Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 14
Uma última vez


Notas iniciais do capítulo

Será que Haymitch conseguirá recuperar sua mochila?



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A lua devastadora de almas está iluminando o céu, ela me certifica de que estou sozinho em meio de uma batalha de vida ou morte. A mesma lua que iluminara a morte de meu pai, a morte do pai de Alice e de tantas outras crianças que morreram durante os Jogos. Ela que me viu chorando por várias noites por não ter comida para dar a minha família, que viu Alice chorando quando tinha seus pesadelos freqüentes e só conseguia se acalmar quando eu ficara mexendo em seus cabelos loiros até adormecer.

Meu consciente está indo e voltando durante certos tempos, estou desacordado e uma presa fácil para qualquer outro tipo de bestante que possa ter. Não imagino como vou conseguir ficar em pé, pois foi uma luta para tentar ficar sentado, a dor está em minhas veias e adrenalina ainda percorre pelo meu corpo.

— Socorro – sussurro. — Brock, por favor.

Tentativa falha de pedir ajuda a Brock, nada acontece. Apenas a lua que se move lentamente para dar lugar ao sol aos poucos. Em minha visão embasada consigo enxergar apenas o chão e o barulho da água ainda continua fluente, nada de barulho dos esquilos dourados. Levanto meus braços e vejo que grande parte da pele que existia está furada, a carne está seca por dentro e um tipo de líquido branco saí dos poros, o sangue já coagulou e estou parecendo um bestante. Estico minhas pernas e também vejo os mesmo sintomas do meu braço. Imagino que minhas costas devem estar com a mesma aparência já que sinto muita dor quando qualquer brisa do vento bate em mim.

Agarro as gramas que estão pelo chão vou me arrastando até chegar muito perto de uma árvore alta que estava á alguns metros de mim. Retiro minha faca que ainda está presa sobre minha calça que agora não consigo distinguir que peça de roupa seria essa, talvez uma nova moda que a Capital possa adotar roupas com vários furos.

Enfio a faca na árvore e começo cortar em uma forma vertical, faço isso duas vezes. Ainda com a faca tiro esses cascos da árvore e começo a moldá-los. Faço dois cascos parecidos com lâminas de uma espada, pego várias partes da grama e faço um nó que caiba nos meus pulsos.

As dores estão ficando menos freqüentes, mas mais fortes. Então essa é à hora de eu conseguir os remédios ou vou ter uma infecção ou algo do tipo. Encaixo as duas lâminas feitas com o casco de madeira nos nós de madeira e certifico que não irão escapar facilmente de meus pulsos e faço mais um nó com a grama.

Escalo a árvore sem muitos problemas e observo o outro lado da floresta, tudo silencioso. Desço da árvore e pego uma distância da água para poder pular para o outro lado. Coloco a faca em minhas mãos caso precise usar imediatamente e olho os cascos de madeiras para ver se não está machucando meus pulsos.

Pego impulso e pulo facilmente de um lado para o outro, mas o impacto da queda me faz sentir uma enorme dor em minhas costas e caio de cara no chão desmaiando.

Acordo com um enorme barulho da água que estava logo atrás de mim, está mais rápida e mais forte como se fosse pular e me puxar para dentro, lembro da cena que o esquilo pula e morre rapidamente. A noite agora já é dia e a desidratação já começa a me afetar, minha pele está quente e ressacada, estou com cede e sem energia. Não seria uma boa idéia tomar essa água e ouço um barulho nas árvores, um toque para chamar a atenção. No topo da árvore, consigo ver algo metálico refletindo a luz do sol, é um patrocínio.

Escalo a pequena árvore e pego o patrocínio e por um segundo penso que ter Brock e Pount como mentores não foi algo tão ruim.

— Obrigado - digo.

Quando abro o objeto uma blusa e uma calça idênticas a que vesti antes de ser lançado para a Arena surgem. Penso seriamente em jogar na água este patrocínio, deve ser feio ter um tributo morto e sem roupas para toda população da Capital assistir. Retiro os tecidos que ainda ficaram no meu corpo e visto a nova roupa, agora posso morrer.

Minha estratégia é pegar a mochila e voltar para a outra parte da floresta que me parece estar segura, mas posso ficar encurralado pelos esquilos dourados novamente e não sei se terei a mesma sorte que tive da outra vez de não cair na água.

Então sigo para a direção norte onde eu deixara minha mochila para trás e caminho sempre olhando em volta para não ter surpresas com os esquilos dourados. Estou caminhando devagar para não sobrecarregar mais meu corpo que está cansado e ferido. O único barulho que ouço pela floresta são gritos, como de macacos e que me deixa arrepiado. Mais um bestante?

As árvores começam a se balançar e uma ventania muito forte começa a chega pela floresta, coloco os braços perto dos olhos e começo a correr com medo do que posso estar chegando. Clique! Ouço o pequeno barulho de passos ao meu lado. Clique! Clique! Os esquilos dourados aparecem. Corro com toda velocidade possível e o barulho só aumentar, a ventania faz com que mais esquilos saiam de seus esconderijos e apareçam na floresta. Clique! Clique! Começo ver muito sangue no chão devo estar perto de onde eu estava e um esquilo pula em minha frente.

Com o casco de madeira enfio em sua cabeça e o sangue do esquilo voa sobre minha cara, o esquilo continua preso no casco e tenho que fazer muita força para que seu corpo saia. Quando o corpo do esquilo morto caiu sobre o chão alguns esquilos param de correr atrás de mim e param para tentar ajudar, mas em cerca de segundos eles voltam a correr atrás de mim, muito mais rápido e com um olhar devorador.

A poça de sangue vai aumentando e não sei como vou voltar para o outro lado da floresta com tantos esquilos e não posso voltar para a campina já que é um lugar totalmente desprotegido. Desespero-me quando vejo que minha mochila está aberta e o casco que estava em minha mão direita prende em uma árvore. Meu corpo continua com sua velocidade para frente, mas minha mão fica emperrada na árvore. O casco está quebrado e o sangue escorre da minha mão, um pedaço do casco entrou no meu antebraço e a dor fica insuportável. Começo a gritar enquanto vejo os esquilos chegando a minha direção e a única coisa que tenho a fazer e puxar meu braço.

Meu grito passa pela floresta, fazendo um grande eco. Corro em direção a minha mochila e vejo que tudo ainda está lá, pego um remédio em comprimido e engulo não sabendo qual efeito ele irá fazer e pego uma faixa e coloco sobre meu antebraço direito. Quando o primeiro esquilo chega perto de mim, pego minha faca e enfio em sua cabeça e fico segurando-o com a boca.

Quando alguns esquilos pulam em direção aos meus peitos jogo minha mochila em direção deles que batem na árvore e continuo reto. Outros esquilos estão chegando e cuspo o esquilo morto de minha boca. Corro em outra direção. Clique! Clique! Clique! Os esquilos estão perdidos em meio da ventania, consigo me esconder atrás de uma árvore grande e observo os movimentos dos esquilos que confundem com o barulho de árvores e galhos se contorcendo.

Sento e deixo com que meu corpo possa absorver tudo o que acontecera. A faixa em meu antebraço está vermelha e resolvo tirá-la. O casco entrou quase em meu pulso e abro minha mochila para ver o que tenho. Bebo um pouco da água e me deixo comer uma maça muito suculenta. Passo uma pomada em minhas feridas que agora não posso senti-las e bebo mais um comprimido que parece ter curado minha possível febre.

Como o Distrito 12 é o mais pobre de todos os Distritos, as famílias costumam ensinar a seus filhos primeiros socorros, pois o único jeito de dar uma boa qualidade de vida a sua família era virando pacificador ou caçar ilegalmente. Não sei com que meu pai trabalhara, mas ele morreu me senti obrigado a pegar tésseras e dos com quatorze a quinze anos consegui um trabalho nas minas. Alice sabia os primeiros socorros, lembro quando ficávamos sentados na porta de sua casa olhando o sol se por e falando do que queríamos ser no futuro, ela sonhava em ser uma grande médica do Distrito 12 e talvez até ir para Capital, eu só queria continuar com minha vida simples e morrer por causas naturais como a maioria da população pensava. Agora tudo mudou, estou lutando por minha vida com a esperança que eu possa ver só mais uma vez os rostos das pessoas que eu amo.


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Notas finais do capítulo

Comente sobre o que posso melhorar, caso tenha gostado favorite a história e recomende para seus amigos. Isso ajudará a divulgar minha Fanfic e mais pessoas poderão desfrutar da história de Haymitch. Lembrando que todas Sextas sai um capítulo novo, o chamado #QuaterQuellDay (Dia do Massacre Quaternário). Me siga no Twitter: @BatataReal.