A notícia se espalhou rápido pelo campus.Logo,todos já sabiam da mansão dada à equipe de hospedeiros.

- Então é verdade ? O novato recebeu uma missão afinal ...

- Dizem que os guardiões formaram uma equipe ...

- Parece que estamos indo com tudo contra a nação do Chaos.

Os boatos não cessaram no dia seguinte.Era o último dia de Gabe no campus.As pessoas passaram a olhá-lo de outro jeito.Umas o apoiavam,outras apenas o invejavam.Os cochichos ? Gabe os odiava .

- Eles se empolgam fácil não ? – Perguntou Leo à mesa de jantar aquela manhã.

- Claro ! Todos esperam uma chance dessas – Respondeu Miranda.

- Uma chance ? – Perguntou Gabe,curioso .

- Todos querem sair do campus e pôr em prática o que aprenderam – Respondeu Miranda,servindo-se de uma tigela de cereal – Fazer a diferença sabe ? Tornar-se ...

- Um herói – Gabe levantou-se,olhando para todos na sala.Eles foram seus companheiros em sua estadia no acampamento. Agora estavam aptos a ajudá-lo a resgatar sua mãe.

- Eu queria agradecer a ajuda de vocês – Disse Gabe,curvando-se.

- Agradeça quando trouxermos ela de volta – Luna encarou-o,sorrindo – Lembre-se,estamos levando você carneirinho para a toca dos lobos.

Ao terminar o café matinal,Gabe saiu a procura de Elena.Percorrera todo o campus,porém sem sinal dela.

- Se procura a Elena,devo pedir para desistir – Gabe virou-se,apear de já ter reconhecido a voz.Era o diretor Willians. – Ela odeia despedidas .

- Bem a cara dela isso – Disse Gabe cabisbaixo. O diretor olhou-o sorrindo.

- Bem,você sabia que esse dia chegaria.A hora de provar o seu valor. – E olhou para o seu aluno.Naquele momento,optou por não ler sua mente.

-Sabe Gabe.Vendo você hoje,seu pai teria orgulho – Gabe olhou-o.

- Você conheceu o meu pai ? – Willian sentou-se,acendendo um cigarro.

- Digamos que seu pai e eu somos amigos de longa data.

- E ele...sabia ? – Gabe nunca soube muito sobre o seu pai.Mary disse que ele morrera em uma expedição .Sempre que Gabe tentava saber mais,ela se esquivava,dizendo apenas que ele era um bom homem.

- Não vou mentir pra você Gabe.Ele fora o maior. Guerreiro que tive a honra a lutar ao lado.Sua vontade me assombra até hoje.

- Então ... aquilo dele ter morrido em uma expedição era mentira ? – Willian fitava o lago.Gabe logo notou a mudança em sua expressão.

- Gabe,entenda.Até hoje não se sabe o que aconteceu com o seu pai.Aquela noite,quando recebi a notícia de seu desaparecimento...você era muito novo ainda.

Gabe baixou a cabeça.Estava confuso.Seus olhos lacrimejavam,mas ele optou por disfarçar,coçando-os.

- Ele ... pode ainda estar vivo ? – Os olhos de Willian brilharam.Havia tempo que ele não via esse olhar.O olhar de seu velho amigo.Ver tal determinação nos olhos de Gabe era empolgante.

- Quem sabe,não ? – E levantou-se – Seu pai foi um grande homem Gabe.Como tal,espero grandes feitos seus.

Após a conversa com Willian,Gabe voltou para a mansão.Todos estavam prontos para partir.Leo convencia Miranda a deixar a sua mala de roupas.

- Mas e se meus fãs me virem ? Preciso estar arrumada – Choramingava ela.

Eram exatamente cinco da tarde quando deixaram juntos a mansão.No caminho,Leo contava suas aventuras nas diversas praias do mundo afora.

- A que mais me marcou,sem dúvida,foi a de Coolangatta,próximo de  Gold Cosat.As ondas são perfeitas !

Apesar de ser elementar de terra,Leo era apaixonado pelo mar.Quando despachado do acampamento,sempre que havia uma brecha,fugia para a praia mais próxima.Surf era a sua paixão.

A noite mostrava seus primeiros sinais de queda quando eles chegaram na entrada do campus.Gabe não lembrava dela já que estava desacordado quando o trouxeram.Haviam duas estátuas gigantes erguidas,uma de frente para a outra.

- Assiah e Maliki,seu irmão. Acho que isso responde a sua pergunta,não é Gabe ? – Willian acabara de chegar,junto a Cid.Gabe ficou meio sem jeito.Não tinha se despedido de seus amigos.

- Gabe ! – Chamou Cid,correndo em sua direção – Desculpe não ter entregue isso antes mas,sabe ... tínhamos aula – E retirou um colar de seu bolso. Era brilhante e reluzente com alguns símbolos articulados a base de esmeraldas.

- Obrigado Cid – Disse Gabe,pondo o colar no pescoço.

- Esse colar representa a nossa vontade Gabe. Onde quer que esteja,estaremos com você – Os olhos de Cid brilharam com suas próprias palavras – Agora vamos ao que interessa.

Cid afastou-se um pouco.Do seu bolso retirou quatro cubos pequenos de algum tipo de metal.

- É melhor se afastarem – Alertou,arremessando os cubos.Gabe aprendera a não se impressionar tanto com as coisas,mas aquilo fora fantástico.Os cubos começaram a se expandir,adquirindo formas geométricas em pleno ar.Ao final da metamorfose,os cubos tornaram-se 4 modelos distintos de motocicletas.

- Senhores,vos apresento a C.E.M x-24 type ∆ - Comparada a x-23,essa tinha um design mais ousado.Cada uma tinha o seu respectivo arranjo,referente ao estilo de cada um.A de Gabe,por exemplo,era negra com alguns detalhes de um cinza reluzente.Seu visual lembrava uma BMW K1200S mas tinha suas diferenças que a fazia única.

- Espero que seja útil para vocês – Cid encarou-os.Tentava não chorar na ida dos amigos.

- Até mais Cid.Preparem uma festa para quando voltarmos – Disse Gabe,sorrindo.O resto da equipe já estava montada em suas motos,prontos para partir.

- Gabe,escute – Willian puxou- pelo cangote cochichando algo em seu ouvido.

- Obrigado diretor – Gabe montou em sua moto.Colocando as mãos no  Guido,deu a partida para o que seria o início de uma batalha sem fim.Logo atrás,Leo,Miranda e Luna o acompanhavam,disparando contra a noite que vinha cair.

Motos C.E.M

Os modelos construídos por Cid são a base de energia espiritual.Esta energia transcorre o sangue de qualquer humano.Através desta energia,determina-se a essência elementar de cada indivíduo.

A essência elementar é bombeada na maquinaria da moto,criando toda a dinâmica para o seu movimento.Tal processo desgasta o usuário,precisando descansar para recompor-se.

Juntos,a equipe vagou pela noite inglesa.Seu destino era uma cidadela próximo a Ringwood onde,segundo Kim,encontrariam a pessoa certa para informar sobre a localização de Squallo.

O homem se chamava Juarez,um mercenário do canto mais profundo e obscuro do submundo dos crimes.

- Como Kim conhece esse cara ? – Perguntou Gabe tentando sobrepor a sua voz ao som barulhento do motor.

- Juarez é irmão de um velho conhecido nosso.Sabe o Felares ? – Leo olhou para Gabe.Certamente não sabia que olhava para a causa da morte de seu colega.

- Mundo pequeno não ?

- Pois é – Respondeu Gabe,desanimado.Não gostou nada sobre Juarez ser um mercenário perigoso e ele certamente não gostaria de vê-lo.

Após algumas horas de estrada eles finalmente chegaram a cidadela,exaustos.Estavam sem muita energia devido as motos de Cid.

A cidade mais estava para uma vila fantasma.A cidade de Wern era um lugar amarrotado de casas do século XVIII.Seu estado era precário.As ruas não eram asfaltadas e estavam cheias de bifurcações,o que os obrigou a seguir a pé.

- Escutem vocês dois – Disse Luna,dirigindo-se para Gabe e Leo – Eu e Miranda vamos procurar um lugar para descansarmos.Quero que procurem alguma informação sobre o paradeiro de Juarez sem chamar muita atenção.

- Pode deixar – Respondeu Gabe e Leo quase que simultaneamente.

Após se separarem,Gabe e Leo passearam pela cidade.O lugar era quieto,sem nenhum automóvel nas ruas.Gabe teve a impressão de estar sendo observado.Leo alertou-o algumas vezes sobre vultos que apareciam em algumas janelas,mas sumiam logo em seguida.

- Heeey cara ! Não acha suspeito uma porta aberta no meio da noite ? – Perguntou Leo,apontando para uma porta entreaberta do outro lado da rua.

O lugar aparentava ser um bar antigo.As portas rangiam com o vento que passava por elas.Juntos,Gabe e Leo adentraram o lugar.

Como esperado,o lugar estava vazio.As mesas estavam empoeiradas como se não fossem limpas a anos.

- Estranho não ? – Gabe se aproximou da campainha,que estava coberta por uma espessa teia de aranha – Deixa pra lá ...

- Não há sinais de confronto aqui...

- Não há sinais de vida aqui Leo ! Quanto tempo faz que Juarez morou aqui ? Aposto que ele e Robin Hood eram grandes amigos não ?

Um estampido fez-se ouvir dos fundos do estabelecimento.Gabe pôs-se em guarda fazendo um sinal para Leo invadir.

A sala era escura.Não se bia nada além dos mistérios da escuridão.

- Gabe,pode iluminar a sala ? – Perguntou Leo.Gabe olhou-o como se já tivesse pensado nisso.Fechando os olhos,concentrou o resto de sua energia para fazer brotar uma chama em uma lamparina ao fundo.

A sala seria algum tipo de depósito de bar.Caixas e mais caixas estavam empilhadas pela sala abafada.

- Ali ! – Apontou Leo,então Gabe viu,no meio da escuridão,um vulto que os observava-os.

- Deixa comigo ! – Gritou Gabe adiantando-se.Suas mãos começaram a chamuscar.Uma esfera formou-se em sua mão.Sem hesitar,Gabe arremessou-a no vulto.

Ele era rápido  sem dúvidas e Gabe era um idiota.Ao notar o movimento do oponente,o vulto correu para o outro lado da sala.Girando seus braços,atraiu para perto de si uma forte ventania,que adentrou pela janela,criando uma barreira ao redor de seu corpo.O grande problema era o que tinha dentro das caixas : Vinho.Quando as chamas de Gabe entraram em contato com as caixas,gerou uma pequena combustão,criando uma grande explosão.

- Gabe,cuidado !  - O estabelecimento cedeu à explosão.O teto desabou contra Gabe e Leo.Mas este fora rápido e,concentrando sua essência,afastou as rochas que caíam em sua direção,parando-as no ar.

Aproveitando a brecha,o vulto preparou-se para o ataque.Com as chamas da explosão iluminando o local,Gabe notou que se tratava de uma mulher.Tinha longos cabelos loiros e usava uma máscara roxa cobrindo seus olhos esverdeados.Sua roupa era um tanto provocante.Um verdadeiro visual de puta,como Gabe diria.

- Que tal conversarmos linda ? Não posso bater em mulheres – Disse Gabe,caminhando em sua direção.Com uma risada de desdém,a mulher sacou duas adagas de suas vestes,lançando-as contra Gabe.Elas aeram rápidas pois ela usava suas habilidades elementares para controlar sua velocidade.Gabe não conseguiu enxergá-las,tendo seu rosto cortado.

- É uma pena pois eu posso te machucar – Disse ela.Gabe cerrou os punhos mas logo veio a cair.Sozinhas,as lâminas avançaram contra ele,cortando sua perna,voltando para as mãos dela.

- Você gosta de brincar não ? – Provocou Gabe,avançando contra ela.A mulher saltou para o lado,lançando suas adagas.Gabe desviou da primeira,mas a segunda acertou seu braço direito.

- Gabe,anda logo ! – Leo tentava não fazer o teto desabar em cima deles,controlando as rochas que caiam.Em uma situação normal,as removeria facilmente,porém lhe faltavam forças.

- Já que insiste – Gabe encarou sua adversária – Já pensou em participar do Circo de Solei ? Ganharia muito mais do que cortando a minha pele ! – Ao caminhar em sua direção,Gabe notou o erro que cometeu.Algo havia ficado preso em seu pé,criando uma pequena preção.Era uma armadilha.

Centenas de lâminas caíram na direção de Gabe.Seu corpo foi cortado em vários pedaços,fazendo-o cair em uma poça de sangue.

- Gabe !- Gritou Leo ao ver seu amigo desfalecer a sua frente – Merda !

A mulher voltou a atenção para Leo,que fazia de tudo para não perder o controle.

- Sua vez,docinho – Disse ela,sacando seis lâminas . Leo fechou os olhos,pronto para receber o ataque.

- Hey,talvez você não goste muito de morenos como eu mas o meu amigo está um pouco ocupado não ? – Gabe estava de pé,ensanguentado.Com um puxão,tirou sua camisa,jogando-a nas chamas ao se redor.

- Já que insiste – Ela arremessou as lâmias contra Gabe.

- De novo esse truque – Gabe foi acertado em cheio,caindo nas chamas.Leo olhou espantado.Ele tinha que agir de algum modo.Para a sua surpresa,não precisou se meter para reverter a situação.

Nem ele nem ela conseguiram acompanhar o que veio a seguir.Em segundos,Gabe havia brotado ao lado dela,em meio ao incêndio que se alastrava.Seus ferimentos haviam cicatrizado.

- Minha vez – Gabe girou o seu corpo usando-a como eixo,arremessando-a contra as rochas que Leo controlava.

Ela era ágil,Gabe sabia disso.Girando no ar,ela arremessou mais adagas contra ele.

-Agora –Gabe olhou para Leo,que concordou com um aceno.Concentrando sua energia,fez as rochas ao redor dela criarem forma.Uma mão de pedras enorme formou-se em meio ao céu daquela noite.

- Desculpe,mas loiras não são o meu tipo – Disse Leo,fechando a palma de sua mão.A mão gigante que se materializou fez o mesmo,fechando-se em meio a mulher.As adagas que haviam sido lançadas caíram na frente de Gabe,como se não ouve-se impulso para elas.Era o fim.

Leo desmaterializou a mão de pedra,transformando-a em pedregulhos aos quais ele arremessou para o lado.A mulher caia desacordada,quando Gabe jogou-se para segurá-la em seus braços,evitando a queda que seria mortal.

- Ela não faz seu tipo ? Sério ? – Perguntou Gabe,sorrindo para o amigo ferido.

- Que foi ? Foi a primeira frase de efeito que apareceu na hora .

Gabe carregou-a em meio aos escombros do que um dia foi um bar.O incêndio havia criado uma densa cortina de fumaça que cobriu o céu daquela noite.

- Espero que não tenhamos chamado a atenção – Para a decepção de Gabe,ele estava errado.Na rua em frente ao bar,em meio a cortina de fumaça,havia um grupo com cerca de trinta pessoas esperando-os.

- Quem são eles ? – Perguntou Leo,olhando para cada rosto.

- Com certeza não são fãs – Brincou Gabe,rindo para o seu amigo.

Do meio da multidão,um homem elegante e imponente se fez aparecer.Vestia um blaze negro e carregava uma bengala cuja ponta de apoio era uma caveira revestida em ouro.Gabe encontrou certa semelhante no semblante daqueles olhos pequenos e maldosos com alguém que ele já conhecera.

- Olá rapazes – Disse o homem abrindo um sorriso maldoso que,para Gabe,só Felares sabia dar.