Capitulo 48 - Superação

Sempre me perguntei se Marjori tem algum tipo de problema ou se é o mundo que não a compreende. Como pode uma criatura ser tão mau caráter quanto ela e ainda assim as pessoas a adorarem?

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Concursos musicais tinham seu charme. Novas melodias, novas letras, imitadores dos mais famosos artistas e o surgimento de potenciais talentos. De tudo se via, de tudo surgia e de tudo valia diante à oportunidade de se tornar uma estrela dos palcos.

– Você canta bem! - Disse uma mulher com um longo vestido brilhante se aproximando de uma garotinha.

A menina estava sentada cantarolando a música que lia no papel. Um vestido branco com sandálias da mesma cor. Ela olhou para a mulher sorrindo para agradecer o elogio.

– Se colocar uma roupinha mais brilhante e fizer um penteado adequado será uma estrela dos palcos com certeza. - A mulher olhava a menina de cima em baixo enquanto a pequena parecia admirada com ela.

– Acha mesmo que eu poderia ser uma estrela dos palcos? - A menina levantou-se animada. - Acha mesmo que eu poderia vencer o concurso e receber este título? -

– Segredinho... - A mulher abaixou-se sorrindo. - Claro que sim, você lembra a mim quando pequena. Se alguém me falasse que você é minha filha eu até acreditaria, mesmo sabendo que este corpinho nunca deu a luz a nenhuma beldade. -

A menina segurou uma pequena risada. Realmente as duas se pareciam muito, mesmo não sendo parentes. Os cabelos das duas tinham a mesma coloração rosa e a pele tinha o mesmo tom claro.

– Jurada Fantina começaremos em cinco minutos! - A voz de alguém ecoou pelos bastidores do Concurso Musical Estrela dos Palcos.

– Mas, vou responder sua pergunta de forma sincera. - A mulher ergueu-se olhando na direção que deveria ir. - Você não sairá daqui hoje como Estrela dos Palcos. Não se uma menina que vi mais cedo subir ao palco. -

– Não me importaria de perder para alguém melhor. - Disse a menina fazendo um ar triste. - Mas, essa menina que está falando é tão boa assim? -

– Ela ganhará a plateia e o juri sem abrir a boca. - Fantina riu de se acabar parecendo que estava fazendo uma piada. - Mas quando ela mostrar suas habilidades, todos os demais competidores se sentirão humilhados. -

<><><><><> 7 anos depois <><><><><>

Um olhar forte que não desviava mesmo diante aos gritos de seu nome que ecoava pelo estádio. Os cabelos rosas estavam soltos, a calça de couro preto estava colada ao corpo, uma blusa branca brilhante pouco a mostra devido a estar sendo encoberta pela jaqueta preta dos Poke-escolhidos.

Era incomum para os fãs de Marjori Star verem-na tão concentrada. Tão concentrada quanto Meilin que não tinha o problema de se distrair com o barulho da torcida, uma vez que não escutava nada.

As duas respiravam profundamente com os olhos cravados uma na outra, pois aquela era uma batalha das oitavas de Final. A surda muda contra a Estrela dos Palcos.

Aquela não seria a primeira vez que elas se enfrentariam, sendo que a última vez não acabou em tragédia devido a interferência dos pokemons do ginásio de Mahogany, mais precisamente Lapras que havia simpatizado com Meilin e suas notas musicais.

No Torneio do Festival de Inverno de Mahogany as duas se enfrentaram. Ao final da batalha o ataque do pokemon de Marjori não apenas nocauteou o pokemon de Meilin, mas também por pouco não feriu a menina. Lapras usou um de seus ataques para o bloqueio e depois saltou na frente de Meilin ficando entre ela e o pokemon.

Meilin acabou levando Lapras consigo e isso repercutiu pelo mundo. Apesar de Meilin não ter vencido Marjori e nem ter ganho o torneio a surda muda havia levado um dos prêmios, e com isso a raiva de Marjori acendeu-se.

Show de Revanche era como Marjori havia chamado um desafio que ela havia feito a Kevin. Ironias a parte Show de Revanche era como o público chamava a batalha entre as duas que usavam a música para lutar.

Elas levantavam o braço a medida que o juiz fazia sinal que a batalha tivesse inicio. Cada qual com uma pokebola. Marjori já estava com um pequeno microfone preso em sua cabeça, enquanto Meilin segurava a flauta certa de que deveria tocar com toda a velocidade que pudesse, ou não teria chances.

O juiz suspirou por alguns instantes. Ele teria grandes dificuldades naquela batalha, já que teria que se fazer ser entendido por Meilin e ele não era muito bom em comunicação não verbal. Ele esperava que a luta não tivesse situações que não fugissem as regras, mas sabia que algo iria acontecer.

O juiz autorizou o inicio da batalha e ambas liberavam seus pokemons. Em uma piscina como arena tendo alguns blocos flutuantes, Marjori já esperava que a escolha de Meilin, em algum momento, seria Lapras, por isso ela escolhia Mighthyena.

::”Evoluiu.”:: Meilin sentiu sua pele arrepiar ao ver o lobo noturno evoluído.

Mighthyena era um lobo com pelos escuros e olhar perigoso. Aquele pokemon tratava-se da evolução de Poochyena que tinha de diferença apenas um porte menor. Poochyena havia sido o pokemon que quase feriu Meilin na batalha anterior e agora estava evoluído.

Os dois pokemons se encararam por um breve momento. Era nítido que queriam se enfrentar, pois os olhares faiscavam. De certo Mighthyena não gostou de ter seu ataque interrompido com tanta facilidade, enquanto Lapras não gostou de ver a menina sendo atacada, mesmo que por acaso. Os dois teriam se enfrentando naquele dia se não tivessem sido recolhidos, mas hoje um teria que cair.

Uma nota vinha da flauta e bolhas começavam a ser espalhar pela arena. O lobo observou rapidamente as plataformas. Possuíam apenas 7 para se locomover, aquilo era prejudicial a sua velocidade.

Marjori começou a cantar indicando que era para assustá-la desde o incio. Quase cercado pelas bolhas o pokemon noturno inclinou sua cabeça para cima começando a uivar. Mas, o uivo logo se transformou no ataque Hiper Voice.

Apontado para cima o ataque Hiper Voice parecia que não teria efeito algum. Mas, as ondas de som do ataque começaram a se propagar e aumentar tomando conta da arena. As bolhas foram desfeitas no caminho e Lapras sentiu o efeito do ataque ficando zonzo.

A vibração do uivo não parava e parecia que aumentava a cada instante. Meilin não conseguia dar um comando e sentia que algo estava errado. Ela sentia a vibração do ataque por todo o seu corpo. Um dado momento Meilin deu um passo para trás assustada, sua flauta trincava diante as vibrações.

Marjori sorria de forma debochada. Ela sabia que o primeiro pokemon seria Lapras, mas não importava quem fosse, o plano era anular de uma vez as linhas de comando de Meilin, deixando o pokemon lutando por conta própria. No caso de Meilin, apenas dois pokemons iriam fazer isso, Loudred e Lapras.

O lobo parou e empregou velocidade saltando de plataforma para plataforma. Ele iria partir para o ataque enquanto Lapras estava completamente confuso. Meilin soprava a flauta, mas devido aos trincados ela não provocava mais som nenhum.

Dedos mexendo rapiadamente e os pulmões ficando sem ar de tanto soprar. As mãos começavam a tremer e o coração acelerava enquanto a treinadora surda muda tinha certeza de que nenhum som saía de sua flauta, as vibrações das notas não podiam ser sentidas.

Mighthyena atacou com Bola das Sombras e logo saltou cravando seus dentes no pescoço de Lapras que ainda estava tonto devido ao Hiper Voice. Lapras mergulhou tentando se livrar da confusão e do ataque. O lobo saltou habilmente para a plataforma.

Lapras surgiu do outro lado, um pouco abatido, mas pronto para o confronto. A mordida não havia feito muito estrago e com isso a batalha ainda demoraria bastante. Era questão de tempo para os dois se chocarem novamente, Lapras atento as notas musicas esperava pelas instruções de sua treinadora, mas ele apenas escutava Marjori e sua cantoria, não escutava a flauta.

O pokemon aquático percebendo que nenhuma nota vinha para lhe dizer um ataque estranhou a situação. Ele já estava refeito do ataque do Hiper Voice e conseguia escutar perfeitamente.

Olhou Meilin que tentava, de forma desesperada, consertar sua flauta, mas a própria sabia que um instrumento quebrado não poderia ser consertado tão rapidamente, ainda mais a flauta.

Várias Bolas das Sombras perseguiam Lapras que mergulhava para evitar os ataques enquanto Marjori continuava a cantar. Lapras sabia que poderia lutar sozinho, mas que valor teria isso para sua treinadora? Ele venceria o pokemon que a atacou, mas Meilin continuaria sozinha.

– Que música é essa? - Marjori parou de cantar escutando uma melodia estranha. Era como um prenuncio de mau agouro. Deixava a pele de todos completamente arrepiada.

O lobo olhava em volta sem entender e novamente uivava para usar o hipervoice tentando anular aquela melodia. Mas, nada parecia interromper tal melodia.

::” Eu conheço esse tipo de vibração.”:: Meilin pela primeira vez percebia que estavam todos atentos a algo que acontecia no estádio. Parou de mexer em sua flauta e tentava identificar de onde vinha vibrações tão tristes.

– Canção do Perecer? - Todos podiam escutar Marjori Berrar no microfone.

Canção do Perder era uma técnica suicida. O pokemon iniciava uma melodia, no geral triste e fúnebre, e ao final todos os pokemons ao redor dele, inclusive o executor, que haviam escutado a canção, desmaiavam.

O juiz levantava a bandeira com o fim da canção. Ele anunciava o empate daquela rodada. Mighthyena estava caído em uma plataforma, enquanto Lapras boiava pela piscina.

Meilin chorava compulsivamente. Ela sabia os motivos de Lapras. Sentia na música os pedidos de manter-se firme. Ela tentaria, mas ela não tinha mais como comandar seus pokemons.

::”Canção do Perecer. Por que usar algo que vai levá-lo para a lona se podia lutar por conta própria contra meu pokemon? Por que esse Lapras idiota não lutou contra Mighthyena? Ele tinha chances de vencer.”:: Marjori não dizia nada e pela primeira vez, muitas pessoas podiam dizer que a menina estava realmente chocada com algo.

<><><><><> 7 anos atrás <><><><><>

Caminhando pelos corredores do complexo onde acontecia o concurso musical a menina de vestido branco parecia confiante. Ela não se importava de perder, gostaria que a melhor melodia fosse a campeã.

– Fantina deve estar maluca. Achar que a melodia de alguém pode ridicularizar a qualquer outra melodia. Toda música é música. - Caminhando distraída enquanto ria da ideia acabou esbarrando com alguém. - Desculpa... -

A menina olhou sem entender. A pessoa com quem ela esbarrou nada disse ou sequer pareceu escutá-la. Simplesmente fez um gesto com a mão, difícil de se entender e continuou caminhando.

– Deve estar nervosa. - A menina de cabelos rosas suspirou vendo a garota em quem esbarrou entrar numa sala próxima. Certamente iria ensaiar um pouco mais antes da apresentação

Voltando para seu caminho, no entanto, a pequena percebeu que a garota nervosa havia deixado sua credencial cair. Pegando-a do chão e apressando-se para devolver chamou algumas vezes pela menina sem sucesso. Olhando a credencial para saber qual era o nome que deveria gritar. Parou um pouco antes da porta. “Meilin. Condição especial, surda muda.”

– Como uma surda muda poderia... - Uma melodia começou a ser tocada interrompendo os pensamentos da menina rosa que se apoiou na parede próxima a porta abismada com a melodia que escutava.

<><><><><> 7 anos depois <><><><><>

Um ursaring fincava as suas garras no chão enquanto era arrastado pela arena de grama. Os chicotes de Bayleef puxava-o pelas pernas afim de bater com ele no chão novamente. Já havia batido cerca de cinco vezes, após ter esquivado-se do ataque de fúrias. Com a defesa baixa, ponto fraco do uso do ataque de fúrias, o pokemon urso estava sendo liquidado.

– Eu desisto! - Berrou o treinador.

A plateia começou a gritar o nome de Kevin e Bayleef, alternando para o apelido que ela havia ganhado, briguentinha. Kevin saudava ao estádio após mais uma batalha perfeita, 3 pokemons abatidos apenas com um e tendo levado apenas um golpe. Golpe este que irritou a pokemon planta de tal forma que Kevin chegou a pensar retirá-la da arena, mas o treinador acabou desistindo primeiro.

– Kevin! - Desesperado Détrio adentrava a arena. - Precisa correr. Meilin teve a flauta quebrada por Marjori durante a batalha. Ela não consegue comandar os pokemons. -

– Que? - Kevin sem conseguir compreender muito bem recolheu Bayleef que recebia os aplausos e direcionou-se a Détrio. - Como assim? Como deixaram você entrar na arena? É proibido treinadores acompanharem os competidores. -

– Estou registrado como assistente da Liga. - Disse Détrio. - Isso não importa! - Vamos. -

Détrio explicava para Kevin o que havia ocorrido na primeira batalha e que ele saiu do estádio antes que ver Lapras e Mighthyena terminarem a batalha.

– Mas o que eu vou poder fazer? - Questionava Kevin correndo. - Melhor que isso. Por que você está querendo ajudá-la? A Marjori é sua amiga. -

Détrio parou de correr de repente. Suspirando ele olhou para o amigo um pouco cabisbaixo.

– Sim ela é. Mas... - Détrio cerrava os punhos irritado. - Não é justo que Marjori ganhe daquela forma depois de todo o trabalho duro de Meilin. Ela deu duro o tempo todo e só não consegue lutar de igual para igual por causa de um instrumento musical. Ela precisa de um instrumento para poder continuar lutando! - Grita Détrio. - Eu sei o que é ter seus sonhos pisados. -

– Détrio... - Kevin colocou a mão no ombro do amigo. - Ela também te motiva a lutar, não é? -

Détrio apenas confirmou com a cabeça.

– Eu não sei que instrumentos ela sabe tocar. Mas, acho que podemos levar todos que acharmos. - Kevin olhou para o telão vendo que anunciavam que o segundo pokemon de Meilin e Marjori ganhavam o palco. - Vou no centro pokemon e você no estádio principal. Me encontre no estádio onde elas estão batalhando para você poder levar para ela tudo que acharmos. -

– Certo! -

Talvez nenhum dos dois soubesse o que estava fazendo. Sabiam que nada era certo. Achar um instrumento seria difícil. Um que Meilin soubesse tocar seria complicado. Um que não fosse abafado pela cantoria de Marjori iria ser difícil. Mas, pior que aquilo seria o fato deles não chegarem a tempo. Os pokemons de Meilin teriam de lutar sozinhos e o fato era que não poderia sobreviver tanto tempo lutando contra Marjori.

Algo que não passava pela cabeça deles enquanto corriam contra o relógio era o estado emocional de Meilin. Não seria fácil para ela se acalmar para continuar a lutar, mas tudo o que eles podiam fazer era encontrar instrumentos e levá-los antes que o tempo acabasse.

Kevin corria para dentro do estádio segurando o único instrumento que havia achado no Centro Pokemon. Já nas arquibancadas, tendo a visão da luta, parou assustado com o que estava presenciando.

A visão era a mais estranha possível. A arena de piscina havia sido modificada pela pokemon de Marjori. Marjori como seu segundo pokemon escolheu Ariados que havia tecido uma enorme teia a um metro da piscina, prendendo nas paredes do estádio. A arena havia mudado completamente.

::”A teia prende qualquer que estiver em contato, se não tiver habilidade para andar sobre ela. Além disso, a teia serve de sensor para indicar o tipo de movimento que está sendo feito. O treinador não vai identificar, mas Ariados vai. Se por ventura Meilin tivesse a Flauta os ondas sonoras acertariam as teias e Ariados saberia exatamente o tempo para seu adversário preso reagir.”:: Kevin havia parado abismado com a ação de Marjori. Jamais imaginou vê-la com uma estratégia como aquela. Uma estratégia que mais se parecia com o estilo que ele havia desenvolvido para si.

– Ariados, agora, aproveite que ele está envenenado! - Gritou Marjori.

Loudred estava preso na teia sem conseguir se mexer. Tentando evitar que a teia encobrisse a arena, Loudred lutando por conta própria tentou acertar Ariados enquanto ela trabalhava, mas acabou sendo preso pelas teias. Tentando soltar-se usou o Hiper Voice, mas a potencia não havia lhe permitido se soltar, pelo contrário, os poucos fios partidos haviam caído sobre ele e lhe prendido ainda mais.

– Meilin você sabe usar isso aqui? - Kevin berrava mostrando o violino. Todos olharam para ele e Ariados até parou de fazer o que estava fazendo. No entanto, Meilin foi a única que não olhou. - Eu esqueci. - Kevin suspirou descendo as escadas rapidamente.

– Um Violiono? - Marjori parou por alguns instantes. - Kevin seu... um brilho? -

Um brilho começava a surgir do meio da arena feita de teias. Loudred começava a brilhar e aumentar de tamanho. Com isso as teias que o prendiam iam se rompendo fazendo-o cair na piscina.

Emergindo surgia um novo pokemon. De pele rocheadas, mas muito maior e com uma boca ainda mais apavorante Loudred evoluiu para Explosion.

– Isso não muda nada! Ainda está envenenado. Ariados use Hiper Raio! - Gritou Marjori.

Ariados obedeceu de imediato. Um rajada de energia foi contra Explosion que foi acertado sendo levado para o fundo da piscina.

– Isso! - Marjori vibrou. - Não vai haver violino para salvar! -

A plateia aplaudindo parou de repente. A água dentro da piscina começava a agitar-se. Logo a água da piscina subiu como um pilar acertando Ariados e sua teia. Todos podiam escutar o grito de Explosion usando o Hiper Voice.

O Hiper Voice criou um túnel de vento que levava não apenas o forte som, mas também a água da piscina. A piscina ia ficando cada vez mais vazia, enquanto Ariados ia tentando resistir ao ataque duplo, de água e som.

::”Loudred... Explosion...”:: Meilin estava admirada com o golpe. Sentia a vibração dele e sentia os esforços que seu pokemon estava fazendo para vencer.

Explosion caia sem forças devido ao veneno interrompendo seu golpe. Marjori já não estava mais com o microfone e nem com a jaqueta. Ela estava nervosa e estava ansiosa. Viu seu Ariados cair de sua teia no chão de concreto da piscina, agora vazia.

– Ambos fora de comba.. - O Juiz viu Marjori apressar-se em retirar o pokemon e enviou rapidamente seu último pokemon para o combate. Typlosion o principe das Chamas.

A plateia em coro chamava pelo pokemon de fogo. Enquanto o juiz fazia sinal para Meilin apressar-se em retirar seu pokemon caído e enviar seu último.

::”Rápido. Rápido. Rápido! Vou tostar aquele violino se for preciso. Vou tostar aquele violino nem que seja a última coisa que eu... Détrio?:: Marjori sabia que talvez apenas a vibração do ataque de Mighthyena não fosse o suficiente para deter a flauta. Indo contra as regras de Gary onde ela, e seus companheiros de equipe, deveria usar apenas os pokemons que havia capturado nessa temporada, ela trouxe o Príncipe das Chamas. Se a Flauta não fosse destruída pelo som, seria pelas chamas.

Os pensamentos da Estrela dos palcos foi cortado ao ver o amigo de equipe, Détrio, entrando na arena e carregando o violino que estava com Kevin.

Meilin ainda atordoada e sem saber como lutar percebe que todos estão olhando para algo atrás dela. Ela se vira e vê Détrio esticando-lhe um violino.

<><><><><> 7 anos atrás. <><><><><>

Meilin havia acabado de ensaiar. Estava de olhos fechados imaginando como havia se saído. As vibrações das notas pareciam boas. Seus sentimentos quanto aquilo era bom, mas era difícil saber se havia se saído bem ou não.

Abraçada ao violino sentiu que alguém estava próximo ao abrir apenas viu uma garota de cabelos rosa puxando o violino de suas mãos. A menina parecia irritada. Não demoru para bater com o violino no chão e começar a pular em sima dele. Meilin tentou segurar a menina, mas a de cabelos rosas estava tão revoltada que tinha adquirido uma força muito maior que a Meilin, devido a adrenalina.

<><><><><><> 7 anos depois <><><><><>

Meilin com as mãos trêmulas tentou pegar o violino, mas acabou dando dois passos para trás completamente assustada. Ela não tinha motivos para aceitar o violino que vinha de Détrio, ainda mais que aquele menino era da Equipe de Marjori. Aquilo era evidente, a menina queria ridicularizá-la. Queria fazer o mesmo que fez a sete anos atrás, destruir seus sonhos.

Détrio apontou para um local da arquibancada. Meilin correu com os olhos e viu Kevin fazendo sinal para que ficaria tudo bem.

Meilin hesitava. O juiz dizia que ela tinha 1 minuto, mas ela não se dava conta disso. Typlosion começou a inflamar na arena provocando alguns tremores. Détrio então colocou o violino no chão e pegou a mão de Meilin. Ele fechou os olhos cerrando os punhos e bateu o seu contra o dela.

::”Marjori destruiu meu violino para que eu não participasse de uma competição a 7 anos.”:: Détrio dava alguns passos para trás assustado. De todas as vezes que ele tinha dúvida de estar imaginando coisas, aquela era a situação onde ele dúvida que o que ele escutava em sua mente tivesse algum ponto de mentira.

::”Não desonre a oportunidade que seus pokemons te deram. Não como eu fiz.”:: Meilin piscou algumas vezes assustada. Ela tinha certeza de que havia escutado Détrio. Sabia que ela não podia escutar. Sabia que ele não havia mexido a boca. Mas tinha certeza, escutou o menino falar direto na sua cabeça.

Meilin se virou quando o juiz acenava que ela tinha 10 segundos. Jogou apressadamente a pokebola. Uma Wigglytuff surgiu. O juiz autorizou a luta e a plateia vibrava vendo as chamas acertarem a pokemon balão sem que ele pudesse ao menos ter chance de compreender a batalha, já que a arena era a mais estranha de todas, uma piscina sem água, com algumas placas de madeira espalhas e cheia de teias de aranha.

– Roda de Fogo! - Berrou Marjori.

Meilin ainda vertia lagrimas com os olhos fechados. Não havia pego o violino.

::” Eu não posso. Não posso. Teve um motivo para ela fazer aquilo que fez a sete anos. Ela deve saber que a musica é horrível. Odeio ela por me mostrar a verdade. Mas... Eu tenho que fazer algo. Lapras e Explosion vibraram numa sintonia para me darem essa chance. Mas eu não consigo. Eu não posso tocar na frente dessa multidão. Eu não posso!!”:: Meilin chorava e o juiz já estava preocupado com suas condições de continuar a luta.

::”Vibração diferente...”:: Meilin olhava as pessoas na plateia revoltada. Era nítido que não estavam gostando do que acontecia. Era nítido de que eles vaiavam. Sua pokemon corria como podia do Príncipe das Chamas, desesperada e pedia por ajuda.

Meilin passou a mão no rosto. Eles estavam vaiando sua deficiência e incompetência. Talvez Marjori estivesse certa em achar que ela não deveria fazer aquilo, mas depois que Lapras tentou lhe dizer que ela era capaz, depois que Loudred evoluiu só para lhe dar uma chance, ela precisava ao menos tentou ajudar a Wigglytuff. A pokemon não merecia as vaias que estava recebendo.

Abaixou-se para pegar o violino. Sentiu as mãos tremer ainda mais ao encostar nele. Se perguntou porque Kevin havia lhe trazido justamente um violino. Ele saberia de sua história? Talvez Marjori tivesse contado ou mesmo espalhado para o mundo.

Meilin não percebeu mas, assim que ela se posicionou com o violiono a plateia parou. Só se escutavam os gritos de socorro da Pokemon balão.

Marjori encarou Meilin por alguns instantes até que viu os olhos da menina se fechar.

<><><><>ASSITA: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=OF_vBv3IA2M <><><><><>

”Wigglytuff!” Os braços e dedos de Meilin começavam a se mexer velozmente.

::“Eu não vou pedir para você fazer o seu melhor nessa luta onde eu já te condenei desde que começamos a treinar para ela. Sinto por não poder te dar nenhum tipo de comando para vencer o Principe das Chamas. Sei que tenta desviar a cada instante para não sentir dor. Espero que saiba que ninguém esta sofrendo mais do que eu nesse momento. Vou te pedir para fazer apenas uma coisa, a mesma coisa que Explosion e Lapras fizeram, fazerem uma última melodia comigo. Cante comigo!”:: Meilin abria os olhos parando de tocar.

Ela não compreendia, mas via sua pokemon sorrindo para ela enquanto Typlosion estava caído no chão.

Assim que Meilin começou a tocar Wigglytuff! Começou a se mexer mais rápido indo de um lado para o outro enquanto ainda era perseguida pelas chamas. Mas, ao mesmo tempo que desviava ela usava a Tecnica Canção de Ninar. Marjori estava como toda a plateia, estática diante a surda muda que estava tocando uma maravilhosa sinfonia no violino.

Os movimentos que a pokemon fazia as vezes lembra os movimentos que Meilin fazia, inclinando-se e dobrando-se ao fazer as notas no violino. Quando Meilin parou, o Canção de Ninar já havia realizado seu efeito.

Todos parados e sem produzir nenhum som observavam a espantosa treinadora e música surda muda. O juiz tentou se recompor ao perceber que Typlosion estava adormecido. Talvez ele tivesse sido o primeiro a retornar a realidade, mas percebeu que outro já havia o feito antes. Pois alguém começava a aplaudir.

Todos ainda incrédulos do que haviam presenciados escutaram alguém começar a bater palmas. Sim todos deveriam bater palmas, mas era difícil para qualquer reagir depois daquilo. Para reagir era necessário já escutado coisa parecida, ou ficaria imóvel como naquele dia.

A única pessoa presente que havia escutado aquilo havia começado a bater palmas. Não poderia deixar de aplaudir algo que ela julgava belo e criado numa situação como aquela. Se fazia sentido para alguém ou não, aquilo pouco importava. Se alguém entenderia que ela estava feliz por admitir a própria derrota, pouco importava, Marjori aplaudia com tudo o que ainda estava dela, da forma como ela sabia que teria feito a sete anos atrás, se não tivesse sido influenciada pelo orgulho e cobiça de Fantina.

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Meilin foi aplaudida por mais de 10 minutos. Ela própria demorou para entender que estava sendo aplaudida e que havia vencido. Foi preciso que alguém escrevesse com calma tudo o que havia acontecido desde o momento que Détrio saiu da arena ao momento em que ela abriu os olhos depois de tocar.

É lindo ver alguém superando os limites e as próprias expectativas. Entender as ações das pessoas, sem que seja necessário falar. Conseguir se fazer entender, apenas com um gesto. Se esforçar ao máximo até o momento em que você vê que sua barreira foi superada.

Me pergunto se Meilin sabe que minutos antes de começar a plateia estava vaiando. Talvez saiba que vaias aconteciam, afinal o povo estava revoltado. Mas tenho que certeza que ela não sabe que as vaias eram para Marjori. Nunca imaginei que chegaria o dia que Marjori seria vaiada.

Eu nunca imaginei que veria Marjori assumir que derrota. Mesmo diante das vaias. Fazer o pokemon dormir não dá ele como desclassificado na liga de prata. Ela poderia torcer para ele não se esgotar e acordar para que ela pudesse voltar a lutar. Mas, ela desistiu pela Meilin.

Fiquei constrangido de pensar que Meilin me admira ao ponto de pedir que eu autografasse o violino que dei a ela. Principalmente porque ela não conseguia entender que eu precisava devolver o violino, espero que o dono não pire quando eu tiver que contar que não poderei devolvê-lo e que esse troço não seja muito caro.

Queria ter um sonho como a Meilin tem, para poder fazer que nem ela.