Antes dos primeiros raios de Sol entrarem pela janela de seu quarto, Louis já estava de pé, apesar do cansaço. Foi uma noite confusa, que deu um monte de nós em sua cabeça e o deixou completamente perdido nos próprios pensamentos. Qual foi a causa disso tudo? Simples. Ela tem nome, sobrenome e belos cabelos ruivos. Lily Luna Potter, sua prima. Parece absurdo, não é mesmo? Mas não é ele que controla seus pensamentos. Ele não foi capaz de impedir que sua mente fosse atrás dela, que a encontrasse em um jardim, com um vestido floral de alçinha, tão delicado quanto ela. Não foi capaz de impedir, que ele mesmo corresse ao encontro de sua dama, a pegasse no colo girando e girando e girando... até os dois cairem no meio das flores dando risadas, como duas crianças. Foi só um sonho? É, foi. Mas sonhos se espelham na realidade. Ele só não era forte o suficiente pra admitir que tinha amado esse sonho.Com uma travesseirada na cabeça do seu companheiro de quarto Jaden, se ligou, e percebeu que mais uma vez estava em outro mundo.

- "Ei cara, acorda! Para de imaginar a McGonagall tomando banho com você." - disse Jaden, enquanto todos se acabavam de dar risada.

- "Ahhh, vai dizer que nunca imaginou!?" - mais risadas. E então, no meio da bagunça, se distraiu, e por alguns minutos Lily sumiu dos seus pensamentos. Mas só por alguns minutos.Era sábado, então todos seguiram do Salão Principal direto para o exterior do castelo, para sentir aquele calor e apreciar a vista daquele sol maravilhoso, refletindo sua luz no lago. Aquela vista estava maravilhosa e melhorou, (ou piorou?) quando ele a viu de longe. Poderia ser perfeita, a não ser pelo fato de sentir seu coração disparar e suas pernas bambas. "Calma garoto, calma. É só a Lily, porque isso tá acontecendo com você hein?" - ele pensou consigo mesmo.

– "Parou porque Louis? Não vem com a gente?" - perguntou um garoto que estava com eles.

– "Hm, não. Podem ir na frente, mais tarde vejo vocês."

– "Então tá né, vamos."

Ele esperou os garotos se afastarem e foi até Lily. Que estava sentada lendo, encostada numa árvore bem perto do lago.

– "Bom dia, flor do dia!" - disse brincando enquanto Lily exibia aquele sorriso encantador, que deixava-o tão bobo.

– "Bom dia, rosa mais bela do meu jardim"

– "OW, ISSO FOI MUITO HOMESSUXUAL!"

– "Foi a intenção."

– "Pelo visto tá melhor hoje né? Cheia de graçinha."

– "Você que é uma graçinha, minha rosa."

Louis pegou o livro de sua mão, fechou, batou na cabeça dela de leve, só pra encher, e saiu correndo.

– "AI!" - ela gritou - "Volta aqui, seu pentelho! Vou jogar uma azaração em você! - rindo, ela corre atrás dele.Louis vira de frente pra ela e continua correndo. Quando olha pra trás, vê que tem uma mochila e alguns livros espalhados pelo chão, sem tempo de desviar, cai. E Lily, que já estava bem perto dele, cai por cima de Louis. É, a cena clichê dos filmes de romance. Eles se olharam, naquele momento em que nenhum dos dois consegue falar nada. Ele podia sentir a respiração de ambos acelerar. Suas bocas estavam tão próximas, que por um segundo Louis quis beijá-la. Mas Lily rapidamente acabou com o seu sonho. Levantou e mudou de assunto, dizendo que precisava devolver o livro na biblioteca, mas sem despachá-lo. Foram juntos.A biblioteca estava quase vazia, afinal, era sábado. Então enquanto Lily fazia a devolução do livro, Louis andava pelos corredores e quando via algo interessante, pegava para folhear. Entretido num livro de Runas Antigas, não percebeu quando Lily se aproximou por trás e fez "BU", bem baixinho para assustá-lo. Mas o que era pra ser um susto, acabou virou provocação. Lily sem querer mexeu com o seu ponto fraco. Só de chegar perto, os pelos de sua nuca se arrepiaram, e quando ele virou pra ela, a encarou. Só que com outros olhos.Ela percebeu, e gostou daquilo. Sem querer, sem intenções. Simplesmente aconteceu. Mas ela sabia que não podia.

– "Lily, por favor, não faça isso de novo."

– "Isso o que?" - perguntou fingindo não entender.

– "Pára, você sabe." - ele parecia triste.

– "Desculpa, eu... não foi minha intenção."

– "Eu sei, eu sei. Só não faça. Nós não... ah enfim, esquece!"

– "Não Louis, me diga o que tá acontecendo. Eu por você, e você por mim, lembra?"

– "Lil, eu não posso dizer. Você não pode saber, ninguém pode saber."

– "Por favor!?" - ela disse se aproximando, de um jeito delicado e meigo. Mas sem intenções.

– "Promete não se afastar? Não mudar comigo e deixar tudo do jeito que tá?"

– "Eu prometo."

– "Ok. É só que... Você mexe comigo Lily. Juro, eu não queria, simplesmente não paro de pensar em você." - ele disse esperando um tapa na cara ou xingamentos. Esperava que ela fosse sair correndo e nunca mais olhar na cara dele. Mas não, ela simplesmente suspirou, olhando no fundo dos seus olhos e lhe deu um abraço. Louis ficou pasmo.

– "Lil? O que v..."

– "Shiii" - ela fez interrompendo.

– "Não diga nada. Você não sabe como é bom ouvir isso."

Sem entender nada, apenas calou-se. Ele queria eternizar aquele momento, ficar ali com ela em seus braços pra sempre. Ela virou-se para ele, ficando na ponta dos pés e chegou bem perto do seus lábios para beijá-lo. Mas foram interrompidos por uma mulher magra, muito velha, de nariz encurvado e olhos muito pretos, que sacudia um espanador indo na direção deles e falando com uma voz enérgica:

– "O que vocês acham que estão fazendo na minha biblioteca? Saiam agora mesmo! Crianças petulantes, SAIAM!

Louis puxou Lily pela mão e correu, sairam em disparada pelos corredores até chegarem na Sala Comunal. Lá, sentados e sem fôlego, cairam na gargalhada, atraindo muitos olhares, inclusive de Hugo, que chegou e sentou com eles.

– "E aí, qual é a boa?" - disse animado querendo saber o motivo dos risos.

– "A Madame Pince nos pegou na biblioteca comendo varinhas de alcaçuz." - disse Lily rápida. Entrando no jogo, Louis completou:

– "Você tinha que ver a cara dela quando nos viu lá. Parecia que ia lançar um feitiço com aquele espanador!"

Os três conversavam, riam, contavam piadas. Alguns outros alunos se aproximaram também, e Hugo pegou seu tabuleiro de xadrez bruxo pra praticar com os colegas. Depois jantaram, voltaram, e todos continuavam ali. Já era tarde quando o frio começou a chegar. E a toda hora era mais um que subia para os seus aposentos, até que só restaram os dois.Eles estavam deitados perto da lareira, Louis estava com o cotovelo apoiado no chão, fazendo cafuné nos cabelos de Lily, enquanto conversavam sobre as provas.

– "Estou com medo de ser um fracasso nos N.O.M's" - desabafou Lily.

– "Calma Lil, você é inteligente. Se eu fui bem, imagina você !?

– "Tá, mas mesmo assim. Eu não quero decepcionar meus pais."

– "Você não vai." - disse olhando nos olhos dela. - "Eu confio em você."

– "Hm, obrigada." Louis deitou de barriga pra cima, e Lily se ajeitou deitando com a cabeça no peito dele.

– "Lily?"

– "Oi."

– "Hm, você quase me beijou na biblioteca..."

– "Eu sei."

– "Porque?"

– "Porque, Você mexe comigo Louis. Juro, eu não queria, simplesmente não paro de pensar em você." - disse imitando o que o primo tinha dito na biblioteca.

– "Ei, quem disse isso fui eu!"

– "Sim, mas eu sinto o mesmo."

– "Lily, isso é perigoso, nós somos primos."

– "Desculpa, mas eu não tenho culpa de sentir o que eu sinto." Dizendo isso, ela se virou ficando por cima dele e foi se aproximando bem devagar.

– "Lil...?"

– "Shiii, você adora falar quando não deve. - e beijou-o. Quando se separaram, Louis estava com um sorriso bobo no rosto, de criança que acaba de ganhar o presente desejado no natal. Ficaram ali, trocando beijos, olhares, carícias. Ambos muito pensativos. Até que ficou tarde e decidiram subir, cada um pro seu quarto. Agora, foi a vez de Lily perder o sono, pensando no que tinha feito. Teria sido um erro?