Eu e Alex começamos a caminhar pela rua silenciosamente. Ele arrasta sua mão lentamente e segura a minha firmemente, mas sem brutalidade:

   -Quem é ele? –Alex pergunta de repente.

  -Liam, um amigo meu que está hospedado na minha casa. Por que a pergunta?

   -Ele parece se preocupar com você. Ele é só um amigo? –suspirei.

   -Sim.

   -você gosta dele. –Encaro aqueles olhos verdes por alguns segundos. Abaixo a cabeça.

   -Está tão obvio assim? –ele sorri com o canto da boca.

  -Um pouco. Por que não fica com ele?

  -Ele está noivo. – ele engasga com o nada. –Podemos mudar de assunto?

  -Claro, sobre o que você quer falar?

  -Onde você está me levando? –Olho para ele sorrindo.

  -É uma surpresa

(***)

   Quando estávamos próximos do local ele me colocou uma venda nos olhos:

  -O que você vai fazer?

  -Te levar em um lugar, já disse.

  -É, aí você me sequestra.

  -Por que eu te sequestraria?

  -Para fazer de mim a sua escrava sexual. – Sorri.

  -Gostei da ideia. –Ele sussurrou no meu ouvido me fazendo arrepiar.

  -Agora é sério. Onde você está me levando?

  -Pare de perguntar, já irritou. Parece criança.

  -Eu sou criança. Uma criança grande.

  -Que da vontade de pegar no colo.

  -Que? –Senti ele me levantando do chão e correndo.

        Ele tinha me pego no colo. Depois de alguns metros comigo gritando freneticamente em seu ouvido ele parou. Me colocou lentamente. Sua respiração ficou perigosamente próxima de mim. Então se afastou. Ele tirou a venda que cobria meus olhos e me deixou olhando para aquele espetáculo. Um pequeno lago refletia o pôr do sol e as arvores com folhas completamente verdes davam um toque especial a paisagem.

       Sentamos na grama levemente úmida e eu me deitei em seu ombro. Ficamos assim até o sol se esconder. Então ele olhou para mim e foi se aproximando lentamente. E um celular toca. O meu celular toca:

  -Alô.

  -Alô.

  -Myla, volta, eu quero muito conversar contigo. Eu te imploro, volta pra casa.

  -Aconteceu alguma coisa?

  -Eu te amo, foi isso que aconteceu.

  -Pare, por favor. Você bebeu?

  -Sim, um pouco. Volte. Volte, Myla, volte.

  -Não, Liam. Eu não vou voltar para casa agora. Espere.

  -Volta para mim.

  -Não, tchau. – E desliguei o telefone.

       Abracei Alex por um bom tempo e ele percebeu que eu precisava voltar para casa e resolver as coisas com Liam.