Skyline escrita por Mackenzie N


Capítulo 10
Amigos




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Conversando com o thereal16 sobre a volta às aulas, fui interrompida ao som do grito constante da minha mãe. Semana que vem eu daria as caras com o meu professor maluco favorito (aliás, o único de todas as escolas da Terra, aposto!), o Licurgo. Ele deve ter algum parentesco muito semelhante ao Louco, ambos são malucos e é claro, não perdem o humor, mesmo não sabendo que são a maior comédia.
 
- Magali! Atende a porta! Estou cuidando da feijoada! – o doce cheiro da feijoada da minha mãe. Ela tinha mãos de fada na cozinha. O ding dong irritante era interminável, resolvi dar um fim nisso. Abri a porta, e não esperava a surpresa em vê-las

 - MAAAAAGA! AAAH! – Mônica e companhia me abraçaram, e sem dúvida, caí no chão, com quatro meninas em cima de mim quase não sentia o ar, não respirava.
 
- MENINAS, SOCORRO, SAIAM DE CIMA DE MIM, VOU MORRER! – sufocada, minha face começou a perder a cor padrão, aderindo a novas cores como roxo, azul, vermelho, verde, xadrez, uma salada multicolorida. Tenho asma crônica desde os cinco anos, e assim, não posso estar num “barraco”, com muitas pessoas em cima de mim, me agarrando (como agora), que começa o meu famoso ataque de asma.
 
- Ah, foi mal, Maga. Esquecemos do seu ataque de asma! – Mônica deu um sorriso amarelado e quadrado
 
- Não esquenta! Querem ficar aqui pra almoçar? – eu lançava um olhar de “por favor” para a minha mãe, para ela compreender que são minhas amigas que se distanciaram quilômetros de mim por mais de sete dias, o limite máximo que alguém como eu, solitária e sofredora (OK, estou exagerando) pode agüentar. Felizmente, ela aceitou, respondendo com outro olhar, que faz parte da linguagem de mãe, e que claro, raramente os filhos entendem.

 - Queremos fazer festa do pijama! Aquele e-mailzinho de nada não deu pra esvaziar meu tanque de tagarelismo! – Denise, como não perdia sua cara-de-pau e não tomava uma pequena dose de juízo (apesar de ela precisar de muito juízo pra recuperar a pequena consciência que ela nunca teve, ou se teve, eu não sabia), automaticamente se convidou (convidando as três) para dormir na MINHA casa. É mole? Novamente, lancei um olhar de “por favor”, só que master, gigante para minha mãe, e ela, a sofredora, aceitou, apesar de não gostar tanto da idéia

 - Ela... Deixa! – instantaneamente, elas começaram a berrar, gritar, pular. Me assustei, e não foi pouco.
 Passamos a tarde inteira no shopping, com direito a cartão de crédito liberado, apesar do fato do cartão ser delas, e não meu. Isso me deixava um pouco culpada por gastar o dinheiro (infinito) delas, com a barriga revirada a cada gasto. Apesar disso, me diverti. Uma boa tarde com as amigas do peito cura qualquer dor.

 Como eu estava no chuveiro – eu era a última da fila, e isso me dava o direito todo de demorar mais alguns minutos, não tardou para que as meninas começassem a mexer no meu computador, vendo meus e-mails e objetos pessoas (nem tantas coisas eram pessoais naquele computador pré-histórico)

 Saí do banho com meu pijama azul e branco do Mickey – o meu favorito, sendo bombardeada pela pergunta: “Quem é esse thereal16?”. Sem saída, resolvi contar sobre ele:

 - Faz tempo que eu fui convidada para uma campanha, Make the Peace, do Greenpeace que promove paz e... – entei enrolar o bastante para fazê-las esquecer do thereal16, mas havia muitas chances de isso não ocorrer
 
 - Não enrola, Maga! Fala logo desse garoto! – Mônica interrompeu meu discurso. Ela não era uma boba que cairia no meu belo plano.
 
 - É! Tá traindo o Quin? Ui, não conhecia esse lado, amiga! – Ana disse para mim, com olhar de maliciosa
 
 - Olha o respeito, Ana! – todas nós rimos. Resolvi, verdadeiramente, abrir o jogo – Ok, ok, eu falo dele. – e aproveitando, resolvi contar o que aconteceu entre mim e o Cascão, e da minha pequena queda por ele, e uma atração, uma minúscula atração pelo thereal16.
 
 Após cinquenta minutos ouvindo as minhas aventuras, as meninas começaram a perguntar:

 - Gosta mais do Cascão ou do thereal seilá das quantas? – Denise perguntou, querendo saber das minhas fofocas, e é claro, vai querer contar para todos, mas fiz questão de calar o bico daquele papagaio.
 - Sinto o mesmo pelos dois. Ambo são meigos, fofos, gentis... – fechei os olhos para imaginar o inexistente, e senti que alguém estava me empurrando. – EI! QUE ISSO? – Ana e Denise me prenderam com uma corda, amarrando-a no pé da minha escrivaninha, enquanto Mônica entrava no site do Greenpeace, que supostamente, havia deixado aberto. E é claro, para completar, o thereal16 esta on-line. Quando Mônica digitou “oi”, começei a gritar, mandando parar. E sem dúvida, não adiantou de nada gastar minha saliva com elas.
 
 thereal16 – oi, peace

 - Maga, já tem apelido! – Carmem, que estava vidrada na tela de cristal, olhou para a pobre coitda amarrada pelas suas amigas, insinuando que ele estava afim de mim.
 
 - E daí? Você me chama de Maga, quer dizer que me ama, tá afim de mim? – debochei, fazendo um bico, fingindo beijar alguém. Sem argumentos, Carmem me ignorou, vidrando na tela

peace4ever – você... tá afim de alguma garota?

 Fizeram questam de ler a pergunta em voz alta para mim. Parece que estava gostando de ver meu sofrimento

thereal16 – er... não.

 - E AGORA, ELE ACHA QUE SOU UMA ATIRADA, ME SOLTA! – com minha pequena força, consegui arrebentar aquele lenço resistente e empurrar Mônica da cadeira. Começei a digitar as minhas desculpas. Nervosa, não pensei enquanto digitava.

peace4ever – ah, foi mal! Eram minhas amigas malucas aqui que queriam saber se você gostava de mim, porque eu tenho uma queda por você

 - Você mesma falou! Nem precisava de nós! – Mônica começou a rir, seguida pelo resto.

 thereal16 – você gosta de mim?

 Eu bati minha cabeça no teclado, falando baixinho algumas palavras sem nexo algum, e depois, num momento de pura ira, peguei meu travesseiro e comecei a bater nelas, começando uma guerra de travesseiros.

 Após descontar minha raiva – e perceber que deixei o thereal16 lá, falando sozinho – voltei a digitar. E, sem saida, resolvi abrir o jogo.

 peace4ever – sim... espero que não estrague nossa amizade.
 thereal16 – ah... eu...

 O thereal16 digitava. Tinha quase certeza que ele sentia o mesmo, até que Mônica tropeçou e descuidadosamente arrancou a tomada, apagando meu monitor completamente. No pleno preto que observava, minha alma transbordava de raiva. Todas sentiam o mesmo, mas só que menos que eu. Enchemos a face de Mônica com marca de travesseiros que mais pareciam pedradas.


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