Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 20
As chamas da Capital


Notas iniciais do capítulo

Ninguém pode prever o que acontecerá na arena.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/307695/chapter/20

Maysilee e eu continuamos andando para o final da arena, não queria estabelecer afinidade com Maysilee, se eu tiver que matá-la ou ao contrário, quero estar de consciência limpa para o ato, mas agora é tarde de mais.

Entre corridas e caminhadas Maysilee faz pequenas pausas para analisar as plantas por perto, algumas ela corta o caule e outras ela apenas ignora, não quis saber qual planta era venenosa e qual não era então apenas ignorei. Eu ficava o tempo todo tentando manusear a arma que Maysilee criara, algo parecido com um instrumento musical que tinha em minha escola, flauta. Eu conseguira matar alguns animais com seus dardos venenosos, animais que são raros nessa parte da floresta, não sei o por quê, mas parece que a água fica mais escassa nessa parte da arena, então a concentração de animais fica mais perto da campina onde fui atacado por duas espécies de bestantes, parece que a sorte não está ao meu favor. Esquilos, ratos selvagens e algumas aves avistei por este ponto, talvez eu consiga que eu e Maysilee tenhamos um belo jantar.

Desde que fiz aliança com Maysilee me sinto mais seguro, confortável, sua companhia me faz bem e parece ser recíproca. Vários canhões soaram nos últimos dias e já perdi a conta de quantos tributos ainda estão vivos, Maysilee ainda tenta contar, para ela ainda faltam dez tributos, contando com nós dois. Eu não conseguira mais prestar atenção nos avisos da Capital pelos céus da arena, não quero saber mais quantas famílias foram destruídas, a cede de vingança e não poder fazer nada, durante esse tempo me distraio olhando para os céus, as estrelas da arena, pro infinito. O que há lá fora eu sei, pessoas ignorantes torcendo para um grupo de adolescentes de matarem, mas será que há alguém torcendo por mim, querendo que eu volte vivo ou será que sou só mais um que está atrapalhando os Jogos?

As esperança são destruídas a cada som de um canhão, um som alto como o da dor do tributo que morrera, do seus gritos de desespero antes de ser brutalmente morto, tão alto e desesperador quanto o do garoto que deixei no banho de sangue para a morte, um ato covarde e cada vez que me lembro do garoto gritando, pedindo para que eu matasse ele, me sinto apenas mais um telespectador da Capital, eu tive a chance de mudar a história, mas apenas me deixei levar, por medo.

Boom! Boom! Boom!Acordo assustado, três canhões, três mortos.

Olho para os lados me certificando que Maysilee esteja bem, ela continua dormindo, as rajadas de vento passam pela floresta levando suas folhas com elas. Mais três mortos, agora somos sete vivos, todos os outros mortos, esperanças destruídas. Ao contrário da vida lá fora, aqui dentro a morte me da esperanças, esperanças quais estão quase extintas. A madrugada está fria e tento adormecer, mas a lembrança do garoto do banho de sangue fica em minha memória por um tempo e quando começo a dormir pesadelos com ele vêm e vão. Levanto e estico um pouco meu corpo, eu e Maysilee concordamos em não acender fogueiras durante a noite, observo Maysilee dormindo no chão, seu corpo encolhido para tentar evitar o frio, ato falho, já que ela está tremendo. Tiro meu casaco e coloco sobre o seu corpo que se mexe aceitando, sento ao lado dela e tiro uma maça de minha mochila. Como a maça e observo o luar da arena, queria que Alice estivesse aqui para ver isto, ela amava luares e amaria esse. Evito pensar em meu lar, mesmo nos momentos mais relaxantes forço-me a lembrar que estou em um campo de batalha, lutando não só por minha vida, mas de minha família, eles também dependem de mim, precisam de mim. Capital, a metáfora da vida, protege os Distritos dando alimentos e segurança e em troca convoca jogos com os filhos de seus habitantes para batalharem entre si até a morte.

Resolvo fazer uma surpresa para Maysilee, uma refeição generosa para está manhã. Levanto-me tentando fazer o mínimo de barulho para que ela não se acorde, queria saber como ela consegue dormir facilmente, como ela não fica pensando em sua família, nos tributos que já matara. Ela realmente deve confiar em mim, já que ela está dormindo igual uma pedra, sólida, sem mexer um olho, se ela fosse pega por outro tributo neste estado ela estaria morta, suas chances de escapar estariam zeradas, suas armas longe, nenhum lugar para correr, mas ao contrário de pensar nisso ela dorme, ela confia sua vida a mim e sabe que não faria mal para ela e arriscaria minha vida para salvá-la, ela está certa.

Encaixo uma faca em meu bolso e pego os dardos de Maysilee e sua arma que se parece com uma flauta. Ela me ensinara as cores de cada veneno, vermelho é para matar rápido, verde para paralisar e azul uma morte dolorosa. Pego os dardos verdes para não corremos o risco de sermos envenenados ao comer minha presa. Atenciosamente marco com a faca o caminho pelo qual estou passando e fico prestando muita atenção no som das árvores, galhos quebrando, animais rastejando, qualquer sinal. O vento está atrapalhando minha audição, mas começo ver pequenas pegadas pela terra molhada, atrás de uma árvore vejo vários lagartos dormindo, pouca carne para nós dois, mas onde há presas, há predadores, maiores. Com minha faca atinjo a árvore com força que faz um grande barulho assustados os lagartos que correm sem direção pela floresta e escuto um barulho em cima de mim, alguns galhos começam a quebrar e uma ave grande investe contra os lagartos, viro rapidamente e consigo acertar o dardo na barriga da ave que cai no chão, tenta voar, mas suas asas estão paralisadas. Uma refeição boa para quem vivia de grãos no Distrito 12.

O sol está começando aparecer e volto tranquilamente com nosso banquete em mãos, corto a cabeça do animal e enterro para não deixar marcas. Chego ao nosso pequeno acampamento que Maysilee eu fizemos, conseguimos fazer um sistema que pegue a água da chuva durante a madrugada e distribuímos em apenas duas mochilas todos suprimentos dos tributos mortos que conseguimos pegar. Acendo uma pequena fogueira, despeno a ave e em seguida coloco-a para assar.

Maysilee acorda com o som das chamas.

— Ainda bem que fiz aliança com você, estou morta de fome.

— Agradeça a mim – respondo.

— Obrigada – diz Maysilee se levantando. Ela beija minha bochecha e olha a ave. Sinto meu corpo esquentando e imagino que devo estar avermelhado. Maysilee pega algumas ervas de sua mochila e tempera a ave, ficamos por alguns minutos observando a fogueira enquanto o dia amanhece.

— Chamas – diz Maysilee.

— Que?

— Chamas Haymitch! São imprevisíveis, sempre mudando, constantes e dependem de nós para acendê-las, como nós dependemos dos Idealizadores e dos Patrocinadores para ganharmos os Jogos, somos apenas chamas na grande fogueira da Capital, sendo manipulados a cada instante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fiz uma mudança no capÃítulo 18 (http://fanfiction.com.br/historia/307695/Segundo_Massacre_Quaternario/capitulo/18/), mas é algo que não irá mudar o contexto da história em si.

Obrigado a todos que acompanham minha Fanfic e não esqueçam de deixar seu Feedback comentando, recomendando e favoritando a fanfic. Não se esqueça também de compartilhar no Facebook e no Twitter. Tem Twitter? Me siga: @BatataReal.

Ajude a divulgar: http://clicktotweet.com/baOR6



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Segundo Massacre Quaternário" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.