"Nossa que vista linda! Eu pensava comigo mesma apreciando um campo florido ensolarado, perto do nada. Onde estou? Eu me perguntava, enquanto caminhava calmamente pela colina, pegando as flores coloridas e belas, que tocavam meu tornozelo nu. Mas o que é isso? Um calor horrível passou por meu corpo, um calor intenso, insuportável. Que me fazia querer gritar. Aquilo estava ficando insuportável. Até que. - Ah... - Suspirei acordando do estranho sonho... O que fora aquilo? - Minha cabeça queimava e minhas bochechas estavam vermelhas... O que aconteceu comigo?

Eu mal conseguia levantar... Sentia-me abatida.

– Qual o problema? - Perguntou minha mãe entrando no quarto. - Estou em plantão... Tenho que ir... - Ela fechou a porta e saiu.

– Lucy. Levante! - Davin entrou no meu quarto e me sacudiu. - Lucy o que houve? - Ele se repetiu observando minhas bochechas. Finalmente ele demonstrava seu lado paternal. - Ric!! Venha aqui!! - Ele berrou, eu balançava negativamente com a cabeça, isso era tudo que eu não queria. Em meu sonho, ao acordar pensei que Richard estava ao meu lado, eu não conseguiria encara-lo. Não agora.

– O quê? - Ele disse irritado, como sempre ficava de manhã.

– Você não vai para a escola! - Ele insistiu ignorando sua brutalidade.

– Por quê? - Ele não olhava para mim.

Davin apenas o fitou, preocupado. Foi aí que Richard observou meu quarto e me viu na cama, vermelha.

– O que houve? - Ele perguntou vindo ao pé da cama.

– Eu vou trabalhar. - Davin disse se levantando. - É a última semana do estágio. - Eu o olhei surpresa, embora estivesse atordoada. Ele fazia estágio? Mas já era tarde para perguntar, ele tinha saído de casa. Richard que ainda estava de pijama ficou me olhando nervosamente, ele nitidamente não sabia o que fazer.

Eu dei uma leve risada, e ele me observou surpreso. - O quê? - Ele perguntou.

– Pegue uma bacia... - eu sussurrava. - encha com água e cubos de gelo. Pegue uma toalha. - ele concordava e começava a fazer. – Isso, agora molhe a toalha e coloque na minha testa levemente... - Eu respirei. - E depois... - Ele me interrompeu.

– Daqui eu sei. - Ele riu. Eu não conseguia entendê-lo. Mas ele fez exatamente o que eu disse. Obedeceu a todos os passos, e quando necessário me ajudou a me trocar, e até preparou o almoço para mim.

– Ei... - eu comecei a dizer.

– Shhh... - Ele fez ainda sentado ao meu lado de pijama. Já passavam das 16 horas.

Eu discordei com a cabeça. - Desculpa... - Eu sussurrei. Ele concordou, mas depois negou com a cabeça.

– Irmã... Irmã... - ele se repetia sussurrando. - Desculpa também! - ele disse se aproximando de meu rosto, pelo menos com a febre ele não perceberia a vermelhidão crescendo em minha face. Ele se aproximou, e me puxou da cama pelos ombros, com as mãos, abraçou-me fortemente colocando o rosto ao lado do meu, eu o sentia respirando, sentia seu coração forte, mas rezava para que ele não sentisse o meu, o meu batia tão forte que parecia que eu teria um ataque cardíaco.

– Droga de promessa... - Ele sussurrou em meu ouvido, mordendo sua base um segundo depois. Aquele movimento fez meu corpo vibrar. O que estava acontecendo comigo? - Não se mecha. - Ele assentiu chegando perto de meu rosto e me beijando novamente, um beijo doce e suave, parecia que queria prolongar o momento, mas nossos lábios não ficaram mais que quarenta segundos juntos, eu os separei empurrando-o.

– O que você pensa que... - Gritei gastando todas as minhas forças.

– Aquela promessa. Eu quero cumpri-la. - Ele disse fitando meus olhos tensamente, seduzindo-me para me fazer me aproximar, a minha resistência foi incrível!

– Aé? - Eu estava brava, uma força incrível saia de meu interior. - Não parece!! - eu estava quase em cima dele de tanto gritar. Ainda bem que não havia mais ninguém em casa.

– Desculpe? – Ele indagou.

– Você namora todas as meninas da escola, só sabe achar defeito em mim. E a cima de tudo, mesmo se nós dois quiséssemos. Não podemos. - As palavras saiam como raios, e a cada uma sua fisionomia mudava. Mas nenhuma delas era de raiva.

– Calma lá! – Ele bronqueou, me fazendo dar uma bundada para trás, batendo a cabeça na base da cama. – Eu nunca namorei ninguém, bem mais ou menos... - Ele se corrigiu no meio da frase, fazendo-o ficar rubro. Ele estava tendo pensamentos pervertidos! Tenho certeza! Mas não ia reclamar disso agora. - Eu tento te esquecer, mas nenhuma menina é como você. Nenhuma se parece com você. – Eu fiquei o encarando, sem saber o que dizer, tudo que eu falasse revelaria que eu estava aliviada. – Lembra-se da Vivian? – Ele perguntou. – Ela tinha cabelos como os seus, mas não pode substituir você. Lembra-se da Laurine? Ela era boa como você nos esportes, mas nunca chegaria aos seus pés na cozinha. Lembra-se da Olívia? Ela era inteligente como você, e bonita também. Mas nunca fora tão teimosa e irritante como você. O que estou tentando dizer. – Ele finalmente concluiu, parando de fazer a lista de ficantes. – É que eu não consigo achar ninguém para substituí-la. – Afinal. O que ele estava fazendo? Se declarando? Eu estava pasma.

– Olha! Para! Tá? Para! Por favor! – Eu implorei, já quase sem aguentar segurar as lágrimas. Eu não entendia o que ele estava fazendo. Eu não queria pensar naquela situação de novo, sentimentos... Era por isso que eu não queria me envolver! Não queria ter que me machucar. Por que sempre tudo aquilo é tão difícil? - O que você está fazendo?

Ele riu encarando meu rosto confuso. – Sabe, ontem eu segui você e o Teito. Eu não aguentei ver aquilo. E quase o espanquei na sua frente mesmo. Eu não aguento ver você com mais ninguém! É simplesmente insuportável! - O quê? Eu me perguntava. Todas as suas palavras ecoavam pela minha mente. Eu tinha esperado por aquele momento por toda a minha vida, e agora eu sabia que nada daria certo. Éramos irmãos. - Eu quero ser o único a ver seus rostos e fisionomias. - Disse ele tocando meu rosto ainda quente pela febre. - Eu quero ser o único a tocar seus cabelos. - Ele continuou, passando a mão por uma das minhas mechas, próxima de meu queixo. - Eu quero ser o único a tocar em seus lábios. Eu quero ser o único a existir ao seu lado. Eu quero ser o único que você vê... - Ele falava abruptamente, sem ao menos respirar. Eu nunca o tinha visto tão fofo assim. Mas mesmo assim não podíamos. Éramos "irmãos". Essa pequena parte racional ainda existente de mim berrava pela minha cabeça. Mas eu decidi ignora-la pelo menos por alguns segundos.

– Eu... Eu... – Ele não deixou que eu terminasse de falar, e colocou-se em cima de mim. Beijou novamente meus lábios, dessa vez segurando meus pulsos para que eu não o empurrasse. Meu corpo estava dolorido e cansado, e minha mente já havia se entregado ao desejo.

– Não, não me faça parar... – Ele dizia ainda observando meu rosto, agora vermelho mais que antes. – Eu não quero parar. Eu quero ser o primeiro, e o único a sentir você. – Ele transpassava sua mão pelo meu cabelo, enquanto seus lábios mapeavam meu rosto e pescoço. Logo em seguida sua mão passou de meus cabelos para o meu pescoço, eu não conseguia mais controlar minhas próprias mãos, e essas também passavam por suas costas. Tudo que eu queria era poder tê-lo para sempre. Senti um calor horrível dentro de mim, não era confortável, diferente do que eu sentia um segundo antes... O que estava acontecendo? Senti minhas mãos amolecendo. Eu estava realmente... Desmaiando?