P.V.O. Annabeth

      Depois da maneira como Bob se comportou, o resto do almoço foi em silêncio. Voltamos para sala, cada um em seu lugar, ele não assistiu as ultimas aulas, o que me deixou preocupada, fiquei com medo dele repetir a mesma besteira de antes, quando Bob fica com bastante raiva ele simplesmente some e fica desaparecido por dias.

   Já estava no caminho de casa quando sinto alguém tocar meu ombro, viro-me e deparo com um par de esmeraldas verdes me avaliando, seu olhar demostrava preocupação.

   - Annie, está tudo? – ele perguntou, segurei o choro porque não estava nada bem. Nesses meus dezesseis anos, somente Bob e Talia me viram chorar. Conheci Percy ontem e não iria fazê-lo pensar que eu era fraca, então apenas assenti.

   - Sim Percy, estou – forcei um sorriso, o que para mim se tornou fácil durante todos esses anos de sofrimento, porém ao contrário das outras pessoas Percy ergueu uma sobrancelha parecendo não acreditar ele então segurou minhas mãos.

   - Quero te mostrar um lugar – hesitei, eu tinha que saber onde Bob se encontrava e ainda tinha meu pai que há dois dias não aparecia em casa. Neguei com a cabeça o que o deixou um pouco triste.

      - Desculpe Percy, mas tenho que resolver uns probleminhas – na verdade eu queria muito ir – E daqui a pouco eu também tenho que trabalhar, a gente marca para outro dia pode ser?

   O moreno pareceu desapontado, mas assentiu, soltou minhas mãos e deu-me um beijo na testa.

   - Vou fazer uma visitinha aos meus pais, à gente se vê e boa sorte com seu irmão – e foi no caminho oposto do meu. Enquanto ele se afastava meu coração só apertava mais. Porque quando eu acho algo que me faz sorrir, sempre surge um problema para impedir-me. Balancei minha cabeça e fui para casa, nem despedi do pessoal. No trajeto liguei para Bob umas cinquenta vezes, mas sempre caía na caixa postal, só me passava na cabeça onde ele foi se meter, eu já estava digitando seu número mais uma vez, quando sinto um baque e caio no chão, olho para cima e vejo uma ruiva rindo junto com suas palhaças.

   - Coitadinha da Nerdbeth – zombou-me, as três começaram a rir. Só o que me faltava agora, levantei e peguei minhas coisa que havia caído.

   - Me deixa em paz Rachel – tentei desviá-las, mas me cercaram impedindo minha passagem.

   - Onde você pensa que vai oxigenada? – Drew perguntou com certa maldade em sua voz.

   - Vou para minha casa – respondo e confesso que estava começando a sentir medo, Calipso logo percebeu e deu uma risada bem sinistra.

   - Acho que a hora de você imitar uma galinha é agora – ela encostou em meu rosto, dei um passo para trás me livrando de seu toque. Rachel soltou uma gargalhada.

   - Onde está aquela coragem que teve quando enfrentou-me no refeitório – falou a vaca ruiva se aproximando.

   - Parece que quando ela está sem aqueles primatas, Rachel essa coragem simplesmente some.

   O rosto da ruiva passou da expressão sacana para séria, ela deu-me um empurrão, fazendo minha mochila e meu celular caírem no chão um pouco longe de onde estávamos.

   - Você – disse apontando para mim – Me fez fazer papel de idiota na frente de toda a escola – me meteu outro empurrão, eu ficava quieta, era três contra uma, nunca que eutéria chance – Sabe o tanto que foi difícil recuperar minha reputação. E tudo por sua culpa branquela azeda.

   Esse empurrão foi mais forte que os anteriores, me fazendo cair novamente ao chão apoiada em meus cotovelos fazendo os ralarem, e causando uma pequena dor aguda. As três piranhas começaram a rir da minha situação.

   - E ainda tem aquele gato do aluno novo. Fique longe dele Nerdbeth aquele moreno me pertence.

   Fechei os olhos tentando reunir aquela coragem que tive no refeitório, mas só me via pequenos vislumbres de rostos. Rostos de meus amigos, do meu pai, da minha mãe, dos meus irmãos e de repente apareceu o rosto de Percy, ele estava com seu sorriso travesso nos lábios, então comecei a ouvir sua voz gritando meu nome e foi ficando mais perto e mais alto, até que me dei conta e abrir os olhos. Sim, Percy estava correndo em mina direção, sorri ao vê-lo, ele chegou e se ajoelhou ao meu lado.

   - O que aconteceu Annie? – perguntou ofegante pela corrida, às palavras não saiam de minha boca, como resposta apenas olhei para cima e vi as três vadias com cara de burro fugido, ele seguiu meu olhar e em seus olhas vi brotar uma raiva. Em um movimento rápido Percy se colocou de pé gritando com as três garotas.

   - O que vocês têm na cabeça? Só pode ser minhocas em vez de um cérebro. Onde o mundo vai parar com pessoas iguais a vocês.

   - Olha Percy... – choramingou Rachel, porém o moreno fez um gesto com a mão par que ela parasse.

   - Me faz um favor? – a ruiva assentiu – Se manda daqui.

   Confesso que me assustou um pouco a maneira que ele agiu, mas ao mesmo tempo me brotou uma alegria sem igual. Percy foi mais que incrível me defendendo dessa maneira. Sortuda a garota que lhe roubar o coração. Assim que as três vadias se foram, ele me ajudou a levantar.

   - Você está bem? – perguntou com a voz suave.

   - Estou sim, somente uns raladinhos no cotovelo, mas nada de mais.

   Percy analisou os machucados.

   - Vem – disse me puxando.

   - Para onde?

   - Minha casa, vou cuidar desses hematomas – não reclamei, apenas o segui. Chegamos em sua casa, que a proposito era muito bonita, a decoração sofisticada e o espaço bem amplo.

   - Pode subir e esperar-me em meu quarto, só vou pegar umas coisinhas aqui e te encontro lá – disse sorrindo, assenti meio envergonhada e subi a escada, encontrei um corredor com quatro portas brancas fechadas. Foi fácil achar a do moreno, sua porta continha seu nome em azul, então entrei. O quarto era mais ou menos do tamanho do meu, suas paredes no tom azul, mas não aquele azul feio, mas sim um suave que nos transmitia certa tranquilidade, também tinha um guarda-roupa, uma cama de casal com o lençol do Homem-Aranha, soltei uma risadinha, era tão fofo o seu jeito. Sua janela enorme dava de frente a minha varanda, olhei para rua e por um momento fiquei pasma, não podia ser, era impossível isso acontecer, só podia ser coisa da minha imaginação, balanço a cabeça para afastar esse pensamento, encarei aquela mercedes prata até ela desaparecer. Ouço a porta se fechar, me viro e vejo Percy com uma vasilha de salgados, doces e cupcakes... azuis?

   O moreno coloca a vasilha em cima do criado mudo e me chama para sentar em sua cama. Ele começa a cuidar dos machucados, ficamos calados, cada toque seu, fazia meu coração bater mais rápido.

   - Obrigada – agradeci tímida – Por me defender daquela forma.

   Percy levanta sua cabeça passando a encarar-me, por um momento me perco naquela imensidão verde de seus olhos, então lança-me um sorriso, na qual quase perco o ar.

   - Você não tem que me agradecer Annie. Se preciso for eu faço novamente, tudo para defender você loirinha – involuntariamente um sorriso se forma em meus lábios, aposto que estou mais vermelha que um tomate, Percy me tratava de um jeito tão meigo – E, aliás, você imita uma galinha muito bem.

   Ambos começamos a rir.

   - Tenho meus dons – ele soltou outra gargalhada e voltou a fazer o curativo, mas se lembrou de algo.

   - Annie, por acaso você trabalha na Omegan Lanchonete? – assenti – Então, eu estava passando por lá quando vim embora e na parede estava um papel pregado, eu li e dizia que devido a uma explosão na cozinha eles iriam fechar a lanchonete hoje novamente e o resto da semana para reformas.

   Sorri com a noticia, uma folga era tudo que eu precisava. Enquanto Percy terminava os curativos, refletir, já estava na hora de parar só de pensar nos outros e pensar um pouco em mim. Só hoje.

   - Percy – ele olhou-me – Você ainda está afim de mostrar-me aquele lugar? – perguntei, logo seu sorriso não cabia em seu rosto.

   - Claro – o moreno terminou e eu o agradeci. Descemos para a cozinha, ele pegou a comida que tinha levado para o quarto e colocou tudo dentro de uma cesta com mais coisas, e pegou uma toalha xadrez.

   - Para que tudo isso? – perguntei curiosa, ele lançou um olhar junto com seu sorriso travesso.

   - Você verá.