Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 56
A Car Trip


Notas iniciais do capítulo

Ridiculamente curto, mas é uma reflexão "importante". Espero que gostem, ainda assim :)



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Depois de algum tempo de caminhada, achei o lugar. De novo, nada. Tentei ver através de uma possível Névoa, mas só estava sem nada mesmo.

Depois de um suspiro, voltei pelo caminho que acabara de trilhar. Não demorei muito para chegar até a caminhonete. Dorothy me esperava de pé, abraçando a si mesma.

– Bom dia. – Falei, sem poder falar muito mais. Ele estava mal, como eu esperava. Ia achar estranho se ela estivesse tranquila depois do marido monstro.

– Olá. – Dorothy falou, sem me olhar no rosto. Eu guardei minhas coisas na mochila de novo antes de falar.

– Vem comigo? – Perguntei, sem saber bem o que fazer. Eu esperava que ela viesse para me emprestar o carro. Ela pensou um pouco, olhando na direção de onde vieramos. Onde seu marido tinha virado pó.

– Acho que sim. Onde vamos?

– Estou procurando pelo meu irmão, um lugar chamado Rancho Triplo G.

– Vai me explicar isso tudo?

– Posso tentar. – Dei de ombros, abrindo a porta do carro. – A próxima parada pode estar um pouco longe.

Dei a partida, olhando o mapa mais uma vez. A próxima parada estava há algumas milhas de distância. Algumas muitas. Acelerei e sai estrada afora. Dorothy estava calada, esperando minha explicação.

– Então, você acredita em deuses, Dorothy?

– Acredito no Senhor, sim.

– Muito bem, é um começo. Acredito Nele também. E em outros. Feito os gregos e romanos.

– Outros?

– Eu já os vi, Dorothy. Hades, Apolo. Alguns deles. E bem, acontece que eu sou filha de um deles. Uma semideusa. – Queria não estar soando feito uma lunática.

– Você é filha de um deus?

– Sim. Hades, mais precisamente.

– Muito bem, continue.

– Ok, hum, semideuses têm uma “aura” por assim dizer. É como os monstros nos sentem. Não tem muito para explicar, pensando bem.

– Como conseguiu aquela arma?

– Oh, o anel. Ele consegue se transformar em quase tudo. Nunca testei de tudo, mas deve ser possível. A condição é que a “ordem” venha de mim. E eu não consigo me desfazer dele.

– E esse irmão...?

– Ele também é semideus. Somos ligados por pai, mesmo que eu não o conheça muito. Hades me pediu para encontrá-lo.

– Ok, ok. – Ela falou e depois se calou. Não comentei mais nada. Também demorei um pouco pra engolir aquela história toda.

Entrei na interestadual, mesmo que não fosse sair do estado. Aquela era a rota que me levaria até seu próximo destino. Com sorte, aquele seria o rancho certo. Como sorte não era muito comum, preferi nem imaginar.

Dorothy olhava pela janela, calada. Eu a olhava de lado algumas vezes, mas não dizia nada. Eu nem tinha o que dizer. Se ela era mesmo casada com Charles, viveu nem sei quantos anos com um monstro. E se aquele não era Charles, o original não estava melhor.

Ligou o rádio, tentando sintonizar em alguma estação de música. Encontrei uma tocando country antigo. Ela me encarou por um tempo e então pediu.

– Poderia me deixar numa cidade aqui perto?Tem que virar em uma das estradas secundárias.

Ponderei. Tempo não estava sobrando, mas eu não tinha lá muito uso para Dorothy. Concordei, dizendo para mim mesma que seria rápido. Seria mais seguro para Dorothy e mais fácil para mim.

A tal cidade ficava há duas horas de estrada depois de sair da interestadual. Dorothy continuava calada, mexendo a cabeça no ritrmo da música. Eu percebi que até dirigia bem, pra quem nunca tinha encostado num volante.

– Pode ficar com o carro.

– Eu vou devolver. – Expliquei. – Obrigada.

– Disponha. Espero que consiga encontrar seu irmão. – Ela desceu do carro e saiu andando, como se conhecesse bem a cidade. Dei meia volta e me dirigi à interestadual de novo.

O sol começava a descer quando meu celular tocou. Estranhei. Olhei o visor. Dante. Atendi, prestando atenção na estrada.

– O que foi?

– Boa tarde pra você também. – Nem prestei atenção. – Já o encontrou?

– Não, estou indo ao próximo ponto. E tenho que desligar. Primeiro, não quero mais monstros. Segundo, estou dirigindo.

– Está dirigindo? Como aprendeu a dirigir?

– Na marra. – Respondi. – Sério, estou bem, um abraço para todos. Beijo.

Desliguei e voltei a dirigir. O anel na mão continuava frio, o que me deixava relaxar. Fazia calor no Texas, então a janela estava escancarada. Seria um ótimo cenário. Eu dirigindo com a luz alaranjada do sol, a brisa jogando meus cabelos de lado, um bom country no rádio.

Seria lindo se o carro fosse meu, eu tivesse uma habilitação, não estivesse caçando um menino idiota. É, pelo menos eu não estava fugindo de nada.

E pelo menos alguém sabia onde eu estava. Se eu precisasse, poderia ligar para Dante e ele daria um jeito de me encontrar.

Dante.

Por algum raio de motivo, lembrei-me de tudo que eu vivera com ele. Quando ele me ajudou e me arrumou uma casa. Quando depois disso, eu virei a melhor amiga do irmão dele e ele era sempre uma pecinha no tabuleiro perto de nós. E depois todos os pequenos momentos. O acidente com o minotauro, ir atrás do irmão...aquela noite no hotel.

Era um momento estranho para ficar pensando nisso, mas talvez por estar sozinha eu conseguisse aceitar melhor aquela verdade.

Dante consumia uma parte de mim feito uma chama consome combustível. E eu sempre tentava abafar o fogo com gasolina. Dei um suspiro e continuei dirigindo, olhando meu mapa de quando em quando.

A noite não demorou a cair. Já estava numa das estradas de terra, me aproximando do meu próximo ponto. Encostei o carro e peguei a mochila.

Procurava aquele maldito rancho e era bom aquele ser o certo. Começava a sentir vontade de esfolar o rosto daquele menino nas pedras. Subiu para um pasto e voltou a se guiar.

A noite já ia quando encontrou. Aquilo era o ponto em que tinha que estar. Sabia disso porque sentia a morte ao redor. E Nico também. Não sabia se eu tinha aquela aura, mas o sentia em qualquer ponto próximo.

Ele parecia não me ver. Com uma imagem fantasmagórica ao seu lado, ele jogava um Mc lanche feliz dentro de um buraco na terra.

E eu via horrorizada a cena. Aquele moleque era mais burro do que eu achava. O refrigerante borbulhou e trouxe consigo alguma outra coisa do mundo dos mortos.

Nico tinha que aprender que não se atormenta o sono alheio.


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Notas finais do capítulo

O próximo provavelmente vai ter mais "coisa", até mais :3



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