Ficar com Chad era extremamente reconfortante. Não ficamos muito tempo na floresta, já que tínhamos que voltar para as mesas. Voltei, observando Chad conversando com Solace, rindo.

– Demorou. – Dante falou, mordendo um pedaço de frango frito. – Achei que ia me largar sozinho no inferno.

– Inferno não, Dante, mundo inferior. – Ele deu um sorriso irônico, que retribui com todo o prazer. – Idiota.

– Não fui eu que decidiu brincar com Chad.

– Como? – Olhei pra ele incrédula, pegando um prato de sopa.

– Fala sério, El, até uma porta percebe que você não é tão afim de Chad.

– E de quem eu sou afim? De você? – Como ele conseguia ser tão irritante.

– Seria bem mais fácil de acreditar. – Ele continuou indiferente. – O que você viu em Chad?

– Que o difere de você? Ele é fofo, modesto, simples.

– Corta essa, El. Eu aposto com você que até o fim do ano você vai terminar com ele.

– Fica quieto, idiota. – Apertei a colher, com raiva.

– Fatos são fatos. E se você não acredita, por que a raiva? – Ele se aproximou de mim, de um jeito bem provocador e comprometedor. – Você vai ver, sou o irmão certo pra se escolher.

– Ridículo.

Tomei o resto da sopa sem sentir seu gosto. Nos reunimos ao redor da fogueira, como de costume. Chad estava tocando hoje, mas Dante e os Stoll não calavam a boca.

– Ei, Elgin. – Connor me chamou, pela milésima vez. – O que acha de Dante ficar conosco?

– Por mim, ele já estaria no 7.

– Nossa que hostilidade. – Ficamos quietos pelo resto da noite. Voltamos para os chalés. Chad foi pro 7 e eu pro 11.

Na próxima noite eu e Dante patrulharíamos o pinheiro. O observei no escuro, sentindo minhas mãos gelarem. Era como reviver o sentimento de quando Tri morreu. Aquela energia fraca, ameaçando se apagar a qualquer instante.

– Ei. Desculpa, por mais cedo. – Me virei, surpresa. Dante tinha ficado ao meu lado no chão do chalé.E parecia realmente arrependido.

– Tudo bem, me acostumei com sua encheção de saco. – Sussurrei de volta, sorrindo fraco. – Mas para de irritar Chad.

– Não é pra irritá-lo, é só...ciúmes. – Fiquei o encarando, esperando a explicação. – Chad é o que tem tudo. Apolo parece que finge não saber quem sou.

– Chad e Apolo são diferentes. Chad nunca vai te abandonar, por mais que não perceba.

– Sei que não. Mas ainda é invejável. – Ficamos em silêncio, ouvindo as respirações ao nosso redor. – Posso te pedir um favor?

– Claro. O que foi?

– Sempre vai ser assim. Você e Chad e a vela aqui. Não quero ficar sozinho.

– Somos família, cara. Claro que vamos te levar conosco sempre. – Sorri pra ele no escuro. – Agora vamos dormir. Precisamos descansar pra amanhã.

Ele concordou e se virou pra mim, fechando os olhos. Me acomodei e fechei os olhos também, sentindo a escuridão me abraçar.