Skyline escrita por Mackenzie N


Capítulo 3
Inútil




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/30693/chapter/3

Tarde de domingo, era um dia calmo, pacífico. Resolvi caminhar pelas ruas, sair de casa, sair do tédio mortal. Andava até um local bem conhecido, o shopping. Lá, eu poderia me deliciar com as vitrines e fast food. Me deliciar apenas com os olhos, e não com as mãos, ou o paladar.

 Namorava as vitrines, pensando no dia que eu poderia vestir a última moda sem me preocupar com as condições financeiras.

 Na verdade, minha intenção especial era visitar a cafeteira Buck’s. Antes, há uns sete meses, a cafeteria se mudou. Dizem que o shopping cobrava e explorava demais naquela pequena e movimentada cafeteria, e por isso, compraram um novo estabelecimento para começar de novo. Com isso, tiraram boa parte dos indivíduos que só iam ao shopping para experimentar suas delícias originais. Meu favorito? Croassaint de chocolate com amendoim. Maior parte das pessoas estranham as invenções de George, o dono, mas ninguém sai sem experimentar algo!

 George é o proprietário. Sua maior glória, a Buck’s, foi fundada em 1999. Pouco antiga, mas serviam os melhores lanches da região. Ele é divertido, sarcástico, carismático, simpático. Calvo e obeso, é divorciado faz cinco anos, desde que soube que a mulher apenas estava interessada na fortuna que a cafeteria proporcionava, e não nele, em seu amor, quando a viu na cama, com outro homem, bem mais novo, aparentando ter a minha idade (naquela época).

 Saí do shopping, e avistei pelo vidro Eva e Paola. As duas sempre competiam pela atenção de seu chefe.

 Eva, morena e de cabelos curtos, tem a comédia em seu sangue, e a expressa pela força bruta e muscular que tem. Apesar disso, é gente boa.

 Paola, loira com cabelos cacheados e longos, parecida com a Carmem, é arrogante, invejosa e malvada. Sim, quero distância dela. Desde que substituiram a Jasmim, uma pessoa doce boa, por ela, a cafeteria passou por problemas financeiros e falta de clientes, abaixo do comum. Deve ser pela corrupção de Paola, na época que ela cuidava do caixa, e das brigas com Eva. Ela se achava, pois pensava que seu cargo de caixa era mais importante do que um cargo de garçonete. Mas George a tirou da caixa, não pelo fato da corrupção dela, mas pelas brigas e ordens sem sentido que dava a Eva.

 - Oi, Manga! – a cínica da Paola caçoava de mim. Ela sempre fez isso, desde a primeira vez que ela me viu lá. Acho que porque eu sempre prefiro Eva como garçonete. E sempre dou gorjeta a ela. A ignorei e sentei numa das mesas pequenas. A cafeteria tinha um certo estilo americano, se é que me entedem.

 - E aí, Magali? – Eva me cumprimentou, limpando as mesas próximas a mim, imundas.

 - Oi, Eva! Como vai? – sou cliente de lá desde que fundaram.

 - Tô bem. O mesmo de sempre?

 - Sim, por favor. – era o croassaint de chocolate com amendoim, duas porções, e um copo médio de capuccino, com bastantee chocolate. Eles sabiam como e do jeito que eu queria e gostava

 - Dez reais, mas, você sabe – dei o dinheiro para ela, junto a gorjeta, de uma mísera moeda de dez centavos. Posso ter perdido boa parte do dinheiro, mas não a simpatia

 A porta se abriu, dava pra ouvir pelo sino que tocava a cava vez que abria.

 - Irene, você é muito gata – essa voz me parecia muito familiar

 - Eu sei. Você também é. E muito – Irene havia arranjado um parceiro. Outro, né? Ela é a maior namoradeira da escola, talvez de todo planeta. A cada semana, a média de garotos fisgados pelo seu canto de sereia mortal é de oito a nove. Esperamos um recorde de dez.

 - Vamos sentar? – novamente, o garoto que me lembrava alguém muito conhecido. A curiosidade me consumia cada vez mais.

 - Claro. Quero um sorvete de limão com chocolate branco ralado – era um dos mais populares sorvetes da casa. Geralmente escolhido pela pessoas que queriam manter a forma e a barriga sem abrir mão do sabor de um bom chocolate, podendo se decidir entre o escuro ou o branco. O mais popular era o branco. Dizem que combina mais, acho que só pela aparência.

 - Garçonete! Ô loirinha! – o garoto chamou a Paola. Que péssimo gosto. Geralmente, a chamam só para arriscar a sorte em ver sua calcinha, pois sua saia é curtíssima. Se o vento a bater, sua saia voa e sua calcinha é vista sem censura por todos.

 - Já tô indo! Eu tava ocupada! – ela estava ocupada em lixar suas unhas, pintadas de azul-marinho cintilante

 - Bem, eu quero o maior sanduíche da casa, acompanhado pela maior porção de fritas, e um copo grande de coca-cola light, para não perder a forma – a voz era muito familiar, mas eu não conhecia reconhecê-la. Se era um conhecido meu, ele era realmente cego em não me ver, ou cumprimentar. Ou fingia não me ver.

 - Ah, claro. Que boa dieta! – Paola caçoava o pedido dele. Eu também caçoaria se fosse ela.

 - Fique quieta, posso contar tudo para seu patrão, e você, pode ir pra rua! – era estressadinho e grosso.

 - Calma, amor. Não precisa se estressar com essa loira tingida. – Irene, além de namoradeira, era arrogante. Acho que Paola e ela foram separadas quando nasceram.

 - O quê? Olha aqui, garota, fica quieta! Não vou descer ao seu nível, pirralha! – pirralha? Tinham a mesma idade. No máximo, ela era um segundo mais velha. Como disse, elas são gêmeas que foram injustamente separadas quando nasceram

 - Ok, como quiser. Vou querer sorvete de limão com raspas de chocolate. Chocolate bran-co! – Irene se achava na posição de autoridade, fazendo reividicações que devem ser cumpridas a qualquer custo

 - São quinze e cinquenta. Dezesseis com gorjeta – ela queria ganhar uma gorjeta. Raramente ganhava, pois se achava a diva em frente dos clientes.

 - Eu pago, ok? – novamente, a voz familiar. Eu estava me mordendo de curiosidade. Não agüentei , e virei o banco, que girava em 180 graus. Não girava completamente os 360 graus.

 - Você?! – eu o vi. Era ele. Não podia acreditar naquilo. Num instante, me senti fracassada, rebaixada, um lixo.

 - Você?! – o garoto me viu, mas não parecia muito surpreso, como o tom da voz acusava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Skyline" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.