–O que você esta escondendo Cameron Briel?

Cam hesitou. Respirou fundo e tentou manter a calma.

-Vai falar com o Daniel? –Lucinda riu com aquilo, o que deixou Cam mais nervoso.

-Claro que vou. Ele é meu amigo e... Merece saber a verdade.

-Não concordo. –Fez um bico e Luce virou os olhos.

-Larga de ser ciumento. Sabe que eu te amo. –Ficou nas pontas dos pés e deu um selinho nele. –Não vou demorar, prometo.

Luce saiu do quarto correndo. Primeiro resolveu visitar a Molly, pois sabia que seria mais fácil falar com a amiga. Mas o que ela iria falar afinal? “Oi, eu acho você muito legal, mas vou fugir com o amor da minha vida e provavelmente nós nunca vamos nos ver de novo. Tchau.”

Ou o que ela iria dizer a Daniel? “Oi, foi bom o tempo que passamos juntos, mas... Não rolou. Eu vou fugir com o Cam, meu único e verdadeiro amor. Espero que você supere e até algum dia. Ah esquece, talvez eu nunca vá te ver de novo, mas enfim... Espero que não fique chateado... E Cam esta me esperando, até mais coleginha.”

-Ai meu deus... Eu pensei que fosse mais fácil. –Disse para si mesma. –O que eu faço?

-O que seria mais fácil? –A voz era completamente reconhecível para os ouvidos de Luce. Daniel. A única pessoa que ela não desejava ver neste momento.

-Daniel... –Lucinda engoliu em seco.

-Bem, costumam me chamar assim. –Sorriu mostrando os dentes perfeitamente alinhados e brancos.

-Eu precisava falar com você... –Suspirou. –Mas não tenho certeza se consigo.

-O que foi? Há algo errado? –Perguntou preocupado. –Alguém fez algo a você?

Luce estremeceu de raiva. Pois ela sabia que quando Daniel perguntou isso, referia-se a Cam. Mas o que ele não sabia é que Cam nunca a machucaria. Pelo contrario, ele sempre esteve ao lado dela, cuidando quando mais precisava, em todos os reformatórios que ficaram juntos. Daniel não tinha o direito de julga-ló.

-Não. E pare de falar como se ele fosse a pior pessoa do mundo.

-Ele não é uma pessoa. –Daniel balançou a cabeça ligeiramente. –Você não entende o que...

-Pelo que eu saiba Daniel, você também não é. –Lucinda o cortou, ríspida.

–Você só esta falando isso porque esta...

–Não julgue o que eu estou ou deixo de estar. E alem disso, vou fugir desse lugar com ele. Queria te avisar como uma amiga, mas você não consegue aceitar que eu não gosto mais de você. –Arrependeu de dizer as palavras, mas continuou firme.

–Você o que? –Falou intrigado. –Luce, você não pode... Quer dizer... E nós? E o que vai acontecer com todo esse tempo que passamos vidas e vidas se amando. Nossa historia vai simplesmente morrer?

–Daniel, não se iluda. Pelo que eu saiba te desprezei por mais de não sei quantos milênios. –Daniel estava com uma expressão difícil de traduzir. Seria raiva? Angustia ou até alivio?

–Você finalmente quebrou a maldição. Achei que era para ficarmos juntos. –Lucinda se aproximou e o abraçou.

–A maldição me libertou Daniel. –Sussurrou. –Não quero viver o meu conto de fadas com você. Desculpe-me. Gostaria que fosse diferente. Realmente quero que se liberte também. O romance que um dia poderia nascer, morreu. Você não pode amar alguém que não sente o mesmo por você pelo resto da vida. Seja feliz. –Essa foi a ultima palavra que ela queria ter dito.

Lucinda começou a se distanciar, mas Daniel puxou seu braço.

–Eu te amo Luce. –Começou a sorrir. Um sorriso sincero e triste. –Seja feliz. –E foi a ultima palavra que conseguiram trocar. Luce se distanciou para alcançar seu destino. Daniel foi a direção contraria, para quebrar a sua maldição.

A garota de cabelos curtos foi procurar Molly, mas quando chegou no quarto da amiga, viu-a chorando.

–O que foi? –Luce perguntou desesperada.

–Cam me contou. –Molly soluçou. –Vou sentir sua falta. –Chorou mais.

Essa era a primeira vez que Luce a viu chorar. Não sabia que Molly algum dia faria isso. A garota, que na verdade era um anjo caído-demônio, parecia ser sempre tão forte.

–Vamos nos ver de novo, né? –Deu de ombros. –Quero conhecer essa coisinha. –Molly apontou para a barriga de Luce. Por incrível que pareça, “coisinha” era um apelido carinhoso vindo de Molly.

–Acho que sim. –Luce não sabia, mas queria muito. –Afinal, você pode sair daqui quando quiser né?

–Sim. Mas por incrível que pareça, meio que tornou meu lar. –Suspirou.

A despedida com Molly foi algo inesperado. E inesquecível! Quando foram se abraçar, até Luce chorou. Mas no fim, foi de encontro com seu amor.

–Vamos? –Disse Cam com aquele sorriso relaxado.

–Preciso me livrar disso. –Lucinda apontou para a pulseira que tinha um rastreador nela. Cam fez um rápido movimento que quebrou ela em três pedaços.

–Disso o que? –Riu. Ele deu um beijo carinhoso em Luce, deixando-a perdidamente apaixonada a cada segundo mais. Mas como evitar? Um amor como esses, estava destinado a acontecer.

E então, de mãos dadas eles caminharam.

Em direção ao futuro.

Em direção ao destino.

Em rumo ao amor.