As semanas foram se passando, e meses, e nós continuamos nos amando, cada vez parecia à primeira vez, e eu não podia contar para ninguém o motivo da minha felicidade.

Nossos melhores momentos eram quando nos encontrávamos na casa de campo, ou em algum shopping de uma cidade distante, onde ninguém nos conhecesse, onde ninguém julgasse, onde poderíamos fingir que éramos um casal normal.

Passamos alguns bons meses de felicidade, até o dia que ela foi dada como desaparecida.

O primeiro a notar isso fui eu, então comecei a procurar por ela em todos os lugares que ela gostava ou que nós já tivéssemos ido, mas eu não pude acha-la. Tive de comunicar aos meus pais e todos os nossos amigos, que chamaram a polícia, e foi ai que a coisa toda tomou proporções gigantescas.

Acabei não aguentando e desabafando com um grande amigo meu, e eu lhe contei toda a história, toda. Ele não pôde conter o susto, tive medo de ele me negar ajuda, mas isso não aconteceu; ele ficou comovido, e revolveu ir comigo procura-la, saímos de toda aquela confusão e burlamos a polícia.

Mas no fundo a minha ficha ainda não tinha caído, eu sabia que ela estava mais infeliz do que eu com aquela situação de mentiras, mas ela sempre foi forte, poderia aguentar, não poderia?

Meu amigo foi de grande ajuda, me deu apoio e me viu chorar. Eu sabia o que ela queria, ela queria que aquilo fosse oficial, um namoro de verdade, explicito. Mas quem além de alguns amigos poderia nos apoiar? Como ficaria a situação em casa quando nossos pais descobrissem? Ela costumava dizer que me amava muito, que nunca deixaria de me amar, e que aquilo a estava matando.

"Eu sei onde ela está eu sei, eu sei!” Exclamei.

"Onde? Diga logo que eu dirijo pra lá o mais rápido possível" Disse meu amigo.

"Não, não, não, não, ela não pode estar lá, não pode, ela não faria isso comigo, nunca não..." minha voz perdeu a força, e eu desfaleci.

Não sei quanto tempo fique apagado, só sei que quando acordei meu amigo estava tentando me tirar do carro para me levar pro hospital.

“o que você está fazendo? Não podemos estar aqui! Ela vai morrer! Ela vai morrer!” Eu gritava e sacudia meu amigo tão forte que ele quase caiu no chão, as pessoas no estacionamento ficaram assustadas.

“Ela não vai morrer seu idiota! Agora me larga! Você não está bem, já se olhou no espelho desde que sua irmã sumiu? Está parecendo um louco!”

Foi então que eu decidi que ninguém poderia me ajudar, eu quase não conseguia andar por minhas pernas estarem tremendo, mas eu tive forças o suficiente para roubar o carro do meu amigo, e ver pelo retrovisor que eu o estava deixando para trás.

A toda velocidade fui para o monte Richmond.