Ele E Ela escrita por Letícia Barbosa


Capítulo 16
Ela e eles




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Eu acordei atordoada, sentindo as costas da minha mão doer; agulhas estavam entrando em minha carne, minha cabeça girava e demorei uns minutos para entender onde eu estava e o que me tinha acontecido.

Minha filha, onde estava minha menina?

Levantei penosamente da cama, mas os fios atados ao meu corpo me puxaram de volta. Chamei por uma enfermeira que me deu a pior noticia da minha vida.

Ela me disse que minha filha estava passando por uma transfusão de sangue, e que o doador era meu irmão, o caso era grave e meu bebê corria o risco de morrer.

Me levantei num salto tentei tirar os fios de mim, mas a enfermeira gritou por ajuda e um homem alto entrou no quarto com uma seringa para me dopar, no entanto minha mãe entrou no quarto e impediu que o cara me drogasse; disse que precisaria de mim muito acordada para aquela conversa.

Gelei.

- Filha, seu irmão me disse algo, que eu não acho que convém com a realidade, mas eu quero ter certeza - Nunca vi minha mãe tão séria, sua expressão era dura.

- Ele disse que era pai de sua filha, e a única coisa que me vem pela mente é que - Seus olhos começam a queimar - que... Ele possa ter abusado de você e violentado você, e eu não irei permitir que ele continuasse sobre meu teto se aquele idiota lhe fez algo, eu farei com que... -

- Mãe! Pare de falar! Ele não fez nada de errado comigo... Nós... Nós nos amamos, ele é o pai dessa criança sim, e com orgulho-. 

-Como assim? Não estou entendendo, o que está acontecendo entre vocês?- Minha mãe fica empalidece.

- Mãe, nós estamos juntos, sabe? Como namorados, nós nos amamos, e esse amor não é como o de irmão vai além e... - 

- Basta! Chega disso! Eu não aceito isso! Que pouca vergonha é essa? Pelo amor de deus vocês são irmãos, são do mesmo sangue, isso só pode ser mentira, você só pode estar brincando com a minha cara! - 

Eu me levanto com um mínimo de forças, e a encaro de pé. - Não adianta gritar, agora você sabe de tudo, e isso não é de agora, há quase um ano estamos mantendo isso em segredo e estamos sufocados! Sim, eu transei com meu irmão, não me arrependo, eu gosto dele como nunca gostei de ninguém antes, e nada... - 

Eu vejo a mão dela se erguer e me atingir num tapa, eu caio na cama com minha bochecha vermelha, ardendo de raiva.

- Você está louca? Está querendo me matar? - vocifero para ela.

- Cale sua boca! Garota imunda! Isso não pode estar acontecendo em nossa família. Eu não permitirei que você encoste um dedo na minha neta! - Ela sai do quarto aos prantos e eu permaneço ali, impotente, com minhas lágrimas a escorrer pelo meu rosto.

Eu preciso vê-lo, preciso de forças para encara-lo.

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Eu não sei quanto tempo eu dormi, mas quando acordei, pedi que me chamassem meu irmão e meu namorado. Não demorou muito, para que eles aparecessem na porta do meu quarto.

Mandei-lhes entrar e se sentar. 

E foi assim, com toda a verdade e sinceridade que eu tinha no coração que eu contei para meu namorado, ou melhor, ex, que ele não era pai, que eu realmente não o amei, mas que ele ganhou minha admiração, e que apesar de tudo se ele quisesse nunca mais me ver eu aceitaria afinal eu o trai com meu irmão.

Ele ficou pasmo e com raiva, saiu do quarto calado e com uma expressão posso ariscar talvez aliviada? Me preocupei de ele ficar com raiva de mim pro resto da vida, mas depois de 2 semanas ele me ligou pedindo paz.

Meu irmão ficou boquiaberto com a reação da minha mãe, e o modo como eu fui direta com meu ex.

- Acho que ser mãe te tornou valente- Ele se aproximou de mim e me beijou ternamente.

- Eu ainda mal consegui vê-la, e eu nem sei como ela está, Deus eu até tinha esquecido, caramba eu tenho que ver minha filha e... - 

- Wow, calma, eu a vi e ela é linda, posso apostar que tem seus olhos - Diz sorrindo - eu fiz a transfusão e ela está em estado de observação, mais tarde eu te levo até ela-.

Eu estava aflita, a ponto de reivindicar meus direitos, mas fui vencida pelo bom censo, foram muitas emoções num dia pra quem acabou de ter uma parada cardíaca.


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