“Meu amor, minha vida hoje se resume apenas em que te querer e poder estar contigo outra vez. Sua imagem se repete varias vezes em meus sonhos e que belos sonhos tenho contigo, são quase recordações de tardes vividas há pouco tempo no nosso lugar preferido, nosso pequeno esconderijo, próxima a nossa arvore. Porem logo acordo por conta de todas as brigas que se passam em casa e o meu desejo é lhe ver outra vez, uma pena que querer não é poder.

Varias vezes ao dia me pego pensando em você, no seu belo sorriso, no formato triangular de teu doce rosto, suas feições angelicais e perfeitas a meu ver, o seu corte de cabelo mediano e de tão negros se tornam azuis marinho, o que lhe da um charme a mais. Lembro varias vezes de como é o seu olhar, um olhar hipnotizante e tentador, me fazendo delirar a cada lembrança de nossos beijos apaixonados e cheios de calor, suas mãos passavam pelo meu rosto me fazendo ter leves arrepios a cada caricia dada.

Não quero que nossa historia acabe por causa de minha família e sua ignorância idiota. Quero-te a cada instante ao meu lado... Amo-te meu doce amor, meu pequeno Romeo.”

Com Amor, Cindy.

Era a milésima vez que Cindy escrevia aquela carta, a mesma carta que entregaria ao seu namorado. Cindy sempre falava dele e de como ele era, e eu sempre analisava seu rosto ao simplesmente lembrar-se do tal Romeo.

Ela sorri a cada historia que conta e fala o quão maravilhoso Romeo era pra ela. Cindy sorri quando dorme e assim sei que sonhou com ele e fico feliz que ela tenha algo a se apegar. Ela se tornou um pouco triste depois de algum tempo, porem nunca deixou de sorrir e brincar, de falar com as amigas que fez aqui ou coisas assim, ela simplesmente sabia esconder a dor e eu me impressionei com isso.

Certa noite resolvi ir mais uma vez ao quarto de Cindy, apenas para averiguar se estava dormindo ou não. Bati na porta e sorri ao ter uma resposta, ela com uma voz fraca disse que eu poderia entrar:

- Olá Cindy... Bem por que não esta dormindo? Esta tão tarde...

- Olá Becky... Eu estava pensando nele, e você sabe como me sinto. – Ela soltou um leve sorriso.

Sentei ao seu lado na cama e disse:

- Cindy já faz tanto...

- Não faz tanto tempo assim Becky. – Ela disse ficando irritada. Senti sua respiração ficar desigual e vi suas mãos tremerem.

- Tudo bem Cindy, sei que para você não deve fazer tanto tempo assim, lhe entendo...

Fiquei observando sua reação, ela apenas se deixou deitar em sua cama com lençóis azuis claros com listras violetas. Seu quarto era o mais aconchegante que já entrei, Cindy o deixou tão pessoal e tão “lar” que me sinto em casa toda vez que entro nele.

Cindy pegou seu urso de pelúcia e o abraçou, me olhou risonha e adormeceu, finalmente abrindo a mão, tendo nela uma carta antiga e amassada. Com cuidado a peguei e a curiosidade falou mais alto, abri a carta que dizia:

“Minha Cindy, minha doce Cindy que eu amo com todas as minhas forças, creio eu que será a ultima carta que lhe escreverei, o por quê? Nem eu queria acreditar, mais é a guerra que entrei sem querer e quase sem proposito, apenas querendo voltar pra casa e lhe ter em meus braços outra vez. Minha Cindy, quero que não se preocupe comigo, não mais, porque bem, meus ferimentos de guerra estão me matando aos poucos e a saudade que sinto de você é tanta que prefiro morrer a não lhe ver outra vez.

Escrevo essa ultima carta para que você sempre se lembre que o meu amor por você foi infinito, que ainda me lembro de todos os seus gostos e desejos de vida, porem quero que você viva eles mesmo sem mim, apesar de que sempre estarei ao seu lado onde eu estiver.

Seja feliz minha Cindy, seja feliz.”

Com Carinho e pela ultima vez... Romeo.

Com a carta havia mais um papel mal dobrado, o abri e vi que era uma noticia em um jornal que hoje não existe mais, e a noticia era assim:

“ROMEO, MAIS UM HEROI DE GUERRA QUE SE VAI”

Soltei uma lagrima ao finalmente entender o que aconteceu com Cindy e perceber que ela é conformada apenas por ter essa carta e a certeza que Romeu estará lá com ela em todos os momentos de sua vida.

Sai do quarto silenciosamente, desejando que ela tenha seus sonhos felizes com Romeo...

Agora vou me apresentar adequadamente, sou a Dra. White. Sou psicóloga num instituto que não posso identificar por conta da politica da empresa e cuido de Cindy desde que chegou aqui, há exatos 15 anos e bem, escrevi sobre ela hoje porque gosto da historia dela e o quanto ela é forte por se conformar com a morte dele somente tendo como base sua ultima carta.

A Dra. White ficou com a historia dos dois em sua mente... Passaram poucos dias e Cindy morreu, Becky foi uma ultima vez ao seu quarto, que agora já estava vazio e solitário. Sobre a cama estava um pequeno pedaço de papel destinado a Becky e com cuidado e atenção o leu:

“Minha amiga Becky, quero agradecer por tudo que fez por mim, pelas conversas e toda a atenção que me deu, quero que saiba que sem você minha vida seria monótona e sem graça. Sem delongas me despeço aqui com um abraço e saiba que hoje vou estar com ele, com Romeo. Saiba que nunca vou lhe abandonar e que estarei ao seu lado sempre.”

Com Carinho, Cinderella.

Becky sorriu ao terminar de ler e sentia que Cindy agora estava feliz, e seria feliz ao lado de seu grande amor.