Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 33
Capítulo Trinta e Três




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– O que vocês estão fazendo com ela? – Grito.

– Essa não é a pergunta correta rapaz. Faça a pergunta correta que respondo.

Olho para ela, que tenta evitar olhar nos meus olhos. Esforço-me para sentar. Consigo me ajeitar e a encaro.

– O que ela está fazendo com vocês?

– Bingo! Acho que esse é o tal de Richard que ela falou. – Ele olha para seus comparsas apontando para mim. – Vou te fazer um favor Misty, eu deixo você contar tudo pra eles. Beleza?

– Não. – Ela abaixa a cabeça.

– Ok, eu conto então. – Ele senta no sofá da sala. – Essa garota aqui entregou todos vocês, disse que se déssemos um pouco de cocaína pra ela, ela contaria onde tinha uma fazenda murada, com muitas armas. Achamos legal a sugestão dela, mas estava um caos na cidade. Faz duas semanas que estamos monitorando vocês. Vocês possuem um bom sistema, se não fosse ela nunca conseguiríamos entrar aqui. Esperamos um bom momento pra entrar. Quebramos duas câmeras e logo em seguida um cara foi até o portão. Dei um tiro certeiro na cabeça dele; aí ficou fácil, cortamos as cercas elétricas, pulei e abri o portão. Tudo isso em questão de um minuto.

– Mas os zumbis que estavam cercando a casa? – Pergunto.

– Aqueles brinquedinhos não dão nem pra começar. – Por que o Shawn ta demorando? Vai lá verificar Karoline.

Agora tudo faz sentido pra mim, como fui inocente. Era tão fácil descobrir que ela usava drogas. No primeiro dia que vi suas pupilas dilatadas, estava ofegante, e não parava de coçar o nariz. Se não fosse minha idiotice nada disse teria acontecido.

– Por quê? Por que fez isso comigo Misty? Tudo por causa de drogas.

– Desculpe. – Ela responde. – Essa necessidade é maior que qualquer coisa, quando acaba, eu não consigo ficar sem. Eles disseram que me dariam o quanto eu quisesse, se desse algo em troca. E a única coisa que tinha era informação. Mas eles me prometeram não fazer nada com vocês.

– Nem todos são de confiança. – As palavras do meu avô pairam no ar. – Num mundo devastado e sem leis uma coisa é certa. Os vilões não precisam esconder suas faces.

Vejo os dois voltando para a casa, com as poucas armas que estavam na casa do Ben.

– Só isso? – Ele pega Misty pelos braços, e a levanta. – Você disse que eram muitas armas, cadê o restante?

Ela não responde. Ele dá um tapa na cara dela.

– Pelo jeito vou ter que matar mais alguém. – Ele aponta a arma para a cabeça de Misty. – E acho que o Richard não vai gostar nem um pouco.

Nesse momento só não ia gostar que ele matasse ela, por que é o que eu quero fazer. Essa drogada tirou a vida da pessoa que mais amo nesse mundo. Mas como se ele lesse meus pensamentos ele vira a arma e atira na cabeça do meu avô.

– No celeiro. – Eu grito. Mas é tarde demais, meu avô cai no chão. Deveria ter contado pra alguém dos meus sonhos. Sei que não está sendo igual, mas de minuto a minuto vai morrendo alguém que amo.

– Muito bem garoto. Agora vou pessoalmente verificar o celeiro. – Ele acena para Shawn. – Você, leve a garota. Essa agora é a segunda coisa que quero.

Vejo-o levantando Jenna.

– Vamos garota. Sem tentar fazer nada. O chefe quer você “inteirinha”.

Olho para meu pai, ele não mostra nenhum sentimento. Apenas me encara, seus olhos dizem: A culpa é toda sua!

– Vocês dois – ele aponta para os dois homens. – Podem matar eles. Depois vamos voltar pra morarmos aqui.

Ele sai. Logo depois Shawn sai junto com a Mulher. Misty fica no canto da sala, de cabeça baixa, ela não ousa olhar pra ninguém. Encaro os dois que vem na minha direção.

– Qual deles você quer matar? – Pergunta o homem mais obeso.

– Nenhum. Não tenho coragem de matar alguém vivo.

– “Alguém vivo”? – O cara magro dá uma gargalhada. – Você não consegue matar nenhum daqueles bichos. Pode deixar que eu mato eles.

– Você primeiro. – Ele vem em minha direção.

– Quais são suas ultimas palavras? – Ele coloca a arma na minha cabeça. Fecho os olhos.

Escuto o barulho de um tiro, mas não sou atingido.  Espirra sangue no meu rosto, mas não é meu. Abro os olhos e vejo quem é. Nunca imaginei que ficaria tão feliz em ver Adrian. O cara gordo vira para ver quem é, e leva dois tiros no peito, que o fazem pular pra trás. Adrian corre até onde ele está cambaleando, coloca a arma na têmpora dele e atira.

– Morre de uma vez. Não quero que você tente me morder mais tarde. – ele nos desamarra. – Sinto muito, Não podia entrar antes. Tive que esperar eles saírem.

Vejo meu pai vindo em minha direção. Ele me dá um soco tão forte na bochecha, que sinto meus pés saírem do chão. Voo uns dois metros.

Ele pega as armas, dos dois.

– Vou pegar o do celeiro. Você dá conta de resgatar a Jenna? – Ele pergunta para Adrian.

– Com certeza. – Eles saem correndo, me deixando pra trás.

Estou sentindo um gosto enorme de sangue na boca. Confiro, e vejo que não está faltando nenhum dente. Cuspo no chão e vejo uma grande poça de sangue se formando. Recomponho-me, e vejo Misty encostada em um canto da parede. Ela me olha com um olhar suave.

Levanto-me e chego ao seu lado. Desamarro-a e sussurro em seu ouvido:

– Tudo bem. Agora você pode ficar tranquila. - Ela levanta e me abraça.

– Sabia que você me entenderia. Eu posso te explicar como entrei nessa vida. – Ela está com lágrimas nos olhos. –Entenda, não uso isso porque eu quero, foi tudo culpa do meu ex-namorado. Ele me mostrou esse outro lado da vida. Se ficar sem eu enlouqueço. Entenda, nunca quis que vocês sofressem.

Eu me lembro de quando eu salvei a vida dela. Se não fosse aquela atitude estupida que tive, minha mãe não estaria morta, meu avô e nem Ben também. Não teríamos tido problemas na cabana. Ah, a cabana.

– Se eu te perguntar uma coisa, você me responde com sinceridade?

– Pode perguntar... – Ela responde hesitante. – Se eu puder responder.

– Você conhecia os caras que estavam mortos na cabana?

– Não. – Ela vira os olhos esfrega o nariz.

– Bingo! – Pego faca que estava em cima da mesinha, e enfio no pescoço dela, que começa a jorrar sangue para todos os lados.

– Por quê? – Ela olha para mim tentando estancar o sangramento.

– Por quê? Você ainda tem a cara de pau de perguntar por quê?  Não posso tirar minha culpa no caso, mas graças a você eu perdi minha mãe, meu avô e Ben, que era uma ótima pessoa. Maldita hora que fui salvar você. Enfio a faca no estomago dela. E a empurro no chão, ela geme, mas quero vê-la sofrer até o ultimo segundo.

– Você mentiu pra mim o tempo todo. Devia ter percebido que era você a responsável pelo ataque na cabana. Mas não, a paixão me cegou. Não podia ver nada além dos seus olhos bonitos. – Vejo que ela já esta inconsciente, mas continuo: – Você é pior que todos aqueles monstros que estão lá fora.

Retiro a faca do estomago dela, e aguardo. Alguns minutos se passam, ouço alguns tiros. Não quero ver quem é. Minha cabeça só pensa em uma coisa. Vejo que Misty está começando a se mexer. Espero ela se levantar.

– Quero te matar novamente. – Ela está com os olhos brancos como leite. Mas pelo menos dessa vez ela me quer realmente. Ela vem em minha direção. E acerto a cabeça dela. – Tinha que te matar duas vezes. Uma pela minha burrice de ter salvado você. E outra por você ter nos traído não uma vez, mas duas.

Olho para a porta e vejo Adrian e Jenna olhando espantados para mim.

– Finalmente meu maninho virou homem. – Ela sorri, passando por mim. – Meus parabéns!

Escuto uma sequencia de tiros. Olho para Adrian e ele assente. Corremos para o celeiro. Ele passa a Beretta pra mim e empunha sua foice. Tenho que admitir, se tivemos azar de trazermos uma drogada para o grupo, tivemos sorte de encontrarmos um herói que tem a mesma arma que o anjo da morte. Chegamos perto do celeiro.

– Você fica aqui. – Ele cochicha. – Eu verifico o que está acontecendo lá dentro.

Alguns segundos se passam e não consigo me conter entro. Vejo meu pai chutando o cara.

– Você mexeu com a família errada. E também não me matou quando teve chance. Agora vai se arrepender de tudo que fez. – Ele pede a foice para Adrian emprestada. – Qual perna vai te fazer menos falta?

Um silêncio vem a seguir. E o cara não responde nada.

– Já que não responde vai perder as duas. – Adrian o levanta, enquanto meu pai passa a foice na altura dos joelhos dele, suas penas caem como duas madeiras. E ele urra de dor. Olho para meu lado. E Vejo Jenna.

– PARA! – Ela grita. – Mate ele de uma vez. Não somos iguais a eles!

Ao ver o rosto espantado de Jenna, Adrian solta o cara, ele fica em pé e meu pai passa em seu pescoço a foice.

– Arruma essa bagunça. – Ele diz apontando para mim. – A culpa é toda sua.

Adrian passa perto de mim e fala ao pé do meu ouvido.

– Depois ele esquece, e você fez algo que ele vai gostar. Eu falo com ele.

Saio e busco um carrinho de mão, e uma pá. Começo a colocar os pedaços de dele. Primeiro as pernas, depois o dorso, totalmente ensanguentados. Vou pegar a cabeça e tomo um susto quando minha mão está a milímetros dela. Seus dentes começam a bater, tentando me morder. Pego a arma e atiro na cabeça dele.


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