_ Oi. Viu o Diogo? – perguntei a Sílvia, que falava com David no corredor.

_ Não.

_ E você sabe dele? – perguntei a David!

_ Desculpe, mais também não vi!

Andava doida a procura de Diogo! De um certo jeito algo dentro de mim me dizia que devia pra ele mas quantas justificações. Percorria os corredores infinitos do colégio a procura dele mais ninguém sabia onde estava.

Seja quem fosse que me aparecesse na frente era bombardeado pela mesma questão: “ Viu o Diogo?”

E a resposta era sempre “ não”.

Parei em frente de Barbara que trazia um montão de livro na mão enquanto remexia no celular. Bastava um simples movimento brusco que fosse que tudo caí no chão.

_ Viu o Diogo?

_ Ele estava entrando no banheiro, quando por lá passei.

_ Muito obrigada! Muito obrigada mesmo.

Finalmente alguém sabia onde aquele garoto se tinha enfiado. Asselarei o passo até ao banheiro e quando lá cheguei e sem que ninguém se apercebesse de minha entrada súbita no banheiro masculina, entrei depresse olhando para os lados todos do corredor.

Fechei a porta e quando afirmei que estava já dentro do compartimento e que a parte pior já tinha passado, me encostei nela e respirei. Olhei em volta, analisando o lugar, visto que apesar de já estar a um bom tempo no colégio nunca tinha lá entrado.

Era muito parecido com o feminino, a única diferença era que era azul, já o nosso era arroxeado.

Ainda estava varrendo tudo com os olhos quando comecei ouvindo gemidos e respirações.

_ Diogo! – alguém gemia. Enquanto se via uns pés se mexendo por baixo da porta.

Ouvia gemidos e risos baixos. Gritinhos histéricos e respirações descompassadas e ofegantes. Já para não falar que a porta do banheiro mais um pouco e caía.

Apertei os punhos e como não estava para ficar ouvindo aquilo, saí.

_ Porque você é tão ingénua Sophia? Porque você é tão estupida e não se liga que ele está noutra? – falava pra mim mesma e bufava de enervada que estava.

Eu estava capaz de matar ele. Vou de boa vontade no banheiro explicar tudo e me deparo com ele e com uma das muitas vadias que no colégio há, fazendo coisas indecentes no banheiro masculino!

Ai como eu detesto esse garoto! Como eu detesto esse Macedo! Como eu detesto esse playboyzinho!!

Estava me martirizando e quase me batendo quando Guilherme aparece na minha frente:

_ Pra quê tudo isso?

_ Agora não! Me erra!

_ Fala a sério que você vai ficar zangada pelo que rolou?

_ Queria que eu ficasse como? – falei irónica pra ele com as mãos segurando firmes minha anca, para libertar toda a raiva que sentia. Não conseguia estar quieta e estava constantemente a  andar pra frente e para trás, de um lado para o outro. Enquanto Guilherme, que estava na minha frente, se movia também. Mais não por estar nervoso, sim porque me queria alcançar e olhar no rosto.

_ Você gostou? – ele falou baixo assim que eu parei e me virei. E logo meu olhar que estava fixo no chão se levantou de rompante o encarando.

_ Como? O que falou?

_ Perguntei se você gostou?

_ Do… do… - coçava a cabeça nervosa. A palavrar não saía e acho que a razão dela não ecoar era mesmo o fato de o ato e da atitude que ele tomou na cantina não ter entrado nem se encaixado direito em minha cabeça.

_ Do beijo sim! é isso que eu estou perguntando! Você gostou de me beijar?

Me vidrei nele e tentei arranjar resposta. Na realidade não foi eu que o beijei mais sim ele que me beijou.

_ Na verdade… - parei de falar pois olhei para o fundo do corredor e vi Diogo saindo coma a famosa garota que estava rendida aos prazeres de Diogo. Ele vinha arranjando a camisa e ela a saia, que de saia não tinha nada pois mal tapava a suas coxas.

Uma ideia surgiu em minha cabeça. Estava na altura de fazer o mesmo que ele.

_ Na verdade eu adorei o seu beijo. E mais eu quero voltar a sentir seus lábios nos meus. – Sem Guilherme contar o agarrei pela camisa e cravei um beijo nele. Não apenas um selinho, como na cantina! Muito mais que isso!

Ele se entregou pra mim e eu enquanto o beijava, olhava para o fundo de corredor e via a reação de Diogo que quando nos viu, ficou mais que verde. E devia ter ficado completamente aos cocos por dentro. Passei aos mão pelas costas e de Guilherme e depois enterrei elas em seu cabelo, o puxando ainda mais pra mim.

Entretanto a garota e o Macedo viraram costas e eu achei que o beijo já estava de bom tamanho. O pior é que só me dei conta das consequências de meu ato quando ele terminou.

_ O que quer dizer isso?

_ Acho que você sabe a resposta! – Agarrei a mão dele e o puxei estava na hora da aula. – Vamo se não mais um atraso!

Ele riu e correu comigo até á sala, com as mãos entrelaçadas nas minhas. Chegamos na sala e passamos os dois na porta ao mesmo tempo. Sabem como se estivéssemos num espetáculo, e as luzes caíssem em cima da gente,, naquela sala vazia foi inverso. Em vez de serem luzes foram vários pares de olhos. De diferentes cores, de diferentes tamanhos e formas. Uns muito abertos, outros muito fechados, mais todos pousaram em cima da gente. E um par de olhos em especial chamou minha atenção. Brilhou mais no meio de todos os outros.

Será que é muito difícil de adivinhar quais foram? Não foram os de Rita! Se era nela que estavam pensando. Também não foram os de Tomás que apesar de serem lindos não foram os que mais me chamaram á atenção. Também não foram os de Sílvia! Acham que foram os da Liz? Pois também foram, mais esse chamaram minha atenção não por brilharem mais sim por queimarem sobre mim e Guilherme.

Os olhos que eu estou falando são sim os de Diogo. Que me analisaram de cima a baixo e que num certo e determinaram ponto chocaram com os meus. E devo dizer que quase deu faísca.

_ Vamos nos sentar?

_ Claro que sim! – Guilherme passou os braços por cima de meus ombros e eu entrelacei nossas mãos.

Sentamos numa carteira bem no funda da sala. E eu tirei minhas coisas para fora.

_ Todo o mundo está olhando a gente!

_ E o que tem? Você deve alguma coisa pra alguém?

_ Não. Que eu me lembre não.

_ Então ergue essa cabeça, porque quem está olhando merece ser olhado frente a frente. – roubei um beijo a ele, e fui correspondida. Mais as caricias tiveram que parar pois as classes iam começar.

_ Bom dia gente! Como está todo o mundo? Preparados pra começar mais uma aula?

_ Quando são aulas de filosofia todo o mundo está pronto, professora!

_ Isso é um elogio, ou uma forma querida de dizer que detestam minhas aulas?

_ Como é possível detestar suas aulas? Você é uma boa professora! – Tomás falou.

_ E uma professora boa! – acrescentou David.

_ Até demais, cara! – Diogo falou. E todos os meninos daquela sala caíram na risada. Até Guilherme!

_ Engraçadinhos que eles estão hein! – a professora se referiu a nós meninas.

_ Qual vai ser o tema de hoje? – Rita perguntou.

_ Um tema que geralmente gera muita discussão e muita polémica entre vocês jovens. Uns consideram um tema constrangedor e não falam muito, outros gostam de trocar opiniões!

_ Mais qual é o tema?

_ Sexo!

_ Ui, como é possível odiar suas aulas, hein? – Tomás voltou a falar.

_ E tem algum tema especifico para se falar dentro desse grande tema?

_ Este tema não tem temas. A gente é que cria os vários temas.

_ Mas, ó professora, não acha que tem pessoas dentro dessa sala que não se sentem á vontade de falar sobre isso? – A Liz falou mandando uma boca para a Susana. Ela era uma garota muito ligada na igreja e em valores de não sei o quê e por isso ela era considerada freira, pronto. Lá porque desde sempre fala que a virgindade só a perde depois do casamento e como é assim desse jeitinho sempre é motivo de gozo para as lideres de torcida!

_ A vovó sempre falou pra mim que quem deseja os prazeres da carne tem falta de valores morais. – Diogo falou. Olhando de relance para Liz.

_ E você segue esse considerado ditado popular? – A professora perguntou.

_ Sim. Claro. Sempre que posso! – ele falou cheio de peito.

_ Tem certeza Diogo? – perguntei me virando pra ele e retendo, mais uma vez a atenção da turma. – É que hoje de manhã no banheiro não parecia nada. Bem pelo contrário, dava pra perceber que estava bem rendido aos prazeres carnais de um certo alguém, né Carla? – me apercebi que a vadia que estava com Diogo no banheiro era Carla. Pois estava exatamente com a saia, se, se pode afirmar que era uma, que a garota tinha.

_ Do que está falando, hein?

_ Eu acho que você sabe muito bem do que eu estou falando! Mas se não tiver a certeza pergunta pra Carla tenho certeza que ela sabe o que fez. E minha amiga, tome cuidado, os dois enfiados num banheiro, podem dar muito prejuízo para o colégio, da maneira que a porta abanava!

Toda a turma começou rindo e Liz não ficou muito satisfeita com o que ouviu.

_ Pelo menos eu não me jogo no primeiro que aparece na frente! – Diogo falou se levantando da cadeira.

_ Mais que moral você tem pra me julgar? – me levantei também e não ia ser Guilherme, que tentava me voltar a sentar, que ia impedir de eu responder pra letra de Diogo.

_ Nenhuma, mais suas atitudes falam por você!

_ Me deixa adivinhar, você gostaria que eu andasse á sua volta, é isso? È por isso que fala que eu me jogo em qualquer um? Você quer que eu me jogue em você também? Diga lá, você me deseja? È isso?

_ Você é louca da vida. Desejar uma pessoa assim e como você, nunca! Nunca iria desejar uma pessoa em que não posso sequer confiar!

_ Mais quem falou pra você que eu não sou de confiança?

_ Tem pessoas que simplesmente não valem a pena! – Diogo falou agora não gritando, mais sim num tom calmo mais frio e rude.

_ As coisas nem sempre são o que parecem. E ás vezes é mais fácil, acreditar no que dá jeito e fugir da verdade. É mais fácil fugir de todo o mundo e se esconder entre o som de musicas ridículas que toca no violão, ou até atrás de garotas que só querem é transar e mostrar que são boas. Mais na realidade elas são boas. São boas merdas.

_ Mas qual é o seu problema? Que tem se eu me refugiar nisso tudo?

_ O meu problema é você! O meu problema sempre será você!...