar, pode não sentir, mas seu corpo sim! Acho que vou preparar alguma coisa, que tal um bolo de macarrão?

–Bolo tio? –ergui uma sobrancelha.

–Espere e verá! Vá ver TV ou alguma coisa do gênero, é um segredo de família! –Ele sorriu, esticando as mangas de sua camisa.

Segui para sala, me deitei no sofá e liguei a televisão, passando pelos canais de documentários, tentando achar alguma coisa interessante, parei num canal, pois o próximo documentário seria “Desenhistas, Escritores e outros Artista”, mas o atual era chamado de “Lendas Americanas”.

–“Numa pequena cidade da Península Olímpica, mais especificamente na cidade de Forks, existem lendas sobre homens que se transformam em lobos e seres sanguinários que atualmente seriam comparados com nossos vampiros...” – Aumentei o volume da TV me interessando.

–“Mas essa continuação, veremos no dia 16, as 14:15 da tarde... Não percam.” Peguei um bloquinho de papel que ficava ao lado do sofá sobre a mesinha e anotei “Lendas de Forks”, o programa seguinte começou e eu assisti atentamente até Ethan me chamar para almoçar, mesmo sendo quase três da tarde

Experimentei o bolo que não parecia estar ruim, “almoçamos” em silencio e ele me ajudou com a louça, Ethan era um homem com um espirito muito bom, trabalhava salvando vidas desde sua formatura, e depois que meu pai morreu acabou se tornando um grande amigo da família, de acordo com ele uma noite antes do meu pai morrer ele pediu ao Ethan para que cuidasse de nós caso algum dia ele nos faltasse e exatamente o que ele faz até hoje.

Sentamos juntos no sofá, eu vi meu documentário e ele olhava sua pasta cheia de papeis.

–Princesinha me perdoe, mas tenho que sair novamente acabei deixando esses documentos sem resolver alguns problemas, nem acredito, isso vai levar a tarde todo! Tenho que ir. –Ethan suspirou ao perceber que alguns papeis em sua pasta não haviam sido resolvidos.

Ele se levantou pegando seu casaco e saiu com a promessa de voltar a tempo para o jantar. Alguns minutos depois alguém bate na porta.

–Ethan e muito distraído deve ter deixado algo para trás de novo.

Eu abri a porta e tomei um susto ao ver quatro sorrisos brilhantes e conhecidos para mim.