Metamorfose escrita por In the opposite


Capítulo 2
O encontro




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–Você me deixou, como um dia eu confiei em você, Danielle? Olhei para os lados procurando o dono da voz mas só via escuro, trevas.
– Você me deixou, Danielle! - a voz tendia a aproximar-se de mim. Tentei me levantar do chão mas algo me puxou para baixo de supetão. Puxei meu braço direito e senti o que não me deixava levantar, algemas! Eu estava acorrentada nas mãos e nos pés.
– Você me deixou e agora não vai mais conseguir sair... falsa! - senti a voz pertinho do meu ouvido.
– Onde eu estou? Por favor, me tire daqui! - comecei a chorar freneticamente. Tentei me soltar das correntes e foi tudo em vão. Tentei gritar novamente, mas minha voz não saiu.
– Você me deixou Danielle, e essas trevas? É aqui onde você vai viver - Pronunciada essas palavras eu percebi que não era só uma pessoa falando, mas várias.
– Eu não abandonei ninguém - Consegui gritar - Me deixem em paz, eu... eu.. - comecei a ouvir algo tocar ao fundo da escuridão, como um toque de despertador e...



– Aaaaah!!- Levantei da cama ao som do meu despertador de cabeceira em um único salto e o desliguei. Meu coração acelerado e eu suava frio. Lágrimas teimosas escorregavam pelos meus olhos.
– Droga! Eu não vou nunca deixar de ter esse pesadelo? - Sentei na cama,coloquei minhas mãos no rosto e deixei as lágrimas rolarem.
Meus pesadelos tornaram-se constantes desde que eu cheguei em Londres e deixei o meu querido Brasil. Todas as noites dos 6 anos que eu estou aqui foram pertubadoras e essa não poderia ser diferente. Já não bastasse todos os meus pensamentos durante o dia,eu ainda tenho que ter pesadelos à noite. Isso é injusto, como eu continuo lembrando de algo que eu estou lutando com todas as armas possíveis para esquecer?

Depois de 10 minutos, finalmente conseguir secar minhas lágrmias. Coloquei café com leite bem quente na minha caneca e sentei na varanda, olhando para Brompton Road e todo o seu movimento. Tirando da cabeça meu pesadelo e lembrando que tenho uma entrevista hoje com um dos advogados chefes de uma empresa de direito que está interessado em advogados recém formados e eu,claro, não posso perder essa oportunidade de ser escolhida.
O ancião chamado de Robert Klaus é um dos caras mais ricos da região e suas reuniões são meio diferentes. Em vez de algo como entrar em um escritório e mandar ver com perguntas ele faz um jantar beneficente e convida seus candidatos para participar. Eu particularmente admiro essa parte dele, tanto pelo jantar que doa o dinheiro arrecadado para crianças doentes na África, como pela sua avaliação para contratar, além do conhecimento o cara olha também o comportamento... ele é genial!Bem, isso não vai ser tão legal para mim.

Digamos que desde que eu saí do Brasil não sou mais a mesma Danielle que um dia fui. Tipo, não sou mesmo. Sempre disse que nunca encostaria minha boca em bebida alcoólica, mas é só olhar para minha cabeceira, a mesa da cozinha e no tapete da sala,garrafas e mais garrafas de wisk vazias. Não me orgulho disso, mas foi a única saída que achei para esquecer da minha vida no Brasil no silêncio perturbador da noite.


O jantar tinha sido marcado para exatamente às 21:00 e eu sabia que só pessoas da alta sociedade estariam lá. Como não estou inclusa entre essas pessoas, comprei um vestido formal, longo e azul.
Comecei a me aprontar e fiquei pronta às 20:00. Ouvindo alguém bater na porta, saí de frente da minha cabeceira onde estava dando os ultimos retoques e fui atender. Um homem de idade, terno bem engomado e de penteado perfeito me perguntou:- Então, está pronta? - sorriu. Eu apenas acenti com a cabeça. Meu futuro chefe(se é que o posso chamar assim) fez questão de mandar um carro para me buscar na porta.Ao chegar a grande mansão dele nao pude deixar de ficar maravilhada como o lugar era lindo! O Jardim era incrível, tinha diversos tipos de plantas e árvores podadas em vários formatos. Uma fonte que jorrava água de diferentes cores e um grande tapete que ligava o jardim ao grande salão onde estavam todos os convidados.
O motorista, cujo nome era Marcos, abriu a porta e me deixou avontade. Caminhei lentamente, enquanto me cumprimentavam. Avistei Sr. Robert em uma grande mesa, com meus supostos concorrentes. Fui me aproximando e meu coração acelerava a cada passo.
– Oh! Srta. Danielle! Seja bem-vinda ao meu evento beneficente. Venha, sente-se, este lugar está reservado para você. - Robert me olhou e sorriu. Retribui o sorriso e sentei. Então eu percebi que eu era a única mulher no meio de vários marmajos. Me senti um pouco reprimida de início, mas depois ergui a cabeça. Eu com certeza tinha chances nesse emprego, eu precisava desse emprego.
Depois de alguns minutos na mesa conversando com o Sr. Robert e os rapazes, ele finalmente disse: - Bem, fiquem avontade para serem vocês mesmo. Conheço todo o histórico de vocês, mas preciso conhecer que tipo de pessoa estarei confiando. - ele sorriu - Daqui a alguns minutos começará a doação para as crianças na África, então vou me ausentar um pouco. - Ele levantou e seguiu para um dos comôdos da casa.
Eu continuava sem saber o que fazer. Aliás, de uma coisa eu sabia... não poderia nem ao menos chegar perto do ponche e do Brandy.
Decidi finalmente voltar ao Jardim e respirar um pouco até começarem as doações.Ao chegar no jardim, percebi algo diferente,um rapaz, ele atiçou minha curiosidade. Enquanto todos estavam dentro da mansão, bebendo e se divertindo ele estava sentado na grama com uma... bíblia? Eu acho que não estava enxergando direito.
Me aproximei sem perceber que estava muito próxima e que ele notou minha presença.
– Boa noite, moça- Ele interrompeu sua leitura e me fitou com um lindo sorriso. Aliás, não só seu sorriso, ele era completamente lindo! Ele era loiro, cabelos um pouco espetados. E seus olhos verdes me fitando me deixaram meio que sem jeito.
– Ah, perdoe-me por interromper sua leitura, só que... fiquei um pouco curiosa. - eu sorri sem jeito. Ele levantou-se segurando seu livro. Foi então que algo me entrigou ainda mais, ele não estava de terno, nem ao menos usava gravata. Estava com um jeans, camiseta xadrez e um tênis surrado.
– Já sei, você deve estar se perguntando o que eu estou fazendo aqui fora, lendo a bíblia, enquato todos estão bebendo e se divertindo dentro dessa enorme mansão. - ele deu uma pausa - ah... e porque eu estou vestido assim, não é isso? - ele sorriu novamente.
– Bem, sim. - eu evitei olhar nos seus olhos.
– Eu prefiro a calmaria aqui fora do que toda aquela turbulência lá dentro. E eu odeio usar esses ternos. Todos parecem lindos e superiores. Se sentem tanto que esquecem da humildade. - ele insistia em olhar nos meus olhos.
– Você é bem diferente. - eu sorri pra ele. Continuava achando ele bizarro, mas ele parecia ser muito inteligente e eu estava me sentindo muito bem ao lado dele.
– Ouço isso muitas vezes, só que minha única diferença é que eu escolhi viver outro caminho. O que todo mundo pode fazer. Fiquei em silêncio. Eu não entendi nada do que ele disse, mas aquelas palavras me incomodaram. Foi um alívio quando ouvi que começariam as doações.
– É, eu tenho que ir. - fitei ele. Ele não parava de olhar-me nos olhos.
– Posso saber seu nome? - meu coração acelerou.
– Danielle... Danielle Mendes. Posso saber o seu?
– Danielle, eu não sei o porquê,mas eu sabia que você me veria hoje. Que seria aqui. - ele se aproximou-se, pegou na minha mão e olhou mais profundamente em meus olhos. - mas eu quero apenas te dizer uma coisa. Seu sofrimento vai acabar. Você vai conseguir compreender toda essa sua dor e vai se livrar desse seu vicio que está te prendendo.
Eu fiquei imóvel. Não consegui pronunciar uma palavra. O que diabos esse maluco estava dizendo e como ele sabia disso?Ele soltou minhas mãos e saiu andando em direção ao portão. Quando eu finalmente caí em si, gritei:- Hei! Quem é você? Quem te contou sobre mim? - eu estava nervosa.
– Não se preocupe Danielle, nos veremos mais vezes. Até mais - ele sorriu e saiu andando com seu precioso livro até sumir na esquina.


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Notas finais do capítulo

Capitulo 2 terminado! Espero que gostem! xoxo



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