Quatro Bruxos - Hogwarts, Uma História escrita por Shanda Cavich


Capítulo 8
Capítulo 7 - Serpentes


Notas iniciais do capítulo

Depois de literalmente anos sem escrever essa fanfic, resolvi voltar do além, e continuá-la.



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Salazar Slytherin havia encontrado uma nova forma de passar o tempo. Sendo um jovem fora da lei, pagão, e insistente em permanecer em uma sociedade que o perseguia e o odiava, ficava difícil realizar seus desejos. Até mesmo os mais simples. Como distração, passou a espionar os aldeões não mágicos vivendo suas vidas. Gostava de ver pessoas trabalhando e observar as crianças que brincavam floresta adentro. “Acho que não devo ter sido criança por muito tempo”, pensava sempre que as via. Os trouxas eram tão fracos e dependentes uns dos outros, que conseguia sentir pena deles.

Salazar não tinha conhecimento de mais bruxos nos arredores. Era como se cada dia mais eles estivessem em extinção. Então em todas as vezes, desafiava a si mesmo a encontrar alguém que valesse a pena se apresentar genuinamente. Afinal, passaram-se meses em que esteve completamente sozinho. Já estava com dezessete anos, embora aparentasse ter mais.

Deitado de bruços na floresta, deixando a folhagem cobri-lo parcialmente, fixou seu olhar em uma mulher. Ela parecia ser mais velha do que ele, mas ainda assim era jovem. Rosto bonito, cabelos compridos e castanhos, seios fartos, possuía algumas sardas em seu rosto. Estava colhendo maçãs, aparentemente sozinha. Sua aparência lembrava em muito Vibeke Slytherin, sua mãe, que morrera anos atrás durante uma guerra. Tão parecida, que fez o bruxo se deslumbrar.

Quando a mulher estava quase indo embora, os instintos masculinos de Salazar se ascenderam. Não esteve em contato com uma mulher desde que seu pai se fora. A magia de Soren Slytherin resolvia questões com mulheres de maneira muito fácil. Uma simples poção ou magia fazia com que elas se interessarem por ele por tempo suficiente para lhe aquecerem a cama e na manhã seguinte irem embora. E elas nunca mais voltavam. Perdiam a memória de todas as intimidades e até mesmo de seu rosto. Como consegue ser tão vazio, pai? Tens tanto medo de se apaixonar novamente? – quando mais novo, Salazar questionava todas as vezes em que vira o pai com alguma mulher enfeitiçada. No fundo sentia falta de sua mãe. E nenhuma daquelas mulheres que iam e vinham faziam o papel que ele desejava.

Sem pensar demais, o jovem bruxo foi até aquela mulher.

— Olá, camponesa. – disse Salazar, surgindo rápido como uma assombração.

— Olá. Eu te conheço, querido? – A mulher sorriu, embora parecesse assustada com a aparência do estranho e do modo como ele surgiu.

— Me chamo Salazar. Qual é o seu nome, e como veio parar aqui? – o sotaque bárbaro o entregava. E suas vestes, mais ainda.

— Catrina. Moro na aldeia próxima daqui, atravessando a ponte. Vendo maçãs para a mercearia. Uma vida simples. – ela parecia assustada, achou que deveria parecer o mais desinteressante possível. Não conseguia deixar de reparar no olhar bruxo, que apesar de ter um rosto bonito e jovial, era feroz. – És um viajante? Quer comprar maçãs?

Salazar permaneceu calado, e continuou encarando a mulher, como se a estivesse avaliando de várias formas. Não era possível compreender se sua expressão era boa ou ruim.

— Ora, que bobagem a minha. Você pode comê-las de graça. Como um presente de boas-vindas a nossa terra. – Continuou Catrina, então estendeu a cesta de frutas para ele, com as mãos trêmulas.

Salazar deu de ombros.

— Eu gostei de você. Será minha convidada. Se tudo der certo, poderá voltar sua para casa em breve.

A cesta de maçãs que Catrina segurava foi parar no chão, devido ao susto que sentiu ao ouvir aquilo. A julgar por suas vestes e jeito de falar, ele definitivamente parecia ter más intenções. Nunca tinha visto um bárbaro tão de perto. Soltou um grito, e antes que pudesse correr, Salazar a segurou, tampando sua boca com a mão.

— Por que você está gritando? Eu nem lhe fiz nada. Você precisa parar de gritar se não quiser que eu a machuque.  – os olhos de Salazar se arregalaram, extremamente claros e cinzentos. Pareciam olhos de alguém morto.

Catrina parou imediatamente. Ainda soluçava, segurando o choro. Salazar tirou a mão de sua boca e fez sinal para que ela continuasse quieta.

— O que vai fazer comigo? – ela sussurrou com pavor.

Salazar respirou fundo, impaciente.

— Nada, por enquanto. Apenas vou te levar para conhecer meu palácio! Sabe, acho que já está na hora de eu criar laços por aqui. Você vai gostar!

Catrina, apavorada e temendo que algo terrível pudesse ocorrer, assentiu com a cabeça. Salazar tirou uma varinha do bolso e a apontou para sua refém. Hesitou por alguns instantes, e como se repreendesse a si mesmo, desistiu do que ia fazer e a colocou de volta nos bolsos. Catrina suspirou aliviada, embora não entendesse muito bem o que aquele graveto significava. Mas parecia ser uma arma.

— Quero que isso seja real. Meu pai estava errado! Não-mágicos podem ser bons! – Salazar olhou para Catrina e pôs a mão em seu coração. – Você é uma boa pessoa. Eu também sou.

Catrina não entendia nada do que estava ouvindo. O garoto bárbaro só podia ser um louco. Apenas tentava concordar. Talvez se fizesse o que ele queria, ele a deixasse ir embora.

Salazar fez com que a mulher o seguisse, segurando-a pelo pulso. Sua força física era acima da média. Fizeram uma pequena caminhada. Pela primeira vez em um ano, Salazar sentiu-se vivo. Finalmente estava interagindo com uma mulher, mesmo ela sendo não-mágica, sem precisar utilizar feitiços para enganar, como seu pai era acostumado a fazer.

Craque.

Como se o tempo e espaço tivessem avançado através de um buraco negro, os dois aparataram juntos em frente a um casebre no topo da colina. Estava frio. Havia uma rústica casa de pedras, semelhante a uma caverna, que mais parecia o portal para o inferno. Assim que entraram, o lugar se mostrou imenso, digno de um castelo. Embora excessivamente escuro, mantinha luzes esverdeadas no teto, sendo possível enxergar uma decoração majestosa e sombria.

— Perdoe-me pelos meus modos. Sente-se. Trarei algo para beber. – Salazar fez com que ela se sentasse no grande sofá ao centro.

A lareira se acendeu sozinha. O fogo dela era mais claro do que o normal, as chamas eram prateadas. Uma pequena serpente cinza começou a se enroscar no tornozelo de Catrina, o que a fez se desesperar ainda mais. Sacudiu sua perna até que ela saísse.

— Santo Deus, que lugar terrível é esse?! – ela gritou. – Quem é você afinal?

— Você não deveria falar tão alto. Minhas irmãs não gostam de vozes estranhas. – Salazar voltou com um caneco dourado nas mãos.

Mais serpentes começaram a surgir. Catrina se encolheu para cima do sofá, mas isso de pouco adiantava, visto que algumas saíam até mesmo dos buracos nas paredes. Percebendo que as cobras achavam que Catrina se tratava de alimento para elas, Salazar falou uma língua estranha, então as cobras começaram a se dispersar.

— Me desculpe por isso. Já disse a elas que você não é o jantar.

— Por favor, me deixa ir embora. Eu prometo que não vou contar para ninguém.

— Achei que tinha gostado de mim. – Salazar pareceu confuso. Se aproximou, como se quisesse que ela o beijasse.

— Eu g-gostei. Eu gosto! Você é tudo o que eu sempre quis, querido. – Catrina resolveu entrar no jogo de seu sequestrador, a essa altura já estava chorando. – Mas preciso buscar minhas coisas, avisar minha família que resolvi morar com meu novo amor.

Salazar jogou seus longos cabelos negros para trás, emocionado. Seus olhos cinzas se acenderam como estrelas na escuridão. Assim que ouviu a palavra “amor” saindo dos lábios de Catrina, pôde ouvi-la com a voz de sua mãe, Vibeke. E teve certeza de que aquela mulher era a pessoa certa para lhe fazer companhia. Agora que estava sozinho, não importava o que sua família considerasse sobre os trouxas.

— Eu sou um bruxo. Talvez agora não seja surpresa. – ele riu, desajeitadamente. –  Mas acima disso sou um homem que lhe quer bem. Não deve ter medo.

— E-e-eu não vou ter medo. – Catrina tentava esconder seu nervosismo, ao mesmo tempo em que pensava em como se livrar dele.

— Então prove.

Catrina deu-lhe um beijo suave na boca. Ele reagiu de forma delirante e apaixonada. Estranhamente, ela mudou de atitude. Parecia ter finalmente perdido o medo e aceitado o amor do jovem estranho. Os dois se beijaram com mais fervor. Catrina havia parado de chorar. Assim que Salazar se virou para deixar o caneco no chão, Catrina arranca a varinha do bolso dele e a joga para longe. Então pega o primeiro objeto que viu na frente - um chifre de javali que estava sobre uma mesinha ao lado – e acerta Salazar no ombro.

— Aaahh! – ele rapidamente se vira e a pega pelo pescoço. Parecia nem estar sentindo o chifre enfiado em seu ombro. – Era bom demais para ser real.

— Monstro! – Catrina disse com a voz sufocada.

— Sabe... Você só confirma o que meu pai sempre me disse. Os trouxas são criaturas traidoras, de coração podre! Espalham-se pelo mundo como fungos na terra, guerreiam entre si por nada, são incapazes de amar, e tentam acabar com os bruxos por medo! Por saberem que são inferiores!

Salazar soltou o pescoço de Catrina. Ela caiu no chão e começou a tossir.

— Nem todos os bruxos são como você. – ela sussurrou.

— Como é? Conheceu algum outro bruxo? – Salazar espantou-se como uma criança.

— Godric me disse para ter cuidado. Disse que bruxos podem ser muito cruéis. Acho que ele pensava em você quando me disse isso. Você é um bruxo cruel!

Salazar enfim se lembrou de Godric Gryffindor, o bruxo que conheceu pouco tempo depois da morte de seu pai, que tentava salvar bruxos e inocentes, servindo a ninguém menos que o Rei dos trouxas.

— Eu sou um bruxo cruel? – Salazar riu. – Então me diga. Como aquele ruivo traidor do sangue revelou a uma camponesa qualquer a sua identidade mágica? Que eu me lembre ele adorava se esconder. Inclusive implorou para que eu fizesse o mesmo.

Catrina hesitou por alguns segundos. E com certo receio disse:

— Ele é o meu noivo.

De um modo quase involuntário, Salazar deu um grito. A situação que acabara de descobrir o irritou e o divertiu por um momento. Sua varinha, que estava largada em um canto qualquer veio até sua mão rapidamente, através de um feitiço que não precisou ser pronunciado.

— Deixarei que vá embora. – Salazar sorriu.

Catrina, sem acreditar no que ouvia, permaneceu no chão. Salazar a ajudou a se levantar.

— Pode ir. Mande saudações ao honorável Godric Gryffindor. Diga a ele como eu a recebi como uma princesa, e que faço questão de ter a companhia dele em meu palácio o mais brevemente possível.

— Nunca colocarei a vida dele em perigo. Não farei isso!

— Oh, fará. – Salazar apontou sua varinha a ela. – Imperio!


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Notas finais do capítulo

comentários, por favor.



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