O Garoto De Olhos Cor Chocolate. escrita por Luíza AD


Capítulo 5
Capítulo cinco


Notas iniciais do capítulo

Meu notebook quebrou e eu tive que comprar um net u.ú Mas é bom também. Espero que gostem desse.



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E foi isso que aconteceu. Depois daquilo, minha vida continuou normalmente, sem preocupações. Faz um mês que Anúbis não fala comigo, e não sei se estou bem com isso. Sendo que, as dores de cabeça continuaram, não contei para ninguém sobre isso, e para mim, estava tudo bem. Zia e Carter estão namorando á sério agora, Jasmine está toda hora com um garoto novo. Sorte dela.

Mas a sorte estava aparecendo muitas vezes para ela. Oras, deveria ficar feliz por ela estar tentando achar a pessoa certa. Não me arrependo de ter falado aquilo para ele, não quero que ninguém crie expectativas sobre mim, mesmo sem saber que eu estive doente.

Ah, quase que eu esqueço. Agora, as meninas estão dando em cima dele cada vez mais, sem se importarem de ser enxotadas como gatos de rua. Vejo que ele não gosta tanto de atenção assim. Fico feliz que ele tenha feito isso. Eu posso parecer meio estranha, mas eu gosto quando ele faz isso com elas.

Ainda me pergunto o que teria acontecido se eu tivesse falado outra coisa invés daquilo, será que nós dois teríamos tido algo á mais? Ou talvez... Droga Sadie, não posso pensar nisso, eu já fiz a minha escolha. E ela não incluía o Anúbis.

- Sadie, qual que você acha a melhor? – perguntou Jaz pela décima vez.

Estávamos no pátio da escola no início do intervalo, e ela ficava perguntando qual é a melhor bolsa para usar no seu próximo encontro. Havia uma rosa e outra preta.

- O garoto que eu vou sair gosta de preto, mas a rosa me deixa mais feminina! – ela reclamou.

- Seja você mesma. – falei pegando uma das bolsas. – Se esse for o garoto certo, ele tem que gostar de você pelo que é, não por coincidências, entendeu?

- Sim, entendi. – ela colocou a mão no queixo. – Mas ele prefere preto! O que eu faço?

Revirei os olhos. Jasmine precisa aprender que não se pode fingir se algo que você não é. Diz a garota que fingi ter uma vida normal, quando na verdade deveria estar visitando o médico.

Deitei lentamente na mesa do refeitório. Não tenho dormido direito, por isso estou sempre cansada.  Mas isso não atrapalha nos meus estudos. Jasmine está sempre falando de garotos e garotos, Zia está sempre ocupada com os trabalhos, e na maioria do tempo eu fico sozinha.

Escutei o bipe no meu celular e olhei a tela. Havia uma mensagem da Zia, provavelmente falando sobre algo banal. Te encontro no shopping no final da aula, vamos passar um tempinho juntas, igual á antes. Não pense que eu te esqueci ok? É que eu estou muito ocupada!

Essas palavras ecoaram irônicas na minha mente meia hora esperando no shopping, no local que iríamos no encontrar, e eu sozinha. Zia iria aparecer á qualquer momento. Mesmo assim, andei um pouco para arejar minhas ideias.

Me encostei em uma pilastra e respirei fundo. Falta alguma coisa. Ponderei da minha ideia de viver a vida sem o que eu mais temo. Foi essa a melhor solução? Que droga, não posso ficar me lamentando por algo que eu poderia ter feito.

Foi aí que eu vi a pessoa que habitava meus pensamentos nas últimas semanas. Anúbis estava andando com uma aura cautelosa. Ele andava com pressa, o que me fez pensar se ele estava atrasado para alguma coisa.

Talvez um encontro. Outra pontada. Repreensão. Estava usando uma calça jeans preta, com correntes, e uma camiseta da banda Nirvana. Será que ele não sabe o quão bonito ele fica com aquelas roupas?

Balancei a cabeça, tirando os pensamentos da minha cabeça. Eu já tive minha chance, não posso ficar só olhando. E foi isso mesmo que eu pensei quando estava andando na direção dele, e ele recebeu um abraço quando eu ia cutucar ele.

Me afastei rapidamente. Ele estava em um encontro. Me virei, com as lágrimas já se formando, mas algo me impediu. Eu queria saber se aquilo era mesmo um encontro.

Olhei, escondida, a garota com quem ele conversava. Ela usava um vestido soltinho branco, em contraste com suas rasteirinhas longas, que contornava sua perna quase que completamente.

Me senti muito simples em relação á ela. Estava com olheiras profundas, usava uma calça jeans azul desbotada, all star Converse preto, e uma camiseta simples, com alcinhas. Ai, seria tão bom se Zia estivesse aqui...

Como se atendesse um pedido meu, ela apareceu toda linda em sua blusa apertada rosa, por baixo de sua jaqueta vermelha, que chamava muita atenção.

- Olá, cunhadinha. – ela disse, segurando o meu braço. – Faz tempo que não saímos juntas.

- É, faz mesmo. – falei, suspirando. – Finalmente percebeu que precisa estudar para passar de ano?

Ela riu.

- É. – ela respondeu. – Hoje nem o seu humor bipolar vai me atingir. – ela me olhou de cima para baixo. – Nossa você tem que usar maquiagem!

- Há. Não – falei brevemente. – Para que usar maquiagem? Para eu ficar doente de novo e...

- Vai deixar a leucemia vencer sua vida? – Zia perguntou. – Olha, Sadie, você tem que renovar esse seu visual. Tá muito caidinho.

- Estou muito bem nessa roupa. – respondi, ajeitando meu suéter. – E além do mais, o que a gente vai fazer?

- Não sei... – ela respondeu, colocando um dedo nos lábios. – Vamos dar uma andada por aí, e ver se encontramos alguém legal para você.

Olhei rapidamente para o casal. E depois olhei para Zia, que estava curiosa. Grande erro, foi tarde demais, ela olhou e arregalou os olhos.

Fui arrastada até uma loja e jogada em uma cadeira. Só isso que eu consegui assimilar quando e ajeitei na cadeira.

- Dá um retoque nessa mulher! – gritou Zia, com uma voz raivosa.

Me assustei, mas não me mexi. O que eu senti foi horrível e interessante. Colocaram algo sobre meus olhos – suspeito que era pepino – e senti meu cabelo ser enrolado, lavado, enrolado de novo e passaram alguma coisa. Enquanto isso, passaram algo no meu rosto inteiro e lavaram.

Quando tiraram os pepinos dos meus olhos, me maquiaram. Não sei á quantos tempos ficaram nesse vai e vem, estava quase dormindo enquanto a mulher passava sombra nos meus olhos.

- Zia, por que tudo isso? – perguntei, me levantando.

- Pega isso e veste! – ela me jogou algumas peças de roupas.

Peguei elas e vesti no provador. Saí de lá quase que com falta do ar por causa das roupas.

- O que eu estou usando Zia? – perguntei. – Isso é muito apertado.

- Vamos fazer o Anúbis se arrepender de ter desistido de você. – ela respondeu com naturalidade.

- O quê? Não!

Tentei me livrar daquelas mulheres, e Zia já tinha pagado. Empurrei todas e saí quase que cega pela porta. Bati em alguma coisa alta e forte, e quase que caí no chão.  Se não tivesse sido segurada por dois braços fortes. Dei um encontrão com alguém e ficamos assim por dois segundos, até o garoto me soltar.

Arregalei os olhos. Era Anúbis. Claro, típico dar encontrões com ele.

- Sadie, você está bem... – ela viu Anúbis. – O que você quer?

- Ela quase caiu. – ele tentou se explicar, desconcertado. Ora olhava para mim, e para baixo.

Foi aí que caiu a ficha. Olhei para baixo e vi que roupas eu usava. Uma calça apertada de couro, seguida por uma bota de cano alto, minha blusa era tão apertada que eu acho que fiquei roxa.

Imagina, eu já estava corada por causa da roupa e fiquei roxa por falta de ar. Zia e Anúbis estavam discutindo e não me perceberam respirando ofegante, mas consegui respirar.

Zia se acalmou e Anúbis se explicou, mas eu provavelmente não escutei, estava mais concentrada em respirar. Inspirei. E foi aí que a Zia sumiu.

- Ué, cadê a Zia? – perguntei á Anúbis com a voz meio exasperada, e logo veio uma dose de tosses. – Ela.. *cof* estava aqui á pouco tempo.

- Ela disse que ia bem ali. – ele disse desconcertado. – Quer dar uma volta?

- Não quero atrapalhar seu encontro. – falei decidida.

- Encontro? – ele olhou para a minha expressão e riu. – Era minha prima. – arregalei os olhos e fitei o chão, envergonhada por ter ficado enciumada. – O quê? Ficou com ciúmes?

Não ia dar esse gostinho para ele. Sorri, e quando ia andar, tropecei nos saltos e ele riu.

- Você é muito desastrada. – e segurou minha cintura e me puxou para o lado dele.

Meu coração palpitou. Fiquei corada.

- E-Eu... – bufei e ele riu. – Não costumo ser tão desastrada assim.

-É, parece que só é quando está perto de mim. – ele disse e fomos andando com ele abraçando minha cintura, me ajudando á andar. – Aonde você quer ir?

- Não sei. – falei, e ele deu um sorriso de canto. – Que tal... Aonde você quer ir?

- Vou te apresentar á minha prima. – ele sorriu. E o meu sorriso murchou. – Ela vai adorar te conhecer.

Ele me levou desse jeito, ás vezes abraçando a minha cintura com mais força, ás vezes um pouco mais leve. Quem passava poderia dizer que nós éramos namorados.  Chegamos á ala  de alimentação e eu avistei aquela garota. E a pude ver melhor.

Ela tinha cabelos longos e um pouco ruivos. Sardas eram o contraste na pele dela. Ela sorriu quando me viu, agarrada ao Anúbis como se ele fosse minha fonte de vida.

Quando ele me soltou – devagarzinho, sem vontade de fazer isso – sorriu para prima.

- Sadie, essa é a Emily. Emily, essa é a Sadie. – ele falou, gesticulando para nós duas.

- Ah, então você é a famosa Sadie? – ela perguntou, apertando minha mão.

- F-Famosa? – perguntei abalada.

- É.  O Anúbis me falou tanto de você. – ela deu uma piscadela.

Meu coração palpitou novamente.

Anúbis corou.

- Não leve a sério o que ela diz. – e o meu coração murchou.

Emily me fez perguntas e eu as respondi naturalmente. Foi quando ela comentou uma coisa que eu resolvi me despedir dela e ir para outro lugar.

- Gostei dela. – ela olhou para o Anúbis. – Seus pais vão gostar dela, ela é original. E essa roupa ficou um arraso.

Me despedi dos dois com poucas palavras e quase que corri, ainda tropeçando com os saltos. Estão criando expectativas de novo... Meus olhos se encheram de água. Me sentei em um lugar e coloquei as mãos na cabeça, balançando a cabeça com raiva.

Escutei meu nome ser chamado e olhei para trás. Anúbis corria até mim, e parou, ofegante.

- Não leve á sério o que a Emily diz. – ele falou, se sentando á meu lado. – Ela é meio doida.

Sufoquei um grito. Não que eu não saiba disso, mas eu não queria acreditar. Eu queria... Não. Eu quero. É isso. Eu quero... Ficar perto do Anúbis.

Mas.. Eu não posso. Lágrimas escorreram. Suspiro.

- O que foi? – ele perguntou assustado. – Não precisa chorar, não precisa..

Mas toda vez que ele tentava me consolar... Eu chorava mais. E mais... E mais...

- Para. – ele pediu, segurando os dois lados da minha bochecha. – Por favor. O que eu faço para você parar de chorar?

As pessoas que passavam ao nosso redor, demoravam mais ao passar por nós. Estávamos chamando atenção.

- Escuta, Sadie. – ele limpou as lágrimas, ainda segurando meu rosto. – O que foi?

“Eu. Eu sou problema. Sou eu quem vai te magoar. Um dia você vai me odiar, quando eu te contar o que aconteceu para mim. Não quero magoar ninguém. Se eu ficar doente, você vai ficar preocupado, e se eu morrer... Não quero nem pensar nisso”

Pulei na camisa dele. É, eu fiz isso mesmo. Passei as mãos por seu pescoço e desabei em lágrimas. Ele ficou surpreso, mas depois me abraçou também. Não... O que eu estou fazendo? Se eu der esperanças para ele vai ser pior.

Tentei me soltar dele, mas a pegada dele era muito forte.

- Me larga. – falei.

- O que foi? – ele perguntou me soltando. – Não me deixa preocupado desse jeito.

Engoli em seco.

- Anúbis... – comecei. – Preciso te contar uma coisa.

- Pode me falar. – ele olhou em meus olhos. – Pode me contar qualquer coisa.

Me senti péssima. Mas eu já tinha começado, e agora tenho que terminar.

- Eu já tive... – e foi aí que meu celular tocou. – Depois eu te falo.

Era só o alarme. Me despedi dele, e ele, tentou me segurar, mas eu tinha que voltar para casa. Ele insistiu em me levar para casa. Estávamos caminhando e ele segurou minha mão. Corei e senti um arrepio.

É. O Anúbis me faz sentir coisas que eu nunca senti. Fomos andando até em casa. Quando ele foi embora,eu resolvi tomar uma decisão que eu jurei evitar.


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Notas finais do capítulo

Tenho 16 leitoras! Mas nem a metade está comentando ¬¬. Poderiam comentar? Gostaria de saber se vocês estão gostando!
bjos.