Begin Again escrita por Senhorita Jackson


Capítulo 35
Me perdoe


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/315248/chapter/35

Todo mundo é capaz de dominar uma dor. Exceto quem a sente.

–-William Shakespeare.


P.O.V. Percy

Assim que entrei em casa, fiquei estático. Os móveis estavam todos foram do lugar, os porta-retratos estavam à maioria quebrados no chão e os quadros na parede estavam balançando. Por um momento não conseguia me mover, apenas fiquei analisando a casa.

- Mãe, pai – chamei-os, á essa hora, eles já deveriam estar aqui – MÃE, PAI.

Subi a escada desesperado, empurrei todas as portas de forma bruta e todos os cômodos estavam vazios e perfeitamente arrumados. Desci novamente já com lágrimas nos olhos. Vasculhei o andar de baixo, que ao contrário do de cima estava completamente bagunçado, como se...

- Não – sussurrei – Não, não, não.

Perto do sofá, algo me chama atenção. Um bilhete de um amarelo intenso com a caligrafia forte e bem desenhada. Me abaixo e começo a ler.

‘’Meu caro Jackson, fiz uma visitinha aos seus pais e ao seu cunhadinho querido. Quer vê-los com vida? Me entregue à garota. Já temos nosso local de encontro’’

Com amor: Mattew Chase

Amassei aquele pedaço de papel e o joguei longe. Meu rosto estava manchado com minhas lágrimas. Aquele vagabundo levou meus pais e ainda Bob. Annabeth nunca iria me perdoar. Eu mesmo nunca vou me perdoar. Peguei meu celular e disquei os números, uma voz sonolenta atente.

- Preciso da sua ajuda.

P.O.V. Annabeth

Subi a escada, tudo o que eu queria era tomar um banho e dormir, mas algo me incomodava, era como um aperto no coração e um frio na espinha. Passei em frente ao quarto de Frederick, ele estava dormindo com a televisão ligada. Entrei e desliguei o aparelho, quando estava prestes a sair, ele me chama.

- Annabeth – me viro.

- Desculpe, não sabia que estava assistindo – volto para ligar novamente, mas ele me interrompe.

- Não, não precisa – Frederick se senta e bate ao seu lado para mim sentar, hesito – Só queria conversar.

Fico calada, fitando meus pés. Era estranho ele querer conversar, geralmente nossas conversas acabavam de um jeito ruim. Ele olhou para a mesinha que ficava ao lado da cama.

- Preciso dos meus óculos – Frederick passou a mão no criado mudo, não conseguindo achar o que procurava, me aproximei e peguei seus óculos, colocando-os em seu rosto.

- Prontinho – falei, ele sorriu e pela primeira em anos um sorriso sincero.

- Obrigada – ficamos em silêncio até ele pronunciar – Você cresceu Annie.

Annie, ele me chamou de Annie, não de um de seus xingamentos, mas sim de Annie, sem perceber meus lábios se curvam em um sorriso, isso parece alegrá-lo.

- Eu bem, não tenho agido como um pai de verdade. Não agi como um marido de verdade. Quando eu estava no hospital, tive tempo suficiente para pensar nisso.

Ele abaixou a cabeça envergonhado.

- Sua mãe que pagou as despesas de lá – isso me surpreendeu. Atena odiava Frederick – Depois conversamos, Atena me perdoou por tudo que eu fiz, pelo monstro que fui. Mesmo não parecendo, ela sempre foi meu amor, sempre a amei, mas pela burrada que fiz a perdi.

Frederick enxugou uma lágrima que descia sem permissão.

- E aos poucos estava perdendo meus filhos – ele me olhou, seus olhos marejados, suas mãos trêmulas por cima da coberta – Eu não sei explicar o que me levou a ser esse monstro terrível. Mas quero mudar... Quero...quero ser o pai que você e Bob merece.

Eu estava à beira das lágrimas, não acredito que depois de tudo, o que eu mais desejei estava acontecendo.

- Quero largar a bebida e dedicar meu tempo á vocês. Estou tão arrependido Annie, você não faz ideia. Só de lembrar que...

Sua voz falhou e ele encarou as mãos, eu sabia que ele estava pensando em como batia em mim e Bob.

- Quero começar do zero – Frederick me olha, eu via em seus olhos azuis que ele estava falando a verdade, estava arrependido e estava sofrendo por isso – Me...me perdoe.

Não aguentei e as lágrimas que eu estava segurando explodiram, pulei em cima dele com um abraço.

- Eu lhe perdoo... Pai – isso foi tudo para ele começar a chorar em meu ombro. Eu estava abraçando meu pai, eu estava tão feliz. Depois de tudo que sofri, tantas brigas e lágrimas derramadas, tantas noites sem dormir preocupada em como esconder de Frederick. Agora eu estava chorando, mas não de tristeza como na maioria das vezes, essas lágrimas que estavam sendo derramadas em meu rosto, eram de alegria pura. Nos separamos, ele passa a mão em minha bochecha.

- Te amo minha mocinha – quanto tempo eu esperei por isso, mais lágrimas caíram em meio ao meu sorriso.

Ali abraçada ao meu pai, eu entrei na terra dos sonhos.

Acordei sorrindo. Olhei para o lado e Frederick não estava. Levantei-me e me encaminhei ao meu quarto, mas antes passei pelo de Bob e a mesma sensação de ontem tomou posse de mim. Sua cama estava vazia e arrumada, meu coração por algum motivo acelerou. Dormiu na casa da Melina pensei, mas mesmo assim, isso não afastou o frio na espinha. Tomei um banho bastante demorado, sequei meu cabelo e vesti um jeans com uma regata preta, coloquei meu tênis, peguei minha mochila e desci.

Meu pai estava na cozinha, ao seu lado um prato cheio de panquecas com mel, o cheiro estava irresistível. Ele percebeu minha presença.

- Bom dia Annie – Frederick se aproximou e beijou meu rosto. Só podia ser um sonho – Onde está Bob?

Demorei para sair do transe.

- Bom dia, Bob não dormiu em casa.

Ele me olhou desconfiado, mas fez um aceno com a mão e murmurou alguma coisa relacionada á jovens. Sentei-me á mesa, onde tinha um jarro cheio de suco de laranja natural e geladinho.

- Desde quando o senhor sabe cozinhar? – ele se vira, também se sentando e colocando as panquecas na mesa, peguei três e coloquei mel.

- Sempre soube, mas você sabe nunca cozinhei por causa da bebida – Frederick pareceu constrangido, decidi mudar de assunto.

- Aliás, belo avental – ele olhou para baixo, seu avental era rosa com as bordas de florzinha.

- Obrigada – rimos. Nosso café foi mais normal que eu pensei. Conversamos sobre a escola, rimos muito, ele me contou de sua infância não muito equilibrada e disse que queria conhecer Percy para ter uma conversinha de homem para homem. Revirei meus olhos. Depois do delicioso café subi e escovei os dentes.

- Tchau pai – dei-lhe um beijo no rosto e ele sorriu, estava tão feliz quanto eu.

- Boa aula.

Sai pela porta saltitante e rindo atoa. Percy como sempre me esperava encostado em seu camaro. Cheguei perto dele e o puxei pela gola da camisa o beijando. No começo ele ficou surpreso, mas logo cedeu e agarrou minha cintura de forma possessiva.

- Bom dia meu príncipe – disse depois de nos afastarmos.

- Bom dia pequena, algum motivo para tanta empolgação?

Contei-lhe tudo que havia acontecido desde ontem á noite até agora. Eu estava radiante.

- Então você e seu pai fizeram as pazes? – perguntou na qual eu assenti sorrindo – Puxa!! Que legal.

Percebi que Percy estava distraído, estava com olheiras e parecia triste. Passei a mão em seu rosto.

- Aconteceu algo? – ele encarou o chão.

- Eu lhe disse que lá na Califórnia eu te conto – havia algo em sua voz que a tornava estranha.

- Por que não me diz aqui? Por que temos que ir até a Califórnia para você me contar.

Percy fecha seus olhos com força, assim que os abre vejo que estão marejados.

- Por favor, só preciso que confie em mim – sua voz não passa de um fio.

Balanço a cabeça concordando e lhe dou um selinho. Entramos no carro, e aquela sensação ainda não me abandonará. Eu tinha a leve impressão que essa viagem com Percy não ia acabar bem.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam???? Curiosos??
hehe'
Quero reviews
Beijos
Karol Oliveira