Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 2
Mais um morto


Notas iniciais do capítulo

[PODE CONTER SPOILERS CASO NÃO TENHA FEITO A LEITURA DO CAPÍTULO 1] Haymitch fora sorteado na Colheita, o que irá acontecer?



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Haymitch Abernathy. Meu nome passa várias vezes pela minha cabeça, não consigo me mexer, estou paralisado. Os outros garotos que estavam na minha frente começam abrir espaço para eu ir até o palco, Pount está olhando para mim e fazendo um sinal com a mão para eu me dirigir até ela. Começou ouvir alguma movimentação atrás de mim, um choro. Olho para trás rapidamente, está lá, meu pobre irmãozinho ouvindo meu nome ser chamado para o Massacre, uma sentença de morte já avisada. Como se fosse uma despedida antes de morrer.

Subo até o palco e Pount junta os quatro mortos do Distrito 12 do seu lado e fala:

– Parabéns a todos os tributos que irão honrar o nosso Distrito 12 no Segundo Massacre Quaternário. Vejo Alice jogada no chão chorando, suas amigas tentam acalmar ela e meu irmão está sendo retirado da praça a força por minha mãe, ele está ficando inchado, com a cara toda vermelha e está chorando muito. Pount com alguns pacificadores nos levam para um lugar dentro do Edifício da Justiça, provavelmente será ali que poderei dizer adeus a Alice, Miguel e minha mãe Laura.

Quatro pacificadores me levam para minha sala, não entendo o porquê de tanta segurança, provavelmente algum tributo teria tentado escapar, essa cena deve ter sido bem engraçada, pagaria tudo para poder ver. Entro na minha sala e fico impressionado com tudo que tem na sala, ir para o Massacre não está sendo tão ruim penso. Jogo-me em um sofá que está no canto da sala e observo o carpete que está no chão, isso deve valer mais do que minha vida.

A porta se abre, lá está o pequeno Miguel e minha mãe. Não consigo nem me levantar do sofá e Miguel já pula sobre mim e me da um abraço bem forte. Tento acalmá-lo:

– Tudo ficará bem Miguel, não se preocupe comigo - digo tentando não chorar.

– Você pode ganhar você é forte, pode ganhar patrocinadores, apenas tente - diz Miguel.

Realmente eu sou forte e jovem, mas não tenho tantas chances de ganhar dos Carreiristas que estão treinando por toda vida.

– Miguel, me prometa que você não irá fazer confusões pelo Distrito, me prometa - digo rindo.

Miguel era muito esperto, no Prego junto com minha mãe ele teria furtado carne de esquilo que estava no chão, mas minha mãe viu a cena e mandou-o jogar a carne no chão de volta. Felizmente nós conseguimos nos alimentar, mas nunca era suficiente, sempre tinha vontade de comer mais, por isso eu comecei a trabalhar na mina, queria dar mais conforto a minha família e ao meu irmão principalmente.

Um pacificador entra e fala:

– Apenas mais um minuto.

Abraço minha mãe. – Cuide bem dele - digo.

– Se cuide também - diz minha mãe. Ela me da um beijo na testa e vejo suas lágrimas caindo sobre o carpete que valeria mais do que minha vida.

– Irei me cuidar - respondo.

Dou o último abraço em minha família já que esse será o último minuto que vamos estar juntos. Mas irei lutar, irei tentar ganhar por Miguel, por minha mãe e principalmente por Alice. Alice e eu tínhamos muitos planos pelo futuro, ela me amava e eu a amava e isso que importava todas as vezes que eu a via.

O pacificador entra e retira Miguel e minha mãe. Eles estão mais calmos e isso me deixa calmo. Se aquelas lágrimas de minha mãe tivessem caindo com mais velocidade, eu não agüentaria e também começaria a chorar, mas tenho que me mostrar forte para passar isso para eles.

Logo em seguida entra Alice, corro para abraçá-la.

– Você está bem? - pergunto a ela.

– Estou tentando me acostumar com a idéia, responde. Por favor, Haymitch, tente ganhar, você pode!

– Irei tentar. Nós dois sabemos que minhas chances são as mesmas, mas não quero pensar nisso agora. Abraço ela.

– Cuide do Miguel por mim, leve ele para a escola e não deixe que ele pega tésseras. Tésseras será que foram as tésseras que eu pegara que me fez ir ao Massacre? Meu nome estava na bola gigante de vidro 18 vezes, mas imagino que outros garotos do Distrito poderiam ter seus nomes mais vezes já que minha família conseguia se sustentar apenas com o que minha mãe conseguia nas vendas no Prego, mas meu irmão nunca estava satisfeito então eu pegava tésseras e comecei trabalhar na mina. Por um grão e óleo suas chances de ir morrer na arena aumentavam, mas esses meses foram ótimos, barriga cheia e sorriso na cara de cada um.

– Irei! - responde Alice com firmeza. Olho nos seus olhos azuis que estão cheios de lágrimas, lágrimas de dor, mais uma vez a Capital tirando algo que ela ama. Seu pai fora morto pelos Pacificadores em uma rebelião que acontecera depois que uma das minas do Distrito 12 explodiu e os trabalhadores das minas não queriam mais trabalhar. Essas explosões eram constantes e todos estavam acostumados, porém aquela explosão matara todos trabalhadores que estavam na mina naquele momento.

Passo a mão nos cabelos de Alice e dou o nosso último beijo, um de despedida. Sinto as lágrimas dela caindo sobre meu rosto.

– Tchau - digo.

– Você irá ficar bem - responde Alice. Ela sai da sala.

Silêncio e mais silêncio passa sobre minha sala. Espero até Pount chegar a minha sala para falar que o trem chegou. Entro dentro de um carro que irá nos levar até a estação, junto comigo está os prováveis mortos, Lucas, Carly e Maysilee. Maysilee, a garota que vi no Prego. Ela tem uma estatura mediana, magra, cabelos loiros, olhos verdes. Ela me lembra um pouco Alice. Sua cara está vermelha, provavelmente estava chorando com seus parentes. A despedida mais estranha será que é melhor morrer sem se despedir ou se despedir e depois morrer? Dou uma risada baixinha dentro do carro.

Chegamos à estação. Pount começa falando:

– Nossa viagem vai durar menos de um dia graças a Capital que tem estes belos trens, eles atingem até 400 quilômetros por hora e vocês nem vão sentir. O trem tem compartimentos para cada um de vocês e comida é o que não falta e eu deixarei vocês comerem tudo que quiserem já que serão seus últimos momentos aqui.

Enquanto Pount nós falava sobre o trem, as câmeras da Capital nos filmavam, cada reação nossa estava sendo filmada. Percebo que Carly e Lucas estão chorando. Lucas que já desabou no palco está quase desabando novamente, suas pernas estão tremulas. Será que essa é a tática dele? Se parecer fraco e quando o Massacre começar ele ser forte, veloz e esperto?

Qual será minha estratégia? Desde que meu nome foi chamado não estou pensando nisso. Tentarei lutar, esse foi o prometido a minha família, mas não sou habilidoso com armas, talvez uma picareta por causa da minas, mas acho que não irá ter uma picareta na Cornucópia.

Então tento ser simpático e engraçado para as câmeras. Fico acenando para as câmeras sem parar, enquanto meus outros parceiros de Distrito choravam ou apenas ficavam parados, eu estava tentando conquistar um público na Capital, meus patrocinadores. Eles podem salvar sua vida. Lembro que em um dos Jogos uma garota do Distrito 4 estava morrendo de frio e os patrocinadores mandaram para ela um casaco que era muito grande, mas pela sensação dela, o casaco mudava o clima dentro e pelo jeito que ela andava e corria o casaco parecia ser muito leve.

Fico acenando e sorrindo para as câmeras e percebo que todas elas estão apenas a mim. Eu consegui o que eu queria a atenção da Capital. Provavelmente serei o que mais irá aparecer quando estiverem falando do Distrito 12 no programa sobre os Jogos, me dando mais chances de eu ganhar estes jogos!

Só paro de acenar e rir para as câmeras quanto Maysilee me puxa pelo braço falando:

– Já acabou seu momento de graça, Pount já falou pra nos entrarmos no trem!

Não entendo o motivo de sua raiva, mas obedeço e mando um beijinho para as câmeras. Quando todos nos estamos no trem, as portas se fecham de um jeito tão rápido que levo um susto. Viro-me para o trem e fico surpreso com o que vejo. O trem é todo prateado, e deve ser maior que os trens do ano passado já que este ano são quatro tributos de cada distrito, eles devem ter duplicado os vagões para ter espaço para todos os tributos.

Pount nos da instruções:

– Amanhã vocês poderão começar tirar dúvidas com o mentor da Capital.

Estes mentores da Capital são piores que os mentores que já ganharam os Jogos já que a Capital quer ter mais mortes em menos tempo. Provavelmente ele nos dará poucas dicas e ele deve ser treinado para não deixar escapulir alguma informação que pode nos deixar vivo. Isso acontece em todos os Distritos que não tem um vitorioso para poder sem mentor, que é o caso do nosso Distrito.

– Eu também poderia dar dicas - continua Pount. – Agora irei mostrar o vagão de vocês, por favor, me sigam.

Este mentor da Capital está aqui por que foi obrigado, ele não irá querer nos dar dicas. Decido-me logo que irei conversar com Pount, ela já está há muito tempo acompanhando os tributos que vão para a arena para morrer. Pelo jeito dela, ela está cansada de vir ao Distrito 12 e não ganhar nada em recompensa já que os tributos do 12 nunca vencem. No caso de um tributo ganhar, ela iria ganhar várias recompensas que provavelmente iria gastar tudo no cabelo dela. Além que o Distrito que tem o tributo vitorioso, ganha algumas vantagens também.

Pount vai nos guiando pelo vagão. Estamos em uma sala que provavelmente é o refeitório, uma mesa gigante quadrada no meio, cadeiras em volta, comidas em estantes por todo lado. Claro que Pount tinha que fazer uma de suas gracinhas:

– Aqui é onde vocês irão aproveitar suas últimas refeições.

Pego um bolinho que estava em uma instante e faço brincadeira com sua frase:

– E que a sorte esteja sempre ao seu favor e começo a rir.

Pela sua expressão facial ela não gostou nada da minha brincadeira, mas o bolinho está ótimo. Chegamos ao vagão dos quartos. Pount começa a falar:

– Aqui são seus quartos, um para cada um de vocês. Os da esquerda são das meninas e os da direita dos meninos. Quero todos no refeitório daqui uma hora. Podem entrar.

Escolho uma das portas e entro. Assusto-me com o tamanho do quarto, não chega a ser tão grande, mas acho que é maior que minha casa. Tem uma cama de casal gigante, um guarda-roupa com roupas novas, um banheiro exclusivo, tem até um objeto estranho em cima de uma estante, deve ser algo para controlar as coisas aqui dentro. Tudo o que tem de melhor da Capital, acho que é isso que Pount diria.

Estou indo tomar banho, quando percebo algo vermelho no meu quarto, sim, é uma Avox. Escrava da Capital cortam suas línguas, pois fizeram algo de errado, estão para nos servir quando nós quisermos, deve ser uma tortura. Entro no banheiro e fecho a porta, me certifico que não tem nenhuma Avox no banheiro, dou uma risada alta dentro do banheiro esperando que ela não tenha escutado.

Ligo o chuveiro e vou tomar meu banho, mas a cada gota que cai sobre meu corpo só consigo pensar em Alice, no nosso último beijo, suas lágrimas caindo sobre meu rosto. Sou só mais um morto para todos da minha família.


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Notas finais do capítulo

Comente sobre o que posso melhorar, caso tenha gostado favorite a história e recomende para seus amigos. Isso ajudará a divulgar minha Fanfic e mais pessoas poderão desfrutar da história de Haymitch. Lembrando que todas Sextas sai um capítulo novo, o chamado #QuaterQuellDay (Dia do Massacre Quaternário). Me siga no Twitter: @BatataReal.