Ed In Wonderland escrita por teffy-chan


Capítulo 4
Capítulo 4 - Mad Hatter




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Ed passou mais alguns minutos andando sem rumo até que a estrada de terra que ele seguia o levou até uma casinha de dois andares, toda branca, com o telhado e as molduras das janelas pintados em cor de rosa. Tinha um belo jardim muito bem cuidado e com uma horta repleta de apenas cenouras, e com as janelas em formato de cabeça de coelho. O loiro encarou o que parecia ser uma casinha de bonecas em tamanho real por vários segundos com uma gota na cabeça quando o dono da casa saiu pela porta da frente, correndo e gritando:


– Mariaaaaana! Onde você está? Mariaaaanaaaaaaa!! - ninguém mais ninguém menos do que Alphonse Elric veio correndo para o lado de fora, ainda em seu traje engomado e com suas orelhas e rabinho de coelho. Estava tão concentrado em encontrar a tal Mariana que nem sequer notou quando passou direto pelo seu irmão mais velho
– Ei, Al! Aonde pensa que vai?! - Ed o puxou pelo braço, impedindo o menino-coelho de prosseguir - Aonde você está indo afinal? E quem é essa tal Mariana??
– Mariana! Finalmente te encontrei! - Al exclamou para Ed - Vamos logo, depressa! Eu estou atrasado!
– Do que raios você me chamou seu pirralho orelhudo?! - o mais velho exclamou, bufando de raiva
– Anda, vai logo, Mariana! Entre e pegue minhas luvas, eu estou atrasado!! - Alphonse tornou a gritar, aparentemente completamente esquecido de que Ed era seu irmão, e de que não se chamava Mariana
– Mas...
– Vai logo Mariana!!! - o mais novo gritou mais alto do que nunca e Ed não viu outra escolha a não ser entrar na casa de coelho, nem que fosse para apenas fazê-lo calar a boca.


Ainda resmungando e xingando o irmão caçula, Edward adentrou a casa e subiu as escadas até o segundo andar, adentrando o único quarto que havia lá. Começou a vasculhar o armário e as gavetas da cômoda, distraído, e se perguntando desde quando Alphonse usava luvas. Roubou um biscoito também em formato de coelho do pote que havia em cima da cômoda, voltando a revirar as gavetas em seguida, sem nem perceber que estava aumentando significativamente de tamanho graças àquele simples biscoito. Tanto a ponto de não caber mais na casa.


– Mariana! Vamos logo! Mas o que raios ela esta fazend... ahhhhh!! - Alphonse pulou para trás ao abrir a porta da casa e se deparar com o pé gigante de Ed saindo por ela - Um monstro! Socorro! Um monstroooo!!!
– Monstro?! Fala sério, agora passei de surfista de privada para monstro, é?! - Ed exclamou sarcasticamente, mas Al não ouviu o comentário dele de tão apavorado que estava. Felizmente ou não, o mais novo viu alguém passando em frente à sua casa nesse exato momento e correu até a pessoa, pedindo ajuda.


Ed não podia ver quem era na situação em que estava, muito menos ouvir do que eles falavam, mas achou a voz da pessoa que falava com Alphonse tremendamente familiar. Levou um susto quando reconheceu a voz e, ao abrir a janela, confirmou suas suspeitas ao avistar o falecido Tenente-coronel Maes Hughes. O susto foi tanto que ele soltou um berro que, para os dois homens lá fora parecia mais um urro, o que só contribuiu para aumentar o pavor dos dois, mas Ed não se importava muito com isso agora. Ver pessoas conhecidas naquele lugar estranho era uma coisa... mas ver pessoas mortas já é demais!


– Vamos, me diga Dodô, o que eu faço?! - Al choramingava, pulando de um lado para o outro na frente do homem
– Dodô? Fala sério, o Tenente-coronel foi rebaixado agora, é? - Ed murmurou para si mesmo lá de dentro
– Ora, é muito simples a solução, meu jovem! - Hugues exclamou animado, embora não parecesse ter a menor idéia do que fazer - O que nós precisamos é de... é de... - ele olhou para os lados como se procurasse por uma resposta. E a encontrou quando viu um homem grandalhão com uma única mecha de cabelo loiro pendendo para a frente e o resto da cabeça completamente careca, passando em frente a casa e caregando uma escada nos ombros - De um idiota com uma escada! Sim, é disso que precisamos! - ele correu até o homem, fazendo-o entrar. Ed olhou pela janela mais uma vez e avistou ninguém mais ninguém menos do que o Major Alex Louis Armstrong ao lado de Hugues
– Ahh é brincadeira... até o Major?! - Ed resmungou, já prevendo o pior
– Diga uma coisa, meu caro... você já subiu por uma chaminé? - Hugues perguntou amigavelmente para o mais alto
– Ahh meu bom homem, se eu fosse contar as chaminés... - o Major respondeu com animação, dando a impressão de que gostava tanto de entrar por chaminés quanto gostava de exibir seus músculos
– Ótimo! - o de óculos exclamou - Então eis o que deve fazer: Suba na escada, entre pela chaminé, e arranque o monstro de lá!
– É claro! Eu subo pela escada, entro na chaminé, e... peraí, monstro? Que monstro?! Você não me disse que haveria nenhum monstro!!!
– Ora, mas é fácil! Com o seu tamanho, vai ser moleza, o monstro não terá a menor chance! - Hugues insistiu, embora Armstrong não parecesse estar com a menor vontade de fazer o que ele pedia.


E enquanto eles discutiam, Ed percebeu que aquilo não iria acabar bem, e olhou para os lados, à procura de algo que o salvasse. Viu a horta de cenouras pela janela e, sem pensar duas vezes, esticou a mão para fora e agarrou a mais próxima. Alphonse se pendurou na mão dele, tentando impedí-lo de roubar suas cenouras e o chamando de ladrão canibal, mas Ed apenas o sacudiu para longe como se o garoto-coelho fosse um inseto incômodo ou coisa parecida, e abocanhou a pequenina cenoura. Em menos de dois segundos ele encolheu tanto que poderia passar por debaixo do vão da porta de entrada. E foi isso o que ele fez, saindo de fininho e largando os três discutindo antes que notassem sua fuga.


Depois de caminhar o que lhe pareceu verdadeiros quilômetros, mas que na verdade devia ter sido apenas alguns metros, graças ao seu diminuto tamanho, Edward chegou a um lugar repleto de cantoria e vapor quente vindo de e uma casa menor e mais simples. Sem que ninguém notasse, ele adentrou o lugar e se aproximou, notando que a cantoria ficava cada vez mais alta. E era proferida por um grupo de pessoas um tanto inusitado: O Coronel Roy Mustang, que nesse momento usava um terno desbotado com uma gravata-borboleta vermelha torta e uma cartola velha, a Tenente Riza Hawkeye, que trajava um vestido preto e vermelho, com meia-calças desaparecendo por debaixo da saia, um laço enfeitando o decote e com um par de orelhas pontudas saindo de sua cabeça e destacando ainda mais seus cabelos loiros e soltos, e o Homúnculo Gluttony, que ainda usava sua costumeira roupa toda preta, mas que agora possua uma cauda fina e comprida sem pêlos e um par de orelhas grandes e felpudas no topo da cabeça, como as de um camundongo. Como sempre, estava devorando tudo e qualquer coisa que houvesse sobre a mesa na qual eles estavam sentados. O choque de ver o Coronel e a Tenente tomando um chá tranquilamente com um Homúnculo foi tão grande que Ed precisou se sentar para se recuperar do susto. E assim que o fez, viu seus dois companheiros do exército saltando de seus lugares e gritando:


– Está cheio, está cheio! Você não pode se sentar, está cheio!!
– O que?! Mas há muitos lugares vazios aqui!! - o loiro exclamou, se recuperando do choque aos poucos
– Ora, mas é muito feio se sentar sem ser convidado, não sabia? - o Coronel falou
– Sim, é muito feio mesmo! - Riza apoiou
– Muito, muito feio - repetiu Gluttony, voltando a comer em seguida
– Tá - Ed bufou, erguendo uma sombrancelha com irritação - Já que estão ocupados, eu vou andan...
– Não! - os três berraram juntos
– Talvez não tenha problema você ficar só um poquinho - Roy falou como se lhe estivesse fazendo um grande favor, e Ed voltou a se sentar - E então, Do Aço, o que faz por aqui?
– Bem... eu estava procurando pelo meu irmão, quando...
– Irmão? - Roy interrompeu - Que irmão?
– Desculpe, mas eu sou filha única - Riza informou, embora ninguém tivesse lhe perguntando
– Eu tenho seis irmãos! - Gluttony exclamou, voltando a comer em seguida
– Isso é ótimo, mas eu estava falando do meu irmão - Ed falou com uma gota na cabeça - Vocês não viram o Al por aí?
– E você não viu o meu sanduíche por aí? Jurava que estava aqui agora mesmo! - o Homúnculos respondeu a pergunta dele com outra pergunta
– Você já comeu, Gluttony - Riza informou, e o Homúnculos soltou uma exclamação de desapontamento
– Nee... por que vocês estão andando com esse Homúnculos afinal? Ele é um dos mais perigosos! - o loiro exclamou
– E por que você está sentado aí há o maior tempão e não tomou nenhum gole de chá ainda? - Roy também respondeu a pergunta dele com outra pergunta, empurrando uma xícara para ele - Tome um pouco de chá, está ótimo! Vamos, beba!
– Eu não quero chá! - Ed afastou a xícara - Olhe aqui, Coronel, eu lamento atrapalhar seu chá de aniversário, mas...
– Chá de aniversário? - Riza o interrompeu - Não, não, não, meu caro, isso não é um chá de aniversário! É um chá de desaniversário!
– Tá, e.... que raios é isso?!
– Ora, mas é muito simples! Permita-me elucidar as idéias, meu caro! - o Coronel exclamou pomposo. E sem mais aviso, ele juntou-se à Lebre e os dois começaram a cantar:


– As estatísticas mostram que há
Apenas um aniversário por ano, apenas um!
– Mas existem 364 desaniversários,
Então temos muito que comemorar!
Portanto...

Um bolo de desaniversário pra mim
Pra quem?
Pra mim.
Pra ti.

Um bolo de desaniversário pra ti.
Pra mim?
Sim sim.
Ó sim!

Vamos comprimentarmos com uma xícara de chá
Um desaniversário pra tiiiii!


E para encerrar, Gluttony cantarolou:


Brilha, brilha, morceguinho
Brilha bem devagarinho
Desce, desce, vem pousar
Cá no bule do meu chá.


http://www.youtube.com/watch?v=csC2gxCX03s&feature=related


Ed ficou encarando os três por vários segundos, completamente sem fala. Até reconhecia a vagamente a canção do antigo livro de histórias que sua mãe lhe contava quando era criança, mas não fazia a menor idéia do que raios poderia ter motivado uma pessoa tão certinha como a Tenente, alguém nem tão sério assim como o Coronel, e alguém tão burro quanto Gluttony a cantarem uma música tirada de um livro infantil. Isso enquanto ainda se perguntava por que raios Riza estava usando um vestido e orelhas de lebre, sendo que ele nunca na vida viu a Tenente usando saia, ou por que raios ela e o Coronel estavam tomando chá de aniversário, ou desaniversário, ou o que quer que fosse junto com um Homúnculo.


Antes que qualquer uma dessas perguntas fosse respondida, Alphonse sugriu do nada, atravessando o quintal deles como se este fizesse parte da estrada que ele seguia. O Coronel também pareceu notar e esse fato e foi correndo até o garoto, gritando:


– Ei, parado aí!! Você não pode sentar, está tudo ocupado!
– Hein? - Alphonse pareceu surpreso em notar que haviam mais pessoas na casa que ele invadira - Ah, me desculpe, Chapeleiro, mas eu não posso tomar chá com você hoje, eu estou atrasado - ele explicou, apontando amplamente para o relógio dourado em suas mãos, ainda que ninguém o tivesse convidado para o chá
– Não me admira que esteja atrasado, ele está cheio de rodinhas e parafusos! Esse relógio está quebrado! - o Coronel exclamou
– Q-Quebrado?!
– Sim! Está dois dias atrasado! - o homem reafirmou, tomando o relógio das mãos do garoto e o observando com um saleiro grudado em um dos olhos como se este fosse um microscópio ou coisa parecida
– Ahh essa não... d-dois dias?! Tem certeza?? - o mais novo exclamou um tanto apavorado
– Certeza absoluta! Mas não se preocupe, eu conserto! - Roy exclamou, fazendo uma cara séria que não combinava muito com ele no momento - Minha cara Lebre, temos uma operação de emergência aqui! Traga os materias necessários!
– Sim senhor! - Riza exclamou, levando a mão à cabeça como costumava fazer no exército
– Traga manteiga, agora! - Roy ordenou, estendendo uma das mãos enquanto terminava de abrir o relógio com a outra
– Manteiga! - ela falou, entregando o pote de manteiga para ele
– Geléia! - ele mandou, estendendo a mão novamente após passar manteiga no relógio
– Geléia! - ela assentiu, entregando a geléia
– Leite! - ele pediu, e a mulher lhe entregou o leite, que Roy derramou todo no relógio - Vamos ver, o que mais...?
– Chá? - Riza sugeriu
– Oh sim, como pude me esquecer do chá?! - Roy exclamou, pegando o bule de chá que ela lhe estendia e derramando no relógio
– Açúcar? - ela sugeriu novamente
– Sim, açúcar! Duas colheres, por favor - Roy pediu, e ela lhe entregou literalmente duas colheres ao invés do açúcar
– Mostarda? - ela sugeriu novamente
– Sim, most... mostarda?! - Roy repetiu - Por que eu colocaria mostarda?! Não seja ridícula! - ele exclamou, empurrando a mostarda para longe, como se a fosse um completo absurdo colocar mostarda em um relógio, mas colocar geléia e manteiga fosse completamente normal - Limão, agora sim - ele pegou um limão já partido ao meio e o espremeu no relógio. Aparafusou novamente o relógio, que começou a apitar como se fosse um despertador, pulando e rodopiando sozinho no ar e por toda a mesa.


– Ohh não, o que houve com ele?! - Riza exclamou, por algum motivo surpresa com o fato de que, colocando tanta comida dentro de um relógio, pudesse estragá-lo
– Aposto que foi o chá! - Roy exclamou, como se isso fizesse alguma diferença a essa altura dos acontecimentos
– Tá maluco, tá maluco! - Gluttony gritava - Ahhh! vai estragar meu bolo!! - ele tirou um bolo de chocolate da mesa antes que o relógio caísse em cima dele e o devorou sozinho com uma só bocada
– Aposto que foi o limão! Ele não aguentou o tranco, foi demais para o pobrezinho! - Riza arriscou
– Ahh o relógio endoidou de vez, e agora?! - Roy exclamou, olhando para os lados meio desnorteado
– Só há um jeito de fazê-lo parar! - Riza exclamou e, sem pensar duas vezes, ela puxou um revólver de dentro do decote da roupa e acertou um tiro certeiro no pobre relógio, que finalmente parou de apitar e saltar no ar, caindo na mesa com os parafusos, molas, chá, mangeita e geléia, tudo pra fora
– É, dois dias de atraso... não tem conserto - Roy falou solenemente, empurrando os restos mortais do relógio para as mãos de Alphonse
– Ohh meu relógio... meu pobre reloginho... - o loiro choramingou, com os lábios tremendo
– Era seu?! - o Coronel exclamou, como se não soubesse disso
– Era... e foi presente de desaniversário...
– Ora, hoje é seu desaniversário?! - Roy exclamou, se empolgando novamente - Nesse caso...
– Um bolo de desaniversário pra mim
Pra quem?
Pra mim.
Pra ti.

Um bolo de desaniversário pra ti.
Pra mim?
Sim sim.
Ó sim!

Vamos comprimentarmos com uma xícara de chá
Um desaniversário pra tiiiii! - o
Coronel e a Tenente cantaram juntos, mais sorridentes do que nunca, cada um segurando um braço de Alphonse e literalmente o jogando para longe da casa.


Ed ficou tão aparvalhado com a história do chá de desaniversário e com o relógio cantante que se esqueceu de que só estava ali para encontrar Alphonse. Xingando aquele trio de malucos e amaldiçoando-se por dentro por ter se esquecido desse fato, ele seguiu a única opção que lhe restava e saiu correndo atrás do irmão.










*** Próximo Capítulo: Cheshire Cat ***




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Notas finais do capítulo

Konnichiwa minna!
Eis aqui o capítulo tão esperado... parabéns pra quem apostou que o Chapeleiro seria o Roy, vcs acertaram em cheio XD
Espero que estejam gostando da fic, por favor não deixem de acompanahr o próximo capítulo, nessa mesma hora, nesse mesmo canal, e nesse mesmo site! õ/ Táparei XD
E lembrem-se, as fics são pura Troca Equivalente: nós autores proporcionamos cenas emocionantes pra vocês atráves da história, e vocês leitoras nos proporcionam momentos felizes e divertidos escrevendo o que acharam do capítulo nos reviews! *no ritmo de Fullmetal Alchemist*
Kissus^^