- Vamos Merida, por favor, coopere comigo, você tem que comer um pouco...- falei desanimada, e onde será que ele estava uma hora daquelas, me deixou sozinha com a menina e um monte de caixas para arrumar.

Faziam apenas algumas semanas que estávamos na nossa nova casa, era muito estranho estar sem nossos pais, mas depois de todo aquele problema, e eles não se sentiam confortáveis com a gente em casa. Mas até que eles foram bem compreensivos e caridosos, passamos dois anos lá depois que Merida nasceu, e minha gratidão é eterna.

Consegui terminar a escola ano passado, mas ele já terminou a exatos dois anos, e está trabalhando ! Eles sempre foi bem esportista, e até os eventos passados vivia andando de skate, então ele se juntou com uns amigos para caçar novos talentos do esporte, nossa sorte é que essa loucura deu certo. Até agora.

Eu ? Eu agora sou oficialmente uma impotente dona de casa, odeio isso, mas quando minha filha estiver mais grandinha vou poder começar uma faculdade.

Planos, planos, só pude sonhar de verdade quando nossos pais nos cederam essa casa, e eles nos ajudam financeiramente, me sinto impotente, mas não posso reclamar.

- Hey, cheguei, e nossa como estou cansado - escuto sua voz vindo da sala.

- Amor, por favor, eu estou tentando a horas fazer a Merida comer mas ela não quer ! - suplico, essa menina é difícil.

- Que estranho - me beija os lábios e se senta em frente a Merida, que com seus grandes olhos negros fita o pai com animação. Num simples ato, e com uma paciência incrível, ele consegue alimenta-la; e eu fico de boca aberta incrédula.

- Caramba - sibilo, e ele ri de mim.

- Você deve estar cansada, e desculpe chegar tarde. Deixe que eu arrumo o resto das coisas que faltam desempacotar e você vá dormir -

- Ta bem - digo desanimada, e vou para o quarto dormir.

Nossa rotina está sendo bem assim, ele vai trabalhar, eu fico o dia em casa cuidando de Merida, as vezes alguns amigos me visitam ou minha mãe, ele chega me manda dormir e vai cuidar do resto da casa.

Somos tão novos e estamos agindo como adultos, temos o peso da responsabilidade de uma vida em nossas costas, ainda não sei qual  nosso limite, a rotina massacra, a cama esfria, o diálogo diminui.

Preciso fazer alguma coisa.