As noites de sono tranquilo de Anne eram raras. Andava tendo sonhos ruins, um pior que o outro. E sabia que não eram apenas sonhos e sim coisas que realmente aconteciam e que não eram nada agradáveis, mas agora que tinha se afastado de Tiago, não tinha para quem contar ou com quem contar sobre esses assuntos.

Assim que o trem parou, Tiago acordou a garota, que corou ao perceber que havia dormido sobre o ombro de Tiago e isso apenas o fez rir. Saíram entre os estudantes para encontrar as famílias os esperando.

Capítulo 15 – Natal.

Assim que desembarcaram, cada um correu para abraçar suas famílias. Anne foi direto ao encontro de seu pai, pois eles tinham uma forte ligação que ninguém, nem Elizabeth, conseguiam entender.

Depois de abraçar os pais, ela se curvou para que ficasse a altura do irmão mais novo, Dylan, para que pudesse conversar com ele enquanto o Eric cumprimentava os pais.

– Vamos? – Harry os chamou.

– Claro – William sorriu e pegou o malão de Anne enquanto conversavam sobre Hogwarts.

A chegada à Mansão Black/Potter foi tranquila. Ela já conhecia a casa, assim como o resto de sua família, menos Eric. Que olhava para tudo com curiosidade.

Anne era a única visitante que teria um quarto só para si. Eric e Dylan iriam dividir um dos quartos de hospedes e claro, Elizabeth e William também. O problema é que o quarto de Anne ficava entre os quartos de Tiago e Alvo.

(...)

– Feiosa, vamos descer? O jantar está quase pronto – Eric disse, com a cabeça para dentro do quarto em que a irmã estava.

– Que amor que você tem por mim, Eric – ela murmurou enquanto terminava de se arrumar.

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– Espero que não tenha se esquecido de comprar o meu presente – falou Eric.

– Eu nunca esqueço, não sou você – rebateu Anne.

– Esqueci-me do seu presente apenas duas vezes – defendeu-se.

– Eric, você não me deu presentes nos últimos cinco anos.

– A gente combinou de não falar mais sobre isso. Sei que fui idiota, Anne e já te pedi desculpas por isso.

– E eu já te perdoei – sorriu e o seguiu para fora do quarto – Tenho medo de dormir nessa casa – admitiu enquanto desciam as escadas.

– Por quê?

– Sei lá, as coisas aqui são meio sombrias. E você já viu o elfo domestico? Tiago me disse que ele tem uma mania irritante de entrar nos quartos no meio da noite. Eu estou sozinha no meu quarto.

Eric apenas riu, mas logo eles chegaram ao primeiro andar, onde todos estavam conversando e esperando o jantar de véspera de Natal.

William e Harry tinham se aproximado e até já se consideravam amigos. Carter estava agradecido por ter sido acolhido depois do ataque e também pela ajuda do auror com as coisas estranhas que aconteciam com sua filha.

Assim que se juntaram aos outros, Eric foi para perto de Dylan e Anne aproximou de seu pai, que conversava animadamente com Tiago, o garoto contava o desempenho de Anne na sua primeira partida de Quadribol de Hogwarts.

– Foi espetacular! – Tiago disse animado – O pomo voou para a arquibancada e ela teve que passar por cima das pessoas e por ultimo um dos batedores desviou um dos balaços e foi para a direção dela, mas o Frank Longbottom conseguiu desviar e Anne capturou o pomo.

– Eu não sabia que ela seria apanhadora. Anne geralmente gosta de jogar como artilheira e é muito boa.

– Pai? – Anne chamou sua atenção e William e Tiago se viraram para fita-la.

– Finalmente seu irmão foi chama-la. Tiago estava me contando sobre o seu desempenho na ultima partida de Quadribol. Não sabia que você jogava como apanhadora, você só me disse que se interessava em ser artilheira.

– Eu gosto dos dois, mas Rose, Alvo e Tiago eram bem melhores artilheiros que eu, então fiz o teste apenas para apanhadora.

– Alvo fez a mesma coisa – Tiago sorriu – Ele é um ótimo apanhador, mas quando viu que você iria fazer o teste para isso, decidiu apenas ficar como artilheiro.

Tiago amava muito o irmão e apesar de todas as brincadeiras que sempre fazia com ele, era muito apegado a Alvo, mas nem imaginava que ele e o irmão estavam apaixonados pela mesma garota e que – mesmo indiretamente – era por isso que ele e Anne não estavam namorando.

– Você e Alvo também são ótimos artilheiros, sem comentar sobre Rose, era obvio que eu não conseguiria a vaga, mas acho que Alvo deveria ter tentando ser apanhador, eu nunca o vi jogando assim, ele pode muito bem ser melhor que eu – falou.

– Duvido muito – Alvo disse se aproximando deles – você é uma das melhores apanhadoras que a Grifinória já teve!

– Você me inclui nisso, Alvo? – Harry perguntou brincando.

– Claro que não, pai – ele respondeu rindo.

(...)

Durante o jantar a conversa fluía normalmente, todos rindo e comemorando a véspera de Natal. Assim que todos se retiraram da mesa, Anne foi para a sala onde tinha um piano. Tiago havia mostrado essa sala na ultima vez que eles tiveram ali, no dia em que haviam ido ao Ministério e Anne tinha desmaiado.

Sentou no banquinho em frente ao piano e passou os dedos pelas teclas. Tinha aprendido a tocar piano com Eric e podia até arriscar que tocava bem. Começou a tocar uma melodia suave e muito bonita e assim que terminou ouviu alguém bater palmas. Virou-se rapidamente e encontrou Alvo escorado no batente da porta a observando.

– Não sabia que você tocava, alias, toca muito bem – disse sorrindo.

– Obrigada, Eric me ensinou há alguns anos.

– Falando em Eric, um milagre aconteceu, ele e Tiago estão conversando normalmente e isso já faz um tempo e ainda não teve ameaças.

– Nossa, conseguimos um milagre – exclamou animada.

– Verdade – Alvo sorriu e tirou algo de um dos bolsos, um pequeno pacote embrulhado em um papel de presente vermelho – Comprei para você. Eu não sei muito quais são seus gostos, mas eu vi você com um desses esses dias então...

Alvo entregou o pacote a ela, que sorriu corada com o gesto dele, mas abriu o pacote revelando três presilhas para o cabelo.

– Obrigada, Alvo. Eu gostei mesmo. Foi tão doce de sua parte me dar um presente. Mas eu sinto muito, esqueci-me de comprar um para você. Desculpe-me.

– Tudo bem, Anne – o Potter sorriu e se aproximou mais da garota – Eu gostei de saber que vamos passar as férias de Natal juntos.

Ela retribuiu o sorriso e ele se aproximou ainda mais, segurou seu rosto com as duas mãos e roçou seus lábios nos dela.