A Fúria De Hades escrita por Andressa Picciano, Milena Buril
Não posso falar que tudo começou de repente porque estaria mentindo descaradamente. Isso veio comigo desde o dia em que eu nasci, está em meu sangue e mesmo que tenha demorado até que eu percebesse, sempre esteve comigo. Mas simplesmente um dia qualquer resolveu vir à tona.
Voltar da escola é um caminho relativamente fácil. Porém nesse dia parece que o universo simplesmente resolveu conspirar contra mim.
Perto da quadra de minha casa, vi um carro de policia derrapando em minha frente, atrapalhando qualquer tentativa de passar. Olhei em volta e vi o caos que aquilo estava formando. Por um momento parei para pensar o que estava acontecendo e porque sentia a adrenalina correndo forte em minhas veias.
Um policial alto, forte, de cabelos grisalhos e arma em punhos, saiu brutalmente do carro. Senti um calafrio percorrer todo o meu corpo quando vi seus horripilantes olhos vermelhos me fitando de forma desafiadora. Nessa hora tive uma certeza: algo nele não era mortal. Para colaborar com a cena sinistra, raios começavam a riscar o céu, que parecia prestes a desabar. Tentei prosseguir.
– Ei, Samantha – Disse o policial. senti meu coração pulsando forte, e meu sangue se tornou gelado. Mas tentei não demonstrar. - Você não pode passar por ai, vai ter de dar a volta pelo outro quarteirão mocinha.
– Hã... – tentei buscas as palavras. – Mas eu moro logo ali. O que está acontecendo? – tentei não soar amedrontada, mas digamos que em uma situação como essas, não é nada fácil disfarçar o tremor em sua voz.
– Nada que você precise se intrometer querida. – disse o policial com um estranho sorriso nascendo em seus lábios. – Mas não pode passar por aqui.
– Mas eu ACHO – soei mais grossa do que o esperado -, que esse tal “chamado urgente “ não vai tirar a fome que eu estou sentindo nem irá me levar pra casa mais rápido. Acho que não vou te atrapalhar se der a volta pelo carro – eu disse enquanto andava. – Assim.
Bati o pé e dei meia volta. Mas mesmo ao me afastar do local e virar na rua de minha casa, estranhamente sentia que o policial ainda me observava. Mas tentei afastar esse estranho pensamento.
A chuva começava a cair e eu tentei correr. As poucas pessoas na rua se recolheram apressadas para suas casas e outras correram rua abaixo parecendo assustadas com a chuva que piorava repentinamente.
Senti uma dor excruciante no braço e deixei uns livros caírem, os recolhi rapidamente e corri o quanto pude. Sem nenhuma razão aparente minha cabeça começou a rodar como se tudo fosse um sonho.
Parei de repente com aquela dor que percorria meu ombro na velocidade de um raio. A chuva estava forte. Minha visão estava turva, mas consegui ver a parte de trás do meu ombro e num sobressalto vi um... Espinho? Estaca? Não sabia do que se tratava, mas escorria um líquido verde e muito sangue. Não parecia ser fundo demais então puxei e a dor parecia consumir meu corpo lentamente, então desmaiei e a última coisa que me lembro de ter visto foi do rosto familiar do policial maníaco me olhando que, entre um sorriso malicioso me dizia:
– Eu não lhe disse para dar meia volta meio-sangue?
Então tudo ficou preto.
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