O dia finalmente havia chegado.

    Estávamos Liam e eu segurando nossas malas, na frente da sala de embarque. O nosso voo já havia sido chamado duas vezes.

    - Vou sentir sua falta - minha mãe disse chorosa, me abraçando.

    - Calma mãe - tranquilizei-a. - São apenas duas semanas!

    - Eu vou sobreviver - ela forçou um sorriso e sorri também - agora vá!

    Rapidamente me despedi do meu pai, Liam também e embarcamos.

    As primeiras horas de voo foram tranquilas. Fizemos todas as
conexões sem nenhum problema.

    Liam e eu estávamos sentandos lado a lado no avião. Depois de eu implorar muito, ele deixou-me sentar ao lado da janela.

     Havíamos acabado de fazer nossa última conexão. A próxima parada seria Nova York. Liam, que dormira a maior parte da viagem, agora estava acordado. Bem acordado.

    E foi bem nesse momento, que um cara alto, bronzeado, moreno de olhos verdes, decide passar no corredor. E pior, me secando e sorrindo malicioso.

    Liam na mesma hora pegou minha mão, e apertou com tanto força que achei que meus dedos seriam esmagados enquanto ele lançava ao cara um olhar ameaçador.

    Se o moço ficou assustado com a ameaça nítida nos olhos de Liam, ele não demonstrou. Apenas deu de ombros e continuou andando rumo a seu destino.

    - Liam - eu disse, assim que ele se foi - não fique com ciúmes,
você sabe que é só você!

    Ele apenas fechou e apertou os olhos, e disse:

    - Preciso me recuperar, volto a falar com você quando chegarmos - percebi que ele fazia esforço para ser "educado", e respeitei o espaço dele.

    Quinze minutos mais tarde, pousamos. Enquanto Liam foi buscar as malas, eu fiquei olhando tudo aquilo maravilhada. Caramba, eu realmente estava em Nova York!

    Liam, ao ver meu sorriso, sorriu largamente.

    - Vamos - ele disse, me puxando pela mão.

    - Onde está sua tia? - perguntei.

    - Combinei de encontrar com ela no... Ah! Lá está ela! - apontou na direção de uma mulher loira alta, que quando nos viu, veio correndo em  nossa direção.

    - Liam! - ela disse, abraçando-o e ele abraçou de volta, parecia
realmente estar com saudades.

    Quando se separaram, ela se virou em minha direção e me abraçou.
    Fui pega de surpresa, mas assim que me recuperei do choque,
abracei-a também.

    Depois que pegamos nossas malas, seguimos até o carro, entramos e partimos.

    Eu olhava tudo aquilo maravilhada, sem acreditar que realmente estava aqui.

    - Então, está gostando, Jenny? - Ana, a tia de Liam perguntou
enquanto dirigia.

    - Estou amando! - disse com entusiasmo.

    - Que bom! - senti que ela estava sorrindo. - Depois que vocês
descansarem vamos te levar pra conhecer a cidade!

    Sorri largamente. Quinze minutos mais tarde, paramos em frente a uma casa branca enorme, com grandes janelas de vidro azul espelhado, e no andar de baixo, uma luxuosa porta de madeira entalhada com desenhos gregos. Era deslumbrante.

   - Vem, Jenny! - Liam me puxou pela mão, assim que descemos.

    Pegamos as malas e as deixamos perto da porta, depois que entramos.

    A casa era espetacular. Tudo o que se pode esperar de mais moderno havia ali.

    As paredes eram todas brancas, e pude ver que no fundo, havia apenas uma parede de vidro.

    Em um canto, em cima do claríssimo piso de madeira, havia quatro sofás vermelhos arrumados em volta de um tapete.

    No canto oposto, havia uma mesa de jantar para 12 pessoas, e ao lado, a cozinha. À nossa frente, estendia-se a enorme escada prateada em espiral.

    - Vamos - Liam puxou-me para a escada.

    Depois que subimos, percebi que o andar de cima era tão moderno quanto o de baixo. Havia pelo menos uns cinco quartos. Liam me puxou para um, que eu reconheci como o quarto de hóspedes.

    Era lindo. Apenas o que eu tinha a dizer. E grande. Duas vezes no mínimo, o tamanho do meu quarto.

    Na parede oposta à porta, vi que estendia-se a mesma parede de vidro que havia no andar de baixo. Sobre ela, tinha uma enorme cortina branca e no centro, uma cama king-size com dosel.

    Sem perder tempo, fui correndo e me joguei lá. Ouvi os risos na porta e comecei a rir também.

    Liam colocou minhas malas em um canto e veio em minha direção.

    - Vem, vamos almoçar, depois quero te mostrar meu quarto.

    - Ok! - eu disse e descemos.

    A mesma mesa de jantar, que a pouco estava vazia, agora nos
esperava com um delicioso almoço.

    Depois que Ana sentou-se conosco, começamos a comer.

    - E então, - Liam começou - como vão as coisas por aqui?

    - Não sei muito pois voltei pra cá a apenas 2 dias - respondeu
Ana - mas a Frida disse que seus amigos sempre ligam aqui para
perguntar quando você volta, e quando ela disse que você vinha... Bem,
eles ficaram felizes.

    - Que bom! - ele disse - falarei com eles depois. Quero que
conheçam a Jenny.

    Depois disso o resto da refeição foi silenciosa.

    Quando terminamos, Frida, a empregada, nos trouxe uma torta de maça de dar água na boca, como sobremesa.

    Quando terminamos a sobremesa, Liam me puxou para as escadas novamente e me levou para um dos quartos.

    Esse, era idêntico ao meu, a diferença apenas era que havia uma TV de plasma em uma das paredes, e na parede oposta, onde possuía uma escrivanhia ao lado dos armários, assim como o meu, havia um iMac.

     Ah sim, e em cima da escrivanhia, também havia uma carta, no qual Liam parecia não ter notado ainda.

    - Então - Liam sussurrou em meu ouvido - está gostando?

     - Muito - disse, e ele me roubou um beijo, no qual eu retribuí de bom grado, é claro.

    Apenas quando paramos para recuperar o fôlego, que ele pareceu notar a carta.

     - O que é isso? - ele perguntou, tomando a carta da mesa, abrindo-a.
    Ele começou a ler, e na hora percebi que sua expressão mudou. Toda a felicidade que ele demonstrara a pouco, parecia sumir de seu rosto.

   Aos poucos, foram surgindo lágrimas enquanto ele lia.

    Quando terminou, vi a angústia em seus olhos, e corri para
abraçá-lo, me perguntando o que poderia estar escrito naquela carta
que o abalara tanto.