Fechei os olhos e o apertei mais ainda. Mas logo, perdi a força devido a meu súbito tremor e as borboletas loucas em meu estomago... Seria certo? Nos encontramos apenas algumas vezes, não tinham razoes nem certezas. Depois desse tempo, claro que as palavras dele me machucaram. Mas será que a cicatriz estava no ponto de se apagar? Eu não sabia de nada. Sete anos se passaram em minha cabeça rapidamente, como um filme em fast preview.

 Lembrei de Ron. Ele sabia que não daríamos certo mais, que estávamos sendo apenas bons amigos. E Harry? Ele não disse que me apoiaria assim como Gina? Mas... Por que eu estava pensando tanto? Draco não tinha pensado muito antes de falar aquilo. Tinha sinceridade em suas palavras. Devido a minha demora senti-o amolecer e seu corpo antes quente começar a esfriar, seus lábios deposidados no alto de minha testa tornarem-se rígidos. Ele havia interpretado mau o meu silencio.

 -Eu não queria que ficasse assim. –ele me soltou de uma vez –Se não quiser, eu posso...
 

-Se eu não quiser?! Mas... Eu quero! –falei quase num impulso – Eu esperei todo esse tempo! Eu não sabia quem, mas sabia que algo tinha em você... Agora tenho certeza! Eu vou ser sua namorada.
 

Ao ouvir atentamente aquilo, puxou-me para um longo beijo. Primeiro, os lábios macios provando os meus. Depois, quando já estava com as mãos em minha nuca, entrelaçando meu cabelo, levou a língua para dentro fazendo movimentos suaves e ao mesmo tempo enlouquecedores. Minhas mãos que ate este momento havia deixado bambas, correram ao encontro de seus ombros, para poder sentir melhor aquele momento gostoso. Estavamos entretidos naquilo, dando nosso melhor, saboreando, que nem ouvimos quando a porta se abriu. Apenas ouvimos  um forte estralo dela se fechando.
 

-Pombinhos, já terminaram? –Filch nos encarava serio com a gata nos braços.
 

-Filch... –comecei balbuciando e gaguejando – Na verdade... Não...
 

-Eu já entendi tudo. –disse amargamente. –Venham comigo! –disse em quase um grito.
 

Não hesitamos. Fomos imediatamente. Ah, maldito! Estragou um momento tão bom... Como ele sempre sabia onde tinham os alunos mais bem escondidos? Em todos os cantos do castelo, todos os minutos... E aquela gata sempre com o olhar acusador, como se ela denunciasse. Fui pensando sobre isso e amaldiçoando-o mentalmente o caminho todo enquanto ele resmungava e Draco segurava minha mão, tranquilamente, como acostumado com situações assim.

Chegamos ate um lugar com escadas levando para um lugar escuro e frio, como masmorras.
 

-Que lugar é esse? –Draco perguntou, assustado.
 

-As masmorras de cada casa não estão seguras, nem usáveis. Alunos ficam aqui enquanto resolvemos isso. CALEM A BOCA! –gritou. –E entrem logo!
 

-Vai nos deixar aqui a noite toda, simplesmente? –rebateu.
 

-Não, vou levá-los para Narnia e dar um passeio de capricórnio com vocês... Mas claro que sim!
 

Áh, que velho abusado!
 

-Você não tem autoridade para isso! E é uma coisa terrível!             
 

-Como se já não tivesse acostumada com isso, Granjer... –murmurou – Eu não tinha, agora tenho. Não vou acordar madame McGonagall para isso!
 

Sem opção, entramos. Era mesmo bem escuro, frio, macabro. Ele nos trancou. Quando a porta bateu-se fortemente em um estrondo, assustei. Agarrei-me a Draco, com a cabeça em seu peito e os olhos fechados e bem apertados.
 

-Velho careca miserável. –resmungou.  
 
   DRACO P.O.V

  

Trancados em uma masmorra, sozinhos, de madrugada, com frio. Isso na visão de alguém normal. No nosso ponto de vista seria isolados em um quartinho, sozinhos, em um momento perfeito no escuro. Alguns minutos depois, o clima esquentou entre mim e Hermione. Nos beijávamos a um tempo indeterminado, como dois loucos apaixonados. Eu era louco apaixonado! Desde o primeiro ano! 

 Quando comecei a querer levantar a blusa de seu pijama, ela hesitou e recuou.

 -Desculpa. –disse.
 

-Não, tudo bem... –respondi procurando-a no escuro.

 Encontrei seu braço e ela sentou em meu colo, no chão. Eu a segurava como um bebe, e fazia carinho em seus cabelos cacheados. Ela estava tão quieta que eu achei que tinha dormido. Deve ser encantadora enquanto dorme! Mas estava um breu, não enxergava nada...
 

-O que vai acontecer com a gente agora? –falou finalmente quebrando o silencio.

 -Acho que a Minerva vai chamar a gente logo pela manha, nos dar uma bronca daquelas, citar as regras uma por uma, nos dar trabalhos para fazer e ficar enchendo o saco.

 -Não expulsaria?

 -Estamos nas ultimas semanas de aula do ultimo ano... –ri.

 Ela suspirou e gemeu baixinho.

 -O que foi?
 

-Ultimas semanas... –ela repetiu minhas palavras.
 

-E o que que tem?

 -Nao vamos nos ver mais! –ela levantou-se.

 Como assim? Ela iria ficar com os amiguinhos dela? Voltar ao mundo trouxa?
 

-Como assim? Claro que vamos!

 -Draco, como? Eu que pergunto, como?
 

-Olha... Você não vai voltar ao mundo trouxa, não é?
 

-Eu não sei... O que eu vou fazer... Agora.

 Fiquei calado por alguns segundos. Respirei lentamente.

 -Seja o que você decidir, eu vou estar junto com você. Em todos os momentos. –segurei suas mãos firme.
 

-Mesmo se eu voltar pra Londres normal?    

 -Normal?
 -Trouxa... –ela corrigiu.
 

-Todos os momentos...
 

Selou-me os lábios. Logo, adormecemos um abraçado ao outro. Acordamos com o estralo da porta rangendo e a luz penetrando a sala.
 

Vi que Mione também já havia despertado.
 

-Senhor Malfoy e senhorita Granjer! –a voz de Minerva penetrou nossos ouvidos. –Na minha sala já!

 Levantamos-nos em silencio e fomos. Mione vestiu seu roupão de seda e pegou minha Mao procurando segurança.