Demigoddess escrita por Pacheca
Notas iniciais do capítulo
Depois de éons, retornei ^^ Aproveitem, meu povo :3
POV Chad
A pior parte de todas, era saber que ainda estava vivo. Queria morrer logo. Só daquele jeito a dor acabaria. Ouvi os passos se aproximando mais uma vez, e de novo, não me buscavam.
– Elgin. – Murmurava coisas que não conseguia entender. – Argh.
O chão estava duro, frio. Eu podia sentir o vazio atrás de mim, o abismo. Por mim, rastejaria até ali e me deixaria cair. Mas não conseguia sequer erguer a cabeça.
Meu corpo só fazia o necessário. Respirar, resmungar e esperar a morte. Não me lembrava da última vez que comi. Nem sabia como tinha ido parar ali.
Minha mente só conseguia formar imagens sem nexo de Elgin e Dante. Ouvi os passos que se aproximavam de mim. Quase sorri. Finalmente o fim.
– Você me serviu bem. Mas agora já não será mais útil. – Ouvi o som metálico. Fechei os olhos, só esperando. Alguém protestava, mas eu só queria a paz.
– SEU FILHO DA MÃE! – O baque surdo fez o chão tremer. Conhecia aquela voz. – Chad. Deuses, não me diga que demorei demais.
– El?
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POV Yamamoto.
Parecia surreal. Estávamos ao pé da montanha, depois de convencermos um velho senhor dono de um barco com um saco de pão a nos levar até lá.
E já tínhamos mais um problema. O dragão ao pé de uma árvore. Não era uma visão convidativa.
– Elgin, o que vamos fazer? – Sussurrei, abaixado atrás de um arbusto.
– Uma ideia imbecil ainda é uma ideia, certo?
– Não vai dizer correr, certo?
– Mais ou menos. – Deu de ombros. – Vamos precisar correr.
– Qual o plano?
– Não deixá-lo nos ver. – Olhei o espaço atrás do monstro. Vamos ter que passar pelo penhasco. Opa.
– Está ciente da beirada de abismo?
– Sim. Plano melhor?
– Não, vamos com o seu. – Fiquei abaixado, dando a volta. O dragão dormia, mas ainda era apavorante. Ela me seguia, calada.
Fomos passando pela beirada do abismo, sem olhar para baixo. Eu já tinha passado. Estiquei a mão para ela, olhando de canto de olho se o dragão nos notara. Não.
Ela terminou de passar, agarrando-se em mim. Não que não gostasse da proximidade dela. Ainda mais porque sentia a respiração dela colada no meu peito.
– Tudo bem? – Perguntei, em voz baixa. Ela tremia.
– Só um segundo. – Ainda a segurava, um dos meus braços ao redor de sua cintura. – Pronto. Vamos.
Se soltou. Ela começou a subir a montanha, eu a seguindo. A sensação do corpo dela contra o meu não passara. A medida que íamos subindo, a ideia de que um titã nos esperava quase me matava de ansiedade.
– Vem cá. – A puxei pela calça, fazendo-a voltar e se chocar contra mim. – Foi mal. Preciso roubar alguma coisa.
– Agora? – Ela parecia incrédula. Dei um sorriso fraco e peguei o cordão dela. – Ei.
– Vou devolver. Anda. – A soltei, deixando-a continuar.
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POV Elgin
Corri os metros restantes. E fiquei grata por isso. Se tivesse gastado um segundo a mais, Chad teria morrido. Corri para cima do titã, xingando-o.
– SEU FILHO DA MÃE! – Achei que não conseguiria, mas consegui derrubá-lo. Yamamoto veio logo atrás de mim, prendendo o titã no chão.
Fui para o lado de Chad, desesperada. O garoto estava mais morto que vivo, respirava com dificuldade e estava num estado quase vegetativo.
– Chad. Deuses, não me diga que demorei demais. – O desespero quase me esmagava. Puxei o garoto mais pra perto.
Foi quando o inferno começou. Aquele lugar virou um campo de guerra. Só então percebi as outras pessoas. Percy, Artémis, Annabeth...Não consegui registrar mais nada.
– Japa, me ajuda. – Comecei a levantar Chad do chão. Quase não sentia seu peso.
– Hum, adoraria ajudar os outros, mas temos que ir. Agora! – Ele pegou Chad pelo outro e começou a andar, voltando a descer a montanha. A deusa parou ao nosso lado.
– Ficarão a salvos?
– Se pudermos ir...
– Vão. Salvem meu sobrinho. – Não esperei para ouvir mais nada. Quase desci a montanha correndo. O dragão ainda dormia, mesmo com toda a bagunça lá no alto.
Conseguimos passar. O barco do senhor ainda estava ali, mas vazio. Entrei, quase chorando. Bloqueei aquilo e iniciei o pequeno motor.
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– Não acredito que fugimos de uma luta. – Murmurei, sentada no canto do quarto. Yamamoto estava do meu lado, de olhos fechados.
– Tínhamos que salvar seu namorado. – Deu de ombros.
– Acha que estão bem? – Levantei um pouco a cortina do quarto do hotel, olhando pela vidraça. Na montanha, só uma pequena fumaça indicava qualquer movimentação.
– Espero que sim. – Ele deu de ombros, de novo. – A propósito, toma sua corrente.
Esticou o cordão com o anel que Chad me dera, os olhos ainda fechados. Chad. Estiquei o corpo, tentando ver o garoto em cima da cama. Dormia pesadamente, quieto.
Tinham tido muito trabalho. Teve que sair pela costa, gritando por socorro na rua. Um moço de 20 e poucos anos nos ajudou, levando-o para o hotel.
– Obrigada, moço. – Ele queria levá-lo até o hospital, mas insistiu que não era necessário.
– Tudo bem. – Ele a encarava, deixando Chad na cama.
Teve que dar comida pro namorado. Ainda eram namorados? Sentiu uma pontada de culpa, mas deixou isso para depois. Ele apagou logo que comeu o último pedaço do pão.
Passei as últimas 13 horas observando-o dormir. Yamamoto ficara ao meu lado, calado quase 90 por cento do tempo. Acho que cochilou algumas vezes, mas não chegou a dormir.
Eu estava cansada também. Mas não conseguiria dormir. E meu sono não me incomodava. Fiquei encarando a cama, pensativa. Minha cabeça estava em alvoroço.
Achamos Chad. Quase morto, mas achamos. Dante ainda estava sumido do mapa. Eu não o sentia morto, mas não o sentia vivo em lugar algum.
E tinha toda aquela culpa que não me largava. Ter beijado Dante. Ter Yamamoto ali tão perto. E não saber de quem eu gostava mais.
Japa acabou dormindo, a cabeça encostada na parede, com a boca meio aberta. Abracei meus joelhos, esperando. A madrugada já estava quase acabando quando ele grunhiu.
– Chad? – Chamei em voz baixa, ficando de pé.
– Ai. – Ele tentou se sentar, mas desistiu. Fui pro seu lado. – Ei, El.
– Como se sente?
– Um minuto mais tarde e eu teria morrido feliz. – Deu um sorriso fraco, fechando os olhos. Sua aura ainda era muito fraca.
– Não está muito longe disso. Precisa comer.
– Quem é o cara? – Tombou a cabeça, tentando apontar para Yamamoto.
– Um cara que encontrei por acaso e que adivinhou que eu era semideusa. Tive que trazê-lo depois disso.
– Ele é um cara...atraente. – Franzi o cenho. – É, sei que é estranho falar que um cara é gato.
– Não, é verdade. – Dei de ombros. – Mas acredite, ele consegue ser bem irritante.
– Quando consegui um irmão asiático?
– Não é seu irmão. Filho de Hermes. – Ri. – Vou descolar alguma coisa pra você comer, ok? Fica aqui.
– Não consigo nem mexer a cabeça. Vou pra onde? – Ri de novo.
Saí do quarto, indo para a recepção. A balconista, uma jovem de óculos e expressão arrogante que não lhe fazia jus perguntou por Chad.
– Seu amigo está bem?
– É, mas está com fome. Eu também.
– O café sai em uma hora. Mas se quiser alguma coisa, posso tentar conseguir com o pessoal da cozinha.
– Seria ótimo, obrigada. – Ela chamou um dos funcionários. Fiquei esperando, olhando meu anel. Tinha esquentado sem motivo aparente antes. Agora era só o ferro frio. – O chefe disse que sobrou um pouco de sopa do jantar, se você quiser...
– Por favor. – Sorri, agradecendo. Cinco minutos depois, um funcionário me entregou um prato. – Obrigada.
Subi de volta pro quarto, os corredores do hotel tão quietos que cada passo parecia o de um elefante. Abri a porta, colocando o prato no criado mudo.
– Ei, sopa. – Chad odiava sopa. Ri.
– Foi o que deu pra arrumar. Desculpa. – Me sentei ao seu lado, ajudando-o a escorar na cama.
– Dói tanto. – Ele reclamara, mas tomava a sopa com gosto. – Agora que caiu minha ficha...Cadê meu irmão?
– Não sei. – Falei, suspirando.
– Como assim, não sabe? Ele veio com você, certo?
– Ele se jogou de um abismo enquanto corria de um touro de Hefesto.
– O que? – Foi incrédulo.
– Mas não o senti morrer. Ele só sumiu.
– O QUE? – Ele tremia. Não sei se de fraqueza ou de desespero.
– Calma, ok? Vamos achá-lo. Temos que.
Ficamos calados os dois. Dante ali fazia falta. Terminamos a sopa, quietos. De novo, assim que terminou, ele apagou. Cobri-o, levantando.
– Ei, Japa. – Cutuquei o garoto de leve. Ele acordou num sobressalto. – Desculpe.
– O que foi? – Ele esfregou um olho, bocejando.
– Quer um travesseiro e um cobertor?
– Que horas são?
– Quase 6. – Falei, pegando o travesseiro e o cobertor no armário. – Toma. Prêmio por me ajudar até aqui.
– Onde vai?
– Dar uma volta. Estou cansada mas não vou conseguir dormir. E Chad já está melhor. Volto logo.
– Ok. Tome cuidado.
Murmurei em resposta e deixei o quarto. Fui direto para a praia, as mãos nos bolsos da jaqueta que peguei na mochila.
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O sol começava a nascer, dando um brilho lindo ao mar. Suspirei. Minha cabeça ainda rodava, confusa.
Meu anel começou a esquentar. Já conhecia aquele ardor. Virei a cabeça, encontrando Apolo parado ao meu lado, de pé. Olhou para mim, as mãos na cintura.
– O que seria desses dois sem você? – Se sentou, rindo. – Bom dia.
– Não devia estar puxando o sol?
– Conhece piloto automático? – Sorriu. – Eu estava, até vê-la aqui.
– Desceu por mim? Fico lisonjeada.
– Você merece, meu bem. – Piscou, de um jeito que quase derreteu meu coração. Não fosse pelo fato dele ser pai do meu namorado.
– O que foi, Apolo?
– Sabe, Elgin, adoro você. Cuida dos meus filhos de um jeito que eu não consigo. – Coçou o queixo. – Mas acho o que está fazendo prejudicial para todos.
– Sobre?
– Sei que é confuso, mas tem que ser sincera consigo mesma se quer descobrir de qual gosta mais.
– Põe confuso nisso. Minha cabeça quase dói.
– Pelo que observo, Chad não é pra você. O adora, mas não como ele gostaria.
– Só preciso tomar coragem para me abrir comigo mesma. – Respirei fundo. – Não se preocupe, ainda vou tomar conta dos seus filhos.
– Sou extremamente grato, Elgin. – Ele deu aquele sorriso de artista de Hollywood. – Se prometer cuidar deles enquanto eu estiver ausente, ficarei mais grato ainda.
– Não preciso da sua gratidão. Gosto deles. Do meu jeito...
– Só espero que nenhum de vocês se fira nessa história. – Ficou de pé. – Bom, o piloto automático é útil, mas ainda preciso trabalhar. Até mais, Elgin.
– Te vejo logo. – Aquilo era uma certeza. Ele sempre vigiava os filhos.
O deus sumiu do mesmo jeito que apareceu, sem vestígios. Fiquei de pé também, suspirando. Apolo não servia muito de conselheiro amoroso. Ao menos, não para mim.
– Do que adianta, se Dante continua sumido? – Respirei fundo, o cheiro de maresia enchendo meus pulmões. Parecia que tinha enterrado a cara no pelo de um cachorro molhado.
– Ei, El. – Virei, quase paralisando. – Não me pergunte como sai de lá.
– Dante? – Uma versão mais suja e machucada de Dante, mas era ele. – Oh, deuses.
A primeira coisa que fiz foi correr pra cima dele, abraçando-o. Ele estava vivo, com aquela aura pulsante dele ao seu redor, ainda mais forte. E a segunda foi me soltar e ficar encarando-o fixamente.
– O que infernos te aconteceu?
– Eu cai naquele buraco, por algum motivo fui parar no submundo, encontrei Tri, ela me disse que eu estava vivo, eu comecei a procurar uma saída...
– Espera, Tri?
– É, ela estava nos campos de Asfódelos quando cai lá.
– Como...como ela...disse?
– Sei lá. Ela estava diferente dos outros fantasmas. Tipo, morta também sabe? Mas lúcida, um pouco.
– Oh. – Tri conseguira se manter, mesmo com o efeito dos campos?
– Bem, depois de quase bater naquele canoeiro de meia, ele aceitou que eu estava vivo e tinha que voltar. Foi isso. – Ele bocejou. – E Chad?
– Ele está melhor. Quer dizer, já comeu, já conseguiu conversar. Está dolorido, e preocupado com você...
– Chad é um imbecil mesmo. Ele quase morre, no alto de uma montanha, e se preocupa comigo?
– Ele é seu irmão, Dante. Devia se sentir grato.
– E quem disse que não me sinto? – Ele cruzou os braços. – Só estava preocupado com ele, ok?
– Deve estar cansado também. – Dei de ombros. – Vem, vamos voltar pro hotel.
– Conseguiram um quarto?
– Um cara nos ajudou.
– Ótimo. Dormir em um bom lugar.
– Temos uma cama de casal. E seu irmão está ocupando três quartos do espaço.
– Vamos dar um jeito nisso. – Passou o braço por cima dos meus ombros. – Ei, El. Não contou para ele, certo?
– Sobre...
– A gente.
– Dante, não quero magoar seu irmão mais do que já fiz. – Falei, séria.
– Então, vamos fingir que não aconteceu?
– Por hora.
– Ok. – Deu um suspiro. – El.
– O que?
– Senti sua falta.
– Vamos logo. – Revirei os olhos, mas fiquei feliz. Fui com ele até o hotel, calada. Todos juntos, de novo.
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Isso ai o/ Ainda não terminou MDT povo, mas ta quase ^~^