CAP 1

PDV Narrador

A castanha estava sentada, se olhando no espelho, recém havia acordado, a camisola de seda raspava no chão. O cabelo, agora solto, caia em ondas, ela o escovava com todo o cuidado do mundo, vezes fitava seus olhos castanhos no espelho e vezes fitava os cachos. Ela estava avoada pensando na conversa que havia tido com os pais há um mês atrás, a conversa não lhe saíra da cabeça desde então.

Eles estavam preocupados, haviam se descuidado muito, esquecido de que sua filha estava crescendo e quando ouviram os rumores da cidade, que ficaria velha demais e em final não se casaria, se apressaram a achar um marido. Até já haviam começado a preparar o irmão, Jeremy, dois anos mais jovem, e se duvidar começariam a preparar a irmã de apenas quatro anos, Margaret.

A propósito, ela foi batizada como Elena Petrova Gilbert, filha de Miranda Petrova Gilbert e Greyson Gilbert. Eram uma das famílias mais ricas de Mystic Falls. O pai de Elena era um dos sócios do banco, seu tio John Gilbert era o médico mais respeitado e sua mulher, Isobel Gilbert, levava ótima fama por isso e o seu boticário era o mais bem sucedido da cidade.

Mas em fim, Elena precisava de um marido e seus pais estavam atrás, aliás...

—Elena! Elena! Minha filha! -A mãe de Elena, Miranda, ou Sra. Gilbert, apareceu no quarto, a porta ricocheteou na parede e voltou a se fechar com um baque, Elena pulou e pôs a mão no peito. Ela se virou para sua mãe.

—Mamãe! O que foi? Pregou-me um susto!

—Oh, desculpe-me, meu tesouro. Não foi minha intenção! Eu só estou muito animada. Seu pai voltou da conferencia com o Master Salvatore.

—E? -Perguntou visivelmente confusa. Sua cabeça trabalhava para formar uma ligação com a euforia da mãe e a conferencia do seu pai... Teria a ver com o casamento... Master Salvatore tem filhos, não tem? Uma vez brincou com eles na sua infância, muito tempo atrás. Ainda recordava-se um pouco.

Mas qual deles? Ela mal os conhecia, ainda era loucura, mal sabia seus nomes, mal lembrava deles.

A mãe soltou um suspiro cheio de amor e animação, se conseguem entender, ela sentou-se na beirada da cama da filha e segurou suas mãos, os olhos brilhando animados, pela filha, por si e por todos. Elena não via os olhos da mãe brilharem assim desde que Margaret falou 'mama'.

Elena não pode evitar o sorriso por vê-la assim, simplesmente amava a mãe, ela era sua heroína. Tão honesta, carinhosa, amorosa, honrosa e respeitosa. Ela queria ser igual a mãe.

—Mamãe! Sem delongas, fale, fale -Ela estava começando a pegar a euforia de Miranda.

—Ah, claro, vou contar. Seu pai falou com o Master Salvatore. O filho mais velho precisa de uma esposa, ele está a completar vinte e dois anos, está tarde e ele não se decidiu entre nenhuma. Então o pai fez um acordo com o seu. Irá casar-te com ele, Elena!

Elena murchou. Ela sabia desde o inicio o assunto da conversa, mas ouvi-lo a fez desanimar. Ela não sabia o nome dele, não recordava, ela não o conhecia e acima de tudo: não o amava.

—Mas mamãe...

—O que há, Elena?

—Não sei seu nome, não o conheço, não o amo. Quero... Quero amar.

—Bem, em primeiro, é Damon Salvatore. Pode vir a conhecer, pode morar alguns meses com ele antes da cerimônia de casamento. Quanto a amor, tenha filhos Elena, e os ame. Eu também não amava seu pai, não sei se o amo, Elena. Mas havia acabado meu tempo, e eu não havia sido desposada, então meu casamento foi arranjado com seu pai, acredite: eu não queria, eu estava apaixonada, Elena, mas eu não poderia ficar com o moço... -Ela sacudiu a cabeça afastando os pensamentos- Em fim, o ponto é que não precisa amar, pode vir a amá-lo, mas para casar precisa apenas respeitar, quem sabe desenvolve carinho por ele. -A mãe sorriu, animada com a ideia, mas olhos não possuíam mais brilho, os olhos havia se tornado tristes, foi a recordação que causou isso. Quem havia sido o moço que conquistou o coração de sua mãe? Elena teve que engolir a curiosidade e forçou-se a sorrir como a mãe sorria.

—Claro, mamãe, será ótimo.

—Ah! -A mãe a abraçou apertado - Trazes enorme felicidade!

—Espero que sim... E espero trazer orgulho.

—Eu sei que trará... -Ela acariciou os cachos da filha e então se lembrou de algo, seus olhos recuperaram um pouco do brilho - Ah, não é só isso. Fomos convidados para o baile do aniversário de cinquenta e cinco anos de Master Salvatore! Comece a se aprontar quando o relógio der quatro baladas, não quero atrasos. Seremos pontuais.

A mãe beijou testa da filha em um gesto de carinho.

—Damon vai amar-te. Você será a esposa perfeita, Elena, tenho absoluta certeza. És linda, és responsável, tão carinhosa. Serás perfeita.

—Oh, obrigada mamãe. Eu espero.

Então a mãe se afastou e a olhou de corpo todo, ela fez uma careta.

—Loise! -Gritou, a criada de sua filha apareceu na porta- Vista Elena para o café. Andas avoada, filha? Esqueceu de vestir? - Ela não permitiu que Elena respondesse - Estou descendo, espero-te lá embaixo.

—Certo, mamãe.

Sra. Gilbert saiu e fechou a porta.

Loise sorriu.

—Então, vamos vestir-te, Miss Elena. Azul anil, Verde esmeralda, rosa fosco...

—Arranje o verde, por favor.

—Esmeralda, fosco, antigo...

—O verde, não sei a descrição, apenas quero o verde. O meu favorito.

—Claro, um minuto.

Elena voltou a pentear o cabelo e em um minuto Loise voltou com o vestido, Elena suspirou e levantou, pronta para ser vestida. Achava isso uma bobagem, mas se sua mãe mandava assim, assim seria.

Logo estava vestida, a meia calça brança, a saia de armação e o sutien, e o vestido verde que tanto amava. Ela dispensou o corpete, odiava-o. Loise botou os sapatos de salto baixo preto aos pés de Elena e ela os calçou ficando dois ou três centímetros mais alta. Voltou a sentar-se na penteadeira, mas quando pegou a escova em vez de levá-la a seus grossos cachos levou a mão de Loise que os escovou novamente, como se não bastase Elena escová-lo. Então Loise puxou a parte da frente do cabelo e prendeu para trás, o resto deixou solto, como era da preferência de Elena.

—Obrigada, Loise - Disse Elena levantando-se.

—Quer que eu lhe acompanhe até o andar de baixo?

—Não, não se incomode. Vou até o quarto de Margaret, Betina a aprontou? Posso descer com ela?

—De fato, Miss Elena, ela já está pronta, esperando. O senhor Gilbert, seu irmão, está lá embaixo já, seus pais também, estão a espera de ambas.

—Ah, obrigada.

Elena caminhou até o quarto da irmã menor que estava agarrada ao bichano peludo e branco, o gato de olhos cinzas, o vestido rosa estava ficando cheio de pelos, os cabelos loiros dela estavam presos em duas tranças baixas.

—Margaret? Vamos? - Chamou Elena da porta.

Margaret tirou o bichano de seu colo e correu para abraçar a irmã mais velha.

—Mana!

—Ei, alguém está um pouco suja.

Margaret riu, Elena tirou os pelos brancos do vestido cor-de-rosa.

—Vamos lavar as mãos e descer para o café da manhã.

Assim que as mãos estavam livres dos micróbios que o animal oferecia, as irmãs Gilbert desceram a escada principal da casa e chegaram ao hall, a esquerda estava a sala de janta onde a família as aguardava para o café, rapidamente Betina sentou Margaret a mesa e Elena tomou o lugar ao lado da mãe em frente ao irmão.

—Bom dia para as minhas princesas - Cumprimentou Master Gilbert

—Bom dia papa! -Disse Margaret lambusando-se com mingau.

Elena riu da cena da pequena irmã.

—Bom dia papai, como foi a conferencia? - Perguntou educadamente Elena provando seu mingau com canela.

—Ah, como sempre, cansativa. Se divertiram sem mim?

—Sabe que sim -Disse Jeremy divertido.

—Vou lembrar disso.

—Estou calado -Disse Jeremy voltando a seu café.

—Então - Sra. Gilbert pigarreou para chamar atenção - Iremos ao baile do Master Salvatore, essa noite, exceto Margaret...

—Mas mamãe! - Protestou Margaret.

—Você é muito pequena minha querida, mas não vai demorar para ir a bailes.

—Que nem a Elena?

—Claro, docinho -Disse Elena.

—Em fim, eu quero todos no hall às sete e meia, em ponto, certo? - Sra. Gilbert usou seu olhar mais severo, todos assentiram e desviaram o olhar para os pratos de comida