As palavras de Tiago saíram de sua boca carregadas de sinceridade e ninguém podia duvidar de suas palavras, muito menos Anne, que apenas assentiu e subiu para o seu dormitório se sentindo extremante culpada pela tristeza que viu no olhar de Tiago.

Capítulo 13 – O desmaio.

A semana seguinte passou como um borrão e as férias de natal estavam cada vez mais próximas. Desde o dia do primeiro jogo de Quadribol, Anne estava distante. Não falava com quase ninguém da sua casa, isso incluía Tiago.

Agora ela passava a maior parte do seu tempo livre ou no dormitório ou na biblioteca, na maior parte das vezes com Scorpius, mas agora ela se encontrava sozinha com milhões de livros em cima de uma das mesas com rolos e mais rolos de pergaminho. Mesmo os N.O.M.’s estando longe, Anne já havia começado a estudar para isso.

– Você se importa? – Alice Sparks, aluna do quinto ano da Corvinal, pergunta para Anne apontando a cadeira vazia.

– Claro. Só achar um lugar em meio a tantos livros – fala sorrindo enquanto empilha os livros para dar espaço a garota.

– Tudo bem. Eu vim apenas para terminar o relatório de História da Magia – sorriu.

– Foi o primeiro que eu fiz. Ficou bem simples, espero tirar notas boas.

– Todos sempre comentam que você deveria ter ido para Corvinal, de tão inteligente – diz Alice.

– Naquela época Corvinal teria sido uma casa melhor que Grifinória para mim – sorriu triste.

– Você não gosta da sua casa, não é?

– Não, eu gosto, mas naquela época...

– Esse “gostar” tem a ver com Tiago Potter? – perguntou Alice e Anne corou.

– Ele é apenas meu amigo.

– Olha, eu posso não te conhecer muito bem, mas eu vi o jeito que ele olha para você e você para ele.

– Mas eu estou em duvida sobre o que eu sinto.

– Por ele?

– Não apenas por ele. Olhe... Eu posso confiar em você, sim?

– Claro que sim. Para ser sincera eu sempre quis me aproximar de você. Você parece uma pessoa legal para ter amizade, mas...

– Eu afastava todos – completou e Alice riu.

– Bem, sim.

– Tudo bem, não fique constrangida por isso. Sei que como eu era e por isso não tenho muitos amigos aqui. Entenda, eu sempre era daquele jeito com todos e isso os afastava de mim. O único que ainda tentava falar comigo era o Tiago e depois ele me viu no teste de Quadribol da Grifinória me convidou para jogar e depois uma coisa resultou outra e acabamos nos beijando e depois namorando escondido. Só que depois do jogo contra Lufa-Lufa, Alvo disse que era apaixonado por mim e eu fiquei em duvida sobre o que sentia pelos dois e acabei terminando tudo com Tiago.

– Sua vida poderia dar um livro – concluiu – mas você já sabe o que sente pelos dois?

– É possível estar apaixonada pelos dois? – Anne perguntou incerta.

– Acredito que estar apaixonada pelos dois, não. Você pode gostar muito dos dois, mas se apaixonar...

– Eu sei, estou tão confusa.

– É normal que se sinta assim, afinal, os dois são lindos e educados, engraçados, meigos e gostam de você – terminou rindo e Anne a acompanhou.

Continuaram a conversar e se conhecer melhor. Durante a conversa, Anne percebeu certos detalhes em Alice, já que nunca tinha se dado conta de sua presença em Hogwarts.

Alice Sparks era loira e tinha olhos castanhos, uma aparência angelical. Muito parecida com Anne em certos aspectos. Muito inteligente, conforme qualquer aluno da Corvinal deveria ser, mas no caso dela, muito mais. Era fofa e tímida, mas nutria sentimentos por um dos Potter, coisa que ela não contava para ninguém.

Os dias se passavam e a amizade de Anne com Alice foi aumentando cada vez mais, ambas se tornaram boas amigas, dividiam quase todos os segredos. Apenas era ocultado o fato de Anne ser a fênix e Alice ser apaixonada por um Grifinório.

– Você não tem jogo daqui a pouco? – Alice pergunta a Anne.

– Temos, contra a Corvinal – a loira sorri – Espero ganhar esse jogo.

– O time que Tiago arrumou ficou ótimo. Nunca vi artilheiros tão bons.

– Tiago e Alvo são filhos de uma artilheira de um time de Quadribol profissional, devem ter puxado a mãe – sugeriu dando de ombros.

Conversaram mais um pouco e cada uma voltou para a sua Sala Comunal para se preparar para o jogo. Alice, mesmo tendo medo de voar, amava assistir aos jogos de Quadribol.

(...)

O clima estava estranho no vestiário do time da Grifinória. Tiago tentava a todo custo animar o seu time, mas nem ele estava animado. Sabia que isso era devido ao fato de não conseguir dormir tranquilo desde o ultimo jogo, mas ele não era o único que estava estranho.

Desde aquele dia, Anne tinha se afastado totalmente dos Potter e Weasley, ninguém sabia o porquê. Tiago achava que era por causa dele, e Alvo achava que era por sua culpa.

– Vamos lá gente. O jogo está fácil. É só não abaixar a guarda – incentivou e logo eles saíram para o campo.

Como no jogo passado, foram recebidos por vaias, aplausos, gritos e assovios. Tiago foi até onde Madame Hooch estava ao lado da capitã da Grifinória.

– Capitães apertem as mãos – Tiago e Ashley Davis apertaram as mãos e a garota sorriu para o Potter – Agora subam em suas vassouras. Quando eu apitar. Um... Dois... Três...

Assim que o apito soou os jogadores deram impulso. Quando a partida começou já era possível ouvir a voz de Matthew.

– É fácil saber o resultado desse jogo. Não falo apenas por ser um Grifinório, mas por saber que o time da Grifinória está mais preparado. Para quem ainda tinha duvidas sobre a apanhadora da casa, perdeu ao ver seu desempenho na partida passada. Pelo menos o time da Corvinal está bem interessado na partida. Hill rouba a goles de Alvo...

Todos continuaram a ouvir o que Matthew dizia, mas Anne estava tendo certa dificuldade. Sentia-se mal, como se a qualquer momento fosse desmaiar. O que de fato aconteceu. Lentamente ela foi caindo da vassoura, fazendo todos olharam surpresos pela cena. Eric – que estava na arquibancada observando o jogo – empurrou seus amigos na esperança de chegar a tempo no campo, mas sabia que não conseguiria.

O apito soou, fazendo Tiago – que estava preparado para atirar a goles em um dos aros – olhar para onde estava a Madame Hooch e quase caiu da vassoura ao ver o corpo de Anne caído no chão e várias pessoas ao seu redor.